A maioria das pessoas não se dá conta que boa parte dos seres que
associamos ao cristianismo, e portanto são originários das descrições
bíblicas, obrigatoriamente devem parecer com o que lá está dito
(assim como religiões criadas a partir da mesma devem segui-la e não
apenas apropriar-se de trechos seletos).
Os anjos são mencionados por toda a Bíblia, presentes em momentos
dramáticos, anunciando eventos terríveis. Estes seres foram retratados
por artistas pelos séculos, como os renascentistas, que pintaram os
querubins como bebês alados, com bundas infantis a mostra, ou grandes
moças aladas esculpidas, guardando túmulos em cemitérios.
Outros ainda associam Satanás com a aparência muito equivocada ao
descrito nas Escrituras, origem desse personagem, e longe do que seria
nossa crença de um anjo caído.
10. Não temos um anjo da guarda pessoal
Nós
todos já ouvimos historias sobre pessoas salvas por desconhecidos
misteriosos ou a sensação de sermos guardado por uma entidade de um
mundo paralelo. É confortante imaginar essa proteção dando-nos segurança
em outro mundo, mas não há nada na bíblia sobre anjos da guarda.
Algumas passagens citam anjos guardiões com propósitos específicos, como
em Mateus 18:10 “Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque
eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que
está nos céus”.
Utilizam desse texto para explicar que anjos pajeiam crianças ou os de
fé mais avivada (eu particularmente já ouvi que Deus designa anjos para
guardar os bêbados), mas o contexto nada tem em relação a essas
afirmações.
A ideia de anjos da guarda lembram muito as histórias sobre fadas
madrinhas, o que não é apenas uma coincidência, e sim uma evolução
desses contos. Através da Idade Média, ouviremos falar de santos que
tiverem encontros com anjos protetores. Essas histórias falam giram em
torno da mesma ideia de milagrosos resgates pessoais, e foram recontados
e popularizados nos séculos 18 e 19. No século 20 a ideia do anjo
pessoal chegou à crença nos moldes de hoje, onde se crê nessa proteção
pessoal de uma criatura extraordinária.
09. Querubins não possuem carinhas de bebê.
Querubins são comumente retratados por alguns pintores como pequenos
bebês com asas, fofos, e de face simpática e amigáveis. Mas a aparência
descrita nada tem haver com essa ilustração.
A
bíblia nos descreve seres terríveis, sendo um tipo muito específico de
anjo. Inteligíveis em suas descrições feitas pelos profetas, sua
servidão ao Reino é muito próxima do Criador, servindo-O diretamente
pela eternidade. Segundo o livro de Genêsis, dois querubins foram postos
na guarda da entrada do paraíso, a fim de bloquear o retorno de Adão e
Eva. Curiosamente, a Arca da Aliança carrega em sua tampa a escultura de
duas dessas criaturas encarando-se.
O profeta Ezequiel dá muitos detalhes sobre suas aparências. De acordo
com as Escrituras, esses anjos possuem uma forma que lembra a humana,
embora sua pele tem aparência metalizada do cobre, pés de fauno, 4
rostos e 4 asas cada um, e a descrição de sua forma e movimento não
fazem muito sentido. Homem, águia, leão e touro são os quatro rostos
contidos em cada ser descrito pelo profeta (o que nos remete a esfinge:
os 4 seres que a forma). Assim como os querubins cercam e circulam a
presença de Deus, assim também é simbolizado em sua arca, onde sua Lei
foi guardada.
Sinceramente, não há o menos sentido na pintura desses bebês e a verdadeira descrição dessas terríveis criaturas.
8. Querubins não são necessariamente seres amigáveis.
Como já descrito anteriormente, a arte sempre descreveu essa esses seres
como gracinhas aladas, sempre sorrindo, tocando suas harpas, mas já
vimos que se víssemos um desses pessoalmente certamente sentiríamos
pânico.
Considere, por exemplo, o propiciatório, a tampa da Arca da Aliança,
muito conhecida por causa do primeiro filme de Indiana Jones, e perceba a
obscuridade de seu significado. As duas figuras sobre o propiciatório
são querubins, rostos e corpos escondidos em um par de asas. O outro par
se estende em direção ao outro, formando uma espécie de trono. De
acordo com as Escrituras, esse assento simboliza a presença
potencialmente letal de um Deus irado.
Anualmente, um Sumo Sacerdote realizava uma cerimônia – o chamado Dia do
Perdão, com a aspersão do sangue de sacrifícios de animais no
propiciatório para apaziguar a fúria de Deus e adiar a sua ira por mais
um ano. Outro ritual específico tinha que ser realizado para abordar com
segurança o propiciatório e qualquer desvio do ritual era mortal para
aquele sacerdote tolo o bastante para desrespeitá-lo. Todos os anos, os
querubins entalhados recebiam a oferta de sangue de sacrifícios de
animais, até tornar-se desnecessário, uma vez que Cristo foi crucificado
e o sacrifício desse sangue foi suficiente para satisfazer os querubins
para sempre.
7. Pessoas não se tornam anjos.
Apesar do famoso clichê usado em filmes, não há nada que informe essa ideia: que pessoas boas e retas tornam-se anjos ao morrerem, já que são raças totalmente diferentes, e criadas também com propósitos diferentes. Uma passagem no livro de Hebreus, 1:26, afirma que são entidades ministradoras, enviadas por Deus afim de servir àqueles que herdarão a vida pós morte.
Genesis ainda afirma que esses seres são feitos de uma matéria
totalmente diferente da humana – chamada “espiritual” – e estes podem
assumir uma aparência humana conforme os desígnios do Criador. Pedro em
sua carta sugere que eles não tem a mesma característica trina que o
humano: corpo-alma-espirito. Ele afirma : “Está revelado que eles não
estão servindo a si mesmos, mas a vocês, e essas coisas são anunciadas
agora para todo aquele que ora para que a Boa Nova venha através do
Espírito venha dos céus – coisas que os anjos anseiam ver. "Se o
Espírito Santo prega para a humanidade, e os anjos desejam que eles
ouçam a mesma mensagem, esses anjos não são humanos.
6. Não existe gênero entre anjos (macho ou fêmea)
Incontáveis pinturas e gravuras mostram anjos masculinos aparecendo em
cenas bíblicas, enquanto vemos centenas, em tumbas e criptas, de
estátuas de anjos femininos guardando-as. Esse atributo humano não
encontra base bíblica, já que para um melhor entendimento, atribuímos
coisas humanas a seres que não conseguimos entender. Alguns podem
argumentar que as características bíblicas associam a masculinidade aos
anjos, descrevendo-os como “varões”, como os que entraram em Sodoma, ou
os chamados “filhos de Deus”, associados aos anjos caídos, que tiveram
filhos com as mulheres humanas e geraram gigantes. Em grego a palavra
“angelos” tem gênero masculino e é usada comumente no Novo Testamento,
inclusive porque Gabriel e Miguel, nomes citados, são referidos como
“ele”. A única menção bíblica de um anjo no feminino é no livro de
Zacarias 5.9: ” De novo ergui os olhos e vi chegarem à minha frente duas
mulheres com asas como de cegonha; o vento impeliu suas asas, e elas
ergueram a vasilha entre o céu e a terra.” Mesmo assim, nada sugere que
as visões do profeta sejam algo mais que alegorias, tão presente nesse
livro.
A ideia de anjos femininos surgiu séculos depois da Bíblia feita. É
sabido que os artistas da época até o século quatro mantinham distância
de retratar imagens e ídolos de uma religião que até então abominava
algo que poderia se tornar em idolatria. Foi nessa época que o
Cristianismo começou a buscar em outras religiões a influência helenista
dessas imagens até hoje populares. A ideia de colocar asas em anjos
sempre existiu em mitologias e religiões pagãs e seus deuses.
5. Anjos não possuem aureolas
Qual imagem vem a sua mente quando falo sobre anjo bíblico?
Provavelmente ele venha com túnicas, asas e aureola ou halo. O detalhe é
que não há nas descrições que justifiquem a aparição dessa “luz” em
volta da cabeça desses personagens.
As referências mais próximas nada possuem nem remotamente com algo do
gênero. Mesmo assim, isso tornou-se detalhe fundamental na base da obra
de arte religiosa, como referência a um brilho luminoso em torno de um
seleto grupo de personagens, tai como Cristo e Moisés.
Esse brilho em pinturas religiosas é mais precisamente chamado de
"nimbus", e apareceu pela primeira vez na arte do século IV,
inicialmente utilizados apenas em obras que retratavam Cristo sentado em
um trono. Ela ganhou popularidade como ícone de bondade e logo foi
estendida a todas as representações de Cristo e anjos. Por volta do
século sexto todos estavam usando-os, inclusive nas figuras dos santos. O
halo, ou nimbus, é uma daquelas coisas que o cristianismo adotou por
acidente.
A ideia remonta a antigos reis da Síria e do Egito, que usavam coroas
nesse formato, com a intenção de mostrar as conexões com suas divindades
e luz divina circundante. Também na Roma Antiga era costume o uso de
raios e coroas nas representações de seus imperadores. Os artistas
cristãos só deram continuidade de uso no simbolismo já estabelecido e
deram prosseguimento a isso.
04. Eles não têm obrigatoriamente um par de asas.
Semelhante ao caso da representação de anjos com halos, a imagem
relacionada ao uso de asas é mais um produto de artistas posteriores do
que com registro nos textos bíblicos reais.
Asas
não são fazem parte obrigatória nas histórias angelicais na Bíblia,
embora haja muitas menções sobre “voo" - que é compreensivelmente ligam
ao uso de asas. O Serafim, das mais altas hierarquias, estão diante de
Deus e, literalmente, queimam de amor por seu Senhor (inspirando outros a
fazerem o mesmo), e são especificamente descritos em Isaías como tendo
seis asas. Apenas duas são utilizadas para voar, enquanto um par é usado
para proteger o rosto e o terceiro para cobrir os pés. Querubins são
geralmente descritos como tendo quatro asas. Cristãos primitivos
retratavam anjos sem que existissem asas em suas gravuras. Alguns dos
primeiros exemplos de anjos alados apareceram nas catacumbas romanas: a
tumba do político romano Junius Bassus retrata a famosa cena bíblica de
um anjo que apareceu a Abraão dizendo-lhe para não sacrificar o seu
filho. O anjo na cena está sem asas, mas outras figuras no sarcófago têm
asas, o que sugere que o momento em que foi esculpida por volta do ano
359, uma mudança geral nas percepções populares na aparência angelical.
Até o final daquele século, os anjos já estavam firmemente associados a
descrição de deuses pagãos alados e deusas.
03. Não existe a versão cristã de Anjo da Morte.
A poderosa imagem do Anjo da Morte, a obscura e encantadora criatura que tem como única regra a destruição da vida não existe na Bíblia.
Um pequeno número de passagens citam a existência do mesmo, como na décima praga do Egito, quando um anjo teria tomado a vida dos primogênitos das casas onde não haviam a marca do sangue nas soleiras das portas. Em outra passagem, no segundo livro de Reis, um anjo teria exterminado instantaneamente 185.000 assirios.
De qualquer forma, o tradicional anjo da morte não é anjo. É apenas a
morte. Os anjos da morte citados na Bíblia não se dedicam exclusivamente
à destruição da vida humana. Eles se prontificam a cumprir as ordens
vindas de Deus, podendo ser o mesmo anjo um mensageiro de boas novas ou
promovedor de livramentos. Apenas Deus tem o poder de definir quem vive
ou quem morre, mesmo quando dentro das Escrituras a ideia é perpetuada.
Da mesma forma, a cultura judaica rejeita a ideia de anjo da morte.
O anjo da morte é atribuído a Samael, um dos primeiros nomes de anjo
mencionados em um trecho inexpressivo e facilmente ignorado em sua
referência bíblica. Durante o período de Amoraim da história acadêmica (
220-370 A.C.),e Samael - como Anjo da Morte - se fundiu a outras
referências. Os textos originais mencionam anjos se transformando em
seres vingativos, mensageiros mortais. Samael gradualmente foi assumindo
o título do Anjo da Morte, fazendo salto de cânone religioso ao
folclore, tornando-se uma criatura que agia de forma independente.
Ele já não cumpria os desejos de Deus. Ele estava caçando e matando por
conta própria. Este folclórico Samael foi coberto com “onisciência” para
garantir que ele não perderia nada. Na tradição judaica, ele
ocasionalmente é relacionado a Caim, e disse ter trazido o poder e
desejo de matar a humanidade.
02. Gabriel não é de alta hierarquia
Gabriel aparece em toda Bíblia apenas quatro vezes, e em uma dessas é repetidamente representada em todos os natais. Ele aparece para Maria e diz a ela sobre a escolha divina para ser a mãe do filho de Deus; duas vezes depois como mensageiro.
Ele é definido como um arcanjo, contrariando a informação que fosse
apenas um anjo de hierarquia secundária, e essa posição já dá uma
distinção importante. Embora a definição de arcanjo o ponha acima de um
anjo comum, ele ainda tem castas superiores, e não poucos.
Os anjos são descritos como tendo uma hierarquia de três níveis
distintos, e dentro de cada faixa são três subgrupos. A primeira
hierarquia, mais próximo de Deus, inclui os Serafins (que são os
presenciais em Deus), os Querubins e os Tronos, ditos inseparáveis da
Palavra. No segundo nível, temos os Domínios, que governam o resto e
ajudam os humanos no controle de seus impulsos, Virtudes que estão no
comando de envio de milagres, e os Poderes que ajudam a proteger as
pessoas boas das tentações do diabo. Na última hierarquia, o menor do
grupo e os menos próximos de Deus, estão os Principados, controladores
dos outros anjos abaixo deles. Os diferentes reinos terrenos têm seus
próprios Principados, responsáveis pela supervisão e gestão de grupos,
certificando-se de que as pessoas dignas serão elevadas a liderança, e
ajudando a garantir que o poder é exercido para o nome de Deus.
Diretamente abaixo estão os arcanjos, que servem como mensageiro de Deus
como visto nas aparições de Gabriel (significado de seu nome:
mensageiro de Deus). Abaixo aos arcanjos estão os anjos, que aparecem
entre os homens com mais frequência, retransmitindo notícias de pequenos
milagres, e auxiliando, se necessário. Quanto mais baixo da hierarquia
que você é, o mais longe de Deus que você é. Isso faz com que Gabriel,
um dos anjos apenas mencionada na Bíblia e o garoto propaganda dos
presépios em todos os lugares.
1. Anjos maléficos não causaram a inundação diluviana.
Anjos quase sempre são contextualizados como mensageiros e servos de
Deus. Mesmo quando estão matando, realizam a vontade de Deus. Mas, de
acordo com algumas interpretações, foram anjos que, pelo menos em
parte, causaram o dilúvio bíblico que destruiu toda a humanidade (com
exceção de Noé e sua família).
De acordo com Gênesis, nos dias anteriores ao dilúvio, a Terra era lar
para a humanidade, bem como uma raça chamada Nefilins. O Nefilins foram
gerados dos "filhos de Deus" e as "filhas dos homens", e uma das
interpretações comuns deste é que os "filhos de Deus" eram anjos que
vieram para o reino da terra e se agradarem sexualmente delas.
Judas 1: 6 refere-se aqueles que haviam deixado o seu legítimo morada e
ido para a Terra, enquanto o próprio Gênesis apresenta o Nefilim como
filhos de mulheres humanas e criaturas divinas. Embora a interpretação
seja um pouco complexa – por falta de argumentos válidos - para o
debate em ambiente cristão, é um pouco mais simples na teologia judaica:
Quando
Deus vê a corrupção que tomou conta de sua criação, e Azael Samhazai e
seu grupo se ofereceu para ir para a Terra e provar que o homem é
responsável pelo seu próprio destino. Enquanto estiveram lá, não só
cederam aos prazeres terrenos que tentavam evitar, mas Samhazai viola um
dos mais sagrados juramentos: revela o verdadeiro nome de Deus a uma
mulher mortal. Após isso, nunca mais foi autorizado a voltar para o céu,
e Istar, a mulher, é elevada aos céus e posta entre as estrelas. Ele se
arrepende, mas isso só faz o manteve no limbo entre a Terra e o Céu.
Outras versões contam que algo como 18 anjos se misturaram com humanas e
produziram descendentes. Em ambas as tradições, a presença do pecado
mundano, obriga a Deus aniquilar tudo, juntamente com os gigantes,
descendentes de seus amados anjos.
Tradução: Zé Luís Jr.
Visto no Listserve
FONTE:
http://www.cristaoconfuso.com/2014/11/sobre-anjos-10-erros-comuns.html#ixzz3jDhuT3iE
Tema muito interessante. Parabéns pelo blog. Bom aprender sobre anjos. Um abraço
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