Steve Schmutzer
Um pastor, um ateu, um professor de escola dominical e um empresário entraram em um bar...
Você está pensando que isto é a introdução de uma piada, certo?
Errado. Eu sou o professor de escola dominical e, antes de você se
ofender porque estávamos em um bar, explico que esta era a única parte
do restaurante que tinha lugares disponíveis.
A reunião-almoço foi sobre um assunto de negócios. Eu conhecia todos
os participantes e tinha feito as apresentações. Houve oportunidades
mútuas para trocar algumas experiências.
A reunião correu bem e o clima era descontraído. Com a agenda
principal concluída, nossas conversas voltaram-se para assuntos gerais.
Acima e atrás de mim estava passando o noticiário da TV. Eu não podia
vê-lo, mas o empresário podia e ele estava assistindo.
“Espero que eles os façam em pedaços”, ele murmurou. Girei para olhar. Os outros também olharam para cima.
O apresentador da TV estava discutindo relatos de que as forças
russas na Síria tinham disparado contra aviões israelenses. O Kremlin
negou, mas os israelenses viam a situação de forma diferente.
Assistimos por alguns momentos antes que me virei e disse: “Não estou
preocupado com habilidades de Israel de se defender. Eles têm um dos
melhores exércitos do mundo”.
“Estou esperando que os russos explodam os israelenses em pedaços”, rosnou o empresário. Ele me lançou um olhar gélido.
Seguiu-se uma pausa constrangedora depois dele revelar suas reais
intenções. Eu o tinha avaliado mal. Busquei uma resposta apropriada, mas
nenhuma veio.
O ateu quebrou o silêncio. “A Declaração Balfour é uma das maiores
pragas na história do mundo”, ele sugeriu. “Os problemas atuais no
Oriente Médio podem ser rastreados até a hora em que se deixou que os
judeus pensassem que têm direitos sobre essa terra”.
“O que é a Declaração Balfour?”, perguntou o pastor.
Esta foi a minha chance de contribuir com alguma perspectiva muito
necessária. “A Declaração Balfour foi redigida pouco antes do fim da I
Guerra Mundial, em 1917. Ela descreve as intenções da Grã-Bretanha de
estabelecer uma pátria para o povo judeu na área que hoje conhecemos
como Israel. Naquela época essa região era chamada de Palestina, mas não
foi até...”.
“E ainda deveria ser!”, interrompeu o ateu. Ele estava agitado. “É
criminosa a forma como os palestinos foram maltratados pelos
israelenses. Os judeus conseguiram convencer a todos de que a Palestina é
sua legítima terra natal. Nossos líderes estúpidos apenas participam de
toda essa enganação, dando a Israel tudo o que pede”.
“Essa é a minha opinião!”, respondeu o empresário. “Os judeus vão
lutar para manter as Colinas de Golã, e esse território pertence à
Síria. Pra começo de conversa, os israelenses não têm nada que estar lá.
Eles vão arrastar-nos a todos para uma terceira guerra mundial”.
Olhei para o pastor, esperando algumas palavras de sabedoria. A razão tinha abandonado o local.
O pastor limpou a garganta. “Bem”, ele refletiu lentamente: “Conheço
muitas pessoas que sentem que os judeus têm direito à sua pátria
ancestral, mas não acredito que é isso o que a Bíblia ensina”.
Fiquei sentado em silêncio, atordoado.
A Declaração Balfour foi redigida pouco antes do fim da I Guerra
Mundial, em 1917. Ela descreve as intenções da Grã-Bretanha de
estabelecer uma pátria para o povo judeu na área que hoje conhecemos
como Israel.
Ele continuou: “Talvez o meu novo amigo aqui (ele sorriu para o ateu)
poderia ter imaginado que era isso o que eu acreditava, mas muitos
cristãos não compreendem essas questões. As promessas de Deus para o
povo judeu foram por um período de tempo específico, e a Bíblia ensina
que Deus passou além dos problemas dos judeus. Ele agora está focado na
Igreja”.
O pastor fez uma pausa e olhou para mim. Eu ainda estava sem palavras.
“Acho que o Holocausto foi um momento muito trágico para os judeus”,
pontificou o pastor. “No entanto, todas as pessoas sofreram nas mãos de
outras ao longo da história humana. Só para lembrar, nós fomos injustos
para com os nativos americanos. Deveríamos simplesmente devolver todo
este país para as tribos indígenas, uma vez que esta era a sua pátria
ancestral? Claro que não! Foi errado deslocar os palestinos, e a coisa
certa a fazer agora é uma solução de dois Estados”.
Eu poderia continuar narrando essa discussão, mas a situação está
descrita. Esta reunião teve lugar há algumas semanas, e eu tentei
reproduzir os diálogos da melhor forma que lembro.
Vamos avaliar as respostas das partes. O empresário professa ser
cristão, mas não vejo muita evidência disso em sua vida, apesar dele
participar regularmente em uma megaigreja popular em sua área. Tenho
certeza de que ele não está bem informado sobre o Oriente Médio, de modo
que seus pontos de vista são, provavelmente, formados pelos mídia e
pelas opiniões dos outros.
Tenho observado ele jogar de ambos os lados. Vi como ele age de uma
maneira em um tipo de grupo e de outra forma com um grupo diferente. Eu o
conheço há muito tempo, o suficiente para saber que algumas de suas
escolhas mostram muito pouco domínio pelo Espírito Santo. Atribuo suas
crescentes provações pessoais a essa “instabilidade espiritual” (veja
Tiago 1.8). Sou obrigado a admitir que, pelos padrões bíblicos, ele
provavelmente não é crente.
O ateu é realmente um cara muito bom! Ele tem melhor fibra moral do
que muitos cristãos que eu conheço, e ele é geralmente considerado como
uma pessoa de valor na minha comunidade. Ele é caridoso, e defende
publicamente aqueles que são menos afortunados. Politicamente, ele se
inclina à esquerda – até mesmo à esquerda radical nas questões
climáticas, de imigração e de controle de armas. Acho que não é nenhuma
surpresa que ele se alinhe com seu espectro político quando se trata de
seus pontos de vista sobre Israel.
Dito isso, ele e eu nos damos bem e ele me disse algumas vezes o
quanto me respeita. Tive uma série de oportunidades para compartilhar
minha fé com ele, mas ele insiste em achar que suas boas obras vão
colocá-lo em boa posição, “...se é que existe um Deus”. Continuo a orar
por ele, e ele sabe disso.
E quanto a mim? Bem, sou mais do que um professor de classe bíblica,
pois também sou um empreendedor, um artista, e um marido e pai dedicado.
Mas, os últimos sete anos de ensino em uma classe de adultos na minha
igreja é que têm me desafiado a aprofundar-me na Palavra de Deus, a
deixar de lado algumas noções infundadas, e a “apresentar-me a Deus
aprovado” (2 Timóteo 2.15).
É esta disciplina – e os desafios que a acompanham – que moldaram
meus pontos de vista, e que eu creio que a Palavra de Deus ensina.
Aceito as Escrituras ao pé da letra, por isso é evidente para mim que o
povo judeu tinha de ser reunido de volta em sua terra ancestral por um
ato soberano de Deus (Ezequiel 36).
Historicamente, os primeiros sinais disso começaram com a Declaração
de Balfour, e seu clímax ocorreu quando Israel se tornou uma nação em
1948. Para todas as razões práticas, esse reajuntamento continua hoje,
embora os judeus permaneçam na incredulidade espiritual, exatamente como
a Bíblia declarou que seria (Ezequiel 20.33-38; Ezequiel 22.17-22).
E, por crer que as profecias futuras serão cumpridas tão literalmente
como foram as anteriores, eu acredito que haverá um segundo
reagrupamento mundial dos judeus a Israel. Este evento futuro será
diferente do que o primeiro, de acordo com Isaías 11.11-12.6. Este
próximo será o ajuntamento final, e vai sinalizar a bênção iminente de
Israel quando entrar no reino milenar.
Haverá um terrível período para os judeus antes desse ponto, o “tempo
de angústia de Jacó” (Jeremias 30.7). Aqueles que persistirem na
incredulidade espiritual vão morrer (Zacarias 13.8-9); a porção menor
será poupada. Isso tudo é dito abertamente nas Escrituras. Não é difícil
de ver.
Mas o fator importante é que Deus não esqueceu os judeus! Nem Seu
foco “se voltou para a Igreja”, para qualquer exclusão ou afastamento do
Seu povo eleito. A atual presença nacional de Israel não é
“irrelevante” – ou mesmo “problemática” – como dizem muitos líderes
cristãos.
Conheço a Bíblia suficientemente bem para saber que tais idéias são
heréticas. Não me importa quem as ensina, quantos títulos eles têm, como
é grande o seu público, ou quantos livros leram ou venderam; eles estão
errados!
Deus ainda tem grandes planos para o Seu povo escolhido, e são as
mesmas intenções enunciados por Ele há muito tempo. Ele não mudou de
ideia, nem se arrependeu de Suas decisões, nem trocou-as por um “Plano
B”.
Bem, estou convencido dos meus pontos de vista porque não torço as
Escrituras para significarem algo diferente do que estão dizendo. Então,
não preciso ignorar as verdades robustas de Romanos 9-11, que
apresentam uma defesa inequívoca da devoção contínua de Deus aos judeus.
Os judeus se rebelaram como Deus declarou que eles fariam, o mundo tem
rejeitado os judeus como Deus profetizou que aconteceria, e os judeus
recuperaram a sua pátria ancestral como Deus predisse que seria.
Além disso, não preciso argumentar que o reino milenar é realmente um
“reino espiritual”, ou que “Israel” agora significa “a Igreja”. Nenhuma
dessas posições é verdadeira. O reino milenar é um reino terreno
literal, com Israel e Jerusalém como sua sede. E “Israel” significa
Israel, assim como a Bíblia diz. Eu não preciso concordar com qualquer
posição sobre a situação atual em Israel ou numa das regiões em torno
dessa nação, exceto que tudo está se juntando de acordo com o plano
perfeito e profético de Deus.
Ao estudar a Bíblia, ela afirma que Deus permanece o mesmo ontem,
hoje e eternamente. O moderno Estado de Israel equivale a um milagre em
nosso tempo, e é profunda evidência de que Deus diz o que pensa e que
pensa o que diz. Qualquer outra posição sobre este assunto confirma a
incapacidade – ou falta de vontade– da pessoa em aceitar a definição
bíblica de quem Deus realmente é. Essa é uma posição muito ruim para se
ocupar.
E esse ponto leva-me ao quarto participante em nossa pequena reunião: O pastor. Ele é que mais me chocou.
Ele é um conhecido meu, é altamente educado, estudou em um renomado
seminário conservador – o que só serve para mostrar que a educação
formal não é tudo que aparenta ser. Não somos chegados, mas nos
encontramos socialmente algumas vezes. Por avaliações comuns, sua igreja
está indo bem e as pessoas falam respeitosamente dele.
Então, por que ele não considera Israel da forma como deveria? A
verdadeira questão é esta: “Por que tantos líderes da igreja não
conseguem interpretar a Palavra de Deus como ela precisa ser
interpretada?”.
O moderno Estado de Israel equivale a um milagre em nosso tempo, e é
profunda evidência de que Deus diz o que pensa e que pensa o que diz.
Eles não querem.
Se você não gosta desta resposta, aqui estão algumas outras a considerar:
• Eles são estupidos. Com isso quero dizer que eles
são mentalmente, emocionalmente, ou de outra forma incapazes de
processar a verdade de maneira responsável. Em um parque nacional, um
tempo atrás, uma mulher caminhou até um búfalo selvagem para
fotografá-lo. Ele a chifrou gravemente. As placas a avisaram a respeito,
os espectadores lhe disseram para não fazer isso, o bom senso
aconselhava não fazê-lo, mas ela o fez de qualquer maneira. Ela era
estúpida! Ela não processou informações relevantes de maneira
responsável. Por uma razão ou outra, ela não tinha essa capacidade
essencial.
• Eles são tolos. Isto é um pouco diferente da
primeira razão, embora os resultados finais sejam semelhantes. A
definição bíblica de um tolo é aquele que é incapaz de aprender (ver
“estúpido”) ou não está disposto a aprender. Este último elemento se
inclina para um problema espiritual. Provérbios diz muito sobre os
tolos, e os seus resultados não são bons, porque eles violam a Palavra
de Deus e rejeitam os padrões de Deus. Basicamente, eles têm o que
merecem. Aqui nos aproximamos do problema central com esta noção de
“tolos”.
• Eles estão enganados. Vamos dar um passo para mais
perto da questão final. É fácil se perder no caminho quando você não
está prestando atenção aos sinais. E é exatamente o que está acontecendo
hoje com um muitos líderes da igreja. Ao não respeitarem a Palavra de
Deus como deveriam, e por deliberadamente ignorarem suas instruções,
eles estão se abrindo a influências e interpretações que ultrapassam o
limite da verdade divina. Como resultado, “espíritos enganadores” se
tornam ativos (1 Timóteo 4.1), o politicamente correto toma conta, e
coisas secundárias são elevadas à mais alta importância. Quando o engano
entra em uma igreja, a verdade bíblica é sempre ridicularizada e
colocada em dúvida.
• Eles são depravados. Bem, agora estamos
fundamentalmente de volta ao “eles não querem”, já que é nossa
depravação que nos leva a fazer escolhas erradas. A Palavra de Deus diz o
que é certo ou errado. É tudo preto ou branco; não há nenhum cinza. Se
você acredita que ela está certa, então você deve acreditar em tudo o
que ela afirma, mesmo que seja inconsistente com as opiniões do mundo. A
pior coisa a fazer é ignorar ou diluir conscientemente a verdade de que
as palavras de Jesus “não passarão” (Mateus 24.35). É mortalmente
perigoso flertar com consequências eternas.
Talvez alguns estejam pensando: “Espere um minuto! Não seja tão
dogmático. E se eu apenas tiver um entendimento diferente dessas
passagens sobre Israel e os judeus? E se eu realmente acredito que a
Bíblia está dizendo algo diferente a respeito? Isso não está bem?”.
Não, não está!
A Palavra de Deus não pode ser subordinada ao relativismo covarde e à
opinião pessoal. Sua natureza viva e divina é a razão que convence e
muda a vida (Hebreus 4.12). Se você questionar a sua precisão, intenções
e efeitos, isso é o mesmo que duvidar de seu Autor Divino.
Além disso, somos especificamente instruídos a manter as
interpretações proféticas corretas (2Pedro 1.20-21), que é uma maneira
de dizer que não há qualquer espaço para afirmar “você tem a sua opinião
e eu tenho a minha”. Como eu disse antes, existem normas claras com
relação à Palavra de Deus, e é nossa obrigação procurá-las e cumpri-las.
Desvirtuar passagens bíblicas sobre os judeus e Israel equivale a
desligar o seu cérebro. Estas são algumas das profecias mais claras na
Palavra de Deus. A única maneira de ver nelas algo que elas não estão
dizendo é recusar-se a aceitar o que está escrito. Nesse caso, a opinião
de qualquer um é tão “boa” quanto a da próxima pessoa, o que significa
que não existe mais um padrão bíblico.
Segue-se necessariamente que a Bíblia sempre exalta a verdade e
interpretações corretas. Uma vez que as Escrituras não se contradizem,
não vamos contradizer uns aos outros se as interpretarmos
responsavelmente. Explicações alternativas, que nos afastam da Palavra
de Deus, não são corretas, nem são de Deus. As normas e interpretações
humanas é que sempre tornam ineficaz o nosso serviço a Deus (Mateus
15.9), e não podemos arriscar tal transigência em tempos instáveis como
estes.
Permitam-me concluir retornando à reunião-almoço e aos pontos de
vista errôneos dos meus companheiros. Está chegando a hora em que Deus
vai julgar as pessoas por como trataram os judeus e porque tentaram
dividir a terra de Israel (Joel 3.2). O próprio Deus presidirá o
julgamento, e nenhuma corrupção vai manchar o resultado. As provas serão
avaliadas e os fatos serão esclarecidos. Os culpados saberão que são
culpados.
John MacArthur disse: “Se entender Israel direito, você iniciará a
sua escatologia corretamente”. Ele está certo. Israel é profeticamente
significativo em muitos aspectos, e Deus ainda está trabalhando com o
Seu povo. Enquanto os eventos futuros com os judeus e com Israel podem
por à prova o nosso conhecimento e testar a nossa fé, não podemos
permitir que a instabilidade da razão humana substitua o que a Palavra
de Deus ensina.
Israel é a terra da aliança de Deus, e os judeus são o povo da
aliança. A Bíblia deixa isso claro. Deus leva muito a sério seus
juramentos a Abraão, Isaque e Jacó (e seus descendentes)!
Nós também o devemos.
(Steve Schmutzer — www.raptureready.com)
Extraído de Revista Notícias de Israel julho de 2016
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