Thomas C. Simcox
De todas as celebrações de Pessach
(a Páscoa judaica), apenas uma foi a verdadeira. Ela aconteceu mais de
34 séculos atrás, quando o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó estava
fazendo os preparativos para libertar Seu povo escolhido da escravidão
no Egito.
O Senhor havia enviado Moisés e seu irmão Arão a Faraó para exigir
que fosse permitido aos israelitas irem para o deserto a fim de
adorá-lO. Faraó se recusou a dar a permissão. Então, Deus atacou o Egito
com nove pragas devastadoras. Mesmo assim, Faraó ainda se recusou a
permitir que os israelitas deixassem o Egito.
Então, Deus falou a Moisés: “Ainda mais uma praga trarei sobre
Faraó e sobre o Egito. Então, vos deixará ir daqui; quando vos deixar, é
certo que vos expulsará totalmente” (Êxodo 11.1).
Deus, como sempre, fez como havia prometido. A décima praga é a chave para o feriado de Pessach porque envolve o cordeiro pascal.
A décima praga foi a morte de todos os primogênitos machos, tanto
seres humanos quanto animais. E, diferentemente das nove pragas
anteriores, que nunca afetaram Gósen, onde moravam os israelitas, essa
praga afetaria a todos.
O Senhor também usou a décima praga para ensinar aos israelitas o
princípio bíblico da redenção por meio de um substituto. Ele disse a
Moisés: “Consagra-me todo primogênito; todo que abre a madre de sua
mãe entre os filhos de Israel, tanto de homens como de animais, é meu”
(Êxodo 13.2). Se os israelitas deixassem de seguir as instruções de
Deus, esses primogênitos morreriam, juntamente com os primogênitos dos
egípcios.
Deus disse aos israelitas que escolhessem um cordeiro ou um cabrito,
macho, jovem, (um por família), no décimo dia do mês de nisan e
observassem seu cordeiro durante três dias para se assegurarem de que
ele era “sem defeito” (Êx 12.5). Depois, as instruções foram: “e
o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento
da congregação de Israel o imolará no crepúsculo da tarde. Tomarão do
sangue e o porão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em
que o comerem” (Êxodo 12.6-7).
O Senhor também lhes disse: “naquela noite, comerão a carne
assada no fogo; com pães asmos e ervas amargas a comerão. Não comereis
do animal nada cru, nem cozido em água, porém assado ao fogo: a cabeça,
as pernas e a fressura” (Êxodo 12.8-9).
Deus não estava interessado nas preferências pessoais deles com
relação ao preparo dos alimentos. Os cordeiros deveriam ser preparados
de acordo com o que Deus falasse, e nada dos animais deveria ser
guardado. “Nada deixareis dele até pela manhã; o que, porém, ficar até pela manhã, queimá-lo-eis” (Êxodo 12.10).
Naquela noite, com o sangue na verga de suas portas, o povo judeu
sentou-se em suas casas e comeu o cordeiro pascal. Eles não deveriam
sair das casas. Quando Deus via o sangue nas portas, Ele protegia aquela
família do destruidor que passou pela terra à meia-noite (Êx 12.29).
Onde não havia sangue, os primogênitos machos daquelas famílias do
Egito, inclusive a do Faraó, morreram.
O julgamento deu a vitória ao Deus de Israel e expôs a impotência dos ídolos e falsos deuses do Egito.
Os elementos-chave da Páscoa original eram o cordeiro assado, ervas amargas e pão sem fermento. Os sêderes
(ceias pascais) de hoje são muito diferentes. O cordeiro é substituído
pelo osso da canela (parte da perna abaixo do joelho) de um cordeiro,
chamado zerah em hebraico. As ervas amargas permanecem, bem como o pão sem fermento (matzoh).
Mas outros elementos foram acrescentados, e o feriado foi transformado
de um tempo sóbrio de apreensão em uma celebração alegre de libertação.
A principal mensagem de Pessach, logicamente, é a redenção. É sobre o plano de Deus para redimir Israel da escravidão. Todavia, ela contém paralelos maravilhosos para a cristandade:
1. O cordeiro foi observado durante três dias para
se certificarem de que ele era perfeito, sem nenhum defeito. Jesus foi
cuidadosamente observado durante Seus três anos de ministério na terra e
foi declarado inocente pelo governador romano, Pôncio Pilatos, que
afirmou: “eu não acho nele crime algum” (Jo 19.6). João Batista, um levita, disse de Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!‘ (João 1.29).
2. Imediatamente após a Páscoa, é celebrada a festa
de sete dias dos Pães Asmos (sem fermento). Na Bíblia, o fermento
representa o pecado. Portanto, durante estes sete dias, o povo judeu
observador da Lei se abstém de comer todos os produtos que contêm um
agente levedador, como o fermento. A Escritura ensina que Jesus, o
Deus-Homem, era perfeito – sem defeito, sem pecado – tornando-se o
perfeito sacrifício para um Deus santo e justo.
3. Finalmente, vem o feriado dos Primeiros Frutos
(Primícias, Lv 23.9-14). De acordo com a Bíblia, essa festa deveria ser
observada “no dia imediato ao sábado” (Levítico 23.12). Embora haja algum desacordo quanto ao que essa instrução significa, a festa das Primícias claramente cai durante Pessach. No cristianismo, essa festa é associada à ressurreição de Cristo. Como escreveu o Apóstolo Paulo:
“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Coríntios 15.20-22).
Embora hoje Pessach seja substancialmente diferente da
observação original, ela ainda aponta claramente para o profundo amor de
Deus por Israel e a libertação física que Ele proporcionou ao povo
judeu. É também um lindo quadro de Seu amor pela humanidade por meio da
provisão vinda de Deus, que é Jesus, o Cordeiro Pascal, cuja morte e
ressurreição proporcionam libertação espiritual da escravidão do pecado a
todos aqueles que nEle colocam sua fé.
(Thomas C. Simcox — Israel My Glory — Chamada.com.br)
Extraído de Revista Chamada da Meia-Noite abril de 2014
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