QUEM FOI NOSTRADAMUS?
Michel
de Nostre Dame (1503-1566) ou Notredame, mais tarde Nostradamus, nasceu
no dia 14 de dezembro de 1503, na cidade de Saint-Rémy, Provence,
França. Seus pais eram judeus e, aos 9 anos de idade, ele e sua família
ingressaram no catolicismo.
Desde cedo, demonstrou interesse pela
matemática e pela astrologia, tendo recebido orientação nesse sentido
do seu avô, Jean. Fez o curso de medicina e trabalhou intensamente no
tratamento de vítimas da peste, epidemia que se alastrava na França no
século XVI. Em 1530, sua primeira mulher e seus dois filhos morreram de
peste.
Em 1555, então com 52 anos, ele publicou a primeira parte
das suas ditas "centúrias". Ao todo são dez livros ou centúrias e cada
centúria é composta de cem quadras, daí o nome centúria, dado a cada um
dos livros, embora a autoria de uma parte de sua obra seja
controvertida.
O PROBLEMA DA FONTE
Como
crentes na Bíblia, nossa primeira preocupação com os escritos de
Nostradamus não é se suas predições se cumpriram ou não, mas, sim, qual é
a alegada origem dessas predições. O fato de uma predição se cumprir
não encerra a questão: "Quando um profeta ou sonhador de sonhos se
levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal
sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: vamos após outros
deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; não ouvirás as palavras
daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos
prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo o vosso
coração, e com toda a vossa alma" (Dt 13.1-3).
Os profetas
bíblicos não eram meros prognosticadores do futuro. Suas mensagens não
se resumiam em falar o que ia acontecer. A inspiração divina em seus
lábios tinha por objetivo revelar os planos de Deus e manifestar a
vontade do Senhor. O povo estava acostumado a buscar os necromantes e
adivinhos para saber a respeito do futuro. Os profetas bíblicos
anunciavam todo o propósito de Deus, relacionando-os com o futuro
somente quando assim era necessário.
Mas Nostradamus nada teve em
comum com esses profetas. Seus métodos estavam mais de acordo com os
oráculos pagãos da Grécia e de Roma, ou com os bruxos da Idade Média, ou
mesmo com os atuais praticantes do espiritismo, do que com os profetas
de Deus. Essa distinção é vital!
Em verdade, não é o fato de
prever ou não o futuro que distingue os mensageiros de Deus, mas o poder
que está por trás de suas palavras. E, neste caso, a fonte do suposto
poder de Nostradamus não está oculta aos pesquisadores. Vejamos o que
revela a seguinte declaração: "Diz (Nostradamus) na Carta a Henrique II
que se utilizou em parte da mesa de três pés, isto é, do tripé de bronze
(Tripode Aeneo), usado desde a antiguidade, como, por exemplo, pela
pitonisa Pítia, de Delfos, e, hoje, pelos espíritas, a partir de Allan
Kardec, que usavam mesa de três pés, mesmo de madeira [...] Parece que
esta declaração espontânea, ao começar as Centúrias, indica que ele
praticava a magia [...] Sabe-se que este processo foi praticado pelos
sacerdotes assírios, caldeus, egípcios, persas, gregos e de outros
povos".(1)
Diante disso, é fácil perceber, mesmo por seus textos
mais famosos, elementos comuns às artes mágicas e ao ocultismo, como
fogo, transe e fumaça de enxofre. Em sua famosa carta ao seu filho
César, há inúmeras declarações nas quais ele deixa transparecer seu
ocultismo. Num trecho desta ele diz: "Certamente, meu filho, falo de
modo um tanto incompreensível. Mas os fatos ligados a previsões
secretas, transmitidos pelo espírito sutil do fogo, confundem, às vezes,
o entendimento [...] Todavia, uma vez por semana caio numa espécie de
estado de transe. Por meio de apurados cálculos, limpo posteriormente
minhas anotações noturnas dos vapores de enxofre, conferindo-lhes aroma
agradável".(2)
Não é novidade para nenhum biógrafo de Nostradamus
que quando ele esteve em Avinhão (cidade do Sul da França), surgiu-lhe
grande interesse por tudo o que se referia ao ocultismo, pois a
biblioteca daquele lugar possuía muitos livros sobre o assunto. Também é
sabido que quando morava na cidade de Salon o andar superior de sua
casa foi convertido em um estúdio e, como ele mesmo narra em suas
profecias, fechava-se ali de noite com seus livros de ocultismo. Embora
tenha declarado haver queimado essas literaturas em ocasião posterior (o
que prova que os tinha e se utilizava deles), isso, provavelmente, foi
uma manobra para despistar a inquisição.
MUDANDO OS TERMOS
O
título de "profeta", aplicado a Nostradamus, conferiu-lhe, com o passar
dos séculos, uma aura de santidade e credibilidade indevidas.
Identificou-o erroneamente com os profetas bíblicos. Mas em verdade, se
queremos ser bíblicos, o título correto a ser aplicado a ele seria
"agoureiro", "prognosticador" ou "feiticeiro", pois estes estão mais de
acordo com a natureza e as práticas de Michel de Notredame. Nostradamus
jamais empregou expressões tais como "assim diz o Senhor". Longe de ser
um profeta, ele nada mais foi do que um adivinho ocultista.
Esta
simples manipulação de títulos tomou simpático à sociedade um personagem
que exerceu uma atividade completamente condenada por Deus nas
Escrituras. Nele, a bruxaria e a feitiçaria adquiriram glamour. Depois
de tantos séculos, ficou difícil convencer as pessoas de que uma
consulta a Nostradamus equivale a uma consulta aos praticantes de
bruxaria, tão comuns em toda a história e em todos os povos.
CUMPRIMENTOS REAIS OU APARENTES?
Outra
fama adquirida por Nostradamus e que precisa ser devidamente analisada
está ligada à exatidão de suas previsões e do grande número de acertos.
Até que ponto suas previsões foram exatas? Quantas realmente podem ser
comprovadas?
AMBIGÜIDADE
Um dos
problemas que ocorria com as previsões dos adivinhadores pagãos sempre
foi as ambigüidades, ou seja, os duplos sentidos que suas profecias
apresentavam, de modo que qualquer cumprimento se encaixava em suas
palavras.
Um célebre exemplo histórico que envolveu o oráculo de
Delfos foi narrado por Heródoto, considerado o pai da História. Ele
conta que havia na cidade de Lídia um rei muito rico, de nome Creso, que
estava sendo atacado por Ciro, o persa. Como Ciro, para chegar às suas
terras, teria de atravessar um rio, Creso consultou o oráculo para saber
se aguardava a travessia do rio para lhe dar combate ou se ele
atravessava o rio para ir ao encontro de Ciro. A resposta do oráculo
foi: "Se tu atravessares o rio, um grande reino cairá". Confiante que
derrubaria então o reino da Pérsia liderado por Ciro, Creso atravessou o
rio e lhe deu combate. Foi completamente vencido e aprisionado e, de
fato, um grande reino caiu - o dele. A ambigüidade está no fato de que
ambos os reinos eram grandes e, portanto, independente do resultado, o
oráculo tinha assegurado seu "acerto".
Comentaremos um exemplo de
ambigüidade nos textos de Nostradamus, em uma análise feita por um
estudioso de suas profecias, referente à guerra em Kososvo, em 1999.
O
conflito que aconteceu na província de Kosovo, na Iugoslávia, foi
interpretado por muitos astrólogos e estudiosos das profecias de
Nostradamus como o início da guerra prevista pelo francês, que em sua
centúria X, quadra 72, teria dito:
"No ano de 1999, sétimo mês Do
céu virá um grande rei de assustar Ressuscita o grande rei de
Angoulmois, Antes depois Marte reina pela felicidade".
Veja só o
que Fábio Araújo, criador do site "profecias on-line", disse sobre a
quadra 72 em 1999: "A primeira linha é clara e diz somente 'em julho de
1999'. Entendo que a expressão do céu virá pode ser entendida como um
extraterrestre. Mas pode ser também que esteja usando uma expressão para
dizer que "um rei de assustar" será um rei bom, ou seja, ele virá do
céu e não do inferno [...] A terceira linha diz: 'Ressuscita o grande
rei de Angoulmois' , que designa, provavelmente, dois personagens: o
anticristo, vindo da Ásia, e o futuro salvador da Europa, que seria
descendente de Luís XVI, morto na guilhotina com sua esposa na Revolução
Francesa, em 1792. Bem, o conflito na Iugoslávia começou em março deste
ano (1999) e a hipótese de uma guerra mundial já foi colocada em cena
pelo presidente da Rússia, Boris Yeltsin, que ameaçou apontar mísseis
russos para os países da Otan, a aliança ocidental liderada pelos
Estados Unidos que atacou a província de Kosovo. Seria este o estopim da
Terceira Guerra Mundial?".(3)
Como vemos pelas expressões "pode
ser", "provavelmente", "seria", etc., seus textos podem oferecer
diversas aplicações. Seu relacionamento com a guerra de Kosovo
mostrou-se sem fundamento desde então e, provavelmente, voltará a ser
aplicado a outro evento qualquer. E o pior, provavelmente será crido por
muitos.
HERMENÊUTICA DUVIDOSA
Como
sabemos, as centúrias foram escritas em uma linguagem de códigos,
símbolos e imagens. Não há referências diretas a acontecimentos futuros,
mas para se chegar a isto se faz necessário uma interpretação, ou seja,
uma hermenêutica de seu texto.
Na teologia bíblica foi
desenvolvida, com o decorrer dos anos, uma hermenêutica que
possibilitasse interpretar corretamente seu significado. Portanto,
existem regras de interpretação que devem ser obedecidas.
Com
relação às profecias de Nostradamus isto não ocorre. Os que se
propuseram a interpretar seus escritos não possuem uma regra e criam
várias delas arbitrariamente sem qualquer base segura. Desta forma, se
torna fácil adaptar eventos históricos às centúrias, fazendo que estas
signifiquem o que aconteceu. Como exemplo, tomemos uma interpretação
feita por um dos maiores estudantes das profecias de Nostradamus,
Jean-Charles de Fontbrune. Vejamos, a seguir, a tradução da centúria 84
que, segundo Fontbrune, versa sobre o nascimento do anticristo na Ásia e
sua penetração até a França:
"Ele nascerá da infelicidade e numa
cidade incomensurável (cidade chinesa ou japonesa), filho de pais
obscuros e pérfidos; quando o poder do grande rei (da França) for
reconhecido, ele destruirá (o Ocidente) até Rouen e Evreux".(4)
Na
própria tradução o autor já interpreta os textos, alterando-o segundo
sua própria opinião. Por que a referida cidade incomensurável tem de ser
chinesa ou japonesa e não outra qualquer? O que determina esse
posicionamento? Por que o grande rei tem de ser o da França? Por que a
destruição se refere ao Ocidente?
"As chamadas profecias de
Nostradamus foram escritas numa linguagem tão herméticas (de compreensão
difícil) que todos - absolutamente todos - os acontecimentos
fundamentais da história da humanidade podem ser por elas explicados:
mas somente depois de acontecerem (nunca antes do acontecimento), e isso
graças aos aguerridos intérpretes das famosas centúrias. Elas não são
herméticas por serem proféticas, mas são proféticas por serem
herméticas".(5)
CUMPRIMENTO PÓS-FATO
Todas
as vezes que se relacionaram as profecias de Nostradamus com algum
acontecimento, não foi previamente. Ninguém predisse a história com
alguma centúria dele. Mas quando algum fato marcante aconteceu, ou
durante algum estudo da história, foi dito: "Nostradamus já havia
predito isto em tal e tal lugar". Vejamos o exemplo da execução de Maria
Antonieta (rainha da França, esposa de Luís XVI), na Sextilha 55:
"Ante
o povo, pouco depois a rainha será guilhotinada e sua alma subirá ao
céu. Será lamentada por muitos. Seus parentes ficarão aflitos: as
lágrimas e suspiros de sua filha. Deixará de luto seus dois (cunhados)".
Mas
o texto original em francês não diz guilhotinada, até porque esta ainda
não tinha sido inventada no tempo de Nostradamus. Diz apenas que sua
alma foi para o céu e seu corpo para a lama. A expressão "cunhados", que
aparece entre parênteses na tradução, foi apenas uma tentativa de
adaptar a suposta profecia ao suposto cumprimento.
USO ARBITRÁRIO DOS TEXTOS
Um
exemplo muito curioso está relacionado ao período hitlerista (Hitler).
Goebbels, o ministro de comunicação do terceiro Reich (período nazista),
responsável por toda a propaganda nazista, utilizou-se frequentemente
de Nostradamus. Ele escreveu em seu diário, em 1942: "Foi traçado um
plano, mostrando como podemos obter ajuda do ocultismo em nossa
propaganda. Estamos realmente fazendo progressos [...] Portanto, estamos
contratando os serviços de todos os peritos que podemos encontrar em
ocultismo, profecias, etc. Nostradamus terá, novamente, de conformar-se
em ser citado".(6)
Ele (Goebbells) se apropriou de uma suposta
profecia da centúria 3, quadra 8, que parecia indicar uma derrota total
da França, para incentivar seus soldados de que a vitória já estava
garantida. Quando ele começou a campanha contra a França, Nostradamus
estava em todas as bocas. Até nos EUA se ouvia dizer: "Ele predisse
tudo". Mas, em seguida, houve tanta confusão e o fim foi a derrota total
de Hitler e de sua Alemanha.
Podemos então perceber como é fácil interpretar Nostradamus para qualquer propósito.
A PROFECIA BíBLICA
"Nenhuma ciência é mais bem comprovada do que a religião da Bíblia" (Isaac Newton).
Uma
breve comparação com a exatidão das profecias bíblicas já é o
suficiente para perceber a diferença entre esta e as centúrias de
Nostradamus. Embora tenha sua linguagem própria e sua própria
hermenêutica, alguns fatores devem ser levados em consideração:
Existem cerca de trezentas profecias que se cumpriram literalmente na vida de Jesus, como o Messias de Israel.
Entre
essas predições, muitas delas envolviam lugares e acontecimentos
exatos, como a cidade onde nasceu, a forma como falou, a forma como
morreu e o resultado de sua obra. Não há nada escondido, não é
necessário tecer conjeturas e suposições arbitrárias para
"interpretá-las". Tudo é muito claro! Um especialista em probabilidade,
Peter Stoner, em seu livro A ciência fala, calculou que a chance de um
homem que tenha vivido até hoje cumprir somente oito das mais de
trezentas profecias messiânicas é de 1 para 10.
Existem profecias
no Antigo Testamento sobre cidades como Nínive, Babilônia, Tiro, Petra,
etc, que tiveram cumprimento literal. Tomando somente uma das cidades
para exemplo, temos que a probabilidade de se cumprirem todas as
predições acerca de Tiro é de 1 para 75.000.000. Isso prova que só Deus
conhece infalivelmente o futuro.
Profecias sobre o retorno e o
renascimento de Israel à Palestina (Is 66.8), que se encontram em toda a
Escritura, são um cumprimento histórico significativo, muito superior
às supostas previsões do adivinho francês, e estão diante dos olhos do
mundo inteiro.
Mas se isso tudo é assim, por que então as pessoas
não se voltam para as profecias bíblicas? Por que preferem ficar a
mercê do subjetivismo e manipulação das centúrias? Por que se predispõem
a crer num "agoureiro", considerado por alguns estudiosos do assunto
como o "profeta" da moda? Cremos que é possível encontrar nas palavras
do apóstolo Paulo pelo menos um indício disso: "O deus deste século
cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a
luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus" (2Co 4.4).
NOTAS
1 O pensamento vivo de Nostradamus, coordenação de Martin Claret, Editora Martins Claret, p. 68,70.
2 Ibid., p. 14,19.
3 http://www.fenomeno.trix.net/ fenomeno _inexplicavel1 textosprofecia.htm
4 Nostradamus - historiador e profeta, JeanCharles Fontbrune, Círculo do Livro, 1980, p. 519.
5 Adaptado do site http://www.abdias.jor.br/ desamores.html
6 Doutor Goebbels, Roger Manvell e Heintich Fraenkel. Record, 1960, p. 203.
FONTE:
http://www.jesussite.com.br/acervo.asp?Id=1036
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