1. A Ocorrência da Queda
O homem que Deus formou era notavelmente diferente de todos os outros seres criados. O homem possuía um espírito semelhante àquele dos anjos e ao mesmo tempo tinha uma alma parecida com a dos animais inferiores. Quando Deus criou o homem Ele lhe deu uma liberdade perfeita. Ele não fez dele um autômato, controlado automaticamente por Sua vontade. Isto é evidente em Gênesis 2, quando Deus instruiu o homem original a respeito de qual fruto ele poderia ou não comer. O homem que Deus criou não era uma máquina dirigida por Deus; pelo contrário, ele possuía perfeita liberdade de escolha. Se ele escolhesse obedecer a Deus, assim seria; se decidisse rebelar-se contra Deus, poderia fazer isso também. O homem tinha em sua posse uma soberania pela qual poderia exercitar sua vontade escolhendo obedecer ou não. Este é um ponto muito importante, pois devemos reconhecer que em nossa vida espiritual Deus nunca nos priva da nossa liberdade. A menos que cooperemos ativamente, Deus não realizará nada em nós. Nem Deus, nem o diabo podem fazer qualquer obra, sem primeiro obterem nosso consentimento, porque a vontade do homem é livre.
O espírito do homem era, originalmente, a parte mais elevada de todo o seu ser ao qual alma e corpo deviam se submeter. Sob condições normais o espírito é como a patroa, a alma como o mordomo e o ao mordomo que por sua vez ordena ao criado que as faça. A patroa dá as ordens em particular ao mordomo; mordomo as transmite abertamente ao criado. O mordomo parece ser o senhor de tudo, mas na realidade quem domina sobre tudo é a patroa. Infelizmente o homem caiu; ele foi vencido e pecou; consequentemente, a ordem correta de espírito, alma e corpo ficou misturada.
Deus concedeu ao homem um poder soberano e outorgou muitos dons à alma humana. Pensamento, vontade ou intelecto e intenção estão entre as porções mais proeminentes. O propósito original de Deus é que a alma humana receba e assimile a verdade e a essência da vida espiritual de Deus. Ele concedeu dons aos homens para que pudessem receber o conhecimento e vontade de Deus como sendo deles mesmos. Se o espírito e alma do homem mantive sem sua perfeição original, saúde e vigor, então seu corpo poderia continuar para sempre sem mudança. Se ele exercitasse sua vontade tomando e comendo do fruto da vida, a Própria vida de Deus indubitavelmente entraria em seu espírito, penetraria sua alma, transformaria completamente seu homem interior e converteria seu corpo em incorruptibilidade. Ele estaria então, literalmente, de posse da “vida eterna”. Naquele acontecimento, sua vida da alma seria totalmente cheia com a vida espiritual e seu ser inteiro seria transformado naquilo que é espiritual. De forma contrária, se a ordem do espírito e alma fosse invertida, então o homem precipitaria nas trevas e o corpo humano não poderia resistir muito tempo e logo se corromperia.
Sabemos que a alma do homem escolheu a árvore do conhecimento do bem e do mal, ao invés da árvore da vida. Porém, não está claro que a vontade de Deus para Adão era que ele comesse do fruto da árvore da vida? Sim, porque antes de proibi-lo de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e adverti-lo que no dia em que dele comesse morreria (Gn 2.17), Ele primeiro ordenou que Adão comesse livremente de toda árvore do jardim e propositalmente mencionou a árvore da vida no meio do jardim. Quem pode dizer que isto não é assim?
“O fruto do conhecimento do bem e do mal” eleva a alma e abafa o espírito. Deus não proíbe o homem de comer deste fruto apenas para testá-lo. Ele o proíbe por saber que ao comer esse fruto, a alma do homem será tão estimulada a ponto de abafar a vida do espírito. Isso quer dizer que o homem perderá o verdadeiro conhecimento de Deus e estará assim morto para Ele. A proibição de Deus revela Seu amor. O conhecimento do bem e do mal neste mundo é em si mesmo mal. Tal conhecimento surge do intelecto da alma do homem. Ele incha a vida da alma e conseqüentemente esvazia a vida do espírito ao ponto de perder qualquer conhecimento de Deus e tornar-se tal como morto.
Um grande número dos servos de Deus considera esta árvore da vida, como sendo Deus oferecendo vida ao mundo em Seu Filho, o Senhor Jesus. Isto é vida eterna, natureza de Deus, Sua vida não criada. Por isso, temos aqui duas árvores -uma germina vida espiritual enquanto que a outra desenvolve a vida da alma. O homem em seu estado original não é nem pecaminoso, nem santo e justo. Ele fica entre os dois. Ele pode aceitar a vida de Deus tornando-se assim um homem espiritual e participante da natureza divina, ou pode inchar sua vida original tornando-se da alma, impondo consequentemente, morte ao seu espírito. Deus concedeu um perfeito equilíbrio às três partes do homem. Sempre que uma parte se desenvolve em excesso, as outras são contristadas.
Nosso andar espiritual será grandemente ajudado, se entendermos a origem da alma e seu princípio de vida. Nosso espírito vem diretamente de Deus, pois é dado por Deus (Nm 16.22). Nossa alma não é tão diretamente recebida; ela foi produzida depois que o espírito entrou no corpo. Está, portanto, distintamente relacionada com o ser criado. É a vida criada, a vida natural. A utilidade da alma é realmente extensa, se ela mantiver seu devido lugar como mordomo, permitindo que o espírito seja a patroa. O homem pode então receber a vida de Deus e estar relacionado com Deus em vida. Se, todavia, esta esfera da alma torna-se dilatada, o espírito igualmente é abafado. Todos os feitos do homem serão confinados à esfera natural do criado, incapaz de estar unido à vida não criada e sobrenatural de Deus. O homem original sucumbiu à morte, porque comeu do fruto do conhecimento do bem e do mal, desenvolvendo assim, de forma anormal, sua vida da alma.
Satanás tentou Eva com uma pergunta. Ele sabia que isto despertaria o pensamento da mulher. Se ela estivesse completamente sob o controle do espírito, rejeitaria tal interrogação. Por tentar responder, ela exercitou sua mente em desobediência ao espírito. Sem dúvida, que a pergunta de Satanás estava cheia de erros, pois seu motivo principal era simplesmente incitar o esforço mental de Eva. Ele esperava que Eva até o corrigisse, mas lamentavelmente, ela ousou mudar a Palavra de Deus em sua conversa com Satanás. Conseqüentemente o inimigo foi encorajado a tentá-la no sentido de comer sugerindo que, ao comer, seus olhos seriam abertos e ela seria como Deus – conhecendo o bem e o mal. “Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto e comeu” (Gn 3.6). Foi assim que Eva considerou a pergunta. Satanás provocou seu pensamento da alma primeiro e depois avançou para apoderar-se da sua vontade. Resultado: ela caiu em pecado.
Satanás sempre usa a necessidade física como o primeiro alvo de ataque. Ele mencionou simplesmente o comer do fruto a Eva, uma coisa totalmente física. Em seguida, ele prosseguiu para seduzir sua alma, insinuando que pela satisfação seus olhos seriam abertos para conhecer o bem e o mal. Embora tal busca pelo conhecimento fosse perfeitamente legítima, a conseqüência, não obstante, conduziu seu espírito a uma rebelião franca contra Deus, pois ela compreendeu erradamente a proibição de Deus, como se brotasse de uma má intenção.
A tentação de Satanás alcança primeiro o corpo, depois a alma e finalmente o espírito.
Após ser tentada Eva deu sua decisão:
1. Primeiro: “a árvore era boa para se comer”. Isto é a “cobiça da carne”. Sua carne foi a primeira a ser despertada.
2. Segundo: “era agradável aos olhos”. Isto é a “cobiça dos olhos”. Agora tanto seu corpo como sua alma haviam sido seduzidos.
3. Terceiro: “a árvore era desejável para dar entendimento”. Isto é a “soberba da vida”. Tal desejo manifestou a agitação da sua emoção e vontade. Sua alma estava agora agitada além do controle. Ela não mais dava apoio como um espectador, mas havia sido incitada a desejar o fruto. Quão perigosa é uma emoção humana dominadora!
Por que devia Eva cobiçar o fruto? Não era simplesmente a cobiça da carne e a cobiça dos olhos, mas também o impulso da curiosidade pela sabedoria. Na busca da sabedoria e conhecimento, mesmo do assim chamado “conhecimento espiritual”, as atividades da alma podem ser frequentemente detectadas. Quando alguém procura aumentar seu conhecimento, por meio de ginásticas mentais nos livros, sem esperar em Deus e sem buscar a condução do Espírito Santo, sua alma está claramente em plena atividade. Isso vai reduzir sua vida espiritual. A queda do homem foi ocasionada pela busca de conhecimento, por isso, Deus usa a loucura da cruz para “destruir a sabedoria do sábio”. O intelecto foi a causa principal da queda, por isso, para alguém ser salvo é preciso que creia na loucura da Palavra da cruz, em vez de depender da sua inteligência. A árvore do conhecimento provoca a queda do homem, por isso Deus emprega a árvore da loucura (1Pe 2.24) para salvar almas. “Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus” (1Co 3.1820; veja também 1.18-25).
Tendo revisto cuidadosamente o registro da queda do homem, podemos ver que, ao rebelar contra Deus, Adão e Eva desenvolveram suas almas ao ponto de substituírem seus espíritos e precipitarem-se nas trevas. As partes proeminentes da alma são a mente do homem, vontade e emoção. A vontade é o órgão da decisão, portanto, o senhor do homem. A mente é o órgão do pensamento, enquanto que a emoção é o órgão da afeição. O apóstolo Paulo nos diz que “Adão não foi enganado”, indicando que a mente de Adão não foi confundida naquele dia fatal. Quem tinha a mente fraca era Eva: “a mulher sendo enganada, caiu em transgressão” (1Tm 2.14). Segundo o registro de Gênesis está escrito que “a mulher disse: a serpente enganou-me e eu comi” (Gn 3.14); mas que “o homem respondeu: a mulher que me deste por companheira deu-me (não enganou-me) da árvore e eu comi” (Gn 3.12). Adão, obviamente, não foi enganado; sua mente estava clara e ele sabia que o fruto era da árvore proibida. Ele comeu por causa da sua afeição pela mulher. Adão sabia que as palavras da serpente eram nada mais que o engano do inimigo. Pelas palavras do Apóstolo, somos levados a ver que Adão pecou de liberadamente. Ele amava Eva mais do que a si mesmo. Ele fez dela o seu ídolo e por amor a ela estava disposto a rebelar-se contra o mandamento do seu Criador. Que lamentável que sua mente tenha sido anulada por sua emoção e seu raciocínio vencido por sua afeição! Por que é que os homens “não creram na verdade?” Porque “tiveram prazer na injustiça” (2Ts 2.12). Não é que a verdade seja irracional, mas, sim, que não é amada. Por isso, quando alguém verdadeiramente volta-se para o Senhor, ele “crê com o coração (não a mente) para a justiça” (Rm 10.10).
Satanás moveu Adão a pecar apoderando-se da sua vontade através da sua emoção; enquanto que Eva foi tentada a pecar apoderando-se ele da sua vontade através do canal de uma mente obscurecida. Quando a vontade, mente e emoção do homem foram envenenadas pela serpente e o homem seguiu após Satanás ao invés de seguir a Deus, seu espírito, que era capaz de comungar com Deus, sofreu um golpe fatal. Aqui podemos ver a lei que governa a obra de Satanás. Ele usa as coisas da carne (comer o fruto) para seduzir a alma do homem a pecar; tão logo a alma peca, o espírito cai em trevas absolutas. A ordem da sua operação é sempre assim: do exterior para o interior. Se não começar com o corpo, então ele começa trabalhando na mente ou na emoção, a fim de alcançar a vontade do homem. No momento em que a vontade do homem se sujeita o Satanás, ele toma posse de todo o seu ser e executa o espírito. Mas, não é assim com a obra de Deus, que é sempre do interior para o exterior. Deus principia Sua obra no espírito do homem e prossegue iluminando sua mente, despertando sua emoção e levando-o a exercitar sua vontade sobre seu corpo, a fim de levar à realização a vontade de Deus. Todas as obras satânicas são feitas do exterior para o interior; todas as obras divinas são do interior para o exterior. Desta forma, podemos distinguir aquilo que vem de Deus e o que vem de Satanás. Tudo isso nos ensina, adicionalmente, que uma vez que Satanás captura a vontade do homem, então ele está no controle sobre aquele homem.
Devemos observar, cuidadosamente, que a alma é onde o homem expressa sua vontade livre e exerce seu próprio domínio. Por esta razão, a Bíblia sempre registra que é a alma que peca. Por exemplo: “o pecado da minha alma” (Mq 6.7), “a alma que pecar” (Ez 18.4,20). E nos livros de Levítico e Números freqüentemente menciona-se que a alma peca. Por quê? Porque é a alma que escolhe pecar. Nossa descrição de pecado é: “A vontade aceita a tentação”. O pecar é um vontade da alma; por conseguinte, a expiação deve ser para a alma: “Quando derem a oferta do Senhor, para fazerdes expiação por vossas almas” (Êx 30.15); “Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas” (Lv 17.11); “Para fazer expiação pelas nossas almas perante o Senhor” (Nm 31.50). Visto que a alma é que peca, conclui-se que é a que precisa ser expiada. E ela só pode ser expiada além disso, por uma alma:
“Foi do agrado de Jeová moê-lo; ele o sujeitou ao sofrimento… tu farás sua alma uma oferta pelo pecado… Ele verá o fruto do trabalho da sua alma e ficará satisfeito… ele derramou a sua alma na morte…; ele levou o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu” (Is 53.10-12).
Examinando a natureza do pecado de Adão, nós descobrimos que, à parte da rebelião, existe também um certo tipo de independência. Não devemos perder de vista aqui a vontade livre. Por um lado, a árvore da vida implica um sentido de dependência O homem naquela ocasião não possuía a natureza de Deus, mas se tivesse participado do fruto da árvore da vida, poderia ter obtido a vida de Deus; o homem poderia ter alcançado seu ápice possuindo a própria vida de Deus. Isto é dependência. Por outro lado, a árvore do conhecimento do bem e do mal sugere independência, porque o homem esforçou-se pelo exercício da sua vontade, pelo conhecimento não prometido, por algo não outorgado a ele por Deus. Sua rebelião declarou sua independência. Rebelando-se, ele não precisava depender de Deus. Além disso, sua busca pelo conhecimento do bem e do mal também manifestou sua independência, pois não estava satisfeito com o que Deus já havia concedido. A diferença entre o espiritual e o que é da alma é clara como cristal: o espiritual depende completamente de Deus, e satisfaz-se totalmente com o que Deus deu; o da alma foge de Deus e cobiça o que Deus não concedeu, principalmente o “conhecimento”. A independência é uma característica especial daquilo que é da alma. Não importa quão boa seja determinada coisa; pode ser até o culto a Deus. Porém, se para fazê-la completa confiança em Deus não é exigida, mas, pelo contrário, a confiança está depositada na própria força da pessoa, ela é inquestionavelmente da alma. A árvore da vida não pode crescer dentro de nós junto com a árvore do conhecimento. Rebelião e independência explicam todo pecado cometido pelos pecadores e pelos santos.
O homem que Deus formou era notavelmente diferente de todos os outros seres criados. O homem possuía um espírito semelhante àquele dos anjos e ao mesmo tempo tinha uma alma parecida com a dos animais inferiores. Quando Deus criou o homem Ele lhe deu uma liberdade perfeita. Ele não fez dele um autômato, controlado automaticamente por Sua vontade. Isto é evidente em Gênesis 2, quando Deus instruiu o homem original a respeito de qual fruto ele poderia ou não comer. O homem que Deus criou não era uma máquina dirigida por Deus; pelo contrário, ele possuía perfeita liberdade de escolha. Se ele escolhesse obedecer a Deus, assim seria; se decidisse rebelar-se contra Deus, poderia fazer isso também. O homem tinha em sua posse uma soberania pela qual poderia exercitar sua vontade escolhendo obedecer ou não. Este é um ponto muito importante, pois devemos reconhecer que em nossa vida espiritual Deus nunca nos priva da nossa liberdade. A menos que cooperemos ativamente, Deus não realizará nada em nós. Nem Deus, nem o diabo podem fazer qualquer obra, sem primeiro obterem nosso consentimento, porque a vontade do homem é livre.
O espírito do homem era, originalmente, a parte mais elevada de todo o seu ser ao qual alma e corpo deviam se submeter. Sob condições normais o espírito é como a patroa, a alma como o mordomo e o ao mordomo que por sua vez ordena ao criado que as faça. A patroa dá as ordens em particular ao mordomo; mordomo as transmite abertamente ao criado. O mordomo parece ser o senhor de tudo, mas na realidade quem domina sobre tudo é a patroa. Infelizmente o homem caiu; ele foi vencido e pecou; consequentemente, a ordem correta de espírito, alma e corpo ficou misturada.
Deus concedeu ao homem um poder soberano e outorgou muitos dons à alma humana. Pensamento, vontade ou intelecto e intenção estão entre as porções mais proeminentes. O propósito original de Deus é que a alma humana receba e assimile a verdade e a essência da vida espiritual de Deus. Ele concedeu dons aos homens para que pudessem receber o conhecimento e vontade de Deus como sendo deles mesmos. Se o espírito e alma do homem mantive sem sua perfeição original, saúde e vigor, então seu corpo poderia continuar para sempre sem mudança. Se ele exercitasse sua vontade tomando e comendo do fruto da vida, a Própria vida de Deus indubitavelmente entraria em seu espírito, penetraria sua alma, transformaria completamente seu homem interior e converteria seu corpo em incorruptibilidade. Ele estaria então, literalmente, de posse da “vida eterna”. Naquele acontecimento, sua vida da alma seria totalmente cheia com a vida espiritual e seu ser inteiro seria transformado naquilo que é espiritual. De forma contrária, se a ordem do espírito e alma fosse invertida, então o homem precipitaria nas trevas e o corpo humano não poderia resistir muito tempo e logo se corromperia.
Sabemos que a alma do homem escolheu a árvore do conhecimento do bem e do mal, ao invés da árvore da vida. Porém, não está claro que a vontade de Deus para Adão era que ele comesse do fruto da árvore da vida? Sim, porque antes de proibi-lo de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e adverti-lo que no dia em que dele comesse morreria (Gn 2.17), Ele primeiro ordenou que Adão comesse livremente de toda árvore do jardim e propositalmente mencionou a árvore da vida no meio do jardim. Quem pode dizer que isto não é assim?
“O fruto do conhecimento do bem e do mal” eleva a alma e abafa o espírito. Deus não proíbe o homem de comer deste fruto apenas para testá-lo. Ele o proíbe por saber que ao comer esse fruto, a alma do homem será tão estimulada a ponto de abafar a vida do espírito. Isso quer dizer que o homem perderá o verdadeiro conhecimento de Deus e estará assim morto para Ele. A proibição de Deus revela Seu amor. O conhecimento do bem e do mal neste mundo é em si mesmo mal. Tal conhecimento surge do intelecto da alma do homem. Ele incha a vida da alma e conseqüentemente esvazia a vida do espírito ao ponto de perder qualquer conhecimento de Deus e tornar-se tal como morto.
Um grande número dos servos de Deus considera esta árvore da vida, como sendo Deus oferecendo vida ao mundo em Seu Filho, o Senhor Jesus. Isto é vida eterna, natureza de Deus, Sua vida não criada. Por isso, temos aqui duas árvores -uma germina vida espiritual enquanto que a outra desenvolve a vida da alma. O homem em seu estado original não é nem pecaminoso, nem santo e justo. Ele fica entre os dois. Ele pode aceitar a vida de Deus tornando-se assim um homem espiritual e participante da natureza divina, ou pode inchar sua vida original tornando-se da alma, impondo consequentemente, morte ao seu espírito. Deus concedeu um perfeito equilíbrio às três partes do homem. Sempre que uma parte se desenvolve em excesso, as outras são contristadas.
Nosso andar espiritual será grandemente ajudado, se entendermos a origem da alma e seu princípio de vida. Nosso espírito vem diretamente de Deus, pois é dado por Deus (Nm 16.22). Nossa alma não é tão diretamente recebida; ela foi produzida depois que o espírito entrou no corpo. Está, portanto, distintamente relacionada com o ser criado. É a vida criada, a vida natural. A utilidade da alma é realmente extensa, se ela mantiver seu devido lugar como mordomo, permitindo que o espírito seja a patroa. O homem pode então receber a vida de Deus e estar relacionado com Deus em vida. Se, todavia, esta esfera da alma torna-se dilatada, o espírito igualmente é abafado. Todos os feitos do homem serão confinados à esfera natural do criado, incapaz de estar unido à vida não criada e sobrenatural de Deus. O homem original sucumbiu à morte, porque comeu do fruto do conhecimento do bem e do mal, desenvolvendo assim, de forma anormal, sua vida da alma.
Satanás tentou Eva com uma pergunta. Ele sabia que isto despertaria o pensamento da mulher. Se ela estivesse completamente sob o controle do espírito, rejeitaria tal interrogação. Por tentar responder, ela exercitou sua mente em desobediência ao espírito. Sem dúvida, que a pergunta de Satanás estava cheia de erros, pois seu motivo principal era simplesmente incitar o esforço mental de Eva. Ele esperava que Eva até o corrigisse, mas lamentavelmente, ela ousou mudar a Palavra de Deus em sua conversa com Satanás. Conseqüentemente o inimigo foi encorajado a tentá-la no sentido de comer sugerindo que, ao comer, seus olhos seriam abertos e ela seria como Deus – conhecendo o bem e o mal. “Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto e comeu” (Gn 3.6). Foi assim que Eva considerou a pergunta. Satanás provocou seu pensamento da alma primeiro e depois avançou para apoderar-se da sua vontade. Resultado: ela caiu em pecado.
Satanás sempre usa a necessidade física como o primeiro alvo de ataque. Ele mencionou simplesmente o comer do fruto a Eva, uma coisa totalmente física. Em seguida, ele prosseguiu para seduzir sua alma, insinuando que pela satisfação seus olhos seriam abertos para conhecer o bem e o mal. Embora tal busca pelo conhecimento fosse perfeitamente legítima, a conseqüência, não obstante, conduziu seu espírito a uma rebelião franca contra Deus, pois ela compreendeu erradamente a proibição de Deus, como se brotasse de uma má intenção.
A tentação de Satanás alcança primeiro o corpo, depois a alma e finalmente o espírito.
Após ser tentada Eva deu sua decisão:
1. Primeiro: “a árvore era boa para se comer”. Isto é a “cobiça da carne”. Sua carne foi a primeira a ser despertada.
2. Segundo: “era agradável aos olhos”. Isto é a “cobiça dos olhos”. Agora tanto seu corpo como sua alma haviam sido seduzidos.
3. Terceiro: “a árvore era desejável para dar entendimento”. Isto é a “soberba da vida”. Tal desejo manifestou a agitação da sua emoção e vontade. Sua alma estava agora agitada além do controle. Ela não mais dava apoio como um espectador, mas havia sido incitada a desejar o fruto. Quão perigosa é uma emoção humana dominadora!
Por que devia Eva cobiçar o fruto? Não era simplesmente a cobiça da carne e a cobiça dos olhos, mas também o impulso da curiosidade pela sabedoria. Na busca da sabedoria e conhecimento, mesmo do assim chamado “conhecimento espiritual”, as atividades da alma podem ser frequentemente detectadas. Quando alguém procura aumentar seu conhecimento, por meio de ginásticas mentais nos livros, sem esperar em Deus e sem buscar a condução do Espírito Santo, sua alma está claramente em plena atividade. Isso vai reduzir sua vida espiritual. A queda do homem foi ocasionada pela busca de conhecimento, por isso, Deus usa a loucura da cruz para “destruir a sabedoria do sábio”. O intelecto foi a causa principal da queda, por isso, para alguém ser salvo é preciso que creia na loucura da Palavra da cruz, em vez de depender da sua inteligência. A árvore do conhecimento provoca a queda do homem, por isso Deus emprega a árvore da loucura (1Pe 2.24) para salvar almas. “Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus” (1Co 3.1820; veja também 1.18-25).
Tendo revisto cuidadosamente o registro da queda do homem, podemos ver que, ao rebelar contra Deus, Adão e Eva desenvolveram suas almas ao ponto de substituírem seus espíritos e precipitarem-se nas trevas. As partes proeminentes da alma são a mente do homem, vontade e emoção. A vontade é o órgão da decisão, portanto, o senhor do homem. A mente é o órgão do pensamento, enquanto que a emoção é o órgão da afeição. O apóstolo Paulo nos diz que “Adão não foi enganado”, indicando que a mente de Adão não foi confundida naquele dia fatal. Quem tinha a mente fraca era Eva: “a mulher sendo enganada, caiu em transgressão” (1Tm 2.14). Segundo o registro de Gênesis está escrito que “a mulher disse: a serpente enganou-me e eu comi” (Gn 3.14); mas que “o homem respondeu: a mulher que me deste por companheira deu-me (não enganou-me) da árvore e eu comi” (Gn 3.12). Adão, obviamente, não foi enganado; sua mente estava clara e ele sabia que o fruto era da árvore proibida. Ele comeu por causa da sua afeição pela mulher. Adão sabia que as palavras da serpente eram nada mais que o engano do inimigo. Pelas palavras do Apóstolo, somos levados a ver que Adão pecou de liberadamente. Ele amava Eva mais do que a si mesmo. Ele fez dela o seu ídolo e por amor a ela estava disposto a rebelar-se contra o mandamento do seu Criador. Que lamentável que sua mente tenha sido anulada por sua emoção e seu raciocínio vencido por sua afeição! Por que é que os homens “não creram na verdade?” Porque “tiveram prazer na injustiça” (2Ts 2.12). Não é que a verdade seja irracional, mas, sim, que não é amada. Por isso, quando alguém verdadeiramente volta-se para o Senhor, ele “crê com o coração (não a mente) para a justiça” (Rm 10.10).
Satanás moveu Adão a pecar apoderando-se da sua vontade através da sua emoção; enquanto que Eva foi tentada a pecar apoderando-se ele da sua vontade através do canal de uma mente obscurecida. Quando a vontade, mente e emoção do homem foram envenenadas pela serpente e o homem seguiu após Satanás ao invés de seguir a Deus, seu espírito, que era capaz de comungar com Deus, sofreu um golpe fatal. Aqui podemos ver a lei que governa a obra de Satanás. Ele usa as coisas da carne (comer o fruto) para seduzir a alma do homem a pecar; tão logo a alma peca, o espírito cai em trevas absolutas. A ordem da sua operação é sempre assim: do exterior para o interior. Se não começar com o corpo, então ele começa trabalhando na mente ou na emoção, a fim de alcançar a vontade do homem. No momento em que a vontade do homem se sujeita o Satanás, ele toma posse de todo o seu ser e executa o espírito. Mas, não é assim com a obra de Deus, que é sempre do interior para o exterior. Deus principia Sua obra no espírito do homem e prossegue iluminando sua mente, despertando sua emoção e levando-o a exercitar sua vontade sobre seu corpo, a fim de levar à realização a vontade de Deus. Todas as obras satânicas são feitas do exterior para o interior; todas as obras divinas são do interior para o exterior. Desta forma, podemos distinguir aquilo que vem de Deus e o que vem de Satanás. Tudo isso nos ensina, adicionalmente, que uma vez que Satanás captura a vontade do homem, então ele está no controle sobre aquele homem.
Devemos observar, cuidadosamente, que a alma é onde o homem expressa sua vontade livre e exerce seu próprio domínio. Por esta razão, a Bíblia sempre registra que é a alma que peca. Por exemplo: “o pecado da minha alma” (Mq 6.7), “a alma que pecar” (Ez 18.4,20). E nos livros de Levítico e Números freqüentemente menciona-se que a alma peca. Por quê? Porque é a alma que escolhe pecar. Nossa descrição de pecado é: “A vontade aceita a tentação”. O pecar é um vontade da alma; por conseguinte, a expiação deve ser para a alma: “Quando derem a oferta do Senhor, para fazerdes expiação por vossas almas” (Êx 30.15); “Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas” (Lv 17.11); “Para fazer expiação pelas nossas almas perante o Senhor” (Nm 31.50). Visto que a alma é que peca, conclui-se que é a que precisa ser expiada. E ela só pode ser expiada além disso, por uma alma:
“Foi do agrado de Jeová moê-lo; ele o sujeitou ao sofrimento… tu farás sua alma uma oferta pelo pecado… Ele verá o fruto do trabalho da sua alma e ficará satisfeito… ele derramou a sua alma na morte…; ele levou o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu” (Is 53.10-12).
Examinando a natureza do pecado de Adão, nós descobrimos que, à parte da rebelião, existe também um certo tipo de independência. Não devemos perder de vista aqui a vontade livre. Por um lado, a árvore da vida implica um sentido de dependência O homem naquela ocasião não possuía a natureza de Deus, mas se tivesse participado do fruto da árvore da vida, poderia ter obtido a vida de Deus; o homem poderia ter alcançado seu ápice possuindo a própria vida de Deus. Isto é dependência. Por outro lado, a árvore do conhecimento do bem e do mal sugere independência, porque o homem esforçou-se pelo exercício da sua vontade, pelo conhecimento não prometido, por algo não outorgado a ele por Deus. Sua rebelião declarou sua independência. Rebelando-se, ele não precisava depender de Deus. Além disso, sua busca pelo conhecimento do bem e do mal também manifestou sua independência, pois não estava satisfeito com o que Deus já havia concedido. A diferença entre o espiritual e o que é da alma é clara como cristal: o espiritual depende completamente de Deus, e satisfaz-se totalmente com o que Deus deu; o da alma foge de Deus e cobiça o que Deus não concedeu, principalmente o “conhecimento”. A independência é uma característica especial daquilo que é da alma. Não importa quão boa seja determinada coisa; pode ser até o culto a Deus. Porém, se para fazê-la completa confiança em Deus não é exigida, mas, pelo contrário, a confiança está depositada na própria força da pessoa, ela é inquestionavelmente da alma. A árvore da vida não pode crescer dentro de nós junto com a árvore do conhecimento. Rebelião e independência explicam todo pecado cometido pelos pecadores e pelos santos.
2. Espírito, Alma e Corpo Após a Queda
Adão vivia pelo fôlego de vida tornando-se o espírito nele. Pelo espírito ele percebia a Deus, conhecia a voz de Deus e comungava com Deus. Ele possuía uma consciência muito aguda de Deus, mas depois de sua queda seu espírito morreu.
Quando Deus falou com Adão no princípio Ele disse: “no dia em que dela comeres (o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal) certamente morrerás” (Gn 2.17). Entretanto, Adão e Eva continuaram a viver por centenas de anos depois de comerem do fruto proibido. Obviamente, isto indica que a morte predita não era física. A morte de Adão começou no seu espírito.
A. O Que é a Morte? Segundo a definição científica, morte é “a suspensão da comunicação com o ambiente”. A morte do espírito é a suspensão da sua comunicação com Deus. A morte do corpo é a interrupção da comunicação entre este e o espírito. Por isso, quando dizemos que o espírito está morto, não significa que não haja mais espírito; quer dizer simplesmente que o espírito perdeu sua sensibilidade para com Deus e assim está morto para Ele. A situação exata é que o espírito está incapacitado de ter comunhão com Deus. Usemos como ilustração um mudo: ele tem boca e pulmões, mas algo está errado com suas cordas vocais tornando-o sem capacidade para falar. No tocante à linguagem humana, sua boca pode ser considerada como morta. Semelhantemente o espírito de Adão morreu por causa da sua desobediência a Deus. Ele ainda tinha seu espírito, todavia estava morto para Deus porque havia perdido seu instinto espiritual. Isto ainda é assim: o pecado destruiu o aguçado e intuitivo conhecimento de Deus que o espírito possuía tornando o homem espiritualmente morto. Ele pode ser religioso, respeitável, educado, capaz, forte e sábio, mas está morto para Deus. Ele pode até mesmo falar sobre Deus, raciocinar sobre Deus e pregar a Deus, mas ainda assim está morto para Ele. O homem não pode ouvir ou sentir a voz do Espírito de Deus. Por isso, no Testamento, Deus freqüentemente se refere àqueles que estão vivendo na carne como mortos.
A morte que iniciou no espírito de nosso antepassado gradativamente até alcançar seu corpo. Embora continuado a viver por muitos anos depois que seu espírito morreu, a morte, todavia, continuou operando nele até que seu espírito, alma e corpo estivessem mortos. Seu corpo que poderia ter sido transformado e glorificado, retornou ao pó. Porque seu homem interior precipitou-se no caos, seu corpo exterior deve morrer e ser destruído. A partir dali o espírito de Adão (como também os de todos os seus descendentes) caiu sob a opressão da alma até que, gradativamente, uniu-se com a alma tornando-se as duas partes intimamente unidas. O escritor de Hebreus diz que a Palavra de Deus vai penetrar e dividir alma e espírito (4.12). A separação é necessária porque o espírito e a alma tornaram-se um. Enquanto estiverem intimamente unidos o homem será lançado por eles no mundo psíquico. Tudo é feito segundo os preceitos do intelecto ou sentimento. O espírito perdeu seu poder e impressão, como se estivesse em profundo sono. Qualquer instinto que ele tenha para conhecer e servir a Deus, está completamente paralisado. Ele permanece em coma como se não existisse. Este é o significado de Judas 19: “naturais, não tendo espírito” (literal). Certamente isso não quer dizer que o espírito humano deixa de existir, pois Números 16.22 diz claramente que Deus é “o Deus dos espíritos de toda carne”. Todo ser humano ainda tem em sua posse um espírito, embora esteja obscurecido pelo pecado e impotente para manter comunhão com Deus.
Por mais morto que esse espírito esteja para com Deus, ele ainda pode permanecer tão ativo como a mente ou o corpo. Ele é considerado morto para Deus, mas ainda é muito ativo em outros aspectos. Algumas vezes o espírito de um homem caído pode ser até mais forte do que sua alma ou corpo e ganhar domínio sobre todo o seu ser. Tais pessoas são “espirituais”, da mesma forma que muitas pessoas são grandemente da alma ou do corpo, pois seus espíritos são muito maiores do que os das pessoas comuns. Estes são os feiticeiros e bruxos, e verdadeiramente mantém contatos com a esfera espiritual, só que realizam isso através do espírito maligno e não pelo Espírito Santo. Desta forma, o espírito do homem caído está aliado com Satanás e seus espíritos maus. Está morto para Deus, entretanto bem vivo para Satanás e segue o espírito mal que agora opera nele.
Rendendo-se à exigência das suas paixões e cobiças, a alma tornou-se escrava do corpo de tal forma que o Espírito Santo considera inútil contender pelo lugar de Deus neste alguém. Daí a declaração da Escritura: “Meu Espírito não pleiteará para sempre com o homem; porque ele é realmente carne” (Gn 6.3). A Bíblia refere-se à carne como sendo o composto da alma regenerada e a vida física embora mais freqüentemente indique o pecado que está no corpo. Uma vez que o homem esteja totalmente sob o domínio da carne, ele não tem possibilidade de liberar-se. A alma tomou o lugar de autoridade do espírito. Tudo é feito independentemente e segundo as ordens da sua mente. Mesmo em questões religiosas, na mais acalorada busca de Deus, tudo é realizado pela força e vontade da alma do homem, sem a revelação do Espírito Santo. A alma não está apenas independente do espírito; adicionalmente ela está sob o controle do corpo. Ela é solicitada a obedecer, a executar e cumprir as cobiças, paixões e exigências do corpo. Cada filho de Adão está, não somente morto em seu espírito, mas ele é também “da terra, terreno” (1Co 15.47). Os homens caídos são governados completamente pela carne, andando em reação aos desejos das suas vidas da alma e das paixões físicas. Estes estão incapacitados de ter comunhão com Deus. Às vezes eles exibem sua inteligência, em outras ocasiões suas paixões, porém, o mais freqüente são ambas: inteligência e paixão. Sem impedimento, a carne está em rígido controle sobre o homem total.
Isto é o que está esclarecido em Judas: “… escarnecedores, andando segundo as suas ímpias concupiscências. Estes são os que se põem à parte, homens naturais, não tendo espírito”. Ser da alma é antagônico ao ser do espírito, nossa parte mais nobre, a parte que pode unir-se a Deus e que deve regular a alma e o corpo, está agora sob o domínio da alma, aquela parte em nós que é terrena tanto no motivo como no alvo. O espírito foi despojado da sua posição original. A condição atual do homem é anormal, por conseguinte, ele é descrito como não tendo espírito. O resultado de ser da alma é que ele se torna um escarnecedor, buscando paixões ímpias e criando divisões.
1 Coríntios 2.14 fala de tais pessoas não regeneradas desta forma: “O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” Tais homens, sob o controle de suas almas e com seus espíritos oprimidos, estão em contraste direto com as pessoas espirituais. Eles podem ser excessivamente inteligentes, capazes de apresentar idéias ou teorias magistrais, todavia não aprovam as coisas do Espírito de Deus. São inadequados para receber revelação do Espírito Santo. Tal revelação é amplamente diferente das idéias humanas. O homem pode pensar que o intelecto e o raciocínio humanos são todo-poderosos, que o cérebro é capaz de compreender todas as verdades do mundo, mas o veredicto da Palavra de Deus é: “vaidade de vaidades”.
Enquanto o homem está em seu estado da alma, ele freqüentemente sente a insegurança desta era, e, por isso, também busca a vida eterna da era vindoura. Mas mesmo que o faça, ainda é impotente para descobrir a Palavra da vida pelo seu muito pensar e teorizar. Quão indignos de confiança são os raciocínios humanos! Freqüentemente observamos como pessoas muito inteligentes colidem em suas diferentes opiniões. As teorias conduzem o homem facilmente ao erro. São castelos no ar, atirando-o nas trevas eternas.
Quão verdadeiro é que, sem a liderança do Espírito Santo, o intelecto não é apenas indigno de confiança, mas também extremamente perigoso, porque freqüentemente confunde a questão do certo e errado. Um pequeno descuido pode provocar não só a perda temporária, mas até danos eternos. A mente entenebrecida do homem muitas vezes o conduz à morte eterna. Se as almas não regeneradas apenas pudessem ver isto, quão bom seria!
Enquanto o homem é carnal, ele pode ser controlado por mais do que simplesmente a alma; ele pode estar sob a direção do corpo também, porque a alma e o corpo estão intimamente entrelaçados. Pelo fato do corpo de pecado estar abundando em desejos e paixões, o homem pode cometer os mais hediondos pecados. Visto que o corpo é formado do pó, assim sua tendência natural é em direção à terra. A introdução do veneno da serpente no corpo do homem transforma todos os seus desejos legítimos em lascívia. Tendo cedido uma vez ao corpo, em desobediência a Deus, a alma vê-se compelida a ceder toda vez. Os baixos desejos do corpo podem ser freqüentemente manifestados por meio da alma. O poder do corpo torna-se tão irresistível que a alma não consegue senão ser o escravo obediente.
A ideia de Deus é que o espírito tenha a preeminência, governando nossa alma. Mas uma vez que o homem torna-se carnal, seu espírito afunda em servidão à alma. Maior degradação sucede quando o homem torna-se “material” (do corpo), pois o corpo, mais baixo, ergue-se para ser soberano. O homem desceu então do
“controle do espírito” para o “controle da alma”, e do “controle da alma” para o “controle do corpo”. Ele afunda cada vez mais profundamente. Quão lamentável deve ser quando a carne ganha o domínio.
O pecado matou o espírito: morte espiritual então, torna-se a porção de todos, pois todos estão mortos em delitos e pecados. O pecado levou a alma a ser independente: a vida da alma é, portanto, uma vida egoísta e obstinada.
O pecado finalmente deu autoridade ao corpo: a natureza pecaminosa conseqüentemente reina através do corpo.
FONTE:
http://nascidodenovo.org/v4/estudos-biblicos/7-a-queda-do-homem-antropologia/#sthash.VwjNZXbF.dpuf
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