Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)
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20 de abril de 2017

Ética do comportamento cristão


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Texto básico: Romanos 12.9-11

Texto devocional: Mateus 5.43-48

Versículo-chave: “E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo” (Fp 1.9-10).

Alvo da lição: Você conhecerá os passos para chegar à excelência da vida cristã sem “mur­murações nem contendas”.

Iniciamos esta lição com Provérbios 26.18-20: “Como o louco que lança fogo, flechas e morte, assim é o homem que engana a seu próximo e diz: Fiz por brincadeira. Sem lenha, o fogo se apaga; e, não ha­vendo maldizente, cessa a contenda”.


Paulo começa a seção ética de sua carta aos Ro­manos com a excelência do “culto racional” e da diversidade dos dons espirituais que devem estar a serviço da igreja. Entre os dons espirituais e os degraus do comportamento cristão, exatamente no começo de Romanos 12.9, ele coloca a pedra angular da ética cristã: “o amor seja sem hipocrisia”. O amor, que é realmente o princípio governante da vida cristã, é mais do que uma emoção, e é de natu­reza mais firme do que mero sentimentalismo ou pura filantropia. Salomão poetiza esse amor sem hipocrisia, dizendo: “Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes laba­redas. As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de todo desprezado” (Ct 8.6-7). A partir do “amor sem hipocrisia”, vêm os degraus da ética do comportamento cristão, que vamos estudar em lições seguintes. Nesta lição trataremos de seis desses degraus.

I – DETESTAI O MAL

Detestar o mal é o mesmo que odiá-lo. Paulo usa várias vezes a palavra “fugir” para significar a re­pulsa que o cristão deve ter das coisas que são más (1Co 6.18; 10.14 e 1Tm 6.11): “Tu, po­rém, ó homem de Deus, foge destas coisas”. Carlyle, escritor cristão, comentando esse texto, diz: “O que necessitamos é ver a infinita beleza da santidade, e a infinita maldição e o horror do pecado”. O apóstolo João, em sua primeira epístola, coloca esse “detestai o mal” da seguinte maneira: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (1Jo2.15).

II – APEGAI-VOS AO BEM

O verbo “apegar” sugere um desejo intenso de apropriar-se de alguma coisa. O salmista assim se expressa: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água.” (Sl 63.1).
O comportamento ético do cristão é uma busca constante e intensa do que é bom. As palavras usadas por Paulo são firmes: “detestai” e “apegai”. Elas podem ser ilustradas com dois versos de Colossenses, como veremos a seguir.

1. Detestai

“Agora, porém, despojai-vos, igual­mente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar. Não mintais uns aos outros, uma vez que vos des­pistes do velho homem” (Cl 3.8 e 9).

2. Apegai-vos


“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longani­midade” (Cl 3.12).
Tudo isso nada mais é do que empurrar para longe de nós o mal e abraçar de corpo e alma o que é bom, o que edifica.

III – AMAI-VOS CORDIALMENTE UNS AOS OUTROS

Devemos ser afetuosos uns com os outros em amor fraternal. A palavra “cordialmente” é que qualifica esse amor. “Seja constante o amor fraternal. Não negli­gencieis a hospitalidade, pois alguns, pra­ticando-a, sem o saber acolheram anjos” (Hb 13.1-2). Esse degrau do com­portamento ético do cristão é um dos muitos mandamentos da mutualidade. O amor cordial é recíproco: “uns aos outros”. Dentro da igreja não somos estranhos; muito menos unidades isoladas. Somos irmãos, porque te­mos o mesmo Pai. A igreja não é um clube onde as pessoas se associam; nem simplesmente uma reunião de amigos. A igreja é a família de Deus. A reciprocidade no amor é a marca mais visível no Corpo de Cristo.

IV – NO ZELO, NÃO SEJAIS REMISSOS

O descuido da vida cristã acarreta sérios problemas. O cristão não pode tomar as coisas de qualquer maneira. O nosso cotidiano é sempre uma alternativa entre a vida e a morte. O tempo é curto e a vida terrena é uma preparação para a eternidade. O profeta Jeremias exorta-nos: “Mal­dito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente!” (Jr 48.10). Costuma-se dizer que o cristão pode abrasar-se, porém nunca oxidar-se. Jesus, em carta à igreja de Laodicéia, exorta: “Eu repre­endo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Ap 3.19).

V – SEDE FERVOROSOS DE ESPÍRITO


William Barclay, comentando esse degrau da ética do comportamento cristão, diz: “Devemos manter nosso es­pírito sempre em alta. Espírito fervoroso é espírito que transborda em amor por Deus e pelo próximo. Ilustra-se esse fervor com uma vasilha de água fervendo no fogo”. Foi exatamente nessa dimensão que Jesus advertiu a igreja de Laodicéia: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem deras fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca” (Ap 3.15-16). O que se requer do verdadeiro cristão é que ele seja “fervoroso de espírito”. Isto é, uma pessoa entusiasmada e apaixonada pela salvação das almas e pela santificação da Igreja.

VI – SERVINDO AO SENHOR

Quem serve ao Senhor, está servindo ao seu próximo, e quem serve ao seu próximo está servindo ao Senhor. Jesus coloca esse assunto da seguinte manei­ra: “Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.40). O salmista, no hino de ingresso ao templo, declara: “Servi ao Senhor com alegria”. Esse sentimento deve ser constante no serviço cristão. O crente deve ter prazer no que faz servindo ao Reino de Deus. Por isso mesmo, aconselha o apóstolo: “Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportuni­dades” (Cl 4.5). “Quem não vive para servir, não serve para viver”.

CONCLUSÃO

Elisabeth Gomes, em seu livro “Ética nas pequenas coisas”, diz: “Deus espera de Seus filhos pecadores e redimidos pelo sangue de Jesus um padrão de excelência em tudo. Deste lado da glória não atingiremos perfeição no sentido de não pecarmos, mas somos aperfeiçoados a cada dia, à medida que nos achegamos Àquele que cumpre em nós o querer e o realizar”.
Na carta aos Romanos, Paulo diz: “Fo­mos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida” (Rm 6.4).
A vida cristã é uma experiência que se re­nova a cada dia em nosso relacionamen­to com Deus e com o nosso próximo. 
 
 
Autor: Pastor João Arantes Costa
Estudo publicado originalmente pela Editora Cristã Evangélica, na revista O Comportamento do Crente, da série Vida Cristã. Usado com permissão.
http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/etica-do-comportamento-cristao/ 

14 de novembro de 2011

OS VALORES INTERNOS E EXTERNOS DA CIRCUNCISÃO



Por Luiz Gama

Na Bíblia, vemos que os “filhos de Israel (ou hebreus, como eram chamados naquele tempo) entravam em aliança com Deus por meio de três ritos: a circuncisão (berit-milá), a imersão (tevilá) e o oferecimento de um sacrifício (corbán)”1.

Abraão foi a primeira pessoa a aceitar o chamado divino para sair “... da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai...” (Gn 12.1) em obediência à voz de Deus. Esta aceitação foi selada pelo sinal da aliança: “Este é o meu concerto, que guardareis entre mim e vós e a tua semente depois de ti: Que todo o macho será circuncidado. E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal do concerto entre mim e vós. O filho de oito dias, pois, será circuncidado; todo o macho nas vossas gerações, o nascido na casa e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua semente. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; e estará o meu concerto na vossa carne por concerto perpétuo. E o macho com prepúcio, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada dos seus povos; quebrantou o meu concerto” (Gn 17.10-14).

A circuncisão foi o primeiro mandamento observado por Abraão cuja idade já era bem avançada: “Era Abraão da idade de noventa e nove anos, quando lhe foi circuncidada a carne do seu prepúcio. E Ismael, seu filho, era da idade de treze anos, quando lhe foi circuncidada a carne do seu prepúcio” (Gn 17.24-25). Quando os hebreus estavam prestes a celebrar a Páscoa (Pêssach, em hebraico), Moisés circuncidou todos os homens. Fez isso para que pudessem ser contados como participantes das promessas divinas e, assim, tivessem o direito de participar do cordeiro pascal (Êx 12.48) sem nenhum problema.
“A circuncisão tornou-se um sinal de identificação com o povo da aliança” 2.

Conforme vimos nos textos acima, a circuncisão passou a ser praticada pelos patriarcas desde antes da promulgação da lei mosaica. E até hoje é considerada a mais importante cerimônia do judaísmo. Nenhuma comemoração ou data deve impedir o menino judeu de fazer a circuncisão, nem mesmo o sábado (Shabat) ou o Dia da Expiação (Yom Kipúr). Somente em caso de saúde cuja gravidade possa comprometer a vida do infante esta cerimônia será adiada para outro dia após o oitavo dia do nascimento. Para o judeu, “o dia mais sagrado do calendário judaico é o sábado. A punição na Bíblia por violar o Shabat é muito mais severa do que por violar o Yom Kipúr.3 A primeira gera morte, e a segunda, excomunhão.

Mesmo que o oitavo dia coincidisse com o sábado a criança era circuncidada: “Porque Moisés vos deu a circuncisão (embora na realidade ela não venha de Moisés, mas dos patriarcas), no sábado circuncidais um homem. Ora, se o homem pode receber a circuncisão no sábado, para que não se viole a lei de Moisés, por que vos indignais contra mim por eu ter curado o homem todo no sábado?” (Jo 7.22-23).

A circuncisão e a ciência

Quanto ao aspecto de a circuncisão ser obrigatoriamente praticada no oitavo dia após o nascimento, um fato interessante: a medicina constatou que é justamente nesse período que o sangue da criança coagula mais facilmente, proporcionando rápida cicatrização. “Este assunto foi abordado por dois cientistas que afirmam que o bebê tem uma sensibilidade especial para sangramentos nos primeiros dias de vida e qualquer hemorragia, por menor que seja, pode trazer grandes danos para a criança, e até a morte. Isto porque a base principal para a coagulação sanguínea, a vitamina K, só chega ao nível ideal no sétimo dia de vida. Também outro elemento necessário para a coagulação sanguínea, a protombina, atinge o seu nível máximo somente no oitavo dia de vida; chega até a estar acima do nível normal – 110%. Depois disso decresce e estabiliza-se em 100%. Está claro, então, que o primeiro momento mais seguro para a realização da milá é o oitavo dia, tanto pela quantidade de vitamina K quanto de protombina” 4. Pela perspectiva médica, a circuncisão é aconselhável como uma medida sanitária. Hoje, muitos hospitais nos Estados Unidos utilizam a circuncisão como um processo rotineiro.

Originalmente, era obrigação do pai circuncidar seu filho. O primeiro exemplo foi Abraão que circuncidou Isaque quando ele tinha oito dias de idade (Gn 21.4). Mas, atualmente, a circuncisão é realizada por um profissional chamado Mohel em hebraico, pessoa treinada e especializada para executar tal operação. O homem que segura a criança é chamado sandec, título derivado do grego que significa “padrinho”. Em hebraico, ele é conhecido como baal berit, que quer dizer “chefe da circuncisão”, pois assume posição central (de grande responsabilidade) durante a cerimônia.

Durante todo o ritual da circuncisão, um assento é posto ao lado da cadeira reservada para o sandec. “Esta cadeira, que permanece vaga, é reservada para o profeta Elias que, de acordo com a tradição, presencia cada berit para proteger a criança do perigo”5. Todos os presentes acompanham a cerimônia da circuncisão de pé, em reverência à ordenança divina. Antes e depois da circuncisão são pronunciadas as bênçãos. Em seguida, é dado o nome da criança. “A retirada de sangue é conhecida como hatafat dam berit, ou seja, extração de sangue da Aliança” 6. Se o pai for capaz de realizar a circuncisão, não é permitido a ele delegar a função a nenhuma outra pessoa. Precisamos esclarecer que não é por meio da cerimônia da circuncisão que o menino é iniciado no judaísmo, isso ocorre no nascimento. A circuncisão é o cumprimento na vida do menino judeu que irá refletir sua fé interior no pacto que Deus selou com seu povo. O Talmude (San’hedrin 44ª) declara: “que um judeu permanece judeu para sempre, mesmo se ele cometer um pecado. Como pecador, ele pode perder certos privilégios, mas não perde seus direitos de judeu”7. Todavia, entre os judeus não há uma definição de quem é judeu. Existem duas maneiras de se fazer parte da comunidade judaica:

1) Segundo o rabino Yits’chac Halevi Herzog, "somente é judeu o nascido de mãe judia". Se a mãe não for judia e o pai sim, o filho não é judeu. A única maneira pela qual alguém cuja mãe não é judia pode tornar-se judeu é convertendo-se. Para a conversão de uma mulher, é necessária a imersão (micvá); para o homem, são necessárias a imersão e a circuncisão. Aqueles que nasceram judeus e os convertidos, declarou o rabino, são judeus para sempre”8;

2) Para o primeiro-ministro de Israel David Ben Gurion (1886-1973), “qualquer um que se declare judeu, viva como tal e esteja interessado no bem-estar dos judeus é considerado judeu, independente da fé professada por sua mãe” 9.

A declaração do primeiro-ministro de Israel está de acordo com a afirmação do apóstolo Paulo, que diz: “Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus” (Rm 2.28-29). O mais importante é que a circuncisão tem um significado espiritual de grande importância, pois demonstra que o Eterno Deus requer de seu povo não somente uma aliança externa na carne, mas determina pureza e compromisso interiores, pela circuncisão do coração: “E o Senhor, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua semente, para amares ao Senhor, teu Deus, com todo o coração e com toda a tua alma, para que vivas” (Dt 30.6); e ainda: “Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz” (Dt 10.16). Podemos ver que a circuncisão do coração era um requisito divino até mesmo para os israelitas que já eram circuncisos na carne.

A verdadeira circuncisão

Uma análise mais profunda da circuncisão nos mostra que este mandamento, dirigido a Abraão, é uma aliança eterna com os filhos de Israel, isto é, uma aliança de afinidade com o povo judeu, por meio da qual o Eterno se compromete em tornar os descendentes de Abraão em uma grande nação e em separá-los como um povo especial para Ele (Gn 12.1-3). Assim, a circuncisão, para o judeu, não é apenas um mandamento, mas uma identificação pessoal e intransferível outorgada pelo Deus de Israel que o diferencia de todas as outras nações. Não se trata apenas de um costume, mas é o elo que mantém unido o povo hebreu através dos séculos: “O povo judeu cumpre com muito amor esta mitsvá (mandamento) há milhares de anos. Só a ordem divina já nos dá motivação suficiente para cumpri-lo” 10.

“Qual é, logo, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas” (Rm 3.1-2); e também “... a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas” (Rm 9.4). A circuncisão, como aliança, foi dada por Deus a Abraão em um determinado tempo e espaço com a intenção de gerar para si um povo santo: “Porque eu sou o Senhor, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo” (Lv 11.45). Portanto, “a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão” (Rm 2.25).

“Os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os, no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho. Eis que tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus; e sabes a sua vontade, e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei; e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, instruidor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei; tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, comete sacrilégio? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós. Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão. Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos da lei, porventura, a incircuncisão não será reputada como circuncisão? E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, não te julgará, porventura, a ti, que pela letra e circuncisão és transgressor da lei? Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus” (Rm 2.13-29).

O apóstolo Paulo é taxativo: sem obediência, a circuncisão se transforma em incircuncisão. “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegaste perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio, na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz, reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades” (Ef 2.13-16).

O mesmo apóstolo ainda afirmou que a verdadeira “...circuncisão somos nós que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne” (Fl 3.3). Esse argumento do apóstolo Paulo gerou grande conflito, pois os judaizantes eram da opinião de que a circuncisão era medida necessária para salvação. Entendiam que a circuncisão fazia parte do pacto abraâmico, e qualquer indivíduo que não fosse circuncidado não poderia ter a esperança de ser salvo. Logo, todos os circuncidados já estavam automaticamente absolvidos de todo julgamento. “Entretanto, no dizer das Escrituras, qual era o real valor da circuncisão?
a) A circuncisão era o sinal do pacto abraâmico, além de ser um dos muitos privilégios de Israel, o que fazia deles uma sociedade superior (Rm 9.4-5);

b) Tinha valor como preparação para melhores coisas vindouras. Também falava sobre a santificação. Isso teria lugar em Cristo. Falava de identificação com a geração de Abraão, e isso, por sua vez, tipificava o que Deus faria mediante o filho de Abraão, Jesus, o Messias;

c) Falava de um povo que seria separado para a santidade e a salvação. Tornava os homens cônscios de que existiam esses privilégios, e, sabendo-o, talvez os buscassem, se ao menos fossem suficientemente sábios;

d) A circuncisão afetava o órgão gerador, e isso simbolizava a produção de vida. A vida eterna está em Cristo e os homens, por darem atenção à mensagem de Deus e tomando parte em seu conceito, podem aprender acerca da real fonte da vida;

e) Há uma real circuncisão, de ordem absoluta, isto é, a circuncisão do coração. A santificação genuína leva os homens à salvação (Rm 2.29);

f) A circuncisão era um mero sinal. A verdade simbolizada era a salvação. Por igual modo, o batismo é apenas um sinal, um símbolo, e não a substância, ou qualquer parte da substância essencial da salvação (Cl 2.11)” 11.
Na nova aliança, o que precisa ser circuncidado é o coração, e não a carne. Devemos cortar da nossa vida tudo aquilo que seja desagradável e impuro aos olhos de Deus. Muitos cristãos hoje são um testemunho vivo do poder do Espírito Santo que transformou o seu modo de pensar e agir (1Co 6.9-11; Gl 5.22-24; Ef 4.22-24).

O que é a circuncisão?

É a remoção da pele que cobre a glande, ou prepúcio, do pênis. O verbo hebraico mul (circuncidar) é usado em sentido literal e figurativo. O substantivo grego peritomé (circuncisão) significa literalmente “cortar em derredor” (Jo 7.22). O termo grego akrobystía é usado na septuaginta grega para traduzir a palavra hebraica para “prepúcio”, “incircuncisão”, e daí, “gentios” 1.

“A prática de cortar fora o prepúcio do pênis era usada mesmo antes da época de Abraão” 2. Os egípcios praticavam a circuncisão, e também os moabitas, os amonitas e os edomitas. Mais tarde, os samaritanos que aderiram aos requisitos especificados no Pentateuco também foram circuncidados. Por outro lado, os assírios, os babilônios (como todos os semitas orientais), os gregos e notavelmente os filisteus não praticavam a circuncisão. Estes últimos, especialmente, são mencionados de modo depreciativo como “incircuncisos”, e foi das lutas contra eles que Davi trouxe como troféu os prepúcios (Jz 14.3; 15.18; 1Sm 14.6; 17.26; 18.25-27; 2Sm 1.20; 1Cr 10.4).

Notas:
1 Livro Judaico dos Porquês. Alfred J. Kolatch. Ed. Sefer. Vol 2. p. 138.
2 Livro Judaico dos Porquês. Alfred J. Kolatch. Ed. Sefer. Vol 2. p. 138.
3 Livro Judaico dos Porquês. Alfred J. Kolatch. Ed. Sefer. Vol 1. p. 257.
4 Nos Caminhos da Eternidade. Rabino Issac Dichi. pp. 146,147.
5 Livro Judaico dos Porquês. Alfred J. Kolatch. Ed. Sefer. Vol. 1. p.22.
6 Livro Judaico dos Porquês. Alfred J. Kolatch. Ed. Sefer. Vol 2. p. 141.
7 Livro Judaico dos Porquês. Alfred J. Kolatch. Ed. Sefer. Vol 2. p. 21.
8 Livro Judaico dos Porquês. Alfred J. Kolatch. Ed. Sefer. Vol 2. p. 19.
9 Livro Judaico dos Porquês. Alfred J. Kolatch. Ed. Sefer. Vol 2. pp. 19-20.
10 Nos Caminhos da Eternidade. Rabino Issac Dichi. p. 145.
11 Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.
R.N. Champlin / J.M. Bentes. Ed. Candeia. Vol. 1. p. 748.

http://www.icp.com.br/47materia1.asp

22 de novembro de 2010

A CIRCUNCISÃO DOS JUDEUS

 

O substantivo grego peritome (circuncisão) significa literalmente «um corte em volta».Circuncisão em hebraico é berit, que significa «aliança». A Circuncisão é o ato em que consiste em cortar o prepúcio, do órgão masculino, operação que podia ser praticada pelo chefe da família, às vezes pela própria mãe (Êx 4.25), ou por qualquer outro dos israelitas. Em tempos posteriores, usava-se uma autoridade designada, um especialista para esta operação chamado de mohel (corta-fora). Para os judeus, a circuncisão é um dos mais importantes dos seus 613 mandamentos. Era um rito de iniciação na família de Yahweh, representadas em Abraão, para que o indivíduo participasse dos privilégios e promessas contidas no concerto, ou pacto celebrado por Yahweh. Foi instituído por Yahweh como rito da religião judaica, e aplicado primeiramente a Abraão e todos os de sua casa, quer adquirido por compra ou não. O tempo próprio para esta operação ritual era o oitavo dia depois do nascimento do menino, compreendendo, ainda, os escravos (Gên 17.12,13). Entretanto, os nascidos antes da instituição deste rito, podiam ser circuncidados em qualquer época de sua idade. É o caso, por exemplo, de Abraão e Ismael, o primeiro circuncidado aos 99 anos, e o último aos 13 anos (Gên 17.11-27). Durante a estada no Egito, os israelitas não encontraram dificuldades na observância do rito, porquanto, entre os egípcios, a circuncisão era considerada como sinal distintivo e honroso. Os egípcios a praticavam a mais de 3000 anos a.C. Não só entre os judeus, mas ainda entre os maometanos a circuncisão é observada religiosamente.

A circuncisão era um rito exterior, um «sinal de pacto», a ser posto em todos os descendentes masculinos de Abraão, a fim de ficar como memorial da Aliança que Yahweh, assim, estabelecia com seu povo. Significava um compromisso tanto com o povo de Israel, como com o próprio Deus de Israel. Rejeitar a circuncisão resultava em ser «expulso» do seu povo (Gên 17.10-14). Os estrangeiros que desejavam entrar na comunhão com o povo de Israel, e com o seu Deus, bem como celebrar a Páscoa e participar de outras bênçãos, tinham de submeter-se a este rito, a circuncisão, qualquer que fosse a sua idade (Gên 34.14-17,22; Êx 12.48).

A circuncisão foi tornada um requisito obrigatório da Lei mosaica. «E, no oitavo dia, se circuncidará o menino a carne do seu prepúcio» (Lev 12.13). Isto era tão importante que, se oitavo dia caísse no altamente respeitado Sábado, ainda assim se devia realizar a circuncisão (João 7.22,23). Jesus, João Batista e Paulo foram circuncidados ao «oitavo dia» (Luc 1.59; 2.21; Filip 3.5). Já no 1º século parece ter sido costumeiro dar nome ao menino no dia da circuncisão (Luc 1.59,60; 2.21). - Durante a peregrinação de 40 anos no deserto, não se realizou a circuncisão. Assim, depois de atravessarem o Jordão, Josué fez com que todos os varões fossem circuncidados, para que pudessem celebrar a Páscoa de Yahweh (Josué 5.2-9).

A circuncisão era um ato de purificação religiosa, e em sua real significação, quer dizer abandonar todas as paixões carnais. O crente em Jesus Cristo segundo o N.T., passou por uma circuncisão espiritual, a saber: o despojar «do corpo da carne». Trata-se de um ato espiritual, mediante o qual Cristo remove nossa velha criação irregenerada e rebelde, e nos comunica a vida espiritual e ressurreta de Cristo (Col 2.11-13). Paulo escreveu aos cristãos de Filipos dizendo: «Porque a circuncisão somos nós que servimos a Deus no Espírito...» (Filip 3.3a). Paulo declara que a verdadeira circuncisão é uma obra do Espírito no coração da pessoa, pelo qual o pecado e o mal são cortados (ver em Rom 2.25-29 e no A.T., em Deut 10.16 e Jer 4.4; 9.26). «Circuncisão do coração»; significa regenerá-lo de modo a extinguir toda a resistência às influências santificadoras, habilitando-o para amar a Deus (Deut 30.6; 1 Cor 7.18,19; Gál 5.6; 6.14.15). Tudo isso é simbolizado (sinal externo) pelo Batismo em água, apropriado pela fé (Rom 6.1-11, Col 2.12). Portanto, o Batismo em certo sentido toma o lugar da circuncisão na Nova Aliança. Este é o nosso sinal de pacto para com Cristo Jesus, e, é claro num sentido ainda mais relevante do que a circuncisão dos judeus.

A Lei fazia distinção entre o «santo e o profano» e entre o «limpo e o imundo» (Lev 10.10). O fato de Jeová exigir a pureza de Seu povo, determina Seu «caráter», faz parte de Seu atributo; «Sede santos porque, eu sou santo...» (Lev 11.44,45). Conservar-se, puro, significa que a pessoa estava (e está) separada para fins sagrados e que, como pertencente a Yahweh, era santa e, não devia tocar o que era imundo. Além disso, a impureza é símbolo do pecado. A Lei exigia dois tipos de pureza, a saber:

1.6. Pureza Física:
As Escrituras muitas vezes usam a «pureza física» como símbolo ou representação da «pureza espiritual». Jesus recorreu ao princípio da «pureza física» quando salientou a «impureza espiritual» e a hipocrisia dos fariseus. A conduta enganosa deles foi comparada a se limpar por fora o copo e o prato, sem fazê-lo por dentro (Mat 23.25,26). Jesus usou uma ilustração similar durante a última Ceia Pascal, quando tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela, depois deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugar-lhes com a toalha com que estava cingido (João 13.4,5). Vemos que embora eles tivessem se banhado e seu Amo lhes tivessem lavado os pés, e eles, portanto, estivessem «inteiramente limpos», em sentido físico; todavia, em sentido espiritual, disse Jesus; «Nem todos estais limpos» (João 13.10.11), referindo-o a Judas Iscariotes.

A «pureza física» era diferente da «pureza cerimonial», não eram sinônimas, posto que ambas às vezes coincidiam-se. A eliminação de desejos por se enterrarem os excrementos era um requisito sanitário bem à frente dos tempos (Deut 23.9-14). A exigência de freqüentes banhos e da lavagem da roupa pela nação de Israel, era sinal de «pureza física». Os hábitos pessoais dos da nação de Israel fizeram dela um povo comparativamente sadio, apesar de sua peregrinação no deserto por 40 anos. As Leis de Yahweh, que governavam a vida no acampamento, inclusive a diagnose e o tratamento de doenças, inquestionavelmente eram responsáveis pela saúde do povo. Por exemplo; nem todos os animais eram classificados como limpos para consumo.

2.6. Pureza Cerimonial: As leis cerimoniais do A.T. eram mais exteriores. Já no N.T., o que realmente conta é a inclinação dos nossos corações. Entretanto, apesar das leis cerimoniais serem exteriores, contudo, sua exigência era um reflexo que atingia o coração de cada israelita, que se sujeitava a estas leis. Em toda história da humanidade, Deusa exigiu pureza total de Seu povo, tanto interior como exterior (1 Tess 5.23).

A «pureza cerimonial» do AT era tão severa que era observada entre os israelitas sob pena de morte. «Assim, separareis os filhos de Israel das suas imundícias, para que não morram nas imundícias contaminando o meu tabernáculo, que está no meio deles» (Lev 15.31). Especialmente os sacerdotes tinham a obrigação de estar tanto física como cerimonialmente limpos (Êx 30.17-21; Lev 21.1-7.22.2-8). Em Números 5.2, são especificadas três causas mais comuns de impureza cerimonial envolvendo pessoas:

a) Todo Leproso: A lepra é a doença que a Bíblia usa freqüentemente como símbolo da podridão do pecado; os povos orientais a reconheciam como um castigo provindo de Deus. Esta era a mais repugnante de todas as doenças, e exigia medidas severas de controle, inclusive um prolongado isolamento, com cuidado e repetido exame para determinar quando se realizou a cura (Lev 13.1-59; 14; Deut 24.8). Para sua purificação a Lei exigia ablução e sacrifícios especiais (Lev cap. 14). Devia ser dada cuidadosa atenção à prescrição divina para tratar com essa enfermidade, visto que a saúde da comunidade inteira corria perigo. A lepra era contagiosa, pois o leproso tinha que se manter isolado da comunidade israelita, durante «sete dias»; assim também é o pecado, pois mantém o homem isolado de Seu Criador (Isa 59.2; Rom 3.23). Veja a lepra que Yahweh colocara em Miriã, por ter murmurado contra Moisés, e seu isolamento do arraial por sete dias (Núm 12.10-16). Temos vários exemplos bíblicos de pessoas que eram leprosas: Naamã, que foi curado ao mergulhar-se por sete vezes no Jordão (2 Reis 5.1), Geazi (2 Reis 5.27), os quatro que estavam à entrada da porta de Samaria, quando estava cercada por Ben-Hadade, rei da Síria (2 Reis 7.2), o rei Uzias, de Judá (2 Crôn 26.19), os leprosos purificados por Jesus (Mat 8.2-4, Luc 17.12-19), Simão que morava em Betânia (Mat 26.6). A lepra era termo genérico usado para descrever uma variedade de doenças da pele, até bolor ou manchas nas vestimentas e nas casas (Lev 13.47-59; 14.34-53). Não é a doença hoje chamada de mal de Hansen. Para mais pormenores sobre a lepra, o leitor deve ler as passagens citadas acima.

b) Fluxo: Certos fluxos do corpo humano eram normais, mais causavam impureza cerimonial. Outros fluxos eram anormais e indicavam doenças. As doenças venéreas eram usualmente transmitidas através de relações sexuais promíscuas, sendo, pois, claramente associadas ao pecado. Quando um homem e sua esposa haviam tido relações sexuais, eles tinham que ser banhar e eram impuros até à tarde (Lev 15.16-18). Fluxo do hebraico zãbh, do verbo zubh«fluir». Expressão bíblica aplicável às condições dos órgãos genitais dos homens e das mulheres (Lev 15.2,19,25; Núm 5.2). Nenhum descendente masculino de Arão tinha permissão de comer «das coisas sagradas» enquanto impuros por causa de um fluxo (Lev 22.4). O termo «fluxo» às vezes se aplicava à menstruação regular, normal, da mulher (Lev 15.19-24). Todavia, era também usada para se referir a um fluxo de sangue doentio, prolongado e assim anormal (Lev 15.25-30). Neste último caso, aplicava-se ao crônico «fluxo de sangue» de uma mulher que padeceu por 12 anos antes de ser curada por Jesus Cristo (Mat 9.20-22).

Segundo a Lei, a pessoa que tivesse um fluxo era impura, e tornava objetos e pessoas que ele ou ela tocava (quando estava impuro (a)), e assim por diante. Pelos motivos de impureza, quando os homens eram convocados para uma expedição militar, tinham que estar santificados, eles eram obrigados a abster-se de relações sexuais com suas esposas (veja em 1Sm 21.4,5; 2Sm 11.8-11). Embora que, Yahweh não tivesse incluído no estatuto da Páscoa este tipo de impureza, porém, fica evidente que os israelitas, tinham que se abster de suas relações sexuais, durante os dias de Festas solenes (Lev 15.1-33). No Monte Sinai, Yahweh exigiu dos israelitas a santificação para que pudessem assim ouvir a Sua voz, entre os requisitos para a santificação estava a «abstenção de relações sexuais», Moisés disse ao povo: «Estai prontos ao terceiro dia; e não chegueis a mulher» (Êx 19.15 ver vv. 9-14). Alguém pode até perguntar por que a Lei mosaica considerava impuro aqueles que mantinham relações sexuais, não foi Jeová Deus que as instituiu?

No princípio, Yahweh criou os impulsos sexuais e a faculdade de procriação no primeiro homem e na primeira mulher, e ordenou-lhes que coabitassem e tivessem filhos. Todavia, quando Adão e Eva desobedeceram a Ele, não na questão de relações sexuais, mas por comerem do fruto proibido, ocorreram mudanças drásticas. De repente, sua consciência afligida pela culpa fez com que se apercebessem da sua nudez, e imediatamente cobriram seus órgãos genitais, ocultando-os da vista do Criador (Gên 1.28; 3.7,10,11). Daí em diante, o homem não podia cumprir em perfeição o mandato de procriação, em vez disso, se transmitia à mácula hereditária do pecado (Sal 51.5). Então, em tal sentido, fazer relações sexuais (entre o esposo e esposa), não é pecado, mas também não é santificação. Ainda em nossos dias atuais, é necessário sim, a abstenção sexual, ao fazermos um trabalho específico para o nosso Senhor Jesus Cristo, que seja, porém, com a sabedoria Divina (1 Cor 7.5).

c) Contato com o «cadáver de um homem»: Este foi o tipo de impureza que impediu alguns no deserto do Sinai, de celebrarem a Páscoa de Jeová no dia «catorze do primeiro mês» (Nm 9.6,7). -- Sob a Lei mosaica, referente a cadáveres, havia graus diferentes de «impureza»; tocar em um animal morto tornava a pessoa impura apenas por «um dia»; tocar em homem morto resultava em impureza durante uma semana, isto é, por «sete dias». No primeiro caso, exigia-se da pessoa apenas lavar as vestes, ou caso tivesse comido um animal selvagem, então tinha de banhar-se, além de lavar as vestes (Lev 5.2; 11.8,24, 27.31,39,40; 17.15). A mesma injunção era imposta aos sacerdotes, com a ordem adicional de que, se comessem algo santo enquanto estavam em um estado impuro, deviam ser mortos (Lev 22.3-8). Para quem tocasse num cadáver humano, era necessário realizar uma cerimônia de purificação mais complexa. Para este fim, uma bezerra vermelha, sem defeito era sacrificada fora do arraial. O sacerdote aspergia um pouco do sangue do animal «sete vezes» em direção à tenda da congregação. Em seguida, a bezerra inteira era então queimada, e um pedaço de madeira de cedro, e um hissopo, e fibras carmíneas (carmesim) eram lançados no fogo para queimarem com a bezerra. As cinzas eram guardadas e usadas «para a água da purificação», a qual, noterceiro e no sétimo dia era aspergido para a purificação daquele que tocou no cadáver humano. Ao fim dos «sete dias» ele devia lavar suas vestes e banhar-se, e então era declarado «limpo» (Núm 19.1-13,17,19). Este rito de purificação limpava a pessoa, permitindo que ela se aproximasse novamente de Jeová.

Sob este estatuto, todos os que estavam na casa ou na tenda em que ocorreu a morte, bem como a própria moradia e todos os vasos abertos, tornavam-se impuros. Tocar mesmo só num osso de um morto no campo de batalha ou tocar numa sepultura, ou sepulcro, igualmente tornava a pessoa impura. Esse é o motivo pelo qual, nos dias de Jesus Cristo, se costumava caiar as sepulturas antes da Páscoa, para proteger as pessoas que vinham a Jerusalém, contra inadvertidamente tropeçarem numa sepultura e assim se tornarem impuras para participar da Festa de Yahweh (Núm 19.14-19; Mat 23.27). Os sacerdotes não podiam se aproximar de um morto, a não ser no caso de um parente próximo (Lev 21.1-4).

http://www.doutrinasbiblicas.com/circuncisaopurezacer_t/circuncisaopurezacer.htm

5 de outubro de 2010

O que significa circuncisão? Para que servia?


 

O Dicionário Houaiss define a circuncisão como a “retirada cirúrgica do prepúcio, praticada por razões higiênicas e/ou religiosas”.

As “razões religiosas” têm suas raízes no primeiro livro da Bíblia. A lei da circuncisão foi dada a Abraão quando ele tinha 99 anos de idade. Deus associou a circuncisão a duas das grandes promessas: Œ Ele faria uma grande nação dos descendentes de Abraão, e  Daria-lhes uma terra como herança. Deus mandou que Abraão e seus descendentes guardassem a aliança da circuncisão: “Todo macho entre vós será circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós” - Gênesis 17:10-11). Ele ordenou que circuncidassem os meninos no oitavo dia da vida.

Os incircuncisos não participavam dessas promessas de Deus. Não faziam parte do povo escolhido, Israel. Homens de outras nações passavam a participar dos privilégios dos judeus somente quando foram circuncidados (veja Êxodo 12:48).

Judeus que negligenciavam este mandamento do Senhor não podiam participar das festas especiais que Deus lhes deu. Um exemplo que mostra a importância da circuncisão se encontra em Josué 5. Depois da peregrinação no deserto, o povo chegou à terra prometida. Mas, eles não haviam praticado a circuncisão no caminho (5:7). Era necessário fazer a circuncisão de todos os machos (5:8). Somente depois de cumprir esta ordem, eles podiam celebrar a Páscoa, a festa que os lembrou da salvação da nação das mãos dos egípcios (5:10). No dia seguinte, começaram a comer do fruto da terra prometida (5:11-12) e, logo em seguida, começaram a conquistar a terra. Estes dois fatos, ligados especificamente às promessas da nação e da terra, reforçam o significado original da circuncisão.

Na igreja primitiva, houve contovérsias acirradas sobre a circuncisão. Alguns judeus convertidos a Cristo acharam que todos os homens teriam que ser circuncidados para participarem das bênçãos em Cristo. Talvez associaram uma outra promessa dada a Abraão (veja Gênesis 12:3) ao ato de circuncisão. Mas Deus nunca disse que as bênçãos espirituais em Cristo dependeriam da circuncisão da carne. Paulo e outros resistiram a essas idéias, e pregaram a salvação pela fé para todos, judeus e gentios (Romanos 3:28-30; Gálatas 5:2,6,11; Colossenses 3:11).

Embora a circuncisão não tenha valor religioso hoje, ainda aprendemos lições importantes das instruções dadas aos judeus. No ato da circuncisão, eles se tornaram distintos, e Deus removeu o “opróbrio” do pecado (Josué 5:9). Hoje, ele remove o pecado na circuncisão espiritual quando somos sepultados com Cristo no batismo (Colossenses 2:11-13). “Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne” (Filipenses 3:3). “Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura” (Gálatas 6:15).

–por Dennis Allan