Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

20 de junho de 2011

SÉRIE - Histórico das Seitas Brasileiras - ADEPTOS DO NOME YEHOSHUA E SUAS VARIANTES

CHRISTS TRUE NAME IS JEHOSHUA YEHOSHUA

Autor : Prof. Paulo Cristiano


Para Entender o Movimento do Nome Yehoshuah

Surgiu na década de 80 aqui no Brasil, um movimento denominado vulgarmente de "Testemunhas de "Yehoshuah". Este movimento é uma pequena facção do que é conhecido nos EUA mais popularmente como "Movimento do Nome Sagrado" e que começou por volta de 1920-30 dentro das "Igrejas de Deus do Sétimo Dia". Aqui no Brasil foi batizado de "Adeptos do Nome Yehoshua e suas Variantes (ASNYV)".

É uma versão hebraizante do cristianismo. Pregam que é errado usar o nome Jesus. Para eles o certo seria sua forma hebraica Yeshua (???), ou a forma mais arcaica Yehoshuah ou ainda Yahoshuah (?????) comum no período anterior ao exílio babilônico.

Segundo esta nova compreensão, todas as demais igrejas cristãs estão erradas. Acreditam que o nome Jesus é de origem pagã, e é em si mesmo uma blasfêmia e difamação do nome sagrado do Redentor. Sendo assim, todos estariam servindo a um falso deus quando invocam o nome Jesus.

O que as Testemunhas de Jeová fazem com o nome "Jeová", assim o fazem as Testemunhas de Yehoshuah com relação ao Deus-Filho.

O movimento acredita que são os verdadeiros restauradores do nome sagrado Yehoshuah, que considera ser uma verdade adormecida por 2000 anos e que só agora foi restaurada por eles.

Argumentos Apresentados Contra o Uso do Nome Jesus

Esses grupos que se opõem ao uso do nome Jesus argumentam que os apóstolos e as outras pessoas da Igreja Cristã Primitiva jamais ouviram falar neste nome - Jesus. Para rejeitar o nome Jesus baseiam-se nas seguintes conclusões:
1. O bispo católico Jerônimo por ordem do papa Damaso foi quem primeiro introduziu o nome Jesus na Bíblia;
2. Jesus significa "Deus cavalo";
3. O nome Jesus foi dado em homenagem aos deuses pagãos o grego Zeus, o romano Júpiter e o deus celta Esus;
4. Segundo eles, o nome Jesus somado daria 666;
5. Argumentam que nome não se traduz, somente se translitera.
6. O nome Jesus é falso porque não existia a letra "J" em hebraico.
7. Os judeus que traduziram a Septuaginta foram forçados pelo imperador grego a mudar o nome sagrado do Messias.

Os Argumentos Apresentados a Favor do Nome Yehôshua

A favor do nome Yehôshua é argumentado que este Nome Sagrado é de origem hebraica e que significa: YEHÔ (YHVH) + SHUA (Salvação). Assim o nome quer dizer "YHVH é salvação". Desde que as palavras em hebraico advém de raízes que, geralmente, têm três letras, então o nome Yehôshua contém as quatro letras do Tetragrama = YHVH. Assim, o nome do Pai Celestial no Velho Testamento (o Tetragrama) está inserido no nome sagrado Yehôshua, cumprindo, deste modo, o que está escrito em João 17:26, de que o Filho veio para "dar a conhecer" o Nome do Pai.

Uma série de textos bíblicos são citados para substanciar a importância do nome Yehôshua, indicando que existe salvação nesse nome. Nessa linha de pensamento são apresentados textos como Lucas 1:31,24:47;Atos 4:12:
"Salve agraciada... conceberás e darás à luz a um filho, e lhe porás o NOME DE YEHÔSHUAH, e Ele salvará o Seu povo dos seus pecados"

O Nome Jesus para eles, portanto, não tem nenhum valor dentro das Sagradas Escrituras. Conseqüentemente, os verdadeiros filhos de Deus são aqueles que crêem no NOME VERDADEIRO do Redentor, e não naquele outro nome QUE APARECE nas Bíblias de origem católica romana (a Vulgata) e protestante (Almeida).
Acreditam ainda que sobre eles se cumpri a mensagem que foi dita à Igreja de Éfeso em Apocalipse 2:3: "e tens perseverança, e suportaste provas por causa DO MEU NOME, e não desfaleceste".
 



JESUS CRISTO OU YESHUA HAMMASCHIACH?


Parecer da SBB Sobre a Polêmica em Torno do Nome de Jesus.
Jesus Cristo ou Yeshua Hammaschiach?

Resposta a questões formuladas pelo Pastor Josué Breves Paulino, redigida pela Comissão de Tradução, Revisão e Consulta da Sociedade Bíblica do Brasil e lida e aprovada em reunião plenária de 30 de maio de 1995.

Observe-se inicialmente que não tem cabimento a afirmativa de que o nome Jesus é de origem grega e não hebraica. Esse nome, transliterado para o grego como Iesous, é hebraico e vem de Yeshua” (as aspas representam a letra ayin). A forma plena da palavra é Yehoshua”, que, a partir do Cativeiro, passou a dar lugar, geralmente, à forma abreviada Yeshua”. Até o começo do segundo século d.C. Iesous (Yeshua”) era um nome muito comum entre os judeus. Na Septuaginta, versão do Antigo Testamento que os judeus fizeram entre os anos 285 e 150 a.C., do hebraico para o grego, o nome Iesous aparece para referir-se tanto a Josué (quatro indivíduos) como aos oito Jesua mencionados em Esdras e Neemias.

Iesous não é nome de nenhum deus da mitologia grega, tanto que não aparece em nenhum clássico grego. Ver, por exemplo, o Dictionaire Grec-Français (1.868 páginas), de C. Alexandre, que, no apêndice de nomes históricos, mitológicos e geográficos, traz no verbete Iesous apenas o seguinte: “Jesus, nome hebraico.”

Agora, em ordem, as respostas às questões propostas.
1. De fato, em hebraico não existe o som j. Como, então, aparece essa letra em nomes bíblicos em quase todas as línguas com as quais estamos familiarizados? O que aconteceu foi o seguinte: os judeus da Dispersão, empenhados em traduzir as escrituras hebraicas para o grego (a Septuaginta), não encontraram nessa língua uma consoante que correspondesse ao yodh do hebraico, e a solução foi recorrer à vogal grega iota, que corresponde ao nosso i. Então escreveram Ieremias, começando com i, e assim por diante, inclusive Iesous.

Mas como foi que esse i se tornou j? Foi através do latim, que deu origem às línguas neolatinas, entre as quais está o português. No latim posterior à Idade Média começou a aparecer na escrita a distinção que já existia na pronúncia entre o i vogal e o i consoante, o qual passou a ser grafado j. Por isso, ao abrir o Dicionário Latim-Português, de Santos Saraiva, você vai encontrar um verbete que começa assim: Iesus ou Jesus; e este outro: Ieremias ou Jeremias; e outros semelhantes.

2. Yehoshuah termina com o som de AH; de onde se originou o us em Jesus? Observe-se, primeiro, que o final desta palavra não é AH (qamets seguido de he), mas a” (pathach seguido de ayin; as aspas representam o ayin): Yehoshua”.

Em segundo lugar, Jesus não se deriva de Yehoshua”, mas da forma abreviada Yeshua”, como explicado anteriormente (ver, por exemplo, Ed 2.36). O a que precede o ayin é um pathach furtivo (ver Gramática Hebraica, Guilherme Kerr, # 18.7).

O s final em Jesus se explica pela necessidade de tornar esse nome declinável: os judeus substituíram o ayin final por um sigma (o s grego) do caso nominativo. Nos outros casos a palavra se declina assim: Iesou (genitivo), Iesoi (dativo), Iesoun (acusativo) e Iesou (vocativo). Com isso mataram-se dois coelhos com uma só cajadada: o nome ficou declinável, e o ayin final, que não tem equivalente em grego, foi substituído por um sigma (s).

Fato semelhante se deu com Judas, que reflete a forma grega Ioudas, que em hebraico é Yehudah (Judá). Outros nomes hebraicos que terminam com a gutural he tem em grego, em latim e em português no final o som s: Isaías, Jeremias, Josias, Sofonias et al. Outro exemplo é o vocábulo Mashiach, que termina com a gutural sonora cheth (ch), a qual em grego, em latim e em português deu lugar ao som s: Messias.

3. O Novo Testamento foi originalmente escrito pelos apóstolos em hebraico ou aramaico e posteriormente traduzido para o grego? A resposta é: não. É possível que algumas coleções de ensinos de Jesus, escritas em aramaico (as chamadas logia), tivessem circulado entre os cristãos e servido Mateus e Lucas ao escreverem os seus evangelhos. Mas nenhum manuscrito dessas logia foi encontrado até hoje. O tradutor do Novo Testamento não pode basear-se em textos hipotéticos. Os livros do Novo Testamento foram todos escritos em grego coiné, e é no texto grego que se têm baseado as traduções que têm sido feitas através dos séculos.

4. Os originais das Escrituras, especialmente o Novo Testamento, foram destruídos pelas guerras, especialmente na destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.? Resposta: Não existe nenhum manuscrito autógrafo de nenhum livro da Bíblia. Tanto no caso do Antigo Testamento como no do Novo, o que temos são cópias feitas através dos séculos. Especialistas cotejam e avaliam cientificamente estas cópias com o objetivo de se chegar o mais perto possível dos textos autógrafos. Cópias dos manuscritos hebraicos e dos gregos foram feitas nos países do mundo bíblico, o que assegurou a sua preservação através dos séculos.

5. Jerônimo. A citação [de uma carta de Jerônimo ao papa Dâmaso temendo ser acusado futuramente de falsário por impetrar diversos acréscimos, mudanças e correções nas Escrituras] é breve demais e deve ser comprovada com indicação de fonte. E mais: citações fora de contexto podem levar a conclusões apressadas e falsas.

6. Lucas 23.38. Sobre leitura duvidosa não se devem basear argumentos, e este é o caso aqui. As palavras “em letras gregas, romanas e hebraicas” não aparecem nos melhores e mais antigos manuscritos e por isso estão ausentes de traduções modernas, como a Bíblia na Linguagem de Hoje, a Nova Versão Internacional e a Bíblia de Jerusalém. A Almeida Revista e Atualizada põe essas palavras entre colchetes (ver Bruce Metzger, A Textual Commentary on the Greek New Testament, 2a. ed., 1994, págs. 154 e 217). Em João 19.19-20, todavia, diz-se que “estava escrito assim em hebraico, latim e grego: ‘Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus’”. Então o nome de Jesus não foi apenas transliterado: foi escrito na forma corrente de cada uma das três línguas. Em hebraico foi Yeshua”, como fez F. Delitzsch na sua tradução do Novo Testamento do grego para o hebraico. Em grego foi Iesous, e em latim, Iesus.

Também não se sustenta a afirmativa de que nome próprio não pode ser traduzido. Geralmente nome próprio não se traduz; às vezes, sim. Foi o que aconteceu com Simão, a quem Jesus disse: “O seu nome é Simão... de agora em diante o seu nome será Cefas (que quer dizer Pedro)” (João 1.42). Cefas é palavra aramaica que quer dizer “pedra”. Pedro é em grego Petros, que quer dizer “pedra”. E esse nome, resultado de tradução e não de transliteração, foi o que se tornou mais comum, e baseado nele foi que Jesus construiu o trocadilho registrado em Mateus 16.18.

7. Como o nome Yehoshua” se tornou Jesus (fonética histórica)? Resposta: Já vimos que o vocábulo Jesus não se deriva diretamente de Yehoshua”, mas da forma abreviada Yeshua”, através do grego e do latim. A consoante inicial J foi explicada acima, no item 1. Agora, o s médio em Jesus. No vocábulo hebraico Yeshua”, o grupo sh representa a consoante shin. Por não haver em grego som correspondente a essa consoante fricativa palatal, que soa como xis em eixo, os judeus a substituíram por sigma, também fricativa mas línguodental, que em grego, mesmo entre vogais, soa como ss. O ditongo grego ou soa u. E o aparecimento do s final foi explicado no item 2, acima. A evolução do termo de uma língua para outra é a seguinte: Yeshua” (hebraico) > Iesous (grego) > Jesus (latim) > Jesus (português).

Finalmente, é preciso esclarecer que, para o leitor, o real significado dos nomes não é assegurado pela sua transliteração. Primeiro, há um problema insuperável na transliteração, que é o da falta de equivalência de alguns sons nos alfabetos das duas línguas. Isso, em se tratando do hebraico, é verdade em relação ao tau sem daghesh, à pronúncia do mem e do nun finais e das guturais he, cheth e ayin. O ayin só os orientais são capazes de pronunciar corretamente. Depois, suponha-se que na tradução do Novo Testamento imprimíssemos Yeshua” Hammashiach em lugar de Jesus Cristo. Será que isso asseguraria a manutenção do “real significado expresso no original”? É evidente que não. Isso apenas causaria uma confusão total na mente dos leitores. No emprego do nome Jesus Cristo os escritores dos livros do Novo Testamento dão o exemplo a ser seguido pelos tradutores de hoje: eles usaram o nome grego popularmente corrente – Iesous – para indicar o hebraico Yeshua”. O título Christós, que passou a ser nome, foi traduzido pelos apóstolos do hebraico para o grego. Ver, por exemplo, João 1.41, passagem em que André diz a Pedro: “Achamos o Messias. (Messias quer dizer Cristo)”. É que leitores do Evangelho de João não sabiam o que queria dizer Messias, mas sabiam que Cristo queria dizer ungido. O tradutor hoje deve distinguir entre Cristo como nome unido a Jesus e Messias como título de Jesus. Como vimos, isso é claro em João 1.41. E também em Mateus 16.16: “O senhor é o Messias, o Filho de Deus.” Mas nem essa maneira de traduzir é suficiente para transmitir ao leitor o sentido mais profundo do original. Então, um dos recursos usados é a colocação de nota marginal onde for o caso. Por exemplo, em Mateus 1.21 aBíblia na Linguagem de Hoje [fora de prelo] tem uma chamada na margem, assim: “Jesus quer dizer ‘O Deus Eterno salva’”. Já no caso de Messias, o recurso usado é outro: o asterisco juntado a essa palavra encaminha o leitor ao Vocabulário, onde se lê: Messias – o Salvador prometido no Antigo Testamento. Messias (hebraico) é o mesmo que Cristo (grego) e quer dizer “Ungido”. (Ver UNGIR). Nesse último verbete explica-se o que é a unção.

Sugestão bibliográfica
Roger L. Omanson, “What´s in a Name?”, The Bible Translator, Nova Iorque, United Bible Societies, janeiro de 1989, p. 109-119.
Idem, “Lázaro y Simón”, Traducción de la Biblia, Miami, Sociedades Bíblicas Unidas, 1o.Semestre de 1995, p. 13-17.
------------------
Sociedade Bíblica do Brasil
Av. Ceci, 706 - Tamboré - Barueri, SP - 06460-120
Tel: (11) 4195-9590 // Fax: (11) 4195-9591 // Internet: www.sbb.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário