Elisabeth Hausen
Nos séculos passados, Jerusalém viveu sob o
domínio de vários governantes diferentes. No entanto, apesar da
história variável, a cidade mantém impregnadas as características
judaicas – há 3.000 anos.
Os cabeçalhos das correspondências dos ministros israelenses contêm
uma logomarca dourada, em comemoração à reunificação de Jerusalém, há 50
anos. A ministra da cultura Miri Regev a divulgou em seu gabinete, no
dia 5 de março. A base principal da peça gráfica é o número 50. Uma
harpa estilizada no algarismo 5 serviria para lembrar do rei Davi,
confirmado na Bíblia, que “há 3.000 anos declarou Jerusalém como nossa
capital”. Com isso iniciou-se a história judaica na cidade. Foi
adicionada uma cabeça de leão como símbolo da moderna cidade de
Jerusalém. No algarismo zero aparece a bandeira de Israel sobre os muros
de Jerusalém, do Muro das Lamentações e do templo, “o que ela fez pela
primeira vez no ano de 1967”, esclareceu Regev. A cor foi inspirada na
canção conhecida de Naomi Shemer: “Yerushalayim Shel Zahav” (“Jerusalém de ouro”).
Sob o gráfico consta a legenda em cor preta: “50 Anos de Libertação
de Jerusalém: Jerusalém unida e unindo”. Diante da crítica quanto à
palavra “libertação”, a ministra respondeu: “As ligações entre a nação
judaica e Jerusalém talvez sejam as mais fortes que já houve entre um
povo e um Estado”. O Talmude Babilônico reforça essa concepção, no
tratado Kiddushin (49b). Ali consta, em relação à criação: “Dez medidas
de beleza desceram para o mundo. Jerusalém assumiu nove delas e uma foi
para o mundo inteiro”. De acordo com essa interpretação, Deus reservou
90 por cento de toda a beleza para Jerusalém e apenas 10 por cento para o
restante do mundo. Nas residências na Diáspora há os indicadores
“Misrach”, que apontam para o Oriente, e assim indicam o direcionamento
das orações para Jerusalém.
Salomão, o filho de Davi, construiu o primeiro templo judaico em
Jerusalém. Após esse ter sido destruído, a cidade viveu uma história
instável e sofrida: ela foi conquistada sucessivamente pelos babilônios,
persas, gregos e romanos. No entanto, os judeus sempre retornavam à
cidade de seus anseios. Eles reconstruíram o templo. No ano 135 d.C., 65
anos após a destruição do segundo templo, fracassou a rebelião judaica
liderada por Simon bar Kokhba. Jerusalém foi transformada na colônia
militar romana Aelia Capitolina. Os judeus não tinham acesso à cidade.
Toda a região passou a ser chamada de Palestina. Com a mudança de nome
os romanos pretendiam apagar qualquer lembrança da vida judaica na
região.
Posteriormente houve ainda outros dominadores sobre Jerusalém, como
os bizantinos, cruzados, mamelucos e osmanianos, até que, em 1917, a
cidade foi conquistada pelos britânicos. No plano de divisão de 1947, as
Nações Unidas sugeriram instituir um Estado árabe ao lado do Estado
judeu, na área da Palestina. A grande área de Jerusalém deveria ser de
domínio internacional. Os judeus aceitaram o plano, os árabes, porém, o
rejeitaram.
Após a fundação do Estado judeu, em maio de 1948, durante a Guerra da
Independência, a Jordânia ocupou o setor oriental da cidade. Os judeus
não tinham mais acesso ao Muro das Lamentações. Isso, no entanto, mudou a
partir da Guerra dos Seis Dias. Um nome ficou especialmente relacionado
com a reunificação: Teddy Kollek. Esse austríaco por nascimento foi
prefeito de Jerusalém de 1965 até 1993. Já em setembro de 1966 ele criou
a Fundação Jerusalém. Ela deveria promover o pluralismo para as três
religiões monoteístas dominantes. Kollek rejeitava qualquer espécie de
extremismo, tanto do lado árabe como do judeu. Ele assegurou absoluta
liberdade religiosa a todos os habitantes e assim alcançou relativa
convivência pacífica na capital israelense.
Em abril de 2003, Kollek declarou ao periódico “Welt am Sonntag”
(“Mundo aos Domingos”) que ele não conseguia imaginar que Jerusalém
fosse novamente dividida: “A guerra causou a divisão. Depois a divisão
terminou. Eu imagino que tenha sido para sempre”. Após o seu
falecimento, em janeiro de 2007, o ex-chanceler Helmut Kohl declarou:
“Ele constituiu a moderna Jerusalém do século XX como ninguém mais
conseguiria. Que Jerusalém hoje é uma das cidades mais belas do mundo
também se deve unicamente a ele”.
No ano de 1980, Israel determinou por decreto que Jerusalém seria sua
eterna capital indivisível. Isso, no entanto, não é aceito pela
comunidade internacional. Ao invés disso, há esforços, como recentemente
realizados pela UNESCO, de negar a ligação judaica com os locais
sagrados em Jerusalém.
(Elisabeth Hausen — israelnetz.com)
http://www.chamada.com.br/mensagens/jerusalem_3000_anos.html
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