Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

19 de agosto de 2013

Reflexões sobre o significado de carregar a Cruz


. . .Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se, ou causar dano a si mesmo? Porque qual¬quer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória e na do Pai e dos santos anjos". (Lucas 9:23-26). 
Durante alguns anos, supus que a cruz era um símbolo do sofrimento. Assim, qualquer tipo de sofrimento pessoal seria uma cruz que teríamos de suportar. 

Eu via as tragédias, o infortúnio, os acidentes ou as enfermidades físicas como cruzes. 

A cruz seria alguma coisa que não poderíamos evitar, algo que Deus, em Sua providência divina, permitia que me acontecesse. 

Na qualidade de discípulo de Jesus, levar a minha cruz significaria aceitar a minha tragédia e suportar todos os sofrimentos sem queixa e sem amargura. 

Deus anda conosco em todas as tragédias pessoais. 

O Deus que conta cada fio de cabelo de nossa cabeça, por certo também conta cada lágrima. 

Mas pensar que carregamos a nossa cruz primariamente através de nossas dores pessoais, é mal entender grosseiramente o sentido bíblico da cruz.

Uma cruz não é algo que Deus põe sobre nós. 

Também não é alguma tragédia ou acidente fora de nosso controle. 

Uma cruz é algo que escolhemos deliberadamente. Podemos resolver se queremos ou não aceitar a cruz. 

Notemos que Jesus usou estas palavras :

“Se alguém quer vir após mim,” . . . as quais subentendem uma escolha livre e deliberada. Para Jesus, a cruz não foi algo que Deus Pai forçou sobre Ele. 

Para Jesus, foi o resultado natural, legal e político de Seu ministério da bacia e da toalha .

Muito antes do Getsêmani, Jesus percebeu que uma cruz seria o resultado inevitável de Seu agressivo ministério da bacia e da toalha. 

Repetidas vezes, Ele advertiu a Seus discípulos que terminaria por sofrer e morrer. 

E até mesmo no Getsêmani, o apelo para que o Pai afastasse Dele o cálice, não foi, primariamente, uma luta contra um plano divino predeterminado. 

Pelo contrário foi uma luta para continuar, voluntariamente, a viver no caminho do amor, mesmo em meio à violência física. 

Ele teve de lutar contra a tentação de correr, de revidar, de retaliar em face de uma horrenda cruz.

Interpretar a cruz como algo menos do que uma escolha voluntária faz da tentação de Jesus no deserto uma mera farsa. 

Outrossim, faz de Jesus uma simples marionete incapaz de pensar e zomba da integridade de Sua vida inteira.

A cruz envolve uma decisão dispendiosa. Suas conse¬qüências sociais custam muito. 

Poderíamos parafrasear Jesus ao dizer: 
“Tomem a bacia na plena consciência de que isso pode trazer sofrimento, rejeição, castigo e aparente fracasso.” 
Jesus aclarou, de três maneiras diferentes, as incitáveis conseqüências sociais para quem queira levar a cruz. 

Antes de tudo, devemos estar dispostos a negar a ambição social antes de podermos apanhar a nossa cruz. 

Os valores que a nossa sociedade aplaude moldam a ambição pessoal. 

Negarmos a nós mesmos não é a mesma coisa que nos diminuirmos ou aviltarmos. 

Mas significa recusar-nos a permitir que os valores de nosso meio ambiente secular moldem nossas ambições sociais.

Em segundo lugar, Jesus declarou que se seguirmos o Seu caminho, poderá vir a parecer que “perdemos” nossa vida neste mundo. 

Poderemos dar a impressão que somos uns fracassados sociais, se nos atarefarmos em um significativo ministério da bacia. 

Visto que os instrumentos de nossa atividade serão então os instrumentos usados pelos escravos, e visto que os escravos são tidos como uns fracassados, poderá parecer que “perdemos” a nossa vida, de acordo com os padrões deste mundo.

Em essência, Jesus dizia que se apanharmos a bacia e a toalha, por causa Dele, o mundo, mui provavelmente, nos descartará. 

Por outro lado, se agirmos de acordo com as regras deste mundo, e parecermos bem sucedidos, poderemos “perder” a nossa vida quanto ao reino de Deus.

Um choque assim frontal entre os valores do reino de Deus e os valores deste mundo é um conceito realmente difícil de engolir. 

Mas uma exegese bem feita dificilmente poderá produzir outra interpretação.

Jesus deu a entender a terceira conseqüência social da cruz, ao falar na questão da vergonha. 

A vergonha é um conceito social. 

Jesus observou que talvez nos envergonhemos do ministério da bacia, o qual é totalmente o oposto das correntes sociais prevalecentes. 

Por algum tempo, poderemos usar da bacia e da toalha. 

Mas o ridículo poderá tentar-nos a desistir, voltando a jogar de acordo com as antigas regras. 

E assim, conforme Ele concluiu, se nos envergonharmos Dele e de Suas palavras, Ele também haverá de envergonhar-se de nós (ver Lucas 9:26). 
“Mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus” (Mateus 10:33).
Esses três indícios apontam para o fato que Jesus não estava falando sobre uma cruz interior, espiritualizada ou mística. 

Também não estava falando sobre acidentes de percurso. 

Antes, estava descrevendo uma decisão onerosa, uma decisão que arrasta atrás de si reais resultados sociais e diários (ver Lucas 9:23). 


Extraído do texto de Donald Kraybill: O Reino de Ponta-Cabeça
http://discipulosdejesuscristo.blogspot.com.br/2011/05/reflexoes-sobre-o-significado-de.html

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