Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)
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1 de setembro de 2017

Existem Apóstolos nos dias atuais?


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Karoline Evangelista
 

Um número crescente, de igrejas neopentecostais, exibe o termo “igreja apostólica” em referência à submissão ao “apostolado” que os seus líderes arrogam ter recebido do próprio Deus, com base em revelações subjetivas que experenciaram. Não advogam o apostolado da mesma forma que a Igreja católica em seu sistema papal – sucessão ininterrupta dos apóstolos de Cristo – mas como novos apóstolos de Jesus Cristo, laureados com revelações, como se Deus, durante todo o tempo houvesse encoberto da Igreja, e só agora estes “apóstolos” possuíssem o saber oculto que trará a salvação dos povos. 
Os maiores influenciadores do movimento apostólico no Brasil foram Peter Wagner e Rony Chaves, sobre eles o dr. Augustus Nicodemus, em seu livro Apóstolos – verdade bíblica sobre o apostolado, trata com ricas informações. Rony Chaves foi o apóstolo que ungiu ao apostolado as brasileiras Vanilce Milhomens e Neuza Itioka (principais promotoras do movimento de batalha espiritual). Nicodemus (2014, p. 275), denuncia uma das “pérolas” do Chaves:
Muitos apóstolos hoje, não usam o nome, título de seu ofício ministerial. Isto só faz restringir e limitar o ministério. Quando não se usa o termo ‘Apóstolo’, a unção não opera em toda a sua potência. A unção flui com mais poder ao se usar corretamente o título bíblico de “Apóstolo” para um homem chamado por Deus a este ministério. A Igreja tem tido homens que Deus queria que fossem apóstolos e que funcionassem como tais, mas eles não quiseram.
Ouve-se o som da explosão de um ego inflado, no livro “Crescimento explosivo da Igreja em Células”, quando o autor, Joel Comiskey (2013, p. 60), cita que o “apóstolo” César Castellanos, em seus períodos de oração, recebe a “visão mundial para a sua igreja [sic]” e assim como os apóstolos antigos, Castellanos recebe o mérito pelo sucesso dos demais líderes em aplicar a sua inspiração e visão.
Segundo MacArthur (2015, p. 109), Peter Wagner chega a regurgitar, dentre muitas, a seguinte heresia: “Hoje temos entrado em outro novo odre, que eu chamo de segunda era apostólica” (grifo meu). É com essa teologia que no ano de 2000, Wagner torna-se o apóstolo presidente da Coligação Internacional de Apóstolos - EUA, sendo promovido em 2009 a Presidente Apóstolo Emérito. 
Interessante que para fazer parte dessa coligação, os novos apóstolos precisam realizar pagamentos mensais, com diferentes taxas, a depender do lugar em que vivem (MACARTHUR, 2015, p. 107-108). O Brasil conta com o Conselho Apostólico Brasileiro, a Coalizão Apostólica Profética Brasileira e o Projeto Transformação Brasil, além das redes apostólicas (BEZERRA, 2017).

Análise bíblica sobre a função dos apóstolos 

Inspirado por Deus, o apóstolo Paulo informou que o próprio Cristo: “deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Efésios 4:11). No original, grego (OLIVETTI, et al., 2015) a palavra “concedeu” está no tempo aoristo, que significa um ato realizado de forma completa no passado; isso nos ajuda a entender que os apóstolos e profetas foram escolhidos por Deus para compor o registro de Sua Revelação, concluída em Apocalipse 22 e após isso, nada lhe seria acrescentado, mas exposto pelos evangelistas, pastores e doutores. 
Se fomos, como Igreja do Senhor, “Edificados (também no aoristo) sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Efésios 2:20), logo, partindo do fato de que não existe novo alicerce, nem nova pedra angular em uma construção (cf. 1 Co. 3.10-11), os apóstolos e profetas foram usados por Deus para edificar a Igreja em Cristo e não precisamos mais de profetas e apóstolos hoje, uma vez que já possuímos a Revelação completa, que são as Sagradas Escrituras. Corrobora com essa verdade, o fato de a Igreja primitiva considerar, como prova de autenticidade da inspiração divina sobre um escrito, a autoria ou influência de um apóstolo.
O trabalho dos apóstolos e profetas foi necessário para o período de transição da antiga aliança para a nova, claro é, que nenhum dos apóstolos, após a morte, foi substituído, com exceção de Judas, o traidor, porque o número dos apóstolos precisava estar completo para o Pentecostes, em virtude do simbolismo do número, representando a Igreja de Cristo, como podemos aferir mediante alguns versículos dos Evangelhos; escrito por Mateus: “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel; escrito por Lucas: Para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel.” (Lucas 22:30), e escatológico:

E tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Do lado do levante tinha três portas, do lado do norte, três portas, do lado do sul, três portas, do lado do poente, três portas. E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (Apocalipse 21:12-14).
Quanto a Paulo, ele foi o único, além dos 12, a receber a função de apóstolo, com o propósito de anunciar Jesus Cristo aos gentios. Paulo, de fato, viu o Cristo ressurreto e foi chamado diretamente por Ele. Todos os apóstolos, os 12 e Paulo, viram o Cristo ressurreto. Ser testemunha ocular da ressurreição é marca indispensável a um verdadeiro apóstolo (Atos 1.22; 10.39-41. 1 Coríntios 9.1; 15.7-8), e Paulo afirma ter sido a última testemunha: “por último de todos apareceu também a mim como a um abortivo” (1 Coríntios 15:8).  É notória a diferença entre a teologia dos “apóstolos” atuais e a do apóstolo Paulo. Enquanto aqueles confirmam seu apostolado contabilizando seu sucesso, este declarava os seus sofrimentos como qualificações principais do seu “curriculum apostólico” (cf. 2 Co 11:13-33).  
No NT encontramos outras marcas do verdadeiro apostolado. Para ser reconhecido como apóstolo, era necessário um chamado pessoal do próprio Cristo (Marcos 3.14, Lucas 6.13, Atos 1.2,24; 10.41; Gálatas 1.1); outro critério era a operação de sinais miraculosos (Mateus 10.1-2, Atos 1.5-8; 2.43; 5.12; 8.14, 2 Coríntios 12.12; Hebreus 2.3-4). Somente sob a autoridade dos verdadeiros apóstolos, um escrito era considerado inspirado por Deus para compor as Escrituras Sagradas. Segundo MacArthur (2015, p. 116):

A maioria dos que se autodenominam ‘apóstolos’ tem a pretensão de ser especial, de ter a revelação direta de Deus. Se eles realmente têm autoridade apostólica, o que os impede de incluírem-se na Bíblia? Por outro lado, se apóstolos modernos não estão dispostos a incluírem-se nas Escrituras, então o que isso diz sobre a legitimidade do seu apostolado?
Se a Bíblia não pode continuar a ser escrita, qual o sentido de uma nova era apostólica com novas revelações para uma nova Igreja? Só se for uma falsa Igreja com seus falsos apóstolos e suas falsas revelações. E para aquele que acha que pode acrescentar algo às Escrituras ou escrever um livro e creditar a mesma autoridade da Bíblia, no último capítulo do último livro do cânone está escrito: “Declaro a todos os que ouvem as palavras da profecia deste livro: se alguém lhe acrescentar algo, Deus lhe acrescentará as pragas descritas neste livro”. Acréscimo na Bíblia corresponde à acréscimo ao livro de Apocalipse, pois este foi escolhido, sob orientação do Espírito Santo, para ser o último livro da Bíblia, seguido de mais nada. Portanto, depois dele, nenhum escrito possui a autoridade da inspiração divina.
A liderança bíblica para a Igreja hoje é a que vemos estabelecida nas igrejas do NT, uma liderança capacitada, composta de bispos/presbíteros/pastores e diáconos. Em vista ao aprofundamento do estudo, segue referências de textos bíblicos que elucidam a questão: At. 6.1-7; 11.30; 15.2.4; 6.22; 16.4; 20.17-35; 21.18; Fp 1.1; Tm 3.1-16; 1 Pe 5.1-4; Tito 1.5-9. Como Moisés escolheu 70 homens dos anciãos de Israel para ajudá-lo a liderar o povo no deserto, hoje nós não temos toda a igreja liderando, mas "anciãos", que remete à função dos presbíteros, para exercerem a liderança da igreja, na administração, no ensino e no confronto às falsas doutrinas. 

Apóstolos, além dos doze e de Paulo, relatados no NT

Há passagens do Novo Testamento em que outras pessoas, além dos doze e de Paulo, parecem ter sido chamadas de “apóstolos”, a saber: Tiago, Apolo, Barnabé, Silas, Timóteo, Andrônico, Júnias, Epafrodito e os irmãos chamados “apóstolos das igrejas”. Importa saber que o sentido em que a palavra apóstolo foi empregada nesses casos difere do sentido em que é empregado quando referida a Paulo e aos doze. O sentido de “apóstolos” no caso dos que não foram testemunhas da ressurreição de Cristo, nem chamados para lançarem o fundamento da igreja cristã, é mais amplo, entende-se por “enviados”, “mensageiros”, “representantes”, “missionários”, pessoas designadas pela Igreja a cumprir uma missão. 
Segundo Augustus Nicodemus, (2014, p. 120-121), Barnabé (At 14.1,14; 1 Co 9.6), Silvano, Timóteo (1 Ts 1.1; 2.7) e os “demais apóstolos” que Paulo menciona (1 Co 9.5) foram enviados por Cristo para anunciar o Evangelho em lugares onde o mesmo não havia chegado. Epafrodito foi enviado pela igreja de Filipos para levar uma oferta a Paulo (Fp 2.25), e os “apóstolos da igreja” foram enviados por elas para levar uma oferta a Jerusalém (2 Co 8.23). Sendo assim, nos nossos dias, somente poderia reivindicar esse “título” os missionários pioneiros, desbravadores de novos campos, estes, porém, costumam não sentir atração por títulos que os engrandeçam. “Todavia, não é neste sentido que o movimento de restauração apostólica o emprega hoje, e sim num significado similar aos doze e a Paulo”, dilucida Nicodemus. 
O pastor inglês, Brian Edwards (2001, p. 08), no seu opúsculo: “Onde estão os apóstolos e profetas”, elenca pontos bastante relevantes, ele diz que se fosse tão simples a intitulação de apóstolo, Paulo não precisaria ter defendido vigorosamente o seu apostolado ao escrever suas cartas aos coríntios e aos gálatas; Brian analisa o versículo 5 da primeira epístola aos Coríntios e observa que “Paulo sabia que Tiago não era um dos apóstolos, pois fez distinção entre os ‘apóstolos’ e os ‘irmãos do Senhor’. 
Segundo Edwards (2001, p. 08), “de acordo com Atos 15, Tiago era um presbítero, e não um apóstolo”, ele explica o sentido de Gálatas 1.19 com a paráfrase: “eu não vi nenhum dos apóstolos; vi apenas Tiago, irmão do Senhor”. Quanto a Andrônico e Júnias, apontados em Romanos 16.7 como “notáveis entre os apóstolos”, Brian defende que eles tinham, simplesmente, uma boa reputação entre os apóstolos. Após estas e outras observações, ele conclui: “Não existe apóstolos hoje, a menos que levemos em conta os ‘super apóstolos’ aos quais Paulo se referiu em 2 Co 11. Mas ele os rejeitou como ‘falsos apóstolos’, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo (v. 13)”. Há ‘super apóstolos’, ainda hoje, tencionando alçar voo nas asas do crescimento acelerado da igreja local. 


Referências Bibliográficas:

COMISKEY, Joel. Crescimento explosivo da igreja em células. Fortaleza, CE: Editora Premius, 2013.
EDWARDS, Brian. Onde estão os apóstolos e profetas. São José dos Campos, SP: Fiel, 2001.
GOMES, Paulo Sérgio; OLIVETTI, Odayr. Novo Testamento Interlinear Analítico Grego-Português: texto majoritário com aparato crítico. São Paulo, Cultura Cristã. 2ª ed, 2015. 
MACARTHUR, John. Fogo estranho. Thomas Nelson Brasil, 2015.
NICODEMUS, Augustus. Ministério Pastoral. Campina Grande, PB: Visão Cristã, 2016.
***
Sobre a autora: Karoline Evangelista é aluna do Seminário Teológico Congregacional do Nordeste. Formada em Fonoaudiologia pela Universidade Federal da Paraíba. Congrega na Igreja Presbiteriana do Bairro dos Estados em João Pessoa-PB. Atua na área de Apologética Cristã, escreve para a Revista Vida Cristã e é colunista no blog Cosmovisão Cristã
Imagem: Saint Paul Writing His Epistles. Valentin de Boulogne, 1618-1620. Arte: Bereianos
Divulgação: Bereianos
http://bereianos.blogspot.com.br/2017/08/existem-apostolos-nos-dias-atuais.html

18 de maio de 2013

Pena de morte: o que a Bíblia diz?


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Por Rev. Ewerton B. Tokashiki

A impunidade aumenta a criminalidade. Isto é um fato! Será que as nossas leis são suficientemente duras a ponto de corrigirem, ou inibirem a desordem social? Seria a pena de morte uma punição justa e até necessária em nosso contexto brasileiro? Este é um assunto polêmico que apresenta dificuldades, e algumas questões precisam ser levantadas e respondidas em nosso estudo sobre o assunto. Primeiro, a Bíblia proíbe, ordena ou autoriza a pena de morte? Segundo, a pena de morte seria justamente aplicável e promoveria a segurança em nosso contexto social? E terceiro, quem seria responsável pelo julgamento e aplicação da pena capital?

A proposta desta lição é de estudarmos o tema, assumindo que a Bíblia nem ordena, nem proíbe a pena capital, mas a permite como dispositivo punitivo caso o nosso país decida adotá-lo, e que ela amenizaria a criminalidade em nossa sociedade.

Esclarecendo o fundamento

A Bíblia, como nossa única regra de fé e prática proíbe, ordena ou autoriza a pena de morte? Mesmo numa leitura superficial do Antigo Testamento encontraremos a ordenança de matar pessoas seguindo alguns critérios da lei civil de Israel entregue por Deus a Moisés. Não há proibição contra a pena de morte na antiga Aliança. Encontramos no Antigo Testamento o 6º mandamento “não matarás”. Todavia, esta lei não significava a proibição de toda morte como sentença penal. Pode-se perceber que a palavra hebraica rasah traduzida por “matar”, não expressa a força e significado do verbo original, seria melhor vertê-la por “não assassinarás”. Assim, deve-se considerar que a proibição do 6º mandamento é contra o assassinato, ou a vingança pessoal, e não uma proibição da execução penal de um criminoso pelo governo instituído por Deus.

O Catecismo Maior de Westminster quanto à significação do 6º mandamento esclarece que a sua proibição envolve “Quais são os pecados proibidos no sexto mandamento? Resposta: Os pecados proibidos no sexto mandamento são: o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; todas as paixões excessivas e cuidados demasiados; o uso imoderado de comida, bebida, trabalho e recreios; as palavras provocadoras, a opressão, a contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém. (At 16.28; Gn 9.6; Nm 35.31,33; Hb 11.32-34; Êx 22.2; Mt 25.42,43; Mt 5.22; 1 Jo 3.15; Pv 14.30; Rm 12.19; Tg 4.1; Mt 6.31,34; Lc 21.34; Êx 20.9.10; 1 Pe 4.3,4; Pv 15.1; Pv 12.18; Is 3.15; Nm 35.16; Pv 28.17).”[1] Assim, desde o suicídio, o assassinato, a guerra justa, a defesa pessoal, a negligência da segurança, sentimentos maus, palavras ferinas, a intemperança e a agressão física são todos aspectos implícitos ordenados ou proibidos no 6º mandamento.

Lemos algumas vezes no Antigo Testamento a ordenança de executar pessoas, famílias, ou os habitantes de Canaã (Êx 21:23-24; Js 7:1-26; Dt 21:18-21). A pena de morte foi socialmente sancionada por Deus nos casos de “assassinato premeditado (Êx 21:12-14); sequestro (Êx 21:16; Dt 24:7); adultério (Lv 20:10-21; Dt 22:22); incesto (Lv 20:11-12, 14); bestialidade (Êx 22:19; Lv 20:15-16); desobediência aos pais (Dt 17:12; 21:18-21); ferir ou amaldiçoar os pais (Êx 21:15; Lv 20:9; Pv 20:20; Mt 15:4; Mc 7:10); falsas profecias (Dt 13:1-10); blasfêmia (Lv 24:11-14; 16:23); profanação do sábado (Êx 35:2; Nm 15:32-36); e sacrifícios aos falsos deuses (Êx 22:20).”[2] A intenção da pena de morte no Antigo Testamento era de frear pecados sociais de um povo que viveu mais de 400 anos como escravo, influenciado pela cultura pecaminosa egípcia e sem uma referência clara da justiça divina. Deus ordenou a pena de morte na Lei, porque Ele é o soberano sobre tudo e sempre justo juiz em punir.

O processo e a aplicação da pena não era arbitrária, mas criteriosamente estabelecida por Deus. D.W. Van Ness escreve que “lendo o AT revela que se aplicavam proteções evidenciais e processuais para abordar casos que mereceriam a pena de morte. Estas medidas incluem a proporcionalidade (Êx 21:23-35); a certeza da culpa estabelecida por duas testemunhas (Dt 17:6; Nm 35:30); a intencionalidade (Nm 35:22-24); as provisões processuais incluíam as cidades refúgio que protegiam o acusado até o momento do seu julgamento (Nm 35); a responsabilidade individual (Dt 24:16); a justiça do procedimento legal, independentemente do status econômico do acusado dentro da comunidade (Êx 23:6-7); e, a limitação da hora de se aplicar a pena de morte (Ez 33:11).”[3] Aqui vemos Deus estabelecendo a ordem e a sua santidade e justiça no meio do seu povo. Ao matar ou causar dano grave o assassino perderia o direito à vida. Moisés declarou que “quem ferir o outro, de modo que este morra, também será morto” (Êx 21:12), e este é o mesmo princípio básico para a aplicação da pena de morte anteriormente ordenado por Deus à Noé após o dilúvio (Gn 9:6).

A lei civil e cerimonial entregue a Israel não é válida para hoje, embora o princípio moral, ou a lei moral tem a sua continuidade no Novo Testamento. Isso significa que não podemos interpretar as ordens de execução como estão no Antigo Testamento e aplicá-las literalmente hoje. As leis civis regularam Israel enquanto nação teocrática, e as leis cerimoniais tiveram validade até a morte de Cristo. Mas, a lei moral que são os Dez Mandamentos tem plena validade para hoje. Assim, os juristas brasileiros poderiam, como no passado o fizeram, se valer dos princípios absolutos da Escritura Sagrada para formular as doutrinas penais, decidindo por um sistema judiciário por princípios bíblicos e menos antropocêntrico. O princípio moral para se criar uma lei que exija a morte do criminoso é atual, e teria autorização tanto no Antigo Testamento, como no Novo Testamento.

No Novo Testamento a pena de morte continua como uma prática comum, no entanto, aplicada pelo império romano e não mais pelos juízes de Israel. O Sinédrio de Jerusalém participava do processo de condenação levantando as provas, fazendo a denúncia e entregando o criminoso às autoridades romanas para a sentença final e execução do criminoso. A partir daí dentro da hierarquia do governo romano, desde a administração municipal até o governador da província, se fosse um nativo julgado a sentença terminaria na opinião do governador. Se o réu fosse cidadão romano poderia recorrer à última instância apelando a César, ou seja, seria julgado pela república, ou pelo próprio imperador. Por exemplo, Jesus valida a pena de morte, com a sua própria morte (At 2:22-24; At 4:26-30), bem como Paulo, em Rm 13:1-5, fala do uso da espada pelo magistrado em punir com morte, e ele mesmo durante o seu julgamento se sujeita à pena capital, caso a merecesse (At 25:8-11). Sabemos pelos relatos históricos que o apóstolo foi executado sob a ordem do imperador Nero. Segundo a tradição todos os apóstolos, com exceção de João, foram executados. A pena de morte produziu os mártires da Igreja, e o seu sangue foi a semente missionária para a expansão do Cristianismo primitivo.

Não há na Escritura Sagrada qualquer proibição ou oposição à pena de morte. Entretanto, ela não exige o seu uso incondicional. A Bíblia autoriza a pena capital, caso algum país queira aprová-la, e sanciona a sua aplicação como legítima diante de Deus.

Conclusão

Concluímos que a Bíblia nem ordena, nem proíbe a pena capital, mas a permite como dispositivo punitivo caso o nosso país decida adotá-lo. Assim, podemos protestar a seu favor, caso entendamos que seja necessário a aplicação de penas mais rígidas, como a pena de morte em nossos tribunais.

A pena de morte promove a vida de quem quer viver. O “não matarás” é uma advertência para quem não quer se tornar um assassino. Isto significa que se o indivíduo matou, perdeu o direito de viver. A autoridade instituída por Deus tem o dever de proteger com a espada, e com este mesmo instrumento punir o criminoso impedindo-o de ser uma possível ameaça aos cidadãos de bem.

A pena capital não é algo realizado por vingança familiar, nem sem critérios objetivos da gravidade do crime em que se dará a condenação. A sentença será dada pelo Estado, um juiz especializado, leis específicas, e sobre um crime doloso e hediondo em que envolve assassinato ou a desonra com dano irreparável do indivíduo, como por exemplo, o estupro.

Talvez, alguém seja contra a pena de morte no Brasil argumentando que sempre é possível um inocente morrer injustamente. De fato, este é a melhor objeção à pena capital. Todavia, a resposta a este argumento é satisfatoriamente dada por Gordon H. Clark quando ele questiona “a pena de morte é inviável pela possibilidade de erro judiciário ou o erro do judiciário deve ser minimizado ao máximo? A continuidade de crimes deve ser garantida por lei?”[4] O sistema legal brasileiro deve ser aperfeiçoado e corrigido e não afrouxar as penas por ter falhas.

Três motivos deveriam nos levar a considerar como necessária a aplicabilidade da pena de morte em nosso sistema judiciário. Primeiro, a influência geral, ou seja, a teoria de que quando uma pessoa é castigada outros criminosos em potencial estariam menos dispostos a cometer os mesmos crimes. Segundo, a influência específica, que é a teoria de que o criminoso castigado não cometerá mais crimes estando morto. E terceiro, a retribuição legal, isto é, a teoria de que o crime exige um castigo com uma pena que lhe seja proporcional. A pena de morte supre perfeitamente a estas exigências. Quando o Estado não castiga o criminoso com uma punição equivalente ao seu crime, ele penaliza a vítima, protege o criminoso, e fomenta a insegurança na sociedade.

Perguntas para reflexão:

1. Se um ladrão entrasse em sua casa, estuprasse e matasse os seus familiares, seria uma pena suficientemente justa a sentença de alguns anos de prisão?
2. Aceitando que o Estado como autoridade é instituído por Deus (Rm 13:1-7) e que ele é portador de espada, isto é, instrumento de pena de morte “pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal” (Rm 13:4b), ele não se torna injusto ao negar-se executar a pena capital sobre os que a merecem?
3. Se existisse a aplicação da pena de morte em nosso sistema penal seria possível que houvesse menos grupos de extermínios, execução por parte da polícia, vinganças entre famílias e outros efeitos colaterais causados pela omissão e impunidade?

______________________
NOTAS:
[1] Catecismo Maior de Westminster pergunta/resposta 136.
[2] Hans Ulrich Reifler, A ética dos dez mandamentos (São Paulo, Edições Vida Nova, 1992), p. 116.
[3] D.W. Van Ness, “pena capital” in: David J. Atkinson, org., Diccionario de Ética Cristiana y Teologia Pastoral (Barcelona, CLIE, 2004), pp. 894-896.
[4] Gordon H. Clark, “pena de morte” in: Carl F.H. Henry, org., Dicionário de ética cristã (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2007), p. 441.



6 de abril de 2013

A MALDIÇÃO DE CAM – MENTIRAS PARA ESCRAVIZAR E EXPLORAR O POVO PRETO



Por Walter Passos

Dezenas de irmãs e irmãos enviam e-mails relatando experiências de discriminação racial e com preocupações sobre a maldição de Cam que ainda é ensinada em suas igrejas. Uma irmã do sul do país escreveu:
"(...) QUERIA SABER PORQUE O POVO NEGRO SOFRE TANTO, QUESTIONEI A UM PASTOR QUE ME DISSE QUE O NEGRO ERA UM POVO AMALDIÇOADO POR DEUS, ATRAVÉS DA MARCA DE CAIM OU CANNÃ FILHO DE NOÉ, ME REVOLTEI E PROCUREI EXPLICAÇÕES, ALGUNS PASTORES DE SITES EVANGÉLICOS JÁ ME RESPONDERAM AO CONTRÁRIO QUE O POVO NEGRO É UM POVO ABENÇOADO POR DEUS (...)”
Também pessoas não vinculadas a grupos religiosos escrevem pedindo informações sobre tal tema, dessa forma resolvi escrever sobre este assunto que ainda prejudica espiritualmente e serve de mistificação racial na sociedade.

A pretensa maldição de Cam trouxe lucros tanto para a igreja católica como para a protestante, grande exemplo é a ordem dos jesuítas que enriqueceu com os “amaldiçoados”, e dentro do protestantismo serviu para manutenção da escravidão. Hoje, é usada ainda para preterir os descendentes de africanos do 
bem-comum, e por incrível que pareça tem recebido outras designações que afetam diretamente o povo preto no mundo.

Escrevemos sobre as conseqüências dessa ideologia, cujo ataque atual se destinou dentro do continente africano, especificamente no Congo, afetando crianças, confira no nosso blogger:

A maldição de Cam é usada diretamente para alimentar a intolerância religiosa e como base de ataques as religiões de matriz africana e motivos dentro do cristianismo para introjetar o desamor e a baixa estima aos pretos nas igrejas evangélicas.

ENTENDENDO A MALDIÇÃO DE CAM
A maldição é usada especialmente em dois momentos no livro de Gênesis, os quais usam para referir erradamente à cor preta, primeiramente para os descendentes de Caim:
“O SENHOR, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o SENHOR um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse.” (Gênesis 4:15)
E em relação à Canaã, o filho de Cam:
“E começou Noé a cultivar a terra e plantou uma vinha.
Bebeu do vinho, e embriagou-se; e achava-se nu dentro da sua tenda.
E Cão, pai de Canaã, viu a nudez de seu pai, e o contou a seus dois irmãos que estavam fora.
Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre os seus ombros, e andando virados para trás, cobriram a nudez de seu pai, tendo os rostos virados, de maneira que não viram a nudez de seu pai.
Despertado que foi Noé do seu vinho, soube o que seu filho mais moço lhe fizera; e disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos será de seus irmãos.
Disse mais: Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
Alargue Deus a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.” (Gênesis 9:20-27)
Esses textos, especialmente o segundo, serviram para corroborar a escravidão de africanos, numa mutilação e deturpação dos escritos bíblicos. Tenho afirmado constantemente que os atores e atrizes do Primeiro Testamento e também os espaços geográficos dos eventos citados ocorreram em terras afro-asiáticas, sendo impossível a presença de civilizações brancas participantes de tais fatos. Dessa maneira, o assevero que historicamente e arqueologicamente a marca de cor preta como maldição é deveras impossível, sendo mais uma mentira dos caucasianos. E continuo desafiando teólogos e historiadores que me comprovem se houve a presença de populações européias no cenário inicial dos fatos escritos no livro de Gênesis.

Há questionamentos sobre a nudez de Noé e da sua embriaguez, alguns estudiosos afirmam que houve um ato de homossexualidade entre ele e seu filho Cam. “Viu a nudez de seu pai” alguns interpretam como sendo de ordem homossexual, segundo Jean-Philippe Omotunde, estes fatos são duvidosos:
"Presta bem atenção pois é longe de ser uma brincadeira. Alguns dizem "ele viu seu pai nu", tem que entender que ele cometeu um ato de homosexualidade com ele, de onde a maldição de Cam (ver alguém nu é igual a uma sodomia na cultura judia, eis o porque desta menção no "Middrash"). Autros dizem que Cam copulou com animais na arca e é por esta razão que ele ficou preto e maldito. É dito também que Deus, tendo dito que amaldiçoaria mais seus filhos, só lhe restavam os netos para amaldiçoar. Para a Biblia de Chouraqui, Cam viu o sexo do seu pai e "o Deus dos abençoados Israel abominava a falta de pudor acima de tudo". Robert Graves e Raphaël Pataï (ref. "Les mythes hébreux (= Os mitos hebreus)", Fayard, 1987, P. 129-134) acrescentam que de fato Canaã emasculou seu avô com uma corda debaixo da tenda e Cam vendo isto riu. Mas eles lembram que também existe uma versão que diz que é o Cam mesmo que procedeu a esta emasculação. O dicionario enciclopedico do judaismo revela que Cam teria estuprado sua mãe e concebido assim Canaã. Isto não é tudo. Para o Rabino Rachi, é o Canaã que viu primeiro seu pai nu (ref. "Le commentaire de Rachi sur le pentateuque (= O comentario de Rachi sobre o "pentateuque")", livro de Keren Hasefer). Está vendo, nadamos em um mar de baixarias."

Há muitas versões dos textos de Gênesis e com certeza já comprovada manipulações de traduções. Onde estão os textos originais? Quem manipulou e modificou os textos copiados? Quais foram e são os interesses de exegeses forçadas e hermenêuticas anti-preto? Nós sabemos que as primeiras civilizações apare
ceram no continente africano e nós os pretos e pretas somos a essência divina, os seres originais criados a imagem e semelhança de Deus que planejou e executou a criação da humanidade de cor de ébano para surgir na África, o qual é comprovada por todos e todas pesquisadoras e cientistas, entendemos que a falsa maldição se torna inveja e ódio ao povo preto. A maldição de Cam é uma mentira inventada pelo eurocentrismo para roubar as riquezas do continente abençoado e tentar destruir os seres originais.

Uma pergunta paira no ar: Noé teve 03 filhos de colorações epiteliais diferentes? Mas, Noé, foi um homem preto. Como se explicar esse fato? A tal maldição foi parar em Canaã, o seu neto, porque os hebreus iriam invadir aquele território. Afirmar que os semitas não eram pretos ofende a minha inteligência. E sobre Jafé? Era um homem branco? Os historiadores não podem caminhar por essas designações; a primeira civilização caucasiana conhecida foi a helênica que surgiu entre 1800.Ac a 2000 A.C. As localizações dos descendentes de Jafé que embranqueceram posteriormente é correta nas regiões do Cáucaso, sendo conhecidos no Primeiro Testamento como pagãos.

Tenho afirmado categoricamente que os antigos hebreus foram pretos, nesse sentido não há maldição racial, historicamente, essa afirmação é uma falácia. Confira o artigo do blogger do CNNC:
Clique Aqui - OS HEBREUS PRETOS

A IGREJA CATÓLICA E A MALDIÇÃO DE CAM
A igreja Católica Apostólica Romana vai corroborar a maldição de Cam em acordos políticos, bulas papais, práticas escravocratas como o tráfico, catequese, na beatificação de pessoas que tiveram visões imbuídas de racismo.
O site sobre a Doutrina Católica explica a concepção assumida pela igreja na época da escravidão do povo africano.
Missionário capuchinho queima casa de ídolos na África Centro-Ocidental, década de 1740. Fonte: Paola Collo and Silvia Benso (eds.), Sogno: Bamba, Pemba, Ovando e altre contrade dei regni di Congo, Angola e adjacenti (Milan: published privately by Franco Maria Ricci, 1986), p. 163. 
"A alma do negro africano regenerada pelo batismo não estava mais cativa, ela se libertava do poder do diabo que governa as religiões em África, o escravo no Brasil devia preservar essa liberdade da alma, para não cair sob o domínio dos poderes malignos do seu continente de origem.
O que se deu na verdade, segundo o entendimento da época, foi o predomínio da idéia de que era preferível a esses grupos humanos viveram como escravos numa cultura cristã, a viverem na barbárie do estado tribal, praticando o animismo, a idolatria e o politeísmo, com a observância de práticas de sacrifícios humanos, com guerras tribais sangrentas e , principalmente , com a escravidão vigorando entre os próprios nativos da África e também pelas mãos dos comerciantes muçulmanos !
É uma ilusão pensar que os povos da África gozavam de um estado de liberdade e de bem-estar em suas regiões de origem ou que eram governados de forma justa e que viviam sob princípios humanitários e éticos naturais, reverenciando um conjunto de crenças que portassem valores éticos próximos aos do cristianismo".

O papa Nicolau V, no dia 8 de janeiro de 1455, promulgou a Bula Romanus Pontifex, que, entre outras aberrações, afirma que: “Nós (...) concedemos livre e ampla licença ao rei Afonso para invadir, perseguir, capturar, derrotar e submeter todos os sarracenos e quaisquer pagãos e outros inimigos de Cristo onde quer que estejam seus reinos (...) e propriedade, e reduzi-los à escravidão perpétua e tomar para si seus sucessores seus reinos (...) e propriedades”.

Na apresentação do combonianos, o padre Isaías Rocha incorre na i
déia de maldição:
"A Missão
A missão de Comboni foi teologal, onde o primado da fé teve vantagem. Dela disse a missionária que ele mais estimava, Teresa Grigolini: «exteriormente não parecia homem de recolhimento, mas ao olhar para ele ficava-me a sensação de que estava sempre na presença de Deus». Homem do deserto, contemplativo do Coração do Bom Pastor, não falhava na oração e dela sentia o impulso para «abraçar os cem milhões de africanos ainda considerados sob a maldição de Cam."
Pe. Isaías Rocha Pereira, MCCJ

PADRE VIEIRA
O Padre Antônio Vieira em seus Sermões (XI e XXVII), afirma que :
-"A África é o inferno de onde Deus se digna retirar os condenados para, pelo purgatório da escravidão nas Américas, finalmente alcançarem o paraíso".
"É melhor ser escravo no Brasil e salvar sua alma do que viver livre na África e perdê-la? "
Pe. Antonio Vieira .

O RACISMO DE ANNE CATHERINE EMMERICH
A religiosa agostiniana, Anne Catherine Emmerich estigmática e extática nasceu em 8 de setembro de 1774 em Flamsche, perto de Coesfeld na Diocese de Munster, em Westphalia, Alemanha, e morreu em 9 de fevereiro de 1824 em Dulmen. Suas visões estão descritas nos livros “A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo de acordo com as Meditações de Anne Catherine Emmerich”, “A Vida da Santíssima Virgem Maria” e “A Vida de Nosso Senhor”.

As visões de Anne são contestadas de veracidade por alguns católicos e combatidas por causa do racismo contra pretos e também pelo anti-semitismo. No que tange a população preta ela diz em suas visões que o povo preto tem a marca da maldição oriunda de Caim e somos um povo degradado, almadiçoado e nas suas visões também vê o diabo de cor preta e odioso. Visões estas que ela diz ter recebido do próprio Senhor Jesus Cristo e os católicos a beatificaram. O Filme “A Paixão de Cristo de Mel Gibson”, foi inspirado nas visões dessa beata e muitos evangélicos pretos assistiram e ficaram felizes, alguns passaram mal e teve até mortes por emoção. Um filme baseado em visões de uma pessoa que não respeitou a população preta no planeta. Leia sobre as visões de Anne em inglês:

“O filme de Gibson na verdade não passa de uma interpretação cinematográfica católica das últimas horas de Cristo o qual os Evangelhos nunca relataram. A conhecida e venerada Anne, a freira que é considerada visionária, profetiza e que esteve com o místico sinal do 
estigma nas mãos foi a principal fonte de Mel Gibson em sua inspiração para relatar o filme, ele próprio confirma tal fato em vários setores da comunicação. No entanto, ele diz que: "O Espírito Santo estava trabalhando através de mim neste filme." Mas em outro lugar diz: "Ela me passou dados que eu nunca teria pensado." (The New Yorker, 09/15/03). Em suas visões ela viu os protestantes sofrendo mais que os católicos no purgatório porque ninguém oferece missas ou rezas para eles. Nos últimos 12 anos da vida de Anne é alegado que ela se alimentou somente da hóstia... O livro de Anne em que relata a vida de Cristo em imagens e situações, apontando o papel de Maria como co-redentora junto com Cristo, é evidenciado no filme de Gibson. Gibson foi também influenciado por Mary de Agreda (1602-1665), uma freira católica e mística visionária. Ela foi sempre tomada em transes, o que a levou a ensinar pessoas em línguas estranhas. Em seu livro Mistica Cidade de Deus, Agreda oferece muitos detalhes sobre Maria e a paixão de Cristo que não estão na Bíblia... “

A invenção da maldição de Cam tem sido contestada até no blogger dos ateus e os mesmos acusam Deus por culpa dos racistas:
"É bom lembrar que a maldição de Canaã também foi utilizada para justificar a escravidão. Muitos líderes religiosos, como os clérigos Robert Jamieson, A. R. Fausset e David Brown, em seus comentários bíblicos asseveram:
“Maldito seja Canaã, (Gênesis 9:25) esta maldição se tem cumprido na (…) escravização dos africanos, os descendentes de Cão.” — Comentário, Crítico e Explicativo, de Toda a Bíblia.
Afirmava-se que não só a escravização dos negros cumpria tal maldição bíblica, mas que sua cor preta também. Assim, muitos brancos foram levados a presumir que os negros são inferiores, e que Deus propôs que fossem servos dos brancos. Até mesmo há uns cem anos atrás a Igreja Católica detinha o conceito de que os negros foram amaldiçoados por Deus. Maxwell explica que este conceito “aparentemente sobreviveu até 1873, quando o Papa Pio IX associou uma indulgência à oração em favor dos “desgraçados etíopes da África Central, para que o Deus Todo-poderoso remova inteiramente a maldição de Cam de seus corações””.
Todavia, a mais de 1.500 anos antes de Cristo, os rabinos judeus já ensinavam uma estória sobre a origem da pele negra. Afirma a Encyclopædia Judaica que “Cus (nome estranho), o descendente de Cam, tem pele negra como castigo por Cam ter tido relações sexuais na arca”. “Estórias” similares foram propagadas nos tempos modernos. Os defensores da escravidão, tais como John Fletcher, de Luisiana - EUA, por exemplo, ensinavam que o pecado que motivou a maldição de Noé fora o casamento inter-racial. Afirmava que Caim fora assolado com a pele negra por matar seu irmão, Abel, e que Cam pecara por se casar com alguém da raça de Caim. É digno de nota também que Nathan Lord, presidente da Faculdade Dartmouth no último século, atribuiu também a maldição de Noé sobre Canaã parcialmente ao “casamento misto proibido de Cam com a raça previamente iníqua e amaldiçoada de Caim”. Hoje em dia ainda há igrejas que defendem estas interpretações, embora não defendam mais a escravidão.
Bem, é isso aí. De um simples porre, como muitos por aí tomam todos os dias, surgiu uma contenda eterna entre dois povos e se justificou séculos de submissão de uma etnia. Coisas da fé. Coisas de Deus".

A MALDIÇÃO DE CAM NO PROTESTANTISMO


A Historiadora Elizete da Silva em - Visões Protestantes Sobre a Escravidão - escreveu:
“O fundamentalismo das denominações protestantes dos EUA se transformou em terreno fértil para justificativas da escravidão, que buscavam embasamento doutrinário para apaziguar a consciência dos escravocratas do sul. Citando a história de Noé, identificavam a maldição de Cam, por ter surpreendido o patriarca nu e embriagado, como a maldição dos negros. “Os Teólogos racistas acrescentaram que os negros descendem de Cam e, portanto estão condenados à servidão e à escravidão permanentes. Juan Bautista Casas, sacerdote espanhol alegava em 1869 que a raça negra sofre da maldição narrada no Pentateuco e que a sua inferioridade se perpetuava através de séculos.”  http://www.pucsp.br/rever/rv1_2003/t_silva.htm

As Igrejas Protestantes através da história foram às grandes defensoras da idéia da maldição de Cam, e ainda hoje, a continuidade desses ensinos se adaptou e tornaram pontos doutrinários, assunto sobre as maldições foram trabalhados no nosso blogger:

Hernani Francisco da Silva escreveu:
“Não foram só os Anglicanos coniventes com a escravidão negra no Brasil. Outras igrejas históricas também participaram dela. Os primeiros colonos batistas eram favoráveis e foram proprietários de escravos. Em Santa Bárbara D’Oeste, primeiro núcleo batista, o trabalho escravo existiu como mão-de-obra usada na agricultura e em tarefas domésticas. Os colonos batistas eram senhores de escravos, a exemplo da Senhora Ellis, dona de um sítio e que providenciara hospedagem nos primeiros meses ao casal de missionários W. Bagby, fundador da Primeira Igreja Batista do Brasil. Os metodistas, defensores dos direitos humanos e da abolição do escravismo na Inglaterra e nos EUA, ao chegarem no Brasil acomodaram-se ao ambiente escravista e quase nada fizeram com repercussão pública, em favor dos escravos. Conforme um estudo sobre o metodismo brasileiro durante o período que antecedeu, ou mesmo depois da "libertação dos escravos," a Igreja Metodista jamais chegou a defender oficialmente sua posição em relação à escravidão no Brasil. Os primeiros Presbiterianos, também sulistas, conservaram-se por muito tempo fiéis à lembrança de sua causa nacional, um destes missionários presbiteriano sulista se havia conservado tão firme em suas convicções que, quando em 1886 o presbiteriano Eduardo Carlos Pereira publicou uma brochura em favor da abolição da escravatura, ele escreveu um verdadeiro tratado anti-abolicionista. Dos luteranos sabemos que os primeiros escravos negros da Colônia Alemã Protestante de Três Forquilhas entraram por volta de 1846, por iniciativa do pastor Carlos Leopoldo Voges. Outros colonos protestantes copiaram seu exemplo (Mittmann, Hoffmann, König, Grassmann, Kellermann, Jacoby, Schmitt e outros).”

CONCLUSÃO

A ingenuidade, a colonização mental e espiritual, os livros didáticos, o desconhecimento do afrocentrismo, os seminários e teologias mal formuladas aliadas aos interesses econômicos, sociais e políticos fazem com que a população preta acredite em pastores e padres mal informados ou mal intencionados. Torna- se- á necessário desmitificar essas mentiras que pairam nas mentes da população preta. O nosso povo nunca foi amaldiçoado. Basta de mentiras! Foi todo um processo planejado nas catedrais, nos concílios, no desejo de poder das igrejas católicas e protestantes e suas alianças com potências caucasianas, nas invasões através do mercantilismo, da escravidão, do colonialismo, do neocolonialismo, no capitalismo para roubar o continente africano e escravizar os seus filhos e filhas, atualmente tentando mantê-los desinformados e alheios da real liberdade com estigmas de amaldiçoados.

A população preta civilizou o planeta, criou todas as ciências e grandes religiões, por isso o ódio e a inveja dos africanos e seus descendentes, tentam fazer da criação de Deus, uma caricatura pela mentira. Temos que reagir, não se pode aceitar a distorção histórica e bíblica, é necessário perfazer os ensinamentos maldosos e distorcidos.

O texto que pode ser pesquisado pelo amado leitor e a amada leitora sobre os primeiros habitantes do planeta, está no nosso blogger:
Clique Aqui - EVA PRETA

O povo preto é abençoado e nele não paira nenhuma maldição. Quando Javé terminou a sua obra na África e fez o homem da lama preta disse:
Gênesis 1:27 - “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”
Gênesis 1:31 - “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia.”

Muito bom ter criado a humanidade preta, assim foi à palavra de Javé. Muito bom a humanidade surgir no continente abençoado. Muito bom sermos o povo original, feito a semelhança e imagem de Deus. 


http://cnncba.blogspot.com.br/2008/03/maldio-de-cam-mentiras-para-escravizar.html


Walter Passos.
Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrista e Presidente CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos. Pseudônimo: Kefing Foluke. E-mail: kefingfoluke@hotmail.com

São os africanos descendentes de Cam, filho de Noé?



Por Clavio J. Jacinto

Os africanos tem suas características peculiares, como a cor escura da pele, por exemplo. Por causa dessa característica, foram considerados como inferiores. Vitimas de racismo e por muitos séculos foram arrancados de seu habitat, para serem explorados como escravos em outros continentes. Foi um evangélico britânico, uma das vozes mais fortes contra o trafico de pessoas africanas para serem transformadas em escravos. Seu nome era William Wilberforce. Há um mito preconceituoso, uma teologia infame, que ensina serem os africanos de cor escura, descendentes de Canaã, o filho de Cam, que foi amaldiçoado por Noé. Esse argumento deu suporte para preconceitos e racismos. Interessante é que a bíblia não fala sobre isso, e quando menciona uma vez sobre o que supostamente pode ser um africano, fala de modo positivo. Trata-se da Rainha de Sabá. Muitos arqueologistas concordam que sabá era um reino que ficava na África. O importante é analisarmos que a descendência amaldiçoada de Canaã, se estabeleceram nas cercanias conhecidas atualmente entre Gaza e o Mar Morto. Lendo atentamente Gênesis 10:15 a 18, entendemos claramente esse fato, e como prova definitiva, quando Josué entrou na terra prometida, eram os descendentes de Canaã que estavam ali. (Jebuseus, Heteus etc) “QUANDO o SENHOR teu Deus te houver introduzido na terra, à qual vais para a possuir, e tiver lançado fora muitas nações de diante de ti, os heteus, e os girgaseus, e os amorreus, e os cananeus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus, sete nações mais numerosas e mais poderosas do que tu;” (Deut 7:1) este e outros versículos são provas definitivas do fato de que os filhos de Canaã não tinham pele escura, e portanto a pele escura não é característica de um povo amaldiçoado como até certo ponto muitos querem compreender! Eles, os descendentes de Canaã viviam na região conhecida como oriente médio, e eram também os habitantes de Sodoma e Gomorra e outras cidades circunvizinhas (Gênesis 10:18). A biblia não afirma que as pessoas de cores escuras são descendentes de Canaã. Aliás dizer que os povos do continente africano são descendentes de Canaã, é uma conjectura, uma suposição. Nada mais que isso! Porém, infelizmente se usou esse argumento, para dar justificativas a escravatura e ao racismo. Algumas poucas informações sobre o assunto, vem da literatura clássica antiga, Flavio Josefo identifica Pute (este no caso, é filho de Cam e irmão de Canaã) com os ancestrais dos libios. (Você pode pesquisar, e descobrirá que os Libios não tem a pele completamente escura). Mas os Libios são Africanos! De qualquer forma, o berço do povo amaldiçoado por Noé, não é a África, mas sim a região de Gaza e Mar Morto. Aliás a Nova Aliança centraliza a benção dada a Abraão e não a maldição dada a Canaã: “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.”  (Gálatas 3:8) Todos..., inclusive os africanos! Sendo eles de pele escura ou clara, são todos abençoados por Deus em Cristo. É só aceitar a benção do evangelho da graça de Deus! A mensagem das boas novas é que Deus não faz acepção de pessoas (Atos 10:34 e Romanos 12:11). Ele amou a TODOS, ao dar seu filho unigênito.


(Clavio J. Jacinto)
http://renovadapl.blogspot.com.br/2012/12/sao-os-africanos-descendentes-de-cam.html