João R. Weronka
O cristianismo tem enfrentado através dos séculos as mais variadas correntes filosóficas e religiosas que inventam e reinventam um Cristo completamente estranho ao da Bíblia Sagrada. Este falso Cristo é uma figura que não pode cumprir o papel que Jesus cumpriu: trazer salvação àqueles que crêem em seu nome.
Uma forma muito eficaz de verificar se algum grupo religioso foge da ortodoxia cristã, que está fundamentada única e exclusivamente nas Sagradas Escrituras, é justamente a forma como este grupo enxerga a Jesus Cristo. Existem diversas interpretações sobre a pessoa e obra de Jesus Cristo. A cristologia destes grupos varia grandemente. Jesus pode ser um médium ou mesmo um mestre iluminado, um simples profeta, um anjo, um “deus” de segunda categoria ou um ícone, um líder, um avatar de uma “era”, um espírito puro, um professor de alta moral, um veículo que recebeu o “cristo cósmico”. Jesus pode se tornar em qualquer aberração que esteja dentro do pensamento de uma mente insana, propensa a divulgar uma falsa revelação.
A
palavra “Deus” está presente nas religiões e faz parte do entendimento
religioso das pessoas. Falar sobre Deus e empregar termos como “se Deus
quiser” ou mesmo “graças à Deus” é algo que não gera desconforto e é,
num ponto de vista ecumênico, politicamente e religiosamente correto. As
pessoas não ficam desconfortáveis. A realidade é que quando falamos
sobre Jesus Cristo, e este crucificado, as pessoas não se sentem
confortáveis. A simples menção do nome de Jesus pode gerar as mais
variadas manifestações.
Mas
por que, para estas pessoas, o nome de Jesus é tão desconfortável? Pois
Jesus Cristo é Deus, e Ele mesmo afirmou isso, além é claro daqueles
que testificaram sobre Sua vida e obra. Ele veio à terra, viveu como
homem, esvaziou-se de Sua glória, não pecou, morreu na cruz, nos livrou
do pecado, ressuscitou, está nos céus e voltará para buscar a Sua
igreja. Jesus é o grande Eu Sou, venceu a morte, diferentemente dos
tantos mestres, fundadores de religiões, iluminados e gurus dos grupos
mais exóticos que existem. Por mais que nos esforcemos, por mais longo e
detalhado que sejam os livros e tratados sobre Jesus, sempre ficaremos
devendo. Jesus é superior; Jesus é Deus. Como foi muito bem definido por
Russel Norman Champlin:
“Qualquer
tentativa de expor de modo breve e completo a identificação, o
ministério e os ensino de Jesus, deve ser vista como algo semelhante à
tentativa de pôr o oceano dentro de uma xícara. A grandeza de Jesus, sua
subseqüente vastíssima influência, e nosso conhecimento relativamente
exíguo de sua vida, ministério e ensinos, de pronto nos colocam em um
dilema, porquanto qualquer esforço terá de ficar muito aquém do alvo de
uma caracterização adequada de sua pessoa.” [1]
Antes
de analisarmos biblicamente a divindade do Senhor Jesus, em confronto
ao falso Cristo dos movimentos religiosos modernos, apresentaremos, de
forma abreviada, como a igreja cristã defendeu-se das heresias
históricas, que por muitas vezes voltam a tona, em nova roupagem,
através de um novo grupo.
HERESIAS HISTÓRICAS
Muitos
foram os grupos que tentaram criar um Cristo diferente durante a
história do cristianismo, porém, todos foram devidamente respondidos
pela igreja, que pela graça trouxe a refutação às doutrinas heterodoxas
que tentavam se implantar no meio dos cristãos, através dos concílios.
Vejamos como isso ocorreu e o grupo que foi refutado:
Arianismo
Este
movimento possui este nome pois foi liderado por Ário (250-336 d.C.),
que fora presbítero de Alexandria entre o fim do século 3 e início do
século 4 depois de Cristo. Ário não admitia que Jesus era Deus, o Verbo
encarnado. Ele acreditava que isso implicaria na aproximação entre o
cristianismo e o paganismo, já que as religiões pagãs crêem na
existência de diversos deuses. Ário acreditava que Jesus teve um começo,
ou seja, que foi criado por Deus.
Sua
idéia é que houve tempo em que Jesus não existiu, ou seja, que este
fora criado por Deus, isso implica que Jesus não é eterno. O Arianismo
teve suas doutrinas refutadas quando Ário foi confrontado por Atanásio
(296-373 d.C.), num concílio convocado pelo imperador Constantino, que
contou com a presença de mais de 300 bispos. Este evento ocorreu na
cidade de Nicéia, em 325, e deste concílio surgiu o Credo Niceno, no
entanto, a cristologia ariana permaneceu, e nos dias de hoje está
presente em grupos como Cristadelfianismo, Testemunhas de Jeová e com
alguns traços no Mormonismo.
Apolinarianismo
Devido
a Apolinário (310-390 d.C.), que fora Bispo de Laodicéia no fim do
século 4, defender uma cristologia heterodoxa, esta recebeu seu nome.
Enquanto o Arianismo defendia que Cristo não era Deus, o Apolinarianismo
ia contra o ensino que Cristo possui a natureza humana, alegando que
Cristo era apenas Deus, indo contra a doutrina da encarnação, onde o
Verbo se fez carne e habitou entre nós, que está muito evidente no
capítulo 1 do Evangelho de João.
O
ponto crítico desta corrente girava em torno do conceito da mente de
Cristo. Segundo Apolinário, Cristo possuía mente (ou espírito) divino, o
que o impossibilitaria de passar por tentações genuínas. Segundo
Hebreus 2.14-17, Jesus participou de humanidade como a nossa, para que
houvesse o completo efeito da expiação. Os ensinos do apolinarianismo
também foram declarados heréticos, através do Concílio de Constantinopla
(381), onde os teólogos Basílio – “O Grande”, Gregório – Bispo de
Constantinopla, e Gregório – Bispo de Nissa, também conhecidos como Pais
Capadócios, o rejeitaram de forma veemente. Apesar de Apolinário ter
levantado certo grupo de discípulos, seus ensinos não permaneceram e seu
movimento se desfez.
Nestorianismo
Esta
doutrina está baseada nos ensinos de Nestório, que fora um pregador
famoso em Antioquia, e desde 428 d.C., Bispo de Constantinopla. Seus
ensinos foram refutados no Concílio de Éfeso, em 431. O Nestorianismo
ensinava que a pessoa divina de Cristo e sua pessoa humana estavam
divididas e com vontades divididas, mas residindo no mesmo corpo. Cirilo
de Alexandria refutou os falsos ensinos do Nestorianismo.
Eutiquianismo
Também
conhecida por Monofisismo, esta concepção de Cristo foi formulada por
Eutiques (ou Êutico, 378-454 d.C.), que fora líder de um mosteiro em
Constantinopla. O Eutiquianismo ensinava que a natureza divina de Jesus
havia absorvido a natureza humana, gerando conseqüentemente um ser com
uma terceira natureza. Esta doutrina é preocupante pois anula Cristo
como verdadeiro Deus e como verdadeiro homem, o único que pode nos
trazer salvação. Este falso ensino foi refutado em 451 no Concílio de
Calcedônia.
Neste
concílio reuniram-se 600 bispos, que pelo debate contra o Eutiquianismo
formularam uma confissão de fé que elucidou a humanidade e a divindade
de Jesus Cristo. Esta confissão cristológica permeia a crença das
igrejas Orientais Ortodoxas, Católico Romana e as igrejas oriundas da
Reforma Protestante, salvo as correntes pseudocristãs que durante a
história trouxeram falsos ensinos que perverteram a cristologia
ortodoxa.
Devido
a importância que a confissão formulada no Concílio de Calcedônia
possui, é muito importante citar a mesma na íntegra. Esta confissão
também é conhecida como Definição de Calcedônia:
“Portanto,
conforme os santos pais, todos nós, de comum acordo, ensinamos os
homens a reconhecer um e o mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo,
totalmente completo na divindade e completo em humanidade,
verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, que consiste também de uma
alma racional e um corpo; da mesma substância (homoousios) com
o Pai no que concerne à sua divindade e ao mesmo tempo de uma
substância conosco, concernente à sua humanidade; semelhante a nós em
todos os aspectos, exceto no pecado; concernente à sua divindade, gerado
do Pai antes das eras, ainda que também gerado como homem, por nós e
por nossa salvação, da virgem Maria; um e o mesmo Cristo, Filho, Senhor,
Unigênito, reconhecido em duas naturezas, sem confusão, sem mudança,
sem divisão, sem separação; a distinação das naturezas de maneira alguma
anula-se pela união; mas, pelo contrário, as características de cada
natureza são preservadas e reunidas, para formar uma pessoa e substância
[hypostasis], mas não partidas ou separadas em duas pessoas,
mas um e o mesmo Filho e Deus Unigênito, o Verbo, Senhor Jesus Cristo;
assim como os profetas dos tempos antigos falaram dele e o próprio
Senhor Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos pais foi transmitido para
nós.”
UM JESUS ALTERNATIVO
Definitivamente,
vivemos tempos de apostasia. Conheço um homem cujo pai, após servir por
mais de 30 anos em uma igreja verdadeiramente cristã, apostatou da fé e
ingressou da noite para o dia em uma seita que nega de forma veemente o
Senhor Jesus. A apostasia não é surpreendente, já que “o Espírito
expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando
ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1).
A
cada dia surge um novo grupo, um novo líder e uma falsa revelação, e na
grande maioria das vezes, surge um novo Jesus. Os grupos heterodoxos
tem sido criativos ao extremo na criação de um Jesus diferente, que se
encaixe neste grupo. O que todos estes grupos tem em comum é a satânica
intenção de provar que Jesus não é o Deus Eterno, Deus Filho, o Verbo
Encarnado (Is 9.6; Jo 1.1-5). Vejamos quem é este Jesus alternativo:
Amorc – Rosacruz
Para
os adeptos dos ensinos da AMORC – Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis, a
pessoa de Jesus não recebe muito crédito. Crêem que Jesus de Nazaré foi
apenas uma espécie de receptor do espírito de Cristo, o Cristo Cósmico.
Jesus foi um mero mestre, que não morreu na cruz, não concedeu perdão
aos pecados, não salvou a humanidade de seus delitos e,
conseqüentemente, não é Deus. Tudo isso satisfaz o gosto das seitas
ocultistas, que pregam que Jesus foi mais um iluminado que passou pela
terra para apenas nos ensinar preceitos morais.
Testemunhas de Jeová
A
Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados – STV – nome oficial do
grupo, criou (ou recriou) um Jesus diferente. A Cristologia da STV está
baseada na heresia de Ário (Arianismo), explicada anteriormente. Crêem
que Jesus é um deus inferior, e tentam provar isto através de suas
variadas literaturas. Chegaram a ponto de criar sua própria Bíblia
(Tradução do Novo Mundo – TNM), com absurdas perversões do texto
original, alterando, por exemplo, João 1.1, onde se lê, na TNM que a
“Palavra era [um] deus”. Com isso, negam a divindade de Cristo, e além
disso, afirmam que Jesus foi criado, que morreu numa estaca de tortura
(não na cruz) e que antes de vir à terra era o arcanjo Miguel. Negam
abertamente que Jesus possua os atributos divinos e que ele tenha
afirmado ser Deus. Um estudo detalhado em manuais de Heresiologia,
demonstrará as diversas incoerências e contradições da STV.
Espiritismo Kardecista
Os
espíritas também negam a divindade de Jesus. Para Allan Kardec, fundador
do espiritismo (ou decodificador, como alegam os espíritas), Jesus era
um simples ser humano que não afirmou ser Deus. A crença do espiritismo
está baseada nos escritos de Kardec, basicamente “O Livro dos Espíritos”
e “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, já que não consideram a Bíblia
como a inerrante Palavra de Deus, utilizando-a de forma esporádica e
distorcida. No entendimento deste grupo. Jesus era apenas um espírito
puro enviado por Deus para levar a humanidade à evolução. Negam a
ressurreição corporal do Senhor e afirmam que os milagres são fenômenos
mediúnicos. Como crêem na reencarnação, não aceitam o sacrifício de
Jesus na cruz para remissão dos pecados, já que, através da
reencarnação, a humanidade está “em evolução”.
Mormonismo
O
Jesus da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, nome
oficial da igreja dos Mórmons, é um falso Cristo criado por Joseph
Smith, fundador do mormonismo, e pelos presidentes que o sucederam, bem
como pelos profetas e apóstolos que continuaram o trabalho de
desenvolvimento do grupo. Este Jesus não foi gerado pelo Espírito Santo,
mas foi concebido através de relações sexuais entre Elohim (Deus Pai) e
Maria. Jesus foi casado, e não apenas com uma mulher, pois na crença
mórmon Ele era polígamo. Jesus é apenas o mais velho dos irmãos dos
homens, além de ser também irmão de Lúcifer. Os ensinos mórmons são tão
blasfemos quanto de qualquer outra seita que não crê no verdadeiro
Jesus.
Seicho-No-Ie
Jesus
não tem muita importância para os adeptos desta seita. Masaharu
Taniguchi, fundador do movimento, é mais citado nos ensinamentos do
grupo que Jesus. No entendimento da Seicho-No-Ie, o pecado, o mal, as
doenças, a pobreza e toda e qualquer moléstia que o ser humano possa
sofrer, não passa de ilusão produzida na mente, e pela mente o ser
humano pode mudar sua realidade, através de pensamentos positivos. Como
negam a realidade do pecado e do sofrimento, rejeitam o sacrifício
realizado por Jesus, e como não poderia deixar de ser, também negam a
divindade de Jesus.
Movimento Nova Era
Os
adeptos do Movimento Nova Era acreditam que Jesus foi apenas um mestre
iluminado que inaugurou a “Era de Peixes”, que dura de 4 d.C. até 2146
d.C., quando virá a “Era de Aquarius”. Os adeptos deste movimento, que
não possui um ponto de referencia pois é composto pelos mais variados
círculos ocultistas, lançam sua fé em toda sorte de métodos de
adivinhação, esoterismo e feitiçaria, deixando o cristianismo de lado,
já que o mesmo está morrendo com o fim da Era de Peixes. Jesus não é
Deus para os adeptos da Nova Era, sendo considerado como mero mestre
moralista, um iluminado, assim como Buda, Confúcio ou outro guru. Jesus
se “vestiu com o Cristo Cósmico”, para então fundar um padrão moral que
está se tornando obsoleto com o advento da Era de Aquarius.
Através
desta pequena amostra, é possível verificar que existem diversos tipos
de Jesus a disposição. Em qual Jesus você tem crido? No Jesus destes
grupos que mencionamos? No Jesus de tantos outros grupos que perverteram
o Evangelho por interesse próprio? Vejamos o que os registros bíblicos
falam sobre Jesus. O verdadeiro Jesus.
AFIRMAÇÕES ACERCA DA DIVINDADE DE CRISTO
O
AT mostra, em diversas passagens, a vida de Cristo, seu caráter, seu
sofrimento, sua divindade e muitas outras coisas relacionadas a Ele. Os
críticos da Bíblia e aqueles que não aceitam a divindade de Cristo e as
predições quanto a Ele, alegam que os cristãos usurpam o AT, tentando
vincular as profecias aos feitos registrados no NT. Alegam que os
profetas e que aqueles que viveram nos tempos em que os registros do AT
foram feitos sequer sabiam que os mesmos se referiam a Jesus Cristo. Com
certeza, as palavras de Norman Geisler e Frank Turek são exatas para
responder este questionamento:
“Pode
ser verdade que certas profecias messiânicas do AT tenham se tornado
claras apenas à luz da vida de Cristo. Mas isso não significa que tais
profecias sejam menos impressionantes. Veja da seguinte maneira: se não
podemos fazer as peças de um quebra-cabeça terem sentido sem a tampa da
caixa, por acaso isso significa que ninguém criou o quebra-cabeça? Não.
Isso significa que não existe um projeto no quebra-cabeça? Não. De fato,
assim que se vê a tampa da caixa, rapidamente percebe-se não apenas de
que maneira os pedaços se encaixam, mas quanto projeto foi requerido
para planejar as peças dessa maneira. Do mesmo modo, a vida de Jesus
serve como a tampa da caixa para muitas peças do quebra-cabeça profético
encontrado por todo o AT (…). Alguns já resumiram essa questão da
seguinte maneira: no AT, Cristo está oculto; no NT ele é revelado.
Embora muitas profecias sejam claras de antemão, algumas só podem ser
vistas à luz da vida de Cristo. Aquelas que se tornam claras depois de Cristo não deixam de ser um produto do projeto sobrenatural como o são aquelas que já estavam claras antes de Cristo.” [2]
As
profecias do AT não podem, em hipótese alguma, ser confundidas com
predições de médiuns e adivinhos. Elas são perfeitas e seu cumprimento
em Cristo é muito claro:
“É
importante observar certas coisas singulares das profecias bíblicas. Ao
contrário de predições mediúnicas, muitas delas são bem específicas,
dando, por exemplo, o nome da tribo, cidade e época da vinda de Cristo.
Ao contrário de predições encontradas em horóscopos de jornal, nenhuma
dessas predições falhou. Já que essas profecias foram escritas centenas
de anos antes de Cristo nascer, os profetas não poderiam avaliar as
tendências da época ou adivinhado. Muitas predições estavam além da
habilidade humana de manipular um cumprimento. Se fosse um simples ser
humano, Cristo não teria controle sobre quando (Dn 9.24-27), onde (Mq
5.2) ou como nasceria (Is 7.14), como morreria (Sl 22; Is 53), nem faria
milagres (Is 35.5,6), nem ressuscitaria dos mortos (Sl 2, 16) (…). Mas
não é apenas a improbabilidade lógica que elimina a teoria de que Jesus
manipulou os cumprimentos de profecias a seu respeito; é moralmente
implausível que o Deus onipotente e onisciente permitisse que seus
planos de cumprimento profético fossem arruinados por alguém que por
acaso estava no lugar certo na hora certa. Deus não pode mentir (Tt 1.2)
e não pode deixar de cumprir uma promessa (hb .18). Portanto, devemos
concluir que ele não permitiu que suas promessas proféticas fossem
frustradas pelo acaso. Toda evidência indica Jesus como o cumprimento
divinamente determinado das profecias messiânicas. Ele era o homem de
Deus, confirmado pelos sinais de Deus (At 2.22).” [3]
Portanto, citamos algumas profecias e textos do AT que se relacionam e ligam a pessoa de Deus Pai e Jesus Cristo: [4]
Textos do AT relacionados a Cristo
Texto do AT | Cumprimento no NT | Referente |
Sl 22.1 | Mt 27.46 | O angustiante clamor do Messias |
Sl 22.7,8 | Mt 27.29, 41-44; Mc 15.18,29-32; Lc 23.35-39 |
A multidão zomba de Jesus |
Sl 22.18 | Mt 27.35; Mc 15.24; Lc 23.34; Jo 19.24 |
Lançam sortes sobre as vestes de Cristo |
Sl 34.20 | Jo 19.31-36 | Os ossos do Messias não são quebrados |
Sl 41.9 | Jo 13.18 | O Messias é traído por um amigo |
Sl 69.21 | Jo 19.29 | A sede lancinante do Messias |
Sl 118.22,23 | Mt 21.42-44; Mc 12.10-12; Lc 20.17-19; At 4.10-11; 1 Pe 2.7,8 |
A pedra rejeitada converte-se em pedra angular |
Is 6.9,10 | Mt 13.14-15; Mc 4.12; Lc 8.10; Jo 12.37-41 |
Corações fechados ao Evangelho |
Is 7.14 | Mt 1.18-23; Lc 1.26-35 | Nascimento virginal do Messias |
Is 9.1-2 | Mt 4.13-16; Mc 1.14-15; Lc 4.14,15 |
O ministério começa na Galiléia |
Is 9.7 | Jo 1.1,18 | O Messias é Deus |
Is 11.10 | Rm 15.12 | A salvação à disposição dos gentios |
Is 40.3-5 | Mt 3.3; Mc 1.3; Lc 3.4-6; Jo 1.23 | O precursor de Cristo, uma voz no deserto |
Is 53.1 | Jo 12.38; Rm 10.16 | Israel não crê no Messias |
Is 53.3 | Jo 1.11 | O Messias é rejeitado pelo seu próprio povo |
Is 53.4,5 | Mt 8.16,17; Mc 1.32-34; Lc 4.40-41; 1 Pe 2.24 |
Ministério curador do Servo do Senhor |
Is 53.7,8 | Jo 1.29,36; At 8.30-35; 1 Pe 1.19; Ap 5.6,12 |
O Cordeiro sofredor de Deus |
Is 53.9 | Hb 4.15; 1 Pe 2.22 | O Servo do Senhor não comete pecado |
Is 53.9 | Mt 27.57-60 | O Messias é sepultado no sepulcro de um homem rico |
Is 53.12 | Mt 27.38; Mc 15.27,28; Lc 22.37; Lc 23.33; Jo 19.18 |
O Servo do Senhor é contado com os transgressores |
Is 60.1-3 | Mt 2.11; Rm 15.8-12 | Os gentios vêm adorar o Messias |
Jr 31.31-34 | Lc 22.20; 1 Co 11.25; Hb 8.8-12; Hb 10.15-18 |
Jesus Cristo é o novo concerto |
Ez 37.24,25 | Jo 10.11,14,16; Hb 13.20; 1 Pe 5.4; Ez 37.26; Lc 22.20; 1 Co 11.25 |
O Bom pastor O eterno concerto de paz do Messias |
Dn 7.13,14 | Mt 24.30; Mt 26.64; Mc 13.26; Mc 14.62; Lc 21.27; Ap 1.13; Ap 14.14 |
A vinda do Filho do Homem |
Zc 11.12,13 | Mt 27.1-10 | Trinta moedas de prata por um campo de oleiro |
Ml 3.1 | Mt 11.7-10; Mc 1.2-4; Lc 7.24-27 | O precursor do Messias |
Títulos de Deus em Jesus Cristo
Texto do AT | Título | Texto do NT |
Sl 23.1 | Pastor | Jo 10.11 |
Is 44.6 | Primeiro e Último | Ap 1.17 |
Jl 3.12 | Juiz | Mt 25.31 |
Is 62.5 | Noivo | Mt 25.1 |
Sl 27.1 | Luz | Jo 8.12 |
Is 43.11 | Salvador | Jo 4.42 |
Is 42.8 | Glória de Deus | Jo 17.5 |
1 Sm 2.6 | Doador da Vida | Jo 5.21 |
Os discípulos de Cristo e suas afirmações
Os
registros que os discípulos fizeram sobre as palavras, as obras e quem
Cristo é, deixam muito claro que o Senhor é verdadeiramente Deus
Salvador. O contexto religioso em que os discípulos viviam poderia ser
uma barreira aos mesmos, afinal, aceitar as palavras de um homem que
afirmou ser Deus, na cultura e concepção de quem Deus é para os judeus,
seria impossível, se Jesus realmente não fosse quem Ele disse ser.
“A
maioria dos seguidores de Jesus eram judeus de profundas convicções
religiosas, que acreditavam em apenas um Deus verdadeiro. Eram
monoteístas até o fundo da alma, e, no entanto, reconheceram-no como o
Deus encarnado. Devido à sua profunda formação rabínica, Paulo ainda
teria menos probabilidade de atribuir divindade a Jesus, adorar um homem
de Nazaré e chamá-lo Senhor. Mas foi exatamente o que ele fez.
Reconheceu o cordeiro de Deus (Jesus) como sendo Deus.” [5]
Citamos também a brilhante definição feita por C.S. Lewis quanto à afirmação de Cristo dentro do panorama vivido naquele tempo:
“Dentre
esses judeus, surge de repente um homem que fala por toda parte como se
fosse Deus. Arroga a si mesmo o direito de perdoar os pecados. Afirma
que sempre existiu. Diz que virá julgar o mundo no fim dos tempos. Ora,
devemos tentar entender com toda a clareza o que isso significa. Num
povo panteísta, como os hindús, qualquer um poderia proclamar com toda a
paz que era uma parte de Deus ou que era uma só coisa com Ele: não
haveria nada de muito surpreendente nisso. Mas esse homem era judeu, e
portanto não poderia referir-se à esse tipo de Deus. Deus, na linguagem
dos judeus, era o Ser transcendente ao mundo, fora do mundo, Aquele que
tinha criado o universo e era infinitamente diferente desse universo.
Quando tivermos entendido o que isto quer dizer, compreenderemos que o
que esse homem proclamava constituía simplesmente a afirmação mais
chocante que jamais foi proferida por lábios humanos.” [6]
De
fato, nos tempos modernos, teólogos liberais, ecumênicos e os grupos que
não querem aceitar o Senhor como Deus, querem aceitá-lo como simples
“mestre moralista”. Vejamos se, mesmo dentro do contexto religioso dos
judeus, os discípulos o aceitaram como simples homem e mestre de moral.
Em todo NT, podemos verificar as afirmações que os discípulos fizeram sobre Cristo: Jesus foi chamado por eles de:
- Primeiro e último: Ap 1.17; 2.8; 22.13- A verdadeira luz: Jo 1.19- Rocha ou pedra: 1 Co 10.4; 1 Pe 2.6-8- Esposo: Ef 5.28-33; Ap 21.2- Supremo pastor: 1 Pe 5.4- Grande pastor: Hb 13.20- Redentor: Tt 2.13; Ap 5.9- Perdoador de pecados: At 5.31; Cl 3.13- Salvador do mundo: Jo 4.42- Juiz dos vivos e mortos: 2 Tm 4.1
Todos
estes títulos estão ligados à Deus no AT. É simplesmente inconcebível
que um simples mestre moralista fosse definido por títulos que são
atributos divinos. Além dos atributos, os discípulos ainda atribuíram a
Jesus Cristo:
-
Poderes de Deus: Ressuscitou dos mortos (Jo 5.21; 11.38-44), perdoar
pecados (At 5.31; 13.38), criador (Jo 1.2; Cl 1.16), sustentação do
universo (Cl 1.17).
-
Associação dos nomes: Relacionando o nome de Jesus a Deus Pai, para
orações e ações (At 7.59; 1 Co 5.4; Gl 1.3; Ef 1.2; Mt 28.19; 2 Co
13.14).
-
Chamaram Jesus de Deus: Tomé, ao ver as marcas de Jesus (Jo 20.28),
Paulo, afirmando a plenitude divina em Cristo (Cl 2.9), e como grande
Deus e Salvador (Tt 2.13), Cristo como Deus, antes da encarnação (Fp
2.5-8) e o autor de Hebreus (Hb 1.3,8), João, em sua afirmação quanto ao
Verbo (Jo 1.1), Felipe, pregando ao Eunuco (At 8.35-38), Estevão, na
sua grande defesa (At 7), Pedro e João nas epístolas (1 e 2 Pe; 1, 2 e 3
Jo), e Judas em (Jd 4).
Fica
muito evidente que os discípulos entenderam muito bem as palavras de
Jesus, e afirmaram corretamente Sua divindade. Estes textos citados são
uma amostra pequena daquilo que está claramente exposto e definido ao
longo do NT, quanto à pessoa de Jesus. Permitiu Deus, que além dos
escritos neotestamentários, houvesse ainda o testemunho dos pais da
igreja. Citamos, por exemplo, palavras de Ireneu de Lião: [7]
“Disse
[João], portanto, corretamente: ‘No Princípio era o Logos [Verbo]‘, de
fato estava no Logos, e ‘o Logos estava com Deus’, assim como estava o
Princípio, e o Logos era Deus, por conseqüência, porque o que nasceu de
Deus é Deus”. [8]
O
peso das declarações de Ireneu é muito grande para os cristãos. Mesmo
assim, alguns grupos heterodoxos como as Testemunhas de Jeová, insistem
em afirmar que Jesus é um “deus” de segunda categoria. Como vimos,
chegaram a criar uma versão da Bíblia, a Tradução do Novo Mundo, que
procura de Gênesis a Apocalipse negar a divindade de Jesus. Mas para o
cristão que tem plena convicção de sua fé e que fundamentado na Bíblia
Sagrada crê, inabalavelmente na divindade de Cristo, o testemunho de
Ireneu serve para fortalecer ainda mais a fé:
“…segundo
o beneplácito do Pai invisível, diante do Cristo Jesus, nosso Senhor,
Deus, Salvador e Rei, todo joelho se dobre nos céus, na terra e nos
infernos, e toda língua o confesse.” [9]
E ainda o testemunho de Ireneu quanto ao que a própria Escritura afirma sobre Cristo como pleno homem de Deus:
“Já
demonstramos pelas Escrituras que nenhum dentre os filhos de Adão é
chamado Deus ou Senhor, no sentido absoluto da palavra; e que somente
ele, à diferença de todos os homens de então, foi proclamado, na plena
acepção do termo, Deus, Senhor, Rei eterno, Filho único e Verbo
encarnado, por todos os profetas, pelos apóstolos e pelo próprio
Espírito; é realidade que pode ser constatada por todos que atingiram
ainda que ínfima parcela da verdade (…). Por um lado, ele é homem sem
beleza, sujeito ao sofrimento, montado num burrinho, dessedentado com
vinagre e fel, desprezado pelo povo, descido à região da morte; por
outro, é o Senhor santo, o Conselheiro admirável, sobressaindo pela
beleza, o Deus forte, que há de vir nas nuvens juiz universal. Tudo isso
foi prenunciado pelas Escrituras à respeito dele”. [10]
Fica
muito claro, por tudo que foi apresentado e por todo testemunho que
está registrado nas páginas da Bíblia que os discípulos sabiam muito bem
em quem criam e que este é o Cristo, Jesus, Deus. Vejamos então a mais
sólida das declarações quanto a divindade de Jesus: as Suas próprias
declarações.
AFIRMAÇÕES DE JESUS: DIRETAS E INDIRETAS
Por
maior que seja o esforço daqueles que tentam convencer os incautos que
Jesus não é Deus, nunca tal esforço encontrará respaldo bíblico. A
Bíblia é muito clara nas declarações que Jesus fez quanto a si próprio
no que diz respeito à sua divindade.
Declarações diretas
As
seguintes declarações são afirmações diretas de Jesus quanto à sua
divindade. Em muitos casos, suas afirmações estão diretamente ligadas à
referencias do AT que falam sobre Deus. Será que um homem sábio, um
médium, um mero profeta ou um mestre de moral, como muitos dizem que
Jesus foi, ousaria fazer as declarações que Jesus fez? Ousaria um mero
homem fazer tais declarações?
Marcos 2.5-12
“E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: filho, perdoados estão os teus pecados” (v. 5).
Jesus
perdoou os pecados daquele homem. Quem mais pode perdoar pecados senão
Deus? Esta pergunta que ecoa de forma surpreendente foi a mesma que os
escribas fizeram a Jesus (v. 7). Sem dúvidas, esta é uma das grandes
declarações de Cristo quanto à sua divindade. E Ele foi além, pois
perdoou os pecados (v.5), exortou os escribas (v. 8-10) e curou o homem
de sua enfermidade (v. 11), o que foi motivo de grande glorificação (v.
12).
Lee
Strobel, no livro “Em Defesa de Cristo”, entrevistou Donald A. Carson,
doutor em NT, especialista em diversas áreas teológicas, incluindo o
estudo do Jesus histórico. Para Carson, uma das grandes evidências da
divindade de Cristo é o perdão de pecados:
“De
todas as coisas que Ele fez, a que mais me surpreende é o perdão de
pecados (…). Se você faz alguma coisa contra mim, tenho o direito de
perdoá-lo. Todavia, se você faz algo contra mim e aí vem uma pessoa e
diz ‘eu lhe perdôo’, que ousadia é essa? A única pessoa capaz de
pronunciar genuinamente essas palavras é Jesus, porque o pecado, mesmo
se cometido contra outras pessoas, é, antes de tudo e principalmente, um
desafio a Deus e às suas leis (…). Aparece então Jesus e diz aos
pecadores: ‘os seus pecados estão perdoados’. Os judeus imediatamente
viram nisso uma blasfêmia. Eles reagiram dizendo: ‘quem pode perdoar
pecados, a não ser somente Deus?’” [11]
As
palavras do Dr. D.A. Carson são perfeitas para explicação do contexto do
texto citado. Jesus exerceu sua autoridade divina, perdoando os pecados
daquele homem, logo, fica claro que Jesus, através de tal afirmação,
declara que é Deus. C.S. Lewis soube expressar muito bem esta questão,
pois considera também que tal atitude (perdoar pecados) só pode ser
tomada por Deus, pois o perdão de pecados – de todos pecados – só a Deus
pertence:
“Contudo,
foi exatamente isso que Cristo fez: dizia às pessoas que os pecados
delas estavam perdoados, sem se deter um só momento a perguntar aos que
efetivamente tinham sido prejudicados por esses pecados se estavam de
acordo (…). Na boca de qualquer outra pessoa que não fosse Deus, essas
palavras significariam algo que me parece uma estupidez e uma vaidade
sem paralelo em qualquer outro personagem da história”. [12]
Marcos 14.61-64
“Mas
ele calou-se, e nada respondeu. O sumo sacerdote lhe tornou a
perguntar, e disse-lhe: És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito? E Jesus
disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do
poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu. E o sumo sacerdote,
rasgando as suas vestes, disse: Para que necessitamos de mais
testemunhas? Vós ouvistes a blasfêmia, que vos parece? E todos o
consideraram culpado de morte.”
Jesus
chamou a si por “Filho do Homem” em outras passagens (Mt 8.20; 9.6;
12.40; 13.41; Lc 18.8; 19.10; 21.36), mas a narrativa de Mc 14.61-64 tem
em si uma afirmação muito sólida. Vejamos os fatos:
a) A
referência que Jesus fez, ao chamar a si por “Filho do Homem”
encontra-se no livro de Daniel, capítulo 7. Os versículos 13 e 14 dizem:
“Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas
nuvens do céu um como o Filho do Homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e
o fizeram chegar até ele. E foi lhe dado o domínio, e a honra, e o
reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu
domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal que não
será destruído.” Esta referência profética trata de Deus, como está
muito claro no texto.
b)
Caifás e seus assistentes entenderam muito bem o que Jesus disse a eles
com a resposta direta “eu sou”. Jesus afirmou ser o Filho do Homem, em
referência à Daniel 7, e isso gerou em Caifás e nos seus tamanho
escândalo que o mesmo rasgou suas vestes e acusou Jesus de blasfêmia.
Aqueles homens entenderam que Jesus afirmou ser Deus.
c)
Tal afirmação de Jesus diante do Sinédrio, reivindicando ser Deus e
digno de adoração (e todos sabem que apenas Deus é digno de adoração),
resultou em definitivo no sacrifício da cruz, pois daquele momento em
diante iniciou-se o sofrimento de Jesus, seus flagelos, escárnio e
finalmente a morte na cruz.
Mas
se esta afirmação gerou tamanha conseqüência e Cristo estava consciente
disso, por que Ele não voltou atrás em sua posição? Se Ele, ao ver o
escândalo do Sinédrio com sua afirmação, não alegou estar enganado? Se
ao ver que estava sendo condenado à morte não alegou ser um louco? A
resposta está nos fatos! Está muito evidente nas passagens que foram
citadas que Jesus sabia muito bem o caráter de sua missão redentora;
sabia muito bem quem Ele era (e é); sabia de sua divindade; sabia que
era o Cordeiro de Deus, o Verbo Encarnado. Não cabe outra interpretação
quanto à pessoa de Jesus.
João 8.58-59
“Disse-lhes
Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse,
eu sou. Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se,
e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou”.
Nesta
narrativa do Evangelho de João, mais uma grande afirmação da divindade
de Jesus. Ele disse, no versículo 58, “eu sou”, mas neste caso não é uma
simples resposta direta à uma pergunta direta. Os judeus estavam
interrogando, nos versículos anteriores, como Jesus, se não tinha nem
cinqüenta anos, já tinha visto Abraão. Com a resposta “eu sou”, Jesus
afirmou ser Deus. Novamente Jesus apóia sua declaração no AT. Ao afirmar
que sabia quem era Abraão, Jesus fazia menção de sua eternidade,
atributo divino, relacionando assim sobre quem Ele era antes da
encarnação. João 8.58 está diretamente ligado a Êxodo 3.14: “E disse
Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de
Israel: EU SOU me enviou a vós”.
A
evidência que os judeus entenderam que Jesus afirmou ser o “Eu sou” de
Êxodo 3.14, está na imediata reação dos mesmos, quando quiseram
apedrejar Jesus por blasfêmia (v. 59). Desta forma estava sendo o Senhor
acusado de blasfêmia pois declarou, com suas próprias palavras, ser
Deus.
João 10.30-38
“Eu e o Pai somos um” (v. 30).
Assim
como em João 8.58, quando Jesus afirmou sua divindade e a reação e
repercussão foram imediatas, nesta passagem não poderia ser diferente.
Os judeus pegaram em pedras para apedrejar Jesus (v. 31), acusando-o de
blasfêmia (v. 33).
Assim
como as demais afirmações de Jesus, temos aqui uma passagem que
demonstra que Deus Pai, Deus Filho e o Espírito Santo possuem
personalidades próprias, tendo unidade de natureza, e essa unidade é
exatamente a pedra fundamental da doutrina da Santíssima Trindade. O
Deus triúno possui uma só essência, mas três pessoas distintas.
Jesus não recuou de sua afirmação pois Ele é o Messias prometido no AT, Deus encarnado, o Verbo eterno.
João 17.5
“E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse”.
Vejamos
o seguinte, Deus disse em Isaías 42.8 que “a minha glória, pois, a
outrem não darei”, e Jesus reivindica glória, além de declarar que já
existia e que esta existência se dava junto ao Pai (confira João 1.1).
Isso implica em:
a) Jesus é Deus, pois possui a mesma glória que o Pai;b) Implica novamente na exposição da Trindade;c) Demonstra um atributo divino na pessoa de Jesus: a eternidade.
Portanto,
ao contrário do que os críticos tem defendido, Jesus afirmou de maneira
clara que é Deus. Isso demonstra que os críticos carecem de boa
interpretação das claras e objetivas declarações de Jesus. Ele não é um
mero líder revolucionário ou um simples fundador de uma nova religião.
Ele é Deus e afirmou isso. Ele é o caminho, a verdade e a vida (João
14.6). Segundo Mcdowell e Stewart:
“Buda
não reivindicou ser Deus; Moisés nunca disse ser Jeová; Maomé não se
identificou como Alá; e em nenhum lugar encontramos Zoroastro
reivindicando ser Ahura Mazda. Mas Jesus, o carpinteiro de Nazaré, disse
que quem visse a Ele (Jesus) via o Pai (João 14.9)”. [13]
É
isso que faz Jesus diferente, sua plena divindade. Nas demais religiões o
que importa são os ensinos e não o mestre. No cristianismo o centro de
tudo é a pessoa de Jesus Cristo. Jesus encaixa-se perfeitamente nos
atributos divinos descritos pelas Sagradas Escrituras:
-
Onisciência: João 16.30 – “Agora sabemos que sabes tudo, e não precisas
de que alguém te interrogue. Por isso cremos que saíste de Deus”. Ou
seja, Jesus como Deus Filho, sabe de todas as coisas;
-
Onipresença: Mateus 28.20 – “Eis que estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos”. Mateus 18.20 – “Porque, onde estiverem dois ou
três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. Jesus é Deus, e
está presente em todos os lugares.
- Onipotência: Mateus 28.18 – “É me dado todo o poder no céu e na terra”. Todo poder pertence a Deus. Jesus tem todo poder.
-
Imutabilidade: Hebreus 13.8 – “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e
eternamente”. Jesus não muda, pois Deus não muda. Não há Nele mudança ou
sombra de variação.
Declarações Indiretas
Muitas
são as declarações indiretas quanto à divindade de Jesus, mas quero
registrar aqui apenas o que julgo mais evidente, em termos indiretos: a
adoração.
Deus
é muito claro ao afirmar que apenas Ele é digno de adoração, proibindo a
adoração a qualquer coisa ou pessoa que não seja Deus (Êx 20.1-4; Dt
5.6-9; At 14.15; Ap 22.8,9). Mas Jesus aceitou ser adorado e a adoração
que Ele recebeu e aceitou se deu, por exemplo, nas seguintes ocasiões:
- Mateus 8.2: “E, eis que veio um leproso, e o adorou”. Um leproso que foi curado por Jesus o adorou.- Mateus 9.18: “Eis que chegou um chefe, e o adorou”. Um dirigente da sinagoga.- Mateus 14.33: “Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no”. Os discípulos na tempestade.- Mateus 15.25: “Então chegou ela, e adorou-o”. A mulher Cananéia.- Mateus 20.20: “Com seus filhos, adorando-o”. A mãe de Tiago e João.- Marcos 5.6: “E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o”. O endemoninhado geraseno.- João 9.38: “Ele disse: creio Senhor. E o adorou”. O homem cego que fora curado por Jesus.- Mateus 28.17: “E, quando o viram, o adoraram”. Todos os discípulos de Jesus.- João 20.28: “Senhor meu, e Deus meu”! A declaração de Tomé quanto a quem é Jesus.
Está
demonstrado. É muito evidente. Jesus disse ser Deus, os Seus discípulos
o confessaram, Ele foi prometido no AT, realizou atos divinos, possui
títulos divinos e foi adorado como Deus. Segundo Norman Geisler:
“Todas
essas pessoas adoraram a Jesus sem uma palavra de repreensão por parte
Dele. Jesus não apenas aceitou essa adoração, como até mesmo elogiou
aqueles que reconheceram sua divindade (Jo 20.29; Mt 16.17). Isso só
poderia ser feito por uma pessoa que considerava seriamente ser Deus.” [14]
E
então? Seria possível, diante de tamanhas declarações e evidências
considerar Jesus um mero moralista? As considerações e conclusões sobre
esta pergunta ficam a cargo do leitor. Mas para fechar esta questão,
julgo importante e absolutamente necessário citar três declarações de
grandes apologistas.
C.S. Lewis
“Com
isso, tento evitar que alguém caia na suprema tolice em que muitas
vezes se incorre a respeito de Cristo: ‘Sim, estou disposto a aceitar
que Jesus foi um grande mestre de moral, mas não aceito a sua pretensão
de ser Deus’. Esta é a única afirmação que não podemos fazer. Um homem
que não fosse senão um homem, e mesmo assim dissesse aquilo que Cristo
dizia, não poderia nunca ser um ‘grande mestre de moral’. Ou seria um
lunático – em pé de igualdade com alguém que afirmasse ser um ovo frito
-, ou então teria de ser o próprio demônio das profundezas do inferno.
Cada um de nós tem que fazer a sua escolha. Ou esse homem era, e é, o
Filho de Deus, ou então era um louco ou coisa pior. Você poderá
recluí-lo num hospício por acha-lo maluco, cuspir nEle e mata-lo por
considera-lo um demônio, ou cair a seus pés e chamar-lhe Senhor e Deus.
Só não pode vir com tolices condescendentes como essa de que é um dos
‘grandes mestres de moral’ da humanidade. Ele não nos deixou aberta essa
porta. Nunca pretendeu faze-lo”. [15]
Josh Mcdowell
“Nossa
decisão sobre quem é Jesus Cristo não pode repousar sobre um simples
exercício intelectual. Não podemos rotulá-lo de grande mestre e
moralista. Esta opção não é válida. Ele é ou um mistificador ou um
louco, ou então nosso Senhor e Deus. Cada um tem que fazer sua própria
escolha. ‘Mas’, como escreveu o apóstolo João: ‘Estes… foram registrados
para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e’ – mais
importante – ‘para que, crendo, tenhais vida em seu nome’ (Jo 20.31). As
evidências, claramente, pendem em favor de Jesus como Senhor. Todavia,
algumas pessoas rejeitam estas evidências claras por causa de
implicações morais envolvidas na questão. Não desejam encarar as
responsabilidades ou implicações decorrentes do ato de chamá-lo Senhor”.
[16]
Norman Geisler
“Uma
vez que Jesus afirmou ser Deus, somente uma entre três possibilidades
pode ser verdadeira: Ele era mentiroso, um lunático ou o Senhor.
Mentiroso não se encaixa com os fatos. Jesus viveu e ensinou o mais
elevado padrão de ética. É improvável que ele tivesse entregado sua vida
a não ser que realmente achasse que estivesse dizendo a verdade. Se
Jesus achava que era Deus mas realmente não era, então ele teria sido um
lunático. Mas lunático também não se encaixa. Jesus proferiu algumas
das mais profundas frases já registradas. Todo mundo – incluindo seus
inimigos – afirmou que Jesus era um homem de integridade que ensinava a
verdade (Mc 12.14). Isso nos deixa com a opção Senhor.” [17]
CONCLUSÃO
Qualquer
grupo que alegue que Jesus não tenha dito ser Deus, que alegue que as
profecias não foram cumpridas Nele e que afirme que discípulos não
adoraram Jesus como Deus, trata-se de um grupo que perverteu a ortodoxia
cristã e que, através dos falsos ensinos estão levando os seus
seguidores por caminhos tortuosos que conduzirão a perdição eterna.
Muitos destes grupos tem utilizado a Bíblia de maneira distorciada e
negado algo que está mais que provado em suas páginas: a plena divindade
de Jesus.
O
Cristianismo tem o seu centro, o seu coração em Jesus Cristo e prega a
comunhão com Ele como o único meio de alcançar a salvação. Colocar nossa
fé em Jesus e entregar nossas vidas à Ele resulta em plena comunhão com
Deus; resulta em vida. A fé em Jesus produz no cristão o pleno
sentimento de realização, já que Ele é o tudo em quem crê Nele. Isso não
é fruto de alienação, mas de uma fé muito bem fundamentada nos
ensinamentos de Jesus, que leva aquele que crê a aceita-lo em plenitude
como Senhor e Salvador (Cl 1.27; Jo 14.20; 15.4). Desta forma, aceitar
doutrinas estranhas quanto a quem é Jesus, implica em comprometer o
relacionamento com Ele.
As
implicações da nossa crença em Jesus são eternas. Portanto, fica aqui o
desafio aos que professam a fé em Jesus para que não desfaleçam de sua
crença Naquele que é o Verbo encarnado, que examinem as Escrituras e
estejam preparados para defender a sua fé. E para aqueles que tem
abraçado um Jesus alternativo, fica o apelo de rever os conceitos de
suas crenças. Abraçar um outro Jesus pode trazer consequências que não
são meramente temporais, mas sim eternas. Conheça o verdadeiro Jesus e
tenha sua vida transformada.
NOTAS
[1] CHAMPLIN. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, vol1 p. 5.
[2] GEISLER & TUREK. Não tenho fé suficiente para ser ateu p. 348-349.
[3] GEISLER. Enciclopédia de apologética p. 721-722.
[4] As
tabelas completas estão na Bíblia de Estudo Pentecostal p. 1074-1077,
sob o título “Profecias do Antigo Testamento Cumpridas em Cristo”.
[5] McDOWELL. Mais que um carpinteiro p. 14.
[6] LEWIS. Mero cristianismo p. 60-61.
[7] Ireneu
de Lião fora um grande ícone na história do cristianismo, sendo o
escritor de uma das maiores obras apologéticas já escritas: “Contra as
Heresias”. Esta obra trata de uma defesa cristã contra os ataques
realizados por seitas gnósticas contra o fundamento da fé cristã. Nesta
obra, Ireneu refutou os sistemas gnósticos e suas teorias, abordou a
doutrina cristã, a ligação entre o AT e NT e tratou de escatologia
cristã. Seus escritos são fundamentais para entender os ensinos
apostólicos, já que Ireneu fora ensinado por Policarpo, que por sua vez
foi discípulo de João, discípulo de Cristo. Ireneu nasceu e fez sua obra
no século II, onde atuou como bispo em Lião (Lyon, Gália – atual sul da
França).
[8] Ireneu. Contra as Heresias. I 8,5. p. 56
[9] Ireneu. I 10,1. p. 62
[10] Ireneu. III 19,2 p. 337
[11] STROBEL. Em defesa de Cristo p. 210-211
[12] LEWIS. Mero cristianismo p. 61.
[13] MCDOWELL & STEWART. Respostas àquelas perguntas p. 55.
[14] GEISLER & TUREK. Não tenho fé suficiente para ser ateu p. 354.
[15] LEWIS. Mero cristianismo p. 62.
[16] McDOWELL. Mais que um carpinteiro p. 35.
[17] GEISLER & TUREK. Não tenho fé suficiente para ser ateu p. 355-356.
REFERÊNCIAS – LITERATURA COMPLEMENTAR RECOMENDADA
_______________________
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia Apologética de Estudo. 2ª edição. ICP Editora. São Paulo, SP: 2005.
Programa Defesa da Fé. ICP. Pr. Antonio Fonseca. Apresentado em 18/07/2006. Disponível em www.icp.com.br
CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos. 2ª edição. Vida Nova. São Paulo, SP: 1995.
CHAMPLIN, Russel N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo: vol1. Hagnos. São Paulo, SP: 2002
DAMIÃO, Valdemir. História das religiões. 2ª edição. CPAD. Rio de Janeiro, RJ: 2003.
GEISLER, Norman L. Enciclopédia de apologética. Editora Vida. São Paulo, SP: 2002.
GEISLER,
Norman L. & HOWE, Thomas. Manual popular de dúvidas, enigmas e
“contradições” da Bíblia. Mundo Cristão. São Paulo, SP. 1999.
GEISLER, Norman L. & TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. Editora Vida. São Paulo, SP: 2006.
HORTON, Stanley M. (org.). Teologia Sistemática. 5ª edição. CPAD. Rio de Janeiro, RJ: 1999.
Irineu de Lião. Contra as Heresias. Paulus. São Paulo, SP: 1995.
LEWIS, C.S. Mero cristianismo. Quadrante. São Paulo, SP: 1997.
MARTINS, Jaziel Guerreiro. Seitas, heresias do nosso tempo. 3ª edição. A D Santos. Curitiba, PR: 2002
MATHER, George A. & NICHOLS, Larry A. Dicionário de Religiões, crenças e ocultismo. Editora Vida. São Paulo, SP: 2000.
McDOWELL, Josh. Mais que um carpinteiro. 2ª edição. Editora Betânia. Venda Nova, MG: 1980.
MCDOWELL,
Josh & STEWART, Don. Respostas àquelas perguntas: o que os céticos
perguntam sobre a fé cristã. Editora Candeia. São Paulo, SP: 1997.
STROBEL, Lee. Em defesa de Cristo. Editora Vida. São Paulo, SP: 2001
WAYNE, Grudem A. Teologia Sistemática. Vida Nova. São Paulo, SP: 1999.
http://www.internautascristaos.com.br/artigos-teologicos/apologia-da-divindade-de-cristo
Nenhum comentário:
Postar um comentário