Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)
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31 de outubro de 2019

Disciplina eclesiástica, uma marca da verdadeira igreja que precisa ser restaurada






João Calvino e Disciplina Eclesiástica


Vivemos em uma época onde as igrejas estão se adaptando ao mundo. As igrejas que deveriam influenciar, estão sendo influenciadas.

O mundo pós-moderno e relativista ensina que não existe um padrão de conduta absoluto, uma regra a qual todos devem se submeter e serem julgados. Sendo assim, ninguém deve se intrometer na vida do próximo. Ninguém precisa dar satisfação de suas escolhas. O mundo redefiniu o amor. Segundo o mundo, o amor não é querer e fazer o bem ao próximo segundo a Escritura, mas fazer com o que os outros sintam -se bem como estão, seja no pecado ou não.

Infelizmente, muitas igrejas em nome de um falso amor, mantém em seu rol de membros pessoas entregues ao pecado, que vivem em contradição com a fé que professam. Disciplinar virou sinônimo de ódio e não de amor como diz a Escritura( hb 12.6-7); Ap 3.19).

Pastores temerosos de esvaziarem suas igrejas, preferem manter membros em pecados visíveis dentro delas. Isso revela uma falta de temor e confiança em Deus, mas um temor aos homens e confiança em seus própios métodos. A ideia de alguns é: “Se você está interessado no crescimento da igreja, enchendo-a de pessoas, a disciplina não é um bom metodo.” Infelizmente, isso parte de pessoas carnais, que usam métodos carnais para atrair e manter as pessoas dentro das igrejas. Esses querem ser mais sábios e mais poderosos do que Deus, pois eles não creem no que Deus estabeleceu na Escritura sobre a Igreja. O pragmatismo é uma substituição da Bíblia, que determina que a igreja deve ser conduzida visando os melhores resultados.

Mas a igreja não é nossa, é de Cristo e deve honrar a Cristo. Não somos nós que edificamos a igreja à nossa maneira, mas Cristo edifica a Sua igreja de acordo com sua autoridade revelada na Bíblia. Nós devemos ser obedientes aos métodos de Cristo, não criadores dos nossos métodos

A Igreja não deve ser influenciada pela sociedade. A Igreja tem um Senhor que por sua Palavra a governa, Deus. Não é a sociedade, nem os pastores que determinam o que e certo e errado, o que pode e não pode, mas a Palavra de Deus. É a Escritura que julgar a conduta do povo de Deus. Quando alguém decide o que fazer com um pecador negando a disciplina devida, essa pessoa se coloca no lugar de Cristo, roubando a Sua autoridade e governo sobre a igreja: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” ( Mt 18.15- 20). O nosso Senhor Jesus Cristo deixa claro como proceder em relação a disciplina eclesiástica, sendo assim fazer diferente do que Ele ordenou é está em desobediência ao Senhor da Igreja.

Esse é o interesse de nosso Senhor para a Igreja: ela precisa tratar com o pecado em seu meio. Cristo comprou a Igreja com seu precioso sangue, Ele está santificado-a. Ele faz isso em nós e através de nós. Paulo disse: “Para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo”.


A igreja não deve somente pregar contra pecado, mas agir contra o pecado em seu meio.
Em 1 Coríntios 5: Paulo diz que devemos lançar fora o fermento que leveda toda a massa, excluir o homem imoral; e em 2 Tessalonicenses 3.6-15 somos instruídos, como igreja, a excluir alguém que é contencioso ou transgressor da verdade.
Em Mateus 18.17: O nosso Senhor Jesus Cristo ordena que depois de todas as tentativas para restaurar o transgressor forem feitas sem sucesso, ele deve ser excluído da igreja e considerado como um ímpio que precisa ser evangelizado.

Toda disciplina é amor. O alvo da disciplina é a restauração do pecador, é tira-lo do caminho que conduz a perdição, e traze-lo de volta para o caminho da salvação ( Mt.18. 12-14; Gl 6.1;Ap 3.19 ;1 co 5.5)

A igreja que não disciplina não está praticando o amor, negar confrontar o pecado de alguém é negar-lo o amor, é desvaloriza-lo como alguém que Cristo comprou por infinito valor. Infelizmente, muitos por amarem mais a si mesmos não amam ao próximo, preferem ver pessoas caminhando para a perdição do que arriscar perder amizades. Preferem ver a igreja destruída pelo pecado do que arriscar perder alguns membros não convertidos.

A Igreja é uma comunidade de pessoas que foram salvas e estão sendo santificadas, que amam umas as outras e estão caminhando juntas rumo a Glória celestial. O processo disciplinar faz parte da santificação.

A Igreja não é um lugar para se acomodar aos não-salvos, dando a eles conforto, mas para incomoda-los a abandonarem seus pecados e a crerem em Cristo como Senhor e Salvador. A Igreja não é o mundo onde cada um faz o que quer sem dar satisfação a ninguém. A Igreja é o corpo de Cristo onde cada membro é importante para o outro. Se alguém não quer dar satisfação de sua vida ou se importar com a vida dos outros, a igreja não é o seu lugar.

“O exercício da disciplina na igreja é algo tão importante que o reformador João Calvino a considerou, ao lado da proclamação da Palavra e da administração dos sacramentos, uma das marcas que distinguem a igreja verdadeira da falsa.” Solano Portela.

O reformador João Calvino afirmou que disciplina na Igreja é “como um freio com o que são detidos e domados os que se revoltam contra a doutrina de Cristo; ou como um aguilhão que estimula os que são negligentes e preguiçosos; ou às vezes, a modo de castigo paterno, para castigar com clemência e conforme a mansidão do espírito de Cristo aos que falharam gravemente” ( Institutas da Religião Cristã, Vol 4, Cap 12, pg 1).

Em outro local Calvino afirma: “Assim como a doutrina de Cristo é a vida da Igreja, também a disciplina é semelhante aos nervos da Igreja, porque dela depende a coesão dos membros do corpo, estando cada um no seu próprio lugar”.

João Calvino introduziu em Genebra a organização e a disciplina da igreja. Era a visão predominante entre os Protestantes que a função da igreja era pregar o evangelho e administrar os sacramentos, deixando completamente às autoridades civis o lidar com as ofensas. Calvino não conseguia entender essa visão. A Igreja não deveria apenas pregar o evangelho, disse ele, mas cuidar para que o evangelho seja vivido entre aqueles que a constituem. O único instrumento pelo qual esse dever pode ser executado é a disciplina. Disciplina espiritual, é claro; pois a igreja é um corpo espiritual. Somente as penalidades espirituais poderiam ser infligidas, culminando com a exclusão das ordenanças da Igreja ou com a excomunhão.

Segundo B.B Warfield : “A purificação da Igreja por meio da disciplina teve o seu efeito sobre o estado. O fermento fermentará a massa na qual ele é colocado. Uma igreja santa tende a promover uma comunidade moral, e Calvino não foi escasso na pregação de que entre os deveres cristãos está o dever da boa cidadania. E, como subproduto dos trabalhos de Calvino, Genebra se tornou uma comunidade moral notável: as leis sumptuárias se tornaram, ao contrário daquelas de muitos ao redor, saudáveis e sãs, e sua execução se tornou justa e honesta. “

Quando a Igreja é santa, seus membros são influências positivas na sociedade. Uma sociedade em decadência moral, necessita de uma Igreja com um padrão absoluto de moralidade onde os seus membros aplicam a Palavra de Deus em todas áreas de suas vidas.

Com estabelecimento da disciplina da igreja em Genebra, Calvino iniciou uma ruptura entre a Igreja e o Estado, cujo efeito final o tornou o pai do princípio de uma igreja livre em um estado livre. John Knox dá o seu testemunho do resultado: “Em outros lugares eu confesso que Cristo é pregado, mas os costumes e a religião sendo tão sinceramente reformados eu não vi em nenhum outro lugar”.
Houve um conflito em Genebra em torno da proteção da Ceia do Senhor contra os participantes indignos.
“Durante seu primeiro ministério na cidade, ele se recusou a ministrar a Ceia do Senhor por causa das maldades da cidade. Cidadãos libertinos reagiram contra seu zelo inflexível, dando o nome de Calvino a seus cachorros, e ele foi expulso da cidade por três anos. Ao retornar, Calvino estabeleceu um tribunal da Igreja, composto de seis pastores da cidade e de doze presbíteros de suas congregações, que se reuniam cada quinta-feira para disciplinar “todo tipo de malfeitor, sem acepção de pessoas””. (Revista: os puritanos).
Assim como João Calvino em Genebra, a disciplina eclesiástica precisa ser restaurada em em muitas igrejas. Quando muitos pastores e membros voltarem a Escritura aplicando a disciplina eclesiástica junto com a exposição fiel da Bíblia, teremos igrejas cheias, não de pessoas não convertidas, mas de crentes genuínos que poderão influenciar moralmente a nossa sociedade decadente.

 
Sola Scritura.

Por Thiago da Silva Vieira
https://teologiapresbiteriana.home.blog/2019/10/30/disciplina-eclesiastica-uma-marca-da-verdadeira-igreja-que-precisa-ser-restaurada


16 de fevereiro de 2019

Evangelho da Prosperidade é diferente do que Jesus e seus discípulos pregaram, não espere ser saudável e rico, alerta pastor Francis Chan




Pastor Francis Chan, alerta dizendo que o Ensino do Evangelho da Prosperidade, é perigoso, não é a mesma mensagem pregada por Jesus e seus discípulos.

O pastor Francis Chan recentemente filmou um vídeo para a The Gospel Coalition, EUA, no qual ele explica por que o evangelho da prosperidade vai contra o ensinamento de Jesus e dos apóstolos.

Francis Chan, que faz parte do conselho administrativo do ministério Gospel for Ásia, afirma que Jesus foi claro quando disse: “Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim”” (João 15:18). E ele prossegue dizendo que “nenhum servo será maior do que o seu senhor” (João 15:20). E então, há um sentido em que você se alegra na perseguição porque Jesus nos disse que a maneira como eles o tratam é que as pessoas nos tratariam.”

O pastor de 51 anos, disse que o terrível sobre o evangelho da prosperidade é que ele promete que sua vida será completamente diferente.

“Eles afirmam que tudo será completamente diferente do que Cristo passou. Em vez disso, você vai ser saudável, vai ser rico e as pessoas vão amá-lo. E isso define as pessoas para o fracasso de várias maneiras.”, disse o pastor.

Ele lembrou ainda sobre a passagem de Pedro, em que diz, “Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse;” (1 Pe 4:12).”, indo na contramão do que o evangelho realmente ensina.

“Ei, surpreenda-se se houver algum tipo de julgamento em sua vida. Deus é nosso Pai celestial, ele quer que experimentemos o melhor. Você deveria ser tratado como rei.”, diz Chan sobre o ensinamento do Evangelho da Prosperidade.

Outra passagem bíblica, citada pelo pastor Chan em que desmascara os “super-apóstolos” da prosperidade, é (1 Coríntios 4: 8-13). Ele diz: “Já estais fartos! já estais ricos! sem nós reinais! e quisera reinásseis para que também nós viéssemos a reinar convosco! Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós vis. Até esta presente hora sofremos fome, e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, E nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e sofremos; Somos blasfemados, e rogamos; até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos.”

Chan, conclui sua reflexão deixando claro que o Evangelho da Prosperidade é um outro evangelho, e alerta dizendo: “Então, por que o evangelho da prosperidade é tão terrível? Isso vai contra o que Jesus pregou, o que Paulo pregou e o que Pedro pregou.”

 

https://www.portalpadom.com.br/evangelho-da-prosperidade-e-diferente-do-que-jesus-e-seus-discipulos-pregaram-nao-espere-ser-saudavel-e-rico-alerta-pastor-francis-chan/?


7 de julho de 2018

Incapacidade moral e natural




A distinção escolástica que Witherspoon empregava mais robustamente tinha uma longa e complicada história. O debate em torno da natureza da vontade humana – seria ela cativa ou seria ela livre? – remonta, pelo menos, ao tempo de Agostinho (354-430). A fim de compreender essa questão recorrente, escolásticos medievais como Pedro Lombardo (1096-1164) e Bernardo de Claraval (1090-1153) criaram distinções entre diferentes tipos de necessidade, distinções que Calvino usou para explicar como o homem poderia ser escravo do pecado e, ao mesmo tempo, responsável pelo seu pecado. Nosso pecado, que a vontade caída escolhe por necessidade, é também voluntário, porque a escolha é devida à nossa própria corrupção.[1] Não há nenhuma coerção externa, nenhuma compulsão exterior que nos faça pecar. A vontade, por mais cativa à impiedade que esteja, ainda é autodeterminada.[2]

Turretin argumentava no mesmo sentido, ao postular seis diferentes tipos de necessidade. Pode-se dizer que a vontade é livre, mesmo que ela seja cativa a uma necessidade moral (juntamente com a necessidade de dependência de Deus, a necessidade racional e a necessidade de evento), contanto que ela seja livre da necessidade física e da necessidade de coação. Significa dizer que, se o intelecto tem o poder de escolha (liberdade de coação física) e a vontade pode ser exercida sem uma compulsão externa (liberdade da necessidade de coação), então nossos pecados podem ser considerados voluntários e nós podemos ser responsabilizados por eles.[3]

Não é surpreendente que Witherspoon sustentasse a mesma distinção básica, embora com muito menos nuance escolástica. Em diversas ocasiões, Witherspoon defendeu a natureza necessária, ainda que voluntária, do nosso pecado, ao explicar a diferença entre incapacidade natural e moral. Veja-se, por exemplo, Witherspoon discutindo o assunto a certa altura do seu Tratado acerca da Regeneração:

Novamente, o pecador talvez diga: “Mas por que a sentença haveria de ser tão severa? A lei pode ser justa em si mesma, mas é difícil, ou até impossível para mim cumpri-la. Eu não tenho forças; não posso amar o Senhor com todo o meu coração. Sou completamente insuficiente para aquilo que é bom”. Oh, que vocês possam tão somente considerar a que tipo de incapacidade de guardar os mandamentos de Deus estão sujeitos. Seria ela natural, ou seria ela moral? Seria ela de fato a falta de capacidade, ou seria apenas a falta de vontade? Seria ela outra coisa senão a depravação e corrupção dos seus corações, a qual é em si mesma criminosa, e a fonte de todas as transgressões? Acaso vocês não têm as faculdades naturais, e entendimento, vontade e afeições, uma maravilhosa estrutura corporal e uma variedade de membros? O que é que os impede de se consagrarem completamente a Deus?[4]

Ao usar essa distinção mais simples entre incapacidade natural e moral, Witherspoon estava alinhado com Pictet, o qual sustentava que “a impotência do pecador não lhe serve de pretexto para pecar, uma vez que não é involuntária e meramente física, emergindo de uma deficiência de poder natural, mas sim voluntária e moral, emergindo de uma natureza depravada”.[5]

A distinção tem sido objeto de controvérsia na tradição reformada, com alguns teólogos definido “capacidade natural” de tal maneira que se atribui ao homem não regenerado o poder de, em si mesmo, arrepender-se e crer. Isso foi o que o “Triunvirato Suíço” ouviu na doutrina vinda de Saumur e é por isso que a Formula Consensus Helvetica sustentava uma incapacidade que era moral e natural (Cânon XXI-XXII). O Consenso não estava rejeitando a distinção por completo – afinal, a Fórmula foi idealizada por Turretin com o apoio de Pictet. Os teólogos suíços desejavam se proteger da noção de que a fé era, de algum modo, auto-originada (Cânon XXII). Essa controvérsia na Europa do século XVII não era diferente da controvérsia que envolveu a teologia reformada nos séculos XVIII e XIX nos Estados Unidos.

À época de Witherspoon, o teólogo mais famoso a falar acerca de incapacidade natural versus moral era Jonathan Edwards (1703-1758), que usou a familiar distinção como uma parte importante de seu ataque ao arminianismo em Freedom of the Will (1754).[6] Nos anos que se seguiram, os teólogos da “Nova Teologia” inspirados por Jonathan Edwards fariam da noção de capacidade natural a pedra fundamental do seu pensamento, atribuindo maior poder volitivo ao homem não regenerado e, em alguns casos, rejeitando a doutrina da imputação do pecado de Adão. Esse foi um passo que Edwards não deu e nem teria encorajado.[7] Tamanha foi a controvérsia ao longo do século seguinte que, em 1863, Lyman Atwater recorreu às páginas da Biblical Repertory and Princeton Review de Charles Hodge para explicar que, quando Witherspoon falava acerca da capacidade natural e da incapacidade moral, ele utilizava o termo em seu sentido clássico, ortodoxo, tomado de Turretin.[8]


Notas:

[1] Calvino cita Bernardo – em harmonia com Agostinho, mas em oposição a Lombardo – com esse fim nas Institutas, II.iii.5. Cf. Inst. II.v.1; Bondage and Liberation, 143-44; Comentário de Rm 7.14.

[2] Calvino sustenta esse ponto à exaustão. Cf. Bondage and Liberation, 67-70, 103, 115, 118, 122, 182, 200, 204; Inst. II.iii.14, II.v.7,14-15; Comentário de Fp 2.13. Além disso, a veemente rejeição de Calvino a qualquer idéia de necessidade que pudesse implicar coerção ou compulsão não é de modo algum original. Cf. Augustine, City of God, V.x (Nicene and Post-Nicene Fathers, First Series, ed. Philip Schaff [Peabody: MA: Hendriksen, 2004], 2:92-93); Aquinas, Summa Theologica I q.82 a. 1; D. Martin Luthers Werke: Kritische Gesamtausgabe, Abteilung Werke (WA), (Weimar, 1883-),18:634.

[3] Elenctic Theology, X.xii.3-12; cf. Van Asselt, Introduction to Reformed Scholasticism, 160-163.

[4] Works, 1:215; cp. 1:142. Witherspoon também usa a distinção na obra Essay on Justification (Works, 1:53) e no seu sermão perante a Sociedade pela Promoção do Conhecimento Cristão (SSPCK), em 1758 (Works, 2:357).

[5] Christian Theology, 200 (Theologia Christiana V.x.12). Os itálicos estão no original em Latim e na tradução para o inglês. A distinção pode ser encontrada em outros autores da tradição reformada, entre os quais William Twisse (1578-1646), moderador da Assembleia de Westminster, e Thomas Manton (1620-1677), um dos delegados da Assembleia (William Twisse, The Riches of God’s Love unto the Vessells of Mercy[Oxford: Printed by L.L. and H.H. for Tho. Robinson, 1653], 1.1.72; Thomas Manton,The Complete Works of Thomas Manton [London: James Nisbet and Co., 1873], 21:332).

[6] Veja a Parte I, Seção 4 em The Works of Jonathan Edwards, Volume 1: Freedom of the Will, ed. Paul Ramsey (New Haven: Yale University Press, 2009). Não há nenhuma indicação de que Witherspoon estivesse se abeberando de Edwards ao usar a distinção. Embora John Erskine, colega de Witherspoon no Partido Popular, fosse próximo a Edwards, este último jamais é citado por Witherspoon e o único volume de Edwards arquivado em sua biblioteca é a obra devocional The Life of David Brainerd (1749 [Witherspoon’s edition, 1765]).

[7] Veja E. Brooks Holifield, Theology in America: Christian Thought from the Age of the Puritans to the Civil War (New Haven: Yale University Press, 2003), 127-156.

[8] Lyman Hotchkiss Atwater, “Witherspoon’s Theology,” The Biblical Repertory and Princeton Review (1863), 598-599. Ashbel Green refutou a mesma alegação em sua biografia de Witherspoon, respondendo à reivindicação “afirmada publicamente e por escrito de que o Dr. W. seria favorável à idéia de que homens não santificados possuíssem a capacidade natural de amar a Deus e guardar os seus mandamentos”. Green defende que as afirmações de Witherspoon acerca da capacidade natural e da incapacidade moral não eram diferentes “do credo de qualquer teólogo calvinista bem informado da Escola Clássica, isto é: que na regeneração nenhuma nova faculdade é importada, mas tão somente há uma renovação e santificação das faculdades possuídas por natureza; e, também, que todo homem não regenerado é responsável por qualquer ato de desobediência às exigências divinas e por qualquer omissão dos deveres ordenados, pois, em todos, ele age voluntariamente e por escolha” (Life of the Rev. John Witherspoon, 265-266).

Por: Kevin DeYoung. © The Gospel Coalition. Website: thegospelcoalition.org. Traduzido com permissão. Fonte: Moral and Natural Inability.

Original: Incapacidade moral e natural. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Tradução: Vinícius Silva Pimentel.

Kevin DeYoung é o pastor principal da University Reformed Church, em East Lansing (Michigan). Obteve sua graduação pelo Hope College e seu mestrado em teologia pelo Gordon-Conwell Teological Seminary. É preletor em conferências teológicas e mantém um blog na página do ministério ­ The Gospel Coalition.

https://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/09/incapacidade-moral-e-natural/



30 de dezembro de 2016

Teologia do Coaching – A Substituta da Teologia da Prosperidade


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Por Pedro Pamplona


A teologia da prosperidade já apanhou demais. Seus grandes ícones já foram expostos e desmascarados. Infelizmente ela ainda faz vítimas pela falta de conhecimento do povo, principalmente nas periferias, público alvo desse tipo de “teólogos”. Felizmente ela está cada vez mais marginalizada e ficando limitada a determinadas igrejas. Um bom números de crentes tem um grande repúdio por esse tipo de abordagem “evangélica”. Pois bem, eis que temos uma substituta para a tal da teologia da prosperidade (TP). Eu a chamo de teologia do coaching (TC). Usareis as siglas a partir de agora. 
 
A Cultura do Coaching

Sou formado em administração. Cursei quatro anos de faculdade e fiz outros cursos na área. Na época o coaching não era tão conhecido como hoje. Sempre valorizei cursos com conteúdos práticos como finanças, marketing e recursos humanos. Nunca fomos ensinados que precisaríamos de pessoas nos acompanhando para ensinar, direcionar, motivar e cobrar. Nós mesmos faríamos isso. Então a cultura do coaching chegou. Vá a uma seção de administração e negócios de uma livraria hoje e você perceberá o que estou dizendo. Nunca me dei bem com ela para ser sincero. E quero explicar a razão usando duas citações do Instituto Brasileiro de Coaching. Primeiro, o que é o coaching?
“Um mix de recursos que utiliza técnicas, ferramentas e conhecimentos de diversas ciências como a administração, gestão de pessoas, psicologia, neurociência, linguagem ericksoniana, recursos humanos, planejamento estratégico, entre outras visando à conquista de grandes e efetivos resultados em qualquer contexto, seja pessoal, profissional, social, familiar, espiritual ou financeiro”¹
Agora pergunto: como o coaching acontece?
“Conduzido de maneira confidencial, o processo de Coaching é realizado através das chamadas sessões, onde um profissional chamado Coach tem a função de estimular, apoiar e despertar em seu cliente, também conhecido como coachee, o seu potencial infinito para que este conquiste tudo o que deseja”²
Antes de continuar deixe-me dizer algo para que fique claro. Acredito na liberdade de trabalho honesto. Se você gosta ou trabalha honestamente com isso, ok, é a sua escolha. Por mais que eu tenha críticas a essa prática, aqui entrarei na relação do coaching com a igreja. Usarei essas duas respostas dadas para analisar biblicamente o que chamo de TC. Minha argumentação será essa: Igreja e evangelho não combinam com o coaching e não devem se misturar jamais. Quando isso acontece temos uma nova TP com uma roupagem mais humanista e existencialista.

Junto com o coaching cresceu o chamado empreendedorismo de palco (EP). São aqueles profissionais que trabalham com palestras motivacionais e grandes palestras de coaching. Esse mercado tem crescido assustadoramente e também tenho sérias dificuldades com ele. Aqui se aplica a mesma observação que fiz aos profissionais de coaching. Mesmo assim indico um ótimo texto escrito por Ícaro de Carvalho chamado Por que o empreendedorismo de palco irá destruir você. O autor começa com uma afirmação que capta bem o ponto onde quero chegar:
“O empreendedorismo é a nova religião do homem moderno. Materialista e secular, ele substituiu os Santos do seu altar por fotografias de homens bem sucedidos; os seus Evangelhos são livros como “O sonho grande” e “A força do Hábito”. Ele acredita, de alguma maneira, que tudo aquilo irá aproximá-lo do seu objetivo principal: sucesso, fama e dinheiro…de preferência agora!”³
Essa cultura construída em torno do coaching e do EP é em sua maioria materialista. O objetivo de muitos é o sucesso financeiro, e isso significa enriquecer. Com um fator especial: o mais rápido possível. É comum ler e ouvir grandes promessas e ensinamentos sobre como trabalhar menos e ganhar mais. O foco está no esforço intelectual e físico daquele que está buscando seu lugar ao sol. É dessa cultura de palco, sonhos, riquezas e promessas que estou falando. Já viu onde isso vai chegar na igreja? Vamos falar disso agora! 
 
O Coaching na Igreja

Eu já vi palestras de coaching acontecendo onde deveria haver uma pregação da Palavra. Isso mesmo, em pleno culto público. Infelizmente essa cultura chegou em muitas igrejas. E se eu já não me dou bem com ela no mercado de trabalho, na igreja não tenho medo de dizer que ela é minha inimiga. Assim como repudio a TP também o faço com essa nova onda da TC. Em alguns sentidos essa segunda chega a ser pior do que a primeira. Vamos analisar três pontos que constroem a TC.

Humanismo: O coaching utiliza de técnicas humanas num indivíduo que é o centro de tudo para que este alcance seus objetivos humanos. Muitos pastores e líderes tem enveredado por esse caminho. Tratam suas pregações como palestras motivacionais da fé que confundem fé com força e vontade, evangelho com motivacionismo e Cristo com um palestrante. O foco está naquilo que o homem pode fazer através da sua fé pessoal. Fé essa que passa por Cristo, mas que tem seu objeto na própria pessoa e nos seus esforços dirigidos. Muitas “pregações” tem o mesmo objetivo do coaching, ou seja, estão “visando à conquista de grandes e efetivos resultados em qualquer contexto, seja pessoal, profissional, social, familiar, espiritual ou financeiro”. O apelo pode ser até espiritual, mas ainda assim Você já deve ter escutado muito coisas do tipo “como ser o melhor marido”, “como atrair e fidelizar pessoas para o reino”, “alcançando sucesso através da fé.”. Tudo isso travestido de espiritualidade…

Materialismo: há um desejo enorme em conquistar coisas. Sejam elas produtos do mercado como carros, casas, roupas, viagens ou algo mais “espiritual” como paz, pessoas, bom casamento, filhos educados, castidade, etc. As pessoas querem conquistar, possuir e avançar, sendo tudo isso fruto não da humilhante auto confrontação e negação de si mesmo, mas da auto-afirmação. O papel do pastor se tornou muito parecido com o do coach: “estimular, apoiar e despertar em seu cliente (ovelha)… o seu potencial infinito para que este conquiste tudo o que deseja”. É exatamente isso que essa mistura humanista-materialista busca: o potencial infinito de cada ser humano para conquistar aquilo que ele deseja. Há uma conexão com o existencialismo, onde o indivíduo e sua busca pessoal por significado em si mesmo passa a ser o centro do pensamento filosófico.

Ceticismo: Humanismo e materialismo são marcas de seres céticos. A crença no Deus da Bíblia é cada vez mais fraca onde esse tipo de cultura se manifesta. Como eu já disse, a TC busca descobrir o potencial de cada pessoas para que ela alcance seus próprios objetivos. Dependência de Deus é algo apenas fantasiado. Orações são feitas apenas para que Deus abençoe nossos planos e para que Ele nos dê apoio em nossa própria empreitada. O sobrenatural é esquecido e Deus vai ficando cada vez mais distante. Na TC o soberano é o indivíduo com suas decisões de fé e sucesso. Em muitas igrejas tudo que você vai encontrar nos púlpitos são mensagens sobre o que os homens podem fazer para serem alguma coisa melhor do que já são. Até a mistura com conteúdos de coaching, marketing pessoal e psicologia você encontrará. Aliás, tem sido comum pastores e líderes entrarem nesses cursos e palestras para serem mais persuasivos, contagiantes e teatrais (pra não usar manipuladores). O Espírito Santo não tem muito espaço na TC, mesmo que usem seu nome.

São por esses motivos principais que digo que a TC está substituindo a TP. Esse discurso tem atraído jovens, empresários, profissionais liberais, e todo o tipo de gente, principalmente na classe média. E aqui está a transição entre as duas abordagens. A TP faz uma barganha com Deus crendo que Ele efetuará milagres para benefício material e espiritual do homem. A TC eliminou a barganha ao deixar Deus de longe, mas passou a ter no próprio homem a força “milagrosa” para seu benefício material e espiritual. Na TP ainda há uma certa dependência de Deus e seu agir sobrenatural, enquanto na TC o homem declarou sua independência. O relacionamento de barganha foi substituído para o relacionamento de plateia. O Deus da TC está assistindo e torcendo pelos grandes empreendedores no palco da fé. Talvez você ache ruim o uso do palavra coaching, mas pelo que você entenda a expressão completa “teologia do coaching” que estou usando para definir esse tipo de abordagem..

Essa é uma teologia mais sutil, que parece mais humilde, mas na verdade transborda soberba ainda mais do que a tenebrosa TP. Seu ambiente menos escandaloso e mais conformado a cultura secular permite que esse tipo de abordagem lote igrejas e obtenha grande aceitação. Geralmente se fala o que as pessoas querem ouvir e pecados são tratados como pedra e obstáculos no caminho que devem ser superados. A pregação fica até mais dinâmica, com uso de mídias, frases de efeito e motivação mútua. Tudo isso associado com o desejo material dos nossos dias só contribuem para que a TC ganhe terreno. Logo logo nós teremos grandes problemas com ela e talvez ela chegue ao mesmo patamar da TP. Que Deus nos livre e proteja disso! 
 
O que Jeremias e Tiago Diriam?

Não quero tornar esse texto num texto longo demais. Portanto, encerrarei apenas com três passagens bíblicas (quem sabe um artigo completo poderá sair em breve sobre o tema). Compare com as ideias da TC e veja como a Bíblia é contrária a isso. Jeremias profetizou para um povo orgulho e que confiava em suas próprias forças e em sua “tradição espiritual”. Contra isso Deus falou por meio do profeta:
“Assim diz o Senhor: “Não se glorie o sábio em sua sabedoria nem o forte em sua força nem o rico em sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em compreender-me e conhecer-me, pois eu sou o Senhor, e ajo com lealdade, com justiça e com retidão sobre a terra, pois é dessas coisas que me agrado”, declara o Senhor” (Jeremias 9:23,24)
Num momento mais a frente ele resume bem sua mensagem ao povo:
“Assim diz o Senhor: Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor… Mas bendito é o homem cuja confiança está no Senhor, cuja confiança nele está” (Jeremias 17:5-7)
Encerro com a passagem de Tiago, um verdadeiro balde de água fria na teologia do coaching:
“Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna.” (Tiago 4:13-16)
TP e TC, ambas são maléficas e distantes do cristianismo bíblico que leva o homem a negar a si mesmo, humilhar-se diante de Deus e depender dele em tudo. Ter sucesso profissional e conquistar riquezas não é pecado em si, mas isso não pode ser um dos pontos centrais de nossa espiritualidade cristã. Cuidado para não substituir a teologia da prosperidade pela teologia do coaching, em ambas o deus que adoram é o mesmo: o homem. 
 

Pedro Pamplona

¹ Retirado de http://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching/o-que-e-coaching/ Acesso em 28/12/2016

²Ibid

³ Ícaro de Carvalho. Por que o empreendedorismo de palco irá destruir você. Acesso em 28/12/2016