Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)
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16 de setembro de 2019

O que os usos e costumes proíbem e a Bíblia permite




Alguns por um zelo sincero, já, outros por falta de conhecimento teológico, acabam por pregar mais costumes humanos, do que doutrinas bíblicas.

O tema “Usos e costumes”[1] sempre foi motivo de discussão em muitas comunidades evangélicas, especialmente nas pentecostais[2], entretanto, devemos sempre lembrar que costume não gera doutrina, mas, doutrina gera bons costumes. No entanto, alguns por um zelo sincero, já, outros por falta de conhecimento teológico, acabam por pregar mais costumes humanos, do que doutrinas bíblicas, o que gera em muitos cristãos, um interesse maior pelos usos e costumes, do que propriamente pelos ensinamentos bíblicos.

Sendo assim, durante muito tempo, alguns líderes acabaram por perpetuar a propagação de suas ideias dogmáticas, através de proibições sem respaldo bíblico, proibindo seus membros de jogar bola, assistir televisão, ouvir rádio, e mais algumas regras de uso comum para todos, e outras que eram direcionadas as mulheres que não podiam cortar o cabelo, usar maquiagem, usar calça comprida e etc.

No entanto, com o passar do tempo, a maioria destas regras foram sendo abolidas, pois são doutrinas humanas, e que não contam com o devido respaldo bíblico. No entanto, sabemos que a maior parte destes líderes eram muito piedosos em sua espiritualidade, pois criam piamente que estavam agindo de modo correto, entretanto, faltou tanto para estes líderes, como também para estas comunidades, uma teologia mais profunda e um ensino doutrinário com mais qualidade.
 
Teologia e Doutrina

A palavra doutrina deriva-se do latim doctrina, cuja forma verbal é docere que significa ensino; etimologicamente significa algo que é ensinado de forma sistemática. No contexto bíblico a doutrina significa qualquer ensino extraído da Bíblia a carta magna dos cristãos, contudo infelizmente são poucos os crentes que conhecem verdadeiramente as doutrinas bíblicas, poucos a estudam e poucos a amam de forma verdadeira.

Existem pelo menos três formas de doutrinas:

  • A Doutrina de Deus (Pv 4:2; Mt 7:28)
  • A Doutrina de homens (Jr 23:16; Mt 15:9)
  • A Doutrina de demônios( I Tm 4:1; I Jo 4:1)
Teologia (Doutrina) e os Usos e Costumes

Antropologia significa o estudo do homem, sendo que em suas divisões podemos encontrar a antropologia cultural que é a ciência que se ocupa com o que o homem tem descoberto ao longo dos tempos; esta divide-se em Linguística, Tecnologia, pré-histórica e social. Dentro do grupo denominado social estudam-se os costumes e tradições de uma comunidade, família ou organizações; podendo-se definir a palavra Costume no latim “suescere” que significa “acostumar-se com” sendo, alguma coisa com que alguém fica acostumado. Portanto, os usos e costumes são uma forma de expressão que demonstra o porte, a conduta, a postura e o comportamento pessoal, grupal ou comunitário. Sendo uma questão meramente humana, embora podendo em alguns casos estiver em harmonia com a vontade de Deus, desde que seja sempre como um derivado das doutrinas, pois os costumes não podem servir de regra de fé e conduta, mas no caso de um grupo adotar um grupo de doutrinas como no caso Bíblico, isto irá gerar bons costumes como o caráter, santificação, ética, moral e os valores cristãos.

Segundo o Pastor Antônio Gilberto da Silva consultor doutrinário da CPAD, existem pelo menos três grandes diferenças entre doutrina bíblica e costumes[3].

A – Quanto à origem:

  • A doutrina é divina
  • O costume em si é humano
B – Quanto ao alcance:
  • A doutrina é geral
  • O Costume em si é local
C – Quanto ao tempo:
  • A doutrina é imutável
  • O Costume em si é temporário
 
Usos e Costumes no Pentecostalismo Brasileiro[4]

Desde o princípio do movimento pentecostal brasileiro, muitos líderes legitimaram sua fala por meio da oralidade e através dos Dogmas, sendo que em muitas comunidades pentecostais pelo país se seguiam as regras estabelecidas em convenções e que geralmente era fixado no quadro de avisos da Igreja e ensinado por meio de estudos nos chamados “Cultos de Doutrina”, onde se ensinava além do texto bíblico, os usos e costumes, o que gerou alguns radicalismos.[5] Esse radicalismo foi fruto da ausência de uma hermenêutica clara e de uma Teologia mais consistente, o que justificou uma compreensão equivocada na qual, muitos pastores e líderes acabaram por confundir Costumes com Doutrinas, o que de acordo com Araújo, definia a imagem do povo pentecostal nas primeiras décadas em solo brasileiro:

“Os usos e costumes estiveram profundamente arraigados à própria imagem que os pentecostais faziam de si mesmo e às representações estereotipadas, uniformizadoras, que a maioria dos brasileiros, ainda hoje mantém a respeito deles". [6]
Entretanto, os usos e costumes adotados por uma denominação não podem de maneira alguma ditar as regras de norma e fé de uma Igreja, entretanto, existem igrejas que contam com um grande elenco de costumes, mas quase nada de doutrina (Teologia) e o costume é imposto por convenções humanas de maneira espontânea ou obrigatória, sendo assim, o costume é humano, o que pode gerar a eisegese[7].

Infelizmente, em muitos lugares os “usos e costumes” se baseiam em “visões” e “revelações”, entretanto muitos se esqueceram que o verdadeiro propósito dos dons espirituais é de edificar, consolar e encorajar; mas nunca estabelecer “doutrinas”, “regras” e “preceitos”.
 
Não devemos confundir doutrina com Usos e costumes

Sendo assim, em algumas Igrejas as Doutrinas de Deus tem sido confundida com as doutrinas dos homens o que se constitui em legalismo gerando costumes exacerbados, como proibições antibíblicas, como relata o pastor Ciro Sanchez Zibordi em um de seus livros uma experiência que ocorreu em uma igreja de uma certa denominação evangélica na cidade de São Paulo:

“O Obreiro fez uma pergunta a uma senhora assentada num dos últimos bancos do recinto, a qual usava um par de brincos. A senhora aí, já é crente? Ela balançou a cabeça positivamente e respondeu: Graças a Deus. Inconformado, o pastor voltou-se aos componentes do coral à sua direita e perguntou-lhes: irmãos, crente usa brinco? Nãããõ! Responderam. Em seguida, dirigiu-se à mocidade: Jovens, crente usa brinco? Nããão! Olhando novamente para aquela irmã, bastante envergonhada e constrangida, o pastor disse aos diáconos: Tragam essa senhora aqui, pois ela precisa entregar a sua vida a Jesus! Os diáconos, também constrangidos, cumpriram a ordem do obreiro local: pegaram a senhora pelo braço e a conduziram a frente do púlpito…” [8]
Não precisamos do legalismo, pois em Cristo somos suficientes

Por fim, esse triste episódio relata o quanto algumas denominações compreendem de forma errônea o processo de santificação que ocorre de dentro para fora e não de fora para dentro (I Ts 5:23). Em Jesus, somos livres de todo o julgo e assim devemos procurar ultrapassar a barreira das diferenças e proclamar a Cristo através de nossas ações de Serviço que irão apresentar o Senhor como solução para a sociedade dos dias atuais, pois viver no Espírito no meio de uma sociedade injusta é ter uma vida de vitória. Portanto, nosso Senhor Jesus deseja que todos conheçam a verdade para que possam ser verdadeiramente livres: “Se, pois, o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8:36) sem preconceitos ou dogmas meramente humanos, mas por meio do conhecimento da palavra que é libertadora e gera mudança de mentalidade, pois em Cristo temos a perfeita suficiência. No entanto, devemos diariamente buscar a prática do fruto do Espírito que são expressões do caráter de Cristo em nossas vidas. De acordo com o pastor John Macarthur:

“Há suficiência em Cristo? Absoluta suficiência. O desafio para nós é conhecermos melhor a Cristo, servi-Lo fervorosamente e sermos mais conformados à sua imagem”.[9]
A ação do Espírito em favor de cada cristão vai transformando este de glória em glória de valor em valor, fazendo com que cada cristão se torne mais parecido com Jesus. Refletindo sobre o tema “usos e costumes”, concluo este texto com as sábias palavras do pastor Altair Germano: “Prefiro a promoção de uma tomada de consciência quanto ao bom senso e ao pudor, fundamentados nos princípios espirituais, éticos e morais da Santa Palavra de Deus. [10]”



[1] Para compreender melhor o tema, você pode ler este livro: O que a Bíblia permite e a Igreja proíbe, escrito pelo pastor e professor Ricardo Gondim e editado pela editora Mundo Cristão.
[2] Para compreender melhor os “Usos e Costumes” no pentecostalismo brasileiro, você pode consultar o blog do historiador Mario Sérgio Santana: http://mariosergiohistoria.blogspot.com.br/2015/08/usos-e-costumes-nas-ads.html.
[3] GILBERTO, Antônio. Manual do CAPED. CPAD: Rio de Janeiro, 2000.
[4] Compreende-se por costumes, um conjunto de hábitos, normas e dogmas.
[5] De acordo com ARAÚJO (2014), havia forte conotação para os usos e costumes e restrições ao vestuário, ao uso de bijuterias, aos produtos de beleza, ao corte de cabelo, como destacados pelas famosas resoluções expostas em convenções, como a resolução das Assembleias de Deus em São Cristóvão, Rio de Janeiro, em de junho de 1946.
[6] ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. CPAD: Rio de Janeiro, 2015.
[7] Eisegese: Interpretação de fora do texto para dentro, diferente da Exegese, que é a interpretação do texto a partir das regras de interpretação e do texto hebraico e grego.
[8] ZIBORDI, Ciro. Evangelhos que Paulo jamais pregaria. CPAD:Rio de Janeiro, 2006.
[9] MACARTHUR, John. A Nossa suficiência em Cristo. Editora Cultura Cristã: São Paulo, 2011.
[10] GERMANO, Altair. Usos e Costumes Assembleianos: Curiosidades. Disponível em: http://www.altairgermano.net/2009/04/usos-e-costumes-assembleianos.html. Acesso em 07 Jan 2018.


Por
Orlando Martins


10 de junho de 2019

O DIABO TAMBÉM PODE REALIZAR SINAIS, PRODÍGIOS E MARAVILHAS:




Em Mateus 24:24, Jesus adverte: “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.” Da mesma forma, 2 Tessalonicenses 2:9 diz: “Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira.”
Quando Deus enviou Moisés para libertar os israelitas da escravidão no Egito, Ele realizou sinais milagrosos através de Moisés para provar que Moisés era realmente Seu mensageiro. No entanto, Êxodo 7:22 declara: “Porém os magos do Egito fizeram também o mesmo com as suas ciências ocultas; de maneira que o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu…” (veja também Êxodo 7:11 e 8:7). Deus mais tarde demonstrou Sua superioridade ao realizar milagres que os magos, ou mais precisamente, os demônios que estavam capacitando os magos, não foram capazes de replicar (Êxodo 8:18; 9:11).

Entretanto, o fato é que os magos do Faraó foram capazes de realizar milagres, 2 Coríntios 11.14-15 diz: "E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras." Então, se os milagres podem ser de Deus ou do mundo demoníaco, como devemos discernir a diferença?

A Bíblia não dá instruções específicas sobre como reconhecer milagres falsificados. A Bíblia, no entanto, dá instruções específicas sobre como reconhecer mensageiros falsificados. "Pelos seus frutos os conhecereis" (Mateus 7:16, 20).

Primeiro João 4:1-6 "Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora. Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo. Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo. Eles procedem do mundo; por essa razão, falam da parte do mundo, e o mundo os ouve.
Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro."

Essas duas passagens apresentam dois métodos para reconhecer um falso mestre. Primeiro, examine o seu fruto. Será que ele/ela exibe a semelhança de Cristo que é uma qualificação para um mensageiro de Deus (1 Timóteo 3:1-13)? Em segundo lugar, examine o seu ensino. É o seu ensino de acordo com a Palavra de Deus (Atos 17.11; 1 Coríntios 4.6; Gálatas 1.8-9; 2 Timóteo 2:15; 3:16-17; 4:2; Hebreus 4:12)? Se o mestre falhar em qualquer desses testes, ele não é de Deus(1 Timóteo 4.1; 6.3-4; 2 Pedro 2.1-3). 

Não importa quantos milagres estejam presentes. Se uma pessoa não andar na verdade ou ensinar a verdade, podemos desconsiderar quaisquer milagres que realize. Milagres realizados por um falso mestre não são de Deus.

No Novo Testamento, os milagres foram realizados quase exclusivamente pelos apóstolos e seus colaboradores próximos. Os milagres serviram para validar a mensagem do evangelho e o ministério dos apóstolos (Atos 2:43; 5:12; 2 Coríntios 12:12; Hebreus 2:4). Embora nunca devamos duvidar da capacidade de Deus de realizar milagres, o propósito bíblico dos milagres deve nos dar um certo grau de ceticismo em relação aos relatos dos milagres modernos. Embora não seja bíblico dizer que Deus nunca realiza milagres, a Bíblia é clara de que devemos buscar a verdade, não milagres (Mateus 12:39).

É um enigma interessante que os milagres na Bíblia validaram o mensageiro, mas hoje os milagres não são necessariamente um indicador para um verdadeiro mensageiro de Deus. A diferença é a Palavra de Deus. Hoje temos o cânon completo das Escrituras e ele é um guia infalível. Temos uma Palavra mais segura (2 Pedro 1:19) que podemos usar para discernir se um mensageiro e uma mensagem são de Deus. Milagres podem ser falsificados. É por isso que Deus nos aponta para a Sua Palavra. Sinais e maravilhas podem nos levar ao erro. A Palavra de Deus sempre iluminará o verdadeiro caminho (Salmo 119:105).

-Igor Dantas
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30 de setembro de 2018

A Doutrina da Soberania de Deus




4. A Soberania de Deus
Lembrai-vos disto e tende ânimo; tomai-o a sério, ó prevaricadores. Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade; que chamo a ave de rapina desde o Oriente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei. (Is 46.8-11)

Uma das ênfases teológicas mais fundamentais de todos esses trinta anos é a inestimável verdade da soberania de Deus. Vamos direto ao nosso texto para que, desde o início, não façamos referência a algo que não provenha da Palavra de Deus. Esse assunto é tão sério e repercute em tantas realidades dolorosas que não ousamos confiar em nós mesmos para chegarmos à verdade sem que o próprio Deus nos fale.

Em Isaías 46.9, Deus diz: “Eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim”. Portanto, a questão nesse texto é a singularidade de Deus entre todos os seres do universo. Ele está sozinho em uma categoria. Ninguém é como ele. A questão é o que significa ser Deus. Quando algo está acontecendo, ou algo está sendo dito ou pensado, e Deus responde: “Eu sou Deus!” (o que ele faz no versículo 9), o ponto é: você está agindo como se não soubesse o que significa para mim ser Deus.

4.1 O que significa ser Deus

Deus nos diz o que significa ser o único Deus. Ele nos diz o que está no coração de sua divindade. Versículo 10: O que significa para mim ser Deus é que “desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam”.

Duas declarações: Uma, eu declaro como as coisas terminam muito antes de acontecerem. Segunda, eu declaro não apenas eventos naturais, mas eventos humanos — obras, coisas que ainda não foram feitas. Versículo 10: “desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam”. Eu sei o que estas ações serão muito antes de serem feitas.

Agora, neste ponto, você pode dizer: “O que temos aqui é a doutrina da presciência de Deus, não a doutrina da sua soberania”. E está certo, até esse ponto. Mas na próxima metade do versículo, Deus nos diz como ele conhece de antemão o fim e como ele conhece de antemão as coisas que ainda não foram feitas. Versículo 10: “que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade”; Quando Deus “anuncia” antecipadamente o que ocorrerá, aqui está como ele o “anuncia” ou “diz”: “que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade”.

Em outras palavras, o modo como Deus anuncia a sua presciência é anunciando o seu conselho e propósito prévios. Quando Deus anuncia o fim muito antes de acontecer, o que ele diz é: “meu conselho permanecerá de pé”. E quando Deus anuncia as coisas que ainda não foram feitas muito antes de ocorrerem, o que ele diz é: “Eu cumprirei todo o meu propósito”.

O que significa que a razão pela qual Deus conhece o futuro é porque ele planeja o futuro e o realiza. O futuro é o conselho de Deus sendo estabelecido. O futuro é o propósito de Deus sendo realizado por Deus. Então, o versículo seguinte, versículo 11, dá uma clara confirmação de que é isso que ele quer dizer: “Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei”. Em outras palavras, a razão pela qual minhas previsões se realizam é ​​porque elas são os meus propósitos e porque eu mesmo as cumpro.

4.2 Deus tem um propósito em todas as coisas

Deus não é um vidente, ou um adivinho, ou um mero prognosticador. Ele não tem uma bola de cristal. Ele sabe o que está por vir porque planeja o que ocorrerá e executa o que ele planeja. Versículo 10b: “O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade”. Ele não tem vontade e se pergunta se alguém assumirá a responsabilidade de cumpri-la. “Farei toda a minha vontade”.

Assim, com base nesse texto, eis o que quero dizer com a soberania de Deus: Deus tem a autoridade, a liberdade, a sabedoria e o poder legítimos para cumprir tudo o que ele pretende que aconteça. E, portanto, tudo o que ele pretende que aconteça, acontece. O que significa: Deus planeja e governa todas as coisas.

Quando Deus diz: “Eu cumprirei todo o meu propósito”, ele quer dizer: “Nada acontece, exceto aquilo que é o meu propósito”. Se algo acontecesse sem que Deus o pretendesse, ele diria: “Não era o meu propósito que isso ocorresse”. E nós perguntamos: “O que tu pretendias que acontecesse?”.

E ele diria: “Eu tinha como propósito essa outra coisa, a qual não aconteceu”.

Ao que todos nós diríamos, então: “Mas tu disseste em Isaías 46.10: ‘Eu cumprirei todo o meu propósito’”.

E ele diria: “Isso está correto”.

Portanto, o que Deus quer dizer em Isaías 46.10 é que nada jamais aconteceu, ou nunca acontecerá sem que Deus tenha o propósito de acontecer. Ou, para expressá-lo de forma positiva: Tudo o que já aconteceu ou acontecerá é proposto por Deus que aconteça. Agora, se isso parece um pouco complicado, vamos falar de modo mais simples. Vamos confirmar essa perspectiva sobre a soberania de Deus, observando algumas passagens da Escritura.

4.3 Uma Declaração Simples sobre Soberania

Antes de olharmos mais de perto algumas passagens importantes das Escrituras, gostaria de me referir à Declaração de Fé dos Presbíteros da Igreja Batista Bethlehem. Minha exposição desta doutrina não é uma expressão de uma opinião particular. Estou simplesmente expressando e apoiando uma doutrina a qual todos os presbíteros dessa igreja expressam sua sincera afirmação.

3.1 Nós cremos que Deus, desde toda a eternidade, a fim de mostrar toda a extensão de sua glória para o eterno e crescente deleite de todos os que o amam, pelo mui sábio e santo conselho de sua vontade, livre e imutavelmente, ordena e conhece de antemão tudo o que venha a acontecer.

3.2 Nós cremos que Deus sustenta e governa todas as coisas — desde galáxias a partículas subatômicas, desde as forças da natureza até os movimentos das nações, e desde os planos públicos dos políticos até os secretos de pessoas solitárias — tudo de acordo com os seus propósitos eternos e sábios para glorificar a si mesmo, porém de tal maneira que ele nunca peca, nem jamais condena uma pessoa de modo injusto; ainda assim ordenar e governar todas as coisas é compatível com a responsabilidade moral de todas as pessoas criadas à sua imagem.

3.3 Nós cremos que a eleição de Deus é um ato incondicional de livre graça que foi dada por meio de seu Filho Jesus Cristo antes da fundação do mundo. Por esse ato, Deus escolheu, antes da fundação do mundo, aqueles que seriam libertados da escravidão do pecado e levados ao arrependimento e fé salvífica em seu Filho Jesus Cristo.

Portanto, esta é a maneira pela qual a soberania de Deus é expressa em nossa Declaração de Fé dos Presbíteros. Agora, considere comigo a extensão do fundamento para isso na Bíblia, e depois algumas implicações finais, e por que isso é tão precioso para nós.

4.4 A escolha que todos nós enfrentamos

A extensão da soberania de Deus pode ser esmagadora para você. É para mim. E quando somos confrontados com essa verdade, todos nós enfrentamos uma escolha: vamos nos afastar de nossas objeções e louvar o poder e graça de Deus, e nos curvaremos com submissão alegre à sua soberania absoluta? Ou vamos endurecer nossa cerviz e resistir a ele?

Veremos na soberania de Deus a nossa única esperança de vida em nossa morte, nossa única esperança de respostas às nossas orações, nossa única esperança de sucesso em nosso evangelismo, nossa única esperança de sentido em nosso sofrimento? Ou insistiremos que há uma esperança melhor ou nenhuma esperança? Essa é a questão com a qual precisamos lidar.

Que seja dito em alto e bom som que nada do que você está prestes a ler abaixo, por mais paradoxal que pareça às nossas mentes finitas, contradiz a verdadeira responsabilidade moral que seres humanos, anjos e demônios precisam fazer o que Deus ordena. Deus nos deu uma vontade. Como faremos uso disto faz diferença eterna.

Vamos dividir a soberania de Deus em seu governo dos eventos naturais por um lado, e dos eventos humanos, por outro. No primeiro caso, Deus governa processos físicos. E no segundo caso, Deus governa as escolhas humanas.

4.5 Soberania de Deus no mundo ao nosso redor

Deus é soberano sobre o que aparentam ser os atos mais aleatórios do mundo. Provérbios 16.33: “A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a determinação”. Em linguagem moderna, diríamos: “Os dados são lançados sobre a mesa e todo o jogo é decidido por Deus”. Não há eventos pequenos demais que Deus não governe para os seus propósitos. “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil?”, disse Jesus, “e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados” (Mt 10.29-30). Cada dado em Las Vegas, cada pequena ave que cai morta em mil florestas — tudo isso é algo que Deus já ordenou.

Desde os vermes no chão até as estrelas nas galáxias, Deus governa o mundo natural. No livro de Jonas Deus manda um peixe para engoli-lo (1.17), Deus manda que uma planta cresça (4.6) e ordena a um verme matá-la (4.7). E muito acima da vida dos vermes, as estrelas se posicionam e se mantém em seu lugar sob o comando de Deus, Isaías 40.26: “Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará”. Quanto mais, então, os eventos naturais deste mundo — desde o clima até os desastres, passando por doenças e deficiências até à morte.

Salmo 147.15-18: “O que envia o seu mandamento à terra; a sua palavra corre velozmente. O que dá a neve como lã; esparge a geada como cinza; o que lança o seu gelo em pedaços; quem pode resistir ao seu frio? Manda a sua palavra, e os faz derreter; faz soprar o vento, e correm as águas”. Jó 37.11-13: “Também de umidade carrega as grossas nuvens, e esparge as nuvens com a sua luz. Então elas, segundo o seu prudente conselho, se espalham em redor, para que façam tudo quanto lhes ordena sobre a superfície do mundo na terra. Seja que por vara, ou para a sua terra, ou por misericórdia as faz vir”.

4.6 A soberania de Deus nos detalhes

Neve, chuva, frio, calor e vento, todos estes são obra de Deus. Então, quando Jesus se encontra no meio de uma tempestade furiosa, ele simplesmente fala: “Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança” (Mc 4.39). Não há vento, nem tempestade, nem furacão, nem ciclone, nem tufão, nem monção, nem tornado sobre o qual Jesus não possa dizer: “Aquieta-te”, e tal fenômeno não obedeça. O que significa que, se tais eventos ocorrem, é a vontade de Deus que ocorram. “Sucederá algum mal na cidade, sem que o Senhor o tenha feito?” (Am 3.6). Tudo o que Jesus poderia ter feito em relação ao furacão Sandy seria dizer: “Aquieta-te”, e não haveria nenhum dano, nem morte.

E quanto aos outros sofrimentos desta vida? “E disse-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?” (Ex 4.11). E Pedro disse aos santos sofredores na Ásia Menor: “Que aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus confiem suas almas a um Criador fiel enquanto fazem o bem” (1Pe 4.19). “É melhor sofrer por fazer o bem, se é que isso deve ser a vontade de Deus, do que por fazer o mal” (1Pe 3.17).

Quer soframos por uma deficiência ou pela maldade de outros, Deus é quem finalmente decide se viveremos ou se morreremos. Deuteronômio 32.39: “Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão”. Ou Tiago 4.13-15: “Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo”. Ou, como Jó diz: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1.21).

A rolagem dos dados, a queda de um pássaro, o rastejar de um verme, o movimento das estrelas, a queda da neve, o sopro do vento, a perda da visão, o sofrimento dos santos e a morte de todos estão incluídos na palavra de Deus: “Cumprirei todo o meu propósito” — desde o menor até o maior.

4.7 A soberania de Deus nas ações humanas

Quando nos voltamos do mundo natural para considerar o mundo das ações humanas e da escolha humana, a soberania de Deus ainda é incrivelmente extensiva. Você deve votar nas eleições políticas — nos candidatos e nas emendas. Porém não há ilusões que exaltem o homem como se meros seres humanos fossem a causa decisiva em qualquer vitória ou perda. Somente Deus terá esse papel supremo. “É ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis… o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens” (Dn 2.21, 4.17).

E não importa quem seja o próximo presidente, ele não será soberano. Ele será governado. E devemos orar por ele para que saiba disso: “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina” (Pv 21.1). E quando ele se envolver em assuntos estrangeiros, ele não será decisivo. Deus o será. “O SENHOR frustra os desígnios das nações e anula os intentos dos povos. O conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações” (Sl 33.10-11).

Quando as nações fizeram o seu pior absoluto, a saber, o assassinato do Filho de Deus, Jesus Cristo, elas não escaparam do controle de Deus, mas estavam cumprindo a mais doce oferta dele no seu pior momento: “Realmente nesta cidade havia reunidos contra o teu santo servo Jesus, a quem ungiste, tanto Herodes como Pôncio Pilatos, juntamente com os gentios e os povos de Israel, para fazerem o que quer que a tua mão e o teu plano tivessem predestinado a acontecer” (At 4.27-28). O pior pecado que já aconteceu fazia parte do plano de Deus, e por esse pecado, o pecado morreu.

4.8 A soberania de Deus em sua própria vida

Nossa salvação foi garantida no Calvário sob a soberana mão de Deus. E, se você é um crente em Jesus, se você o ama, você é um milagre ambulante. Deus concedeu-lhe arrependimento (2Tm 2.24). Deus chamou você para ir a Cristo (Jo 6.44). Deus revelou o Filho de Deus a você (Mt 11.27). Deus lhe deu o dom da fé. “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). A soberania de Deus em nossa salvação exclui a vanglória.

Uma centena de coisas horríveis podem ter acontecido em sua vida. Mas, se hoje, você é levado a estimar a Cristo como seu Senhor e Salvador, você pode escrever sobre cada um desses horrores as palavras de Gênesis 50.20: Satanás, “na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem”.

Concluo, portanto, com as palavras de Paulo em Efésios 1.11: “[Deus] faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade”. Todas as coisas — desde dados sendo lançados, até a posição das estrelas, à eleição dos presidentes, à morte de Jesus, ao dom do arrependimento e da fé.

4.9 Sete exortações para como nós vivemos porque Deus é soberano
O que a soberania de Deus implica para as nossas vidas? Por que essa doutrina é preciosa para nós? Eu declararei estas razões em forma de exortações. Porque Deus é soberano…
  1. Admiremos a autoridade, liberdade, sabedoria e poder soberanos de Deus.
  2. E nunca lidemos com a vida como se fosse um assunto superficial ou leve.
  3. Maravilhemo-nos com a nossa própria salvação — que Deus a comprou e operou com poder soberano, e que não pertencemos a nós mesmos.
  4. Lamentemos a mentalidade antropocêntrica e que desvaloriza Deus de nossa cultura e de grande parte da igreja.
  5. Sejamos ousados ​​diante do trono da graça, sabendo que as nossas orações pelas coisas mais difíceis podem ser respondidas. Nada é difícil para Deus.
  6. Alegremo-nos que nosso evangelismo não será em vão porque não há pecador tão endurecido que a soberana graça de Deus não possa alcançar.
  7. Fiquemos alegres e calmos nesses dias de grande agitação, porque a vitória pertence a Deus, e nenhum propósito que ele queira realizar pode ser frustrado.


Por: John Piper. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Doctrine Matters.
Original: A Doutrina da Soberania de Deus. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Tradução e Revisão: William e Camila Rebeca Teixeira.

John Piper é doutor em Teologia pela Universidade de Munique e fundador do desiringGod.org e chanceler no Bethlehem College & Seminary. Ele serviu por 33 anos como pastor principal da Bethlehem Baptist Church em Minneapolis, Minnesota. Piper é autor de diversos livros, incluindo Uma Glória Peculiar (Fiel) e Em busca de Deus (Shedd).




18 de junho de 2017

O famigerado culto aos homens X o verdadeiro culto a Deus



 Imagem relacionada

por Oséas Pontes



Não são poucas as vezes que me faço as seguintes perguntas: Será que realmente sabemos cultuar a Deus? Será que o nosso culto é realmente aceitável? Que culto é realmente aceito por Deus? Sempre sinto um tremor na minha alma ao meditar sobre isso. Procurei escrever nesse artigo uma resposta séria e bíblica sobre esse assunto. Apesar de o texto parecer extenso, acredito que sua sede de oferecer um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus irá lhe impulsionar a ler todas as linhas restantes.


Não exagero ao dizer que nossos cultos à Deus estão cada vez mais sendo divididos entre cultos a outras coisas do que ao próprio Deus. Às vezes vejo esses cultos como um “grande bolo confeitado” dividido em pelo menos três partes para serem oferecidos a pessoas distintas. Uma fatia para os anjos (leia meu artigo o famigerado culto aos anjos nas Igrejas evangélicas) uma fatia para o homem e a outra para Deus. Já conversei com vários lideres que expressam uma terrível preocupação sobre o que fazer para agradar suas ovelhas e deixar o culto mais criativo. Eles temem que suas ovelhas se debandem para outro aprisco e que outros pastores as “roubem”. Antes os pastores temiam que os lobos e ladrões roubassem suas ovelhas, hoje eles temem um ao outro, e não é pra menos, a rotatividade de crentes de um ministério para outro é cada vez maior em nossa geração. (leia meu artigo a Sanguessuga e suas filhas).


O culto ao homem é cada vez maior e mais visível em nossos louvores atividades e pregações. O pastor que não é “criativo” ou não tenha um bom plano de “marketing” não conseguirá ir muito longe, pelo menos é o que alguns dizem. E acredite existem vários livros escritos por marqueteiros que visam ensinar marketing para pastores e suas igrejas, com temas do tipo: Marketing para Igrejas; Torne seus cultos mais criativos e alegres e por ai vai…


Recentemente fui surpreendido com um anuncio na Internet convidando os jovens para um culto de avivamento em uma determinada Igreja, que era mais ou menos assim:

Grande culto de avivamento jovem!

Louvor com as bandas…

Peças Teatrais e Coreografias.

E grande show de Stand Up “Gospel” com “Fulano de tal”.

Mensagem: Pr. “Cicrano”.

Isso mesmo! Você não leu errado! Grande Show de “Stand Up Gospel”. Fiquei em choque. A maioria de nós é bem humorado e rimos de histórias engraçadas e gostamos de compartilhá-las mas, no meio do que deveria ser um culto a Deus abrir espaço para um show de piadas é no mínimo profanar o culto ou a reunião solene. Se você não acreditar no que digo aqui pode se certificar facilmente disso. Entre no youtube e digite “stand up gospel” vai pipocar de janelinhas. Acredito que tem hora, lugar e tempo para tudo, mas que não existe tempo para um show de humor em um culto à Deus. Situações como essas servem de forte exemplo de como estamos fazendo cultos de homens para homens e não do homem para Deus.


Nossas músicas são feitas em sua maioria para agradar o homem, dizendo coisas que os homens querem ouvir. Importamo-nos se os homens vão aprovar nossa letra, ritmos e melodias, e poucos perguntam se a letra ritmo e melodia agradarão a Deus. Precisamos urgentemente corrigir esse trágico erro. E não se assustem isso não é novo, esse erro vem sendo copiado por alguns desde o tempo dos patriarcas e profetas. No monte Sinai o povo pressionou o sumo sacerdote Arão, ele construiu um bezerro de ouro e o povo fez um grande culto em volta dele com direito a bebedeiras e orgias sexuais.

“E ele os tomou das suas mãos, e trabalhou o ouro com um buril, e fez dele um bezerro de fundição. Então disseram: Este é teu deus, ó Israel, que te tirou da terra do Egito”  (Êxodo 32. 4).

O povo de Israel tinha dificuldade em adorar ao que não viam e não tocavam. O verdadeiro Deus não estava dentro de seus padrões e então construíram um que fosse aquilo que eles queriam. Note que eles não viram no bezerro de ouro um Deus estranho, eles o fizeram e disseram esse é o nosso Deus que nos tirou do Egito! Eles construíram uma imagem profana e ainda disseram que essa era a verdadeira imagem de Deus. Até hoje muitos constroem sua própria imagem de Deus, uma imagem que se adeque a sua maneira pecaminosa de viver. Mas Deus não é aquilo que queremos que ele seja, Ele é imutável e não divide sua glória com ninguém!

“Pôs-se em pé Moisés na porta do arraial e disse: Quem é do SENHOR, venha a mim. Então se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi. E disse-lhes: Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa; e passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu vizinho. E os filhos de Levi fizeram conforme a palavra de Moisés; e caíram do povo aquele dia uns três mil homens”  (Êxodo 32. 26-28).

Você acha que esse seja um fato isolado? Jeroboão com medo de que o povo de Judá o abandonasse quando esses subiam para adorar no templo em Jerusalém, mandou que se construíssem dois bezerros de ouro e convenceu o povo que aquela imagem era o Deus verdadeiro que os tirou da terra do Egito e o povo acreditou.

“Se este povo subir para fazer sacrifícios na casa do SENHOR, em Jerusalém, o coração deste povo se tornará a seu SENHOR, a Roboão, rei de Judá; e me matarão, e tornarão a Roboão, rei de Judá. Assim o rei tomou conselho, e fez dois bezerros de ouro; e lhes disse: Muito trabalho vos será o subir a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito”  (I Reis 12.28).

Muitos fazem seus cultos a um deus que não é o verdadeiro Deus, e o fazem por acreditar na imagem que eles ou outros criaram para eles sobre Deus e sobre o culto a Deus. Culto aos homens é muito animado, cheio de luz, muita musica shows de humor, regado com muitos lanches, e com cantores e pregadores do momento, mais imensamente vazios de Deus.

“De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o SENHOR? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembleias; não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene… As vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer… E ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue”  (Isaías 1.11-15).

Todo o povo achava que porque iam ao templo e ofereciam louvores e alguma espécie de sacrifício Deus aprovaria seus atos pecaminosos. Eles queriam adequar Deus aos seus estilos de vida profanos, mais Deus está cansado de assistir esses cultos, Ele não suporta mais o som dos hinos e dos instrumentos musicais e alguns cultos por mais pomposos que sejam causam ânsia de vomito em Deus. Estou falando sério! Existem alguns cultos que deixam Deus enjoado. A igreja de Laodicéia era muito boa em organizar esse tipo de culto. Laodicéia era uma Igreja financeiramente muito rica e se considerava muito forte e poderosa. Se Laodicéia existisse em nossos dias, ela com certeza seria uma Igreja suntuosa e próspera. Ela teria os melhores aparelhos de som e instrumentos musicais que o dinheiro pode comprar. Sua bancada seria confortável e seus corais animados e muito afinados. O ministério de louvor elogiado por todos e as mensagens agradariam a maioria dos ouvintes. Os cultos provavelmente seriam transmitidos pela internet e posteriormente por um programa de Tv nacional ou local. Não me entenda mal, não há nada de errado em ter essas coisas, e qual o pastor ou líder que não sonha em oferecer o melhor para a casa de Deus. O problema de Laodicéia não está em sua riqueza e sim no abandono ao verdadeiro culto à Deus. Deus foi colocado para fora dos cultos dessa Igreja. Como eu sei disso? Leia o texto:

“E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve… Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu… Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”  (Ap. 03.14-20).

Imagine a cena… O culto começa, o coral de Laodicéia canta e logo depois o ministério de louvor se apresenta e todos estão de pé com suas mãos levantadas, lágrimas correm dos olhos de alguns, o louvor e perfeito e afinado e todos parecem adorar de verdade ao criador, mas algo está terrivelmente errado com Laodicéia, e ela não consegue perceber. Aquele a quem eles parecem está adorando simplesmente não foi convidado para o culto! Aquele que deveria ser o motivo da adoração deles não encontrou lugar no culto. Eles fecharam a porta na cara dele! Jesus está do lado de fora da Igreja batendo na porta pedindo que estes substituam o culto a homens por um verdadeiro culto a Deus!


Quantas vezes usamos esse texto bíblico de apocalipse 03 para dizer aos descrentes que Jesus está batendo na porta dos seus corações e que eles devem abrir seus corações para serem salvos? E isso não deixa de ser verdade. Mas no texto bíblico Jesus está batendo na porta de uma Igreja que o deixou de fora de seus pomposos cultos. O mais trágico é que eles não sentem falta de Jesus no culto isso porque na verdade para muitos deles Jesus é apenas uma figura histórica ou um nome a ser lembrado em suas orações decoradas e religiosas. Seus cultos estão tão preenchidos com atividades “criativas” e programas voltados para o homem com o único objetivo de não perder membros e agradá-los a qualquer preço, que a Igreja deixa de ser um lugar de adoração para se tornar um clube social. Ao que parece a presença de Deus deixou de ser o foco das pessoas, e sabe por que isso acontece? Porque elas não querem pagar o preço pela presença de Deus em seus cultos.


O salmista nos aconselha:

“CELEBRAI com júbilo ao SENHOR, todas as terras. Servi ao SENHOR com alegria; e entrai diante dele com canto. Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto. Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome. Porque o SENHOR é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração”  (Salmos 100).

Existe um jeito certo de se apresentar ao Senhor. Existe uma forma excelente de entrar pelas portas do templo, e não é com a cara fechada ou com o rosto e alma tomados por tristezas esperando que os ministérios que vão se apresentar consigam te animar ou te ofereçam um pedaço do “bolo” para que você se sinta melhor no final do culto. Nada disso! O culto começa com você e em você! Entrai diante dele com cânticos! Em seus átrios com louvor, e bendizei o seu nome! É assim que devemos chegar à casa de Deus, com louvores, adoração e benção em nossos lábios, almas e corações!


O culto a Deus tem sido considerado, pela maioria dos cristãos, como o ato central de identidade cristã através da história. Cultuar é antes de tudo entregar algo a Deus, e esse culto está ligado à adoração. Deus santifica e concede graças ao homem e este, em gratidão, o adora e serve, alcançando assim a sua salvação eterna, principalmente através da sua participação, por graça divina, dos méritos do sacrifício de Cristo na cruz do calvário. Você já chega ao templo cheio de alegria e gratidão porque você vem adorar a Deus por causa dos benefícios que você já recebeu através do sacrifício de Jesus na cruz. Você já vem de casa com todos os motivos que você precisa para adorá-lo, não há necessidade de alguém criar os motivos, Deus já nos deu o motivo chamado Jesus e este Jesus já nos deu o motivo morrendo por nós.


Ele não precisa fazer mais nada para ser digno dessa adoração. Ele não precisa enviar anjos, nem fazer milagres, muito menos fazer cócegas em você ou te arrebatar em uma linda visão dos jardins celestiais, para que você tenha algum motivo para adorá-lo. Ele através de Jesus nos deu todos os motivos que precisamos para entrar em seus átrios com alegria! É verdade que por sua graça ele continua nos dando milagres e nos enchendo de gozo do Espírito Santo e operando curas e maravilhas em nosso meio e esses são sinais de que ele permanece com a sua Igreja para que ela continue a pregar o evangelho com poder, arrancando as almas das mãos de Satanás e esse é o verdadeiro motivo para os sinais, eles não existem para o nosso divertimento pessoal e nem mesmo para inflamar as multidões. Recebemos dele capacitação para realizar a obra do evangelho que é o seu mandamento mais urgente!


Não há lugar para adoração a homens em um culto à Deus. Precisamos restaurar o culto e sua liturgia. Não podemos fazer um show de humor diante do trono de adoração, e nem profanar o culto com atividade e musicas que exaltam o homem e massageiam seus egos e causam ânsia de vomito em Deus.


A palavra liturgia para muitos evangélicos atuais soa de maneira estranha. Para esses, esse termo sugere um culto excessivamente formal, rígido, sem graça e consequentemente sem vida, mero tradicionalismo herdado do passado. Por isso mesmo muitas igrejas atuais estão abrindo mão da liturgia por um estilo de adoração mais espontâneo e participativo, sem fórmulas pré-estabelecidas. Mas aquilo que parecia trazer grandes bênçãos têm se tornado um peso muito forte para muitas igrejas, pois a reverência parece ter sido expulsa dos nossos cultos. Isso vem trazendo sérios problemas nos dias de hoje. O culto contemporâneo tem se desviado a tal ponto dos padrões bíblicos e históricos que muitos crentes estão começando a sentir a falta de uma liturgia mais reverente e disciplinada.

“Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?”  (Gálatas 3.03).

“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor”  (Gálatas 5.13).

O culto a Deus é um culto cheio de liberdade, mas é também um culto racional e reverente. Deus se importa e muito com a liturgia e reverencia em nossos cultos. Ele se importa tanto que deu a Moisés ordens especificas no antigo testamento de como o culto deveria acontecer. Você pode está pensando: Mas vivemos na graça. A graça de maneira nenhuma afasta a reverencia e a verdadeira adoração de nossos cultos. Deus é santo e digno de todo louvor. Os anjos o reverenciam e o adoram. O novo testamento está cheio de registros sobre a reverência e adoração que devem ser dadas em um culto santo, e agradável a Deus! (Romanos 12).


De modo nenhum poderíamos cultuar com as cerimônias e liturgia do velho testamento até porque tudo ali eram sombras do que haveria de ser revelado, e tudo apontava para Jesus Cristo. Mas a reverencia, santidade e temor não podem ser esquecidos ou descartados em nosso culto a Deus. Jesus mesmo disse que o Pai procura os verdadeiros adoradores que o adorem em Espírito e em verdade. Se o pai procura os verdadeiros adoradores, Ele os procura em meio a um grande numero de falsos adoradores, que parecem adorar pelas mais loucas razões menos a verdadeira. Então da próxima vez que abrir a sua boca para cantar ou levantar as suas mãos para adorar, se certifique que está fazendo da maneira certa e pelo motivo certo!


Então não se esqueça de hoje mesmo abrir a porta para aquele que bate com a promessa de fazer uma grande festa em seu coração quando você o receber e o colocar como o único digno de ser adorado em sua vida!


Que Deus nos ajude a fazer tudo para a Sua glória!


Oséas Pontes, servo de Deus e vosso.


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