Por Roger Liebi
A Bíblia não deixa nenhuma dúvida de que existem dimensões de tempo que não têm fim, que são eternas. Isso vale tanto para a vida eterna como para o sofrimento eterno.
A palavra aion, que aparece com frequência no texto original
grego do Novo Testamento, significa “era”, mas também “eternidade”.
Essa palavra não tem um sentido exclusivo. O mesmo vale para o vocábulo
hebraico ólam, no Antigo Testamento. Dependendo do contexto em
que se encontra, ele pode ser traduzido por “eternidade”, por “era” ou
até por “tempo de vida”. Todavia, se ólam é aplicado em relação a Deus, imediatamente fica claro que ólam significa “eternidade no sentido absoluto”. Em Gênesis 21.33, Javé (o “que existe eternamente”, o “imutável”) é chamado de Elólam. Isso significa claramente “Deus da eternidade” (“Deus Eterno”).
Todo idioma tem possibilidades de expressar tudo o que se deseja.
Assim, em cada idioma, caso seja necessário, é possível adicionar a
clareza na expressão. Se quisermos falar claramente de eternidade em seu
sentido absoluto, no idioma hebraico, então podemos utilizar a formação
le-ólmei ólamin (“nas eras das eras”). Essa expressão significa claramente “para todo o sempre”.
No Novo Testamento essa formação tipicamente hebraica foi adotada no
grego, assim como tantas outras formas de expressão hebraicas: eis aionas ton aionon
(“nas eras das eras”). No Novo Testamento essa expressão é claramente
empregada várias vezes para indicar a eterna existência de Deus
(Apocalipse 4.9-10; 10.6; 11.15). A mesma expressão verbal é aplicada
reiteradamente em relação à perdição daqueles que rejeitam o evangelho
(Apocalipse 14.11; 19.3; 20.10).
Além disso, há um adjetivo no Novo Testamento que, na literatura do
século I d.C. (bíblica e secular), significa claramente “eterno” no
sentido absoluto. Trata-se da palavra aionios, que aparece quase 70 vezes. Em 2Coríntios 4.18 essa palavra aparece em contraste com “temporal” (proskairos). Na ciência linguística isso é conhecido como oposição semântica.
Se não soubéssemos o significado de aionios, então precisaríamos
perguntar: qual é o contrário de “temporal”? Algo bem simples: infinito,
eterno! Em Mateus 25.41 e em Judas 1.7 o “fogo” do juízo é descrito com
aionios.
Em Mateus 25.46 encontra-se mais um caso de oposição no contexto de aionios:
no mesmo versículo, o castigo dos perdidos e a vida dos redimidos são
chamados de aionios. “E estes irão para o castigo eterno, mas os justos
para a vida eterna.”
Se não houvesse castigo eterno, também não haveria vida eterna!
Roger Liebi é formado em música (Conservatório e Faculdade de Música em Zurique – Violino e Piano), línguas do mundo da Bíblia (grego, hebraico clássico e moderno, aramaico, acádio) e em teologia (bacharelado, mestrado e doutorado). Completou o doutorado junto ao Whitefield Theological Seminary, na Flórida (EUA), onde apresentou uma dissertação na área de estudos judaicos e arqueologia sobre “O Segundo Templo em Jerusalém”. Entre 2004 e 2011 foi docente universitário para a área de arqueologia de Israel e do Oriente Médio. Atua como professor de ensino bíblico e como palestrante em diversos países. Participou em três projetos de tradução da Bíblia. Seu envolvimento com as Escrituras Sagradas e áreas científicas gerou uma série de publicações.
https://www.chamada.com.br/mensagens/quanto_tempo_dura_a_eternidade.html?
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