Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

12 de julho de 2014

Códice Sinaítico: um dos maiores tesouros escritos do mundo

Códice Sinaítico


O biblista português Armindo Vaz, professor na Universidade Católica, foi espreitar ao computador mal soube da notícia, dada pelo Público: anteontem a British Library colocou na Internet as 800 páginas do Codex Sinaiticus, um dos mais antigos (ou mesmo o mais antigo) dos manuscritos bíblicos existentes, datado do século IV. As folhas estavam dispersas em quatro bibliotecas - Londres, Leipzig, São Petersburgo e Monte Sinai - e estão desde ontem todas reunidas à distância do clique do computador.

"É um dos manuscritos mais importantes da Bíblia", comenta o padre Armindo Vaz, que nas suas aulas na Católica já vinha anunciando aos alunos a colocação do códice na Internet. Opinião confirmada pelo director de manuscritos ocidentais da biblioteca britânica, Scot McKendrick: "O Codex Sinaiticus é um dos maiores tesouros escritos do mundo."


Tem "uma enorme importância para a história da fixação do cânone bíblico", acrescenta Armindo Vaz. Isto quer dizer que, nos primeiros anos do século IV, o Códice Sinaítico, como pode ser designado em português, já continha todos os livros que viriam a ficar na Bíblia cristã: todos os do Antigo Testamento na versão dos Septuaginta (ou dos Setenta, utilizada pelos judeus da diáspora, em que se incluíam mais sete livros que na utilizada em Israel) e todo o Novo Testamento tal como o conhecemos hoje.


Mas o Codex Sinaiticus continha ainda dois outros livros, que acabaram por não ganhar o direito a ficar no cânone bíblico tal como hoje o conhecemos: O Pastor, de Hermes, um livro apocalíptico (do qual existe já uma versão em português, editada pela Universidade Católica/Livraria Alcalá), e a Carta de Barnabé.


A inclusão destes dois textos no códice significa que outros livros "andaram por dentro do cânone", até este ser fixado - durante o século IV ele ganha forma quase definitiva, mas só na época da Reforma protestante, há cinco séculos, fica definitivamente estabelecido. A Igreja Católica assumiria os sete deuterocanónicos, assim chamados (Tobias, Judite, Macabeus I e II, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc), os protestantes não os incluiriam, enquanto a Bíblia utilizada pelos ortodoxos contém ainda mais alguns.



Uma longa aventura

A importância do Codex Sinaiticus traduz-se ainda no facto de ele demonstrar que as comunidades cristãs dos primeiros séculos utilizavam essa versão dos Septuaginta como favorita.


A possibilidade de consultar agora na Internet o manuscrito deste códice põe fim a uma longa aventura das folhas por vários cantos da Europa. O filólogo e arqueólogo alemão Constantin von Tischendorf descobriu, em 1859, o manuscrito no Mosteiro de Santa Catarina, no Monte Sinai (Egipto). Estando à procura de manuscritos, ao serviço do czar russo, Tischendorf convenceu os monges a deixarem-no levar a Bíblia, para ser copiada em São Petersburgo.


O arqueólogo depositou uma parte do manuscrito na Biblioteca de Leipzig (Alemanha) e outra na de São Petersburgo (Rússia). A maior parte do códice seria, já em 1953, adquirida pela British Library. No Egipto, os monges descobriram entretanto, em 1975, mais uma dúzia de fólios, soterrados em escombros de paredes antigas.


Há quatro anos, as quatro instituições que guardavam partes do códice resolveram juntar-se para restaurar o manuscrito, digitalizar todas as 800 páginas ainda recuperáveis (entre as 1460 originais) e disponibilizá-las online. O Mosteiro de Santa Catarina ainda hesitou, explica-se no site do manuscrito, mas acabou por aderir ao projecto.


O texto foi escrito em grego, por vários escribas, que utilizaram pergaminho de pele de boi, em folhas que medem 40 centímetros por 35. "É um dos mais antigos tesouros escritos do mundo", afirmou ontem Scot McKendrick, citado pela Reuters.


O outro códice contemporâneo deste é o Codex Vaticanus, que data da mesma época e está desde 1475 guardado nos arquivos da Santa Sé, e que contém também praticamente os mesmos textos.


A British Library tem patente uma exposição sobre o manuscrito, a propósito do lançamento do site, e que inclui vários artefactos históricos relacionados com o códice.


António Marujo (In Público)
Fotografias: Codex Sinaiticus
FONTE:
http://www.snpcultura.org/vol_codex_sinaiticus_um_dos_maiores_tesouros_escritos_mundo.html


DESCOBERTA
O Códice Sinaítico foi descoberto por Constantin von Tischendorf, em sua terceira visita ao Mosteiro Ortodoxo de Santa Catarina, no sopé do Monte Sinai (Egipto), em 1859. Nas duas primeiras viagens, ele conseguiu partes do Antigo Testamento, encontrados num cesto que continha pedaços de vários manuscritos. Tischendorf teria ouvido de um bibliotecário que aqueles manuscritos eram lixo, e que seriam queimados no forno do mosteiro. O imperador da Rússia Alexandre II o enviou para procurar os demais manuscritos, os quais ele estava convencido de que estariam no próprio mosteiro.

A história de como Tischendorf  localizou o manuscrito, que continha a maioria do Antigo Testamento e todo o Novo Testamento, tem todo o drama de um romance. Tischendorf chegou no mosteiro em 31 de janeiro de 1859; mas suas buscas pareciam infrutíferas. Em 4 de fevereiro, ele tinha resolvido retornar para casa. Eis o seu próprio relato sobre sua grande descoberta:
Na tarde deste dia eu estava caminhando com o comissário de bordo do convento na vizinhança, e quando retornamos, em direção ao ocaso, ele implorou-me para que tomasse um refresco com ele nos seus aposentos. Mal entramos no lugar, quando, resumindo nosso assunto anterior de conversa, ele disse: “E eu, demais, li um Septuaginta” — isto é, uma cópia da tradução grega do Antigo Testamento feito pelos Setenta. Depois de dizer isto, ele baixou-se e, num canto do seu quarto pegou um grande volume, embrulhado num pano vermelho, e o colocou diante de mim. Quando desenrolei o volume, para minha grande surpresa, descobri não só cópia dos mesmos fragmentos que eu havia achado quinze anos antes naquele cesto de lixo, como também outras partes do Antigo Testamento, o Novo Testamento completo, e além disto, a Epístola de Barnabé e uma parte do Pastor de Hermas.
Depois que algumas negociações, ele obteve a posse deste fragmento precioso e o enviou ao Imperador Alexandre II, que logo percebeu a sua importância. O czar da Rússia enviou 9000 rublos ao mosteiro como compensação pelo manuscrito.

Embora esta história seja considerada verdadeira pela maioria dos estudiosos, existem algumas controvérsias que envolvem a transferência deste manuscrito para a Rússia. Algumas versões desta história dão conta que este manuscrito teria sido roubado do mosteiro.

Num espírito mais neutro, Bruce Metzger, um acadêmico de Novo Testamento escreve: “Certos aspectos das negociações que levaram à transferência do códex para a posse do Czar estão abertos a interpretações diversas, mas a história reflete a franqueza de Tischendorf e a boa fé dos monges do mosteiro de Santa Catarina”.

Durante muitas décadas, foi conservado na Biblioteca Nacional da Rússia. No dia de natal de 1933, a então União Soviética vendeu o Códex à Biblioteca Britânica pela incrível soma de £100,000 (libras esterlinas).

Em maio de 1975, durante um trabalho de restauração, os monges do mosteiro de Santa Catarina descobriram um cômodo em baixo da capela de São Jorge e, neste local, uma grande quantidade de fragmentos de pergaminho. Entre estes fragmentos, foram achadas doze cópias perdidas do Antigo Testamento do Códex Sinaiticus.


FONTE:
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3dex_Sinaiticus

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