Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

22 de dezembro de 2017

A letra mata mas o Espírito vivifica


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"A letra mata mas o Espírito vivifica" é uma frase muito conhecida entre os cristãos. Ela é extraída de um texto escrito pelo apóstolo Paulo registrado em 2 Coríntios 3:6. Curiosamente muitas pessoas utilizam essa frase de forma completamente equivocada, especialmente para rejeitar o estudo teológico.

Mas o que significa “a letra mata”? O que Paulo quis dizer com “a letra mata mas o Espírito vivifica”? Neste texto, entenderemos qual a interpretação correta desse versículo.

O contexto da frase “a letra mata mas o Espírito vivifica” (2 Coríntios 3:6)
Para entendermos corretamente o significado da frase “a letra mata mas o Espírito vivifica”, precisamos primeiramente saber em qual contexto o apóstolo Paulo escreveu essas palavras. O capítulo 3 de 2 Coríntios está dentro de uma seção da carta do apóstolo aonde ele faz uma reflexão sobre a importância do ministério apostólico (2Co 2:14-7:4).

No capítulo 3 de Coríntios, Paulo escreve dizendo que os cristãos convertidos ao Evangelho são cartas vivas (2 Coríntios 3:1-3). Com isso, o apóstolo estava se referindo ao fato de que pessoas inimigas do verdadeiro Evangelho e opositores de seu ministério, estavam utilizando cartas de recomendação fraudulentas para atestar a própria causa.

Por outro lado, Paulo argumenta que os próprios cristãos de Corinto, que tiveram suas vidas transformadas pelo Evangelho, eram cartas vivas que comprovavam a legitimidade de seu ministério. Ele estava dizendo que os cristãos genuínos são “manifestos como carta de Cristo” que é lida por todos os homens. Essa carta não era escrita com tinta, “mas pelo Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, o coração” (2 Coríntios 3:2,3).

Quando o apóstolo utilizou as expressões “tábuas de pedra” e “tábuas de carne”, ele estava estabelecendo um contraste entre a Lei do Antigo Testamento e a Lei do Novo Testamento, entre o ministério de Moisés e o ministério apostólico instituído por Cristo. Moisés deu aos israelitas a Lei em tábuas de pedra, e estes foram incapazes de guardá-la no coração conforme o Senhor ordenou (Deuteronômio 6:6; 9:10). Por isso os israelitas foram punidos com o Exílio.

No entanto, os profetas, especialmente o profeta Jeremias e o profeta Ezequiel, falaram que haveria um tempo em que finalmente o povo de Deus obedeceria a seus mandamentos em justiça e santidade (Jeremias 31:22-34; Ezequiel 11:19; 36:26). Paulo então identificou que essa promessa já havia começado a se cumprir durante o seu ministério. Os verdadeiros seguidores de Cristo, capacitados pelo Espírito Santo, agora podem viver uma vida que agrada a Deus.

Assim como Deus designou Moisés para ser o profeta da antiga aliança em Israel, Paulo foi escolhido por Deus para ser exercer seu ministério como ministro da nova aliança. É justamente baseado nesse contexto, onde o apóstolo falou sobre a nova e gloriosa aliança, que ele escreveu a frase “a letra mata mas o Espírito vivifica”.

O que significa “a letra mata mas o Espírito vivifica”?
Com base no contexto descrito acima, é fácil entender o verdadeiro significado de “a letra mata mas o Espírito vivifica”. Nessa frase, a “letra” que o apóstolo se referiu significa a Lei Mosaica, que mostrava a incapacidade humana em obedecê-la. A Lei apontava a desobediência dos homens para com os mandamentos de Deus.

Os religiosos judeus entenderam essa Lei como um tipo de código externo, e com seu legalismo achavam-se cumpridores da Lei. Mas na verdade, eles estavam sendo condenados por ela. É por isso que “a letra mata”.

Por outro lado, quando o apóstolo disse que “o Espírito vivifica”, isso significa que é o Espírito Santo quem escreve a Lei de Deus no coração do homem. Ele é quem o capacita a viver de uma forma coerente com os padrões morais de Deus, obedecendo a seus mandamentos.

Aqui e importante enfatizar que Paulo não estava dizendo que a obra do Espírito Santo na vida dos redimidos por Cristo é separada dos padrões morais da Lei. Ele não estava dizendo que o Espírito é oposto a Lei. Ao contrário disso, ele estava dizendo que a tentativa dos legalistas em tentar cumprir a Lei à parte da obra de Cristo, sem o poder vivificador do Espírito Santo, é completamente frustrada e resulta em morte.

Não há qualquer mérito em nós mesmos. Jamais poderemos agradar a Deus com base em nossa própria justiça. É por isso que somos justificados pelos méritos de Cristo!

Portanto, quando o apóstolo escreveu que “a letra mata mas o Espírito vivifica”, ele estava simplesmente dizendo que a prática de alguém observar a Lei externamente, mas ignorá-la em seu interior, justamente por não ter o Espírito que o capacita a cumpri-la verdadeiramente, não traz vida.

Em outras palavras, a letra mata mas o Espírito vivifica porque não é a letra que muda o coração da pessoa, mas, sim, o Espírito Santo. Sem Ele, o homem só poderá obedecer a Lei superficialmente e exteriormente. Mas com o Espírito, o homem é capacitado a cumpri-la em uma genuína obediência interior.

“A letra mata” não se refere à teologia?
Obviamente a expressão “a letra mata” não significa uma proibição ao estudo teológico. Infelizmente muitos grupos ao longo do tempo, na tentativa de priorizar o caráter espiritual das Escrituras, acabaram condenando o estudo teológico.

Quem defende esse tipo de postura acaba enfatizando um significado místico e oculto na Bíblia. Segundo quem pensa assim, essa “espiritualidade” é negligenciada por quem se empenha em estudar a Palavra de Deus. Para eles, alguém que preza por uma boa interpretação bíblica é uma pessoa “carnal” que não consegue entender os mistérios que são revelados apenas aos “espirituais”.

Todavia, a frase “a letra mata mas o Espírito vivifica”, como pudemos ver, em nada sustenta esse pensamento equivocado. É claro que precisamos sempre orar para que o Espírito Santo ilumine o nosso entendimento a fim de que possamos compreender as verdades das Escrituras. Mas ao mesmo tempo, devemos estudá-la e examiná-la diligentemente.


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