
(1)
Alguns aceitam que o crente participe de qualquer tipo de festa ou
evento e, quando questionados, sempre usam o exemplo de que Jesus esteve
entre pecadores e nos piores círculos da sociedade. Isso é verdade,
Jesus esteve realmente em lugares bastante complicados e com pessoas
bastante complicadas, mas existe uma diferença. Jesus não participava
desse tipo de evento como mais um participante. Jesus fazia a obra de
Deus ali e era visto como tal e a presença dele ali era notada como tal.
Era recebido nestes lugares como um servo de Deus e fazia ali a obra do
Senhor. Não vemos em nenhum momento Jesus fazendo as mesmas obras que
eram feitas naqueles lugares por aquelas pessoas. Isso nos ensina que
Jesus tinha objetivos espirituais indo àqueles eventos. Jesus não estava
ali apenas socialmente para participar do evento como qualquer um dos
participantes e nem aprovava tudo que era feito ali.
(2)
Não creio que seja proibido que o crente participe de todo e qualquer
tipo de evento fora do âmbito religioso. Existem eventos que não trazem
qualquer prejuízo ao crente estar ali, claro, desde que seja realmente
um crente comprometido também ali naquele local. Toda a caminhada cristã
deve ser vista como sendo oportunidade de ser sal e luz. Dessa forma,
por exemplo, ao ir em um churrasco da empresa, em um almoço familiar, em
uma entrega de prêmios, enfim, eventos em que a presença do cristão não
lhe traga qualquer desabono, creio que seja um importante momento de
conversas, de estreitamento de laços, de exposição de suas posições
bíblicas através de ações, conversas e até da rejeição de certas coisas
que outros fazem, mas que não convém ao crente.
(3)
Ao mesmo tempo, é evidente que não são todos os lugares que convém ao
crente estar. Existem festas e eventos em que, de antemão, já se sabe
que aquilo que será feito ali é de extremo desagrado de Deus. Logo, qual
o objetivo do crente em estar ali? Por exemplo, quando eu era jovem, já
fui convidado por amigos para ir a clubes de strip-tease comemorar o
aniversário de um dos amigos. Como crente eu deveria ir? Alguns podem
dizer que eu poderia ser sal e luz ali, que poderia pregar a palavra,
etc. Mas será que é assim mesmo? Será que o local é propício para que as
pessoas prestem atenção em alguma outra coisa que não seja as mulheres
dançando nuas? Será que eu iria realmente pregar alguma coisa ali? Será
que meus amigos seriam impactados por meu testemunho cristão me vendo
ali com eles participando das mesmas coisas erradas que eles participam?
Existem lugares e festas que já sabemos que são “da pesada” e que não
convém de forma alguma ao crente estar ali sob qualquer pretexto. São
eventos inconvenientes, de mal gosto, focados apenas no prazer carnal
desregrado. Não há qualquer edificação ao crente participar disso!
(4)
Outra coisa que devemos cuidar com carinho é o nosso testemunho. Não se
trata de querer ser perfeito ou transparecer uma santidade mentirosa às
pessoas, mas sim de cuidarmos das nossas ações para que elas sejam
bênção e modelo para outras pessoas, principalmente aos mais novos na
fé. Exemplo: como presbítero, o que transpareceria da minha conduta caso
eu estivesse andando atrás de um trio elétrico, dançando músicas com
letras que nem sempre são bíblicas e bebendo minha cerveja sem álcool?
Certamente, meus discípulos se confundiriam em muito com minha postura,
pois seria inconveniente. Jesus foi duro com relação a isso, quando
disse que não devemos ser pedra de tropeço e nem escândalo para as
pessoas: “Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes
pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao
pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do
mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que
venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!” (Mateus
18:6). Essa advertência de Jesus deveria fazer-nos ser
mais cuidadosos com nossas escolhas, visando o bem do próximo acima dos
nossos desejos pessoais.
(5) Um ponto também muito importante é que Deus nos orienta na Palavra a não sermos coparticipantes em obras das trevas: “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” (Efésios 5:11). Em
muitos casos, a nossa presença ajuda a promover maus eventos, onde
acontecem coisas que desagradam a Deus e que, de nenhuma forma, são
edificantes para ninguém. Participando desse tipo de evento acabamos por
ser coniventes com o que acontece ali e fica difícil convencermos
alguém que condenamos os atos praticados ali se estamos em meio a tudo o
que está ocorrendo como participantes ativos. É uma questão de
posicionamento coerente com a nossa fé. Devemos ser firmes e nos
posicionar com firmeza com relação a isso.
(6)
Por fim, gostaria de abordar a questão da dúvida. Às vezes ficamos em
dúvida se participamos ou não, se devemos ir ou não a algum evento ou
festa. Quando estou nesses momentos, costumo recorrer ao seguinte texto
bíblico: “Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado” (Romanos 14:23). Se
a dúvida é muito grande e incômoda, pode ser sinal de que é algo ruim e
que você deva se afastar. Um outro texto que gosto muito fala a
respeito da paz. Se aquela situação está, de alguma forma, tirando a sua
paz, a chance é grande de que você não deva participar, pois a paz de
Cristo deve ser um importante ponto a ser considerado em nossas
decisões: “Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração…” (Colossenses 3:15).
Conclusão:
Para
finalizar, deixo um texto do apóstolo Paulo que nos ensina como devemos
andar neste mundo. Isso nos ajuda a avaliar melhor sobre para o que
dizemos sim e para o que dizemos não quando somos convidados a algo: “Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Efésios 5:8). Andemos por lugares onde filhos da luz podem andar em paz.
https://www.esbocandoideias.com/2016/02/o-cristao-pode-participar-de-festas-mundanas.html?