1) O aconselhamento requer uma Bíblia tridimensional.
Ninguém gosta de uma história plana e
unidimensional com personagens estáticos, um enredo previsível e uma
conclusão insatisfatória. Por quê? Porque isso não soa fiel à
experiência humana, que é profunda e multifacetada. Muitas pessoas se
esquivam do aconselhamento baseado na Bíblia, porque assumem que a
Bíblia é como uma história ruim, dando instruções sobre o comportamento
em vez de oferecer uma imagem rica e colorida da vida humana.
O melhor aconselhamento usa as
Escrituras como Deus pretende: como uma perspectiva viva de um mundo
dinâmico que detém autoridade sobre os nossos. Não é unidimensional, mas
tridimensional, capaz de abordar os muitos fatores da vida – da
dinâmica relacional à autopercepção e às dificuldades circunstanciais. A
Bíblia nos alegra mesmo quando nos instrui; ela desafia os compromissos
centrais de nossos corações, mesmo quando eleva nossa perspectiva acima
de nossas tristezas.
A Bíblia atesta a si mesma tridimensionalmente. Apenas leia o Salmo
119 se você quiser ter uma visão longa e prolongada de como a Escritura
funciona nas correntes da vida.
2) O aconselhamento requer uma visão tridimensional da vida humana.
Assim como honramos a Bíblia, usando-a
como Deus requer, honramos a vida humana quando a reconhecemos como Deus
planejou. Ele nos projetou para responder dinamicamente às situações ao
nosso redor, e essa resposta é multifacetada.
Na vida, as pessoas não apenas pensam,
eles também querem e escolhem. Elas precisam de suas mentes instruídas,
mas também de seus corações capturados. Elas precisam fazer novas
escolhas, mas também precisam mostrar uma visão do que essas escolhas
farão por elas. Elas precisam de ajuda para entender como seus
pensamentos particulares afetam a maneira como elas se relacionam com as
pessoas importantes em suas vidas, ou como os eventos que aconteceram
com elas no passado afetam suas suposições acerca do futuro.
Afinal, o aconselhamento ajuda a
conectar os pontos entre os vários aspectos da experiência de uma
pessoa. Isso ajuda a nos entendermos melhor à luz do que as Escrituras
dizem. Usar a Bíblia tridimensionalmente
3) Você é mais capaz que imagina.
Um cristão vivo com uma Bíblia viva é
uma ferramenta poderosa para a mudança. Você pode pensar que existe uma
categoria de pessoa que é capaz de ouvir as pessoas descrever seus
problemas, entender automaticamente e saber o que dizer em resposta. Não
existe um super-ouvinte existe. Você não pode preencher automaticamente
os problemas de uma pessoa, mas também ninguém pode fazer isso. Você
não deve presumir que um profissional remunerado seja capaz de
solucionar os problemas de uma pessoa em dificuldades.
Não nos leve a mal. Médicos e
conselheiros profissionais são uma fonte maravilhosa de ajuda. Estamos
simplesmente salientando que o seu primeiro impulso não deve ser o de
evitar enfrentar as complexidades dos problemas de outra pessoa. Seu
primeiro impulso deve ser servi-los nesses problemas. Por que não estar
disposto a entrar na bagunça sozinho? Por que não se associar ao seu
amigo em dificuldades enquanto ela caminha pelo processo de obtenção de
ajuda? Se Deus lhe deu sua palavra e seu Espírito habita dentro de você,
há muito mais que você pode fazer do que você realiza provavelmente.
Não evite falar a verdade para um amigo conturbado.
4) Você é menos capaz do que imagina.
Sim, a relação entre o terceiro e o
quarto ponto é paradoxal. Com o primeiro, queremos que todo cristão, com
uma Bíblia e o Espírito de humildade, esteja confiante de que pode
ajudar um amigo conturbado de alguma forma significativa. Mas, com o
segundo, queremos que todo cristão reconheça os limites de sua própria
sabedoria.
Você se irá deparar com problemas dos
quais nunca ouviu falar, situações em que conhece apenas alguns dos
fatos, relacionamentos com os quais ainda não tem capacidade para falar.
A humildade é a melhor proteção contra ferir alguém ao se envolver em
uma situação delicada. A humildade reconhece as limitações de sua
própria perspectiva e experiência.
Alguns cristãos tendem a pensar que
conhecer a Bíblia significa que eles a aplicarão sabiamente em situações
complexas. Mas este não é o caso. Precisamos que o Espírito nos cultive
em amor e conhecimento, para que possamos discernir o que é agradável a
Deus nas situações dinâmicas que temos diante de nós (Filipenses
1:9-11). Às vezes, a coisa certa a fazer é encorajar um lutador a
procurar alguém mais avançado do que você, particularmente no que se
refere a problemas específicos. Isso não significa que você não vá dizer
nada; significa apenas que você deve ser rápido para ouvir e cauteloso
para falar.
5) O aconselhamento é iniciado por problemas.
A natureza do aconselhamento é que as
pessoas o procuram apenas quando estão lutando com algum problema.
Quando seu carro quebra, você leva para a loja para consertá-lo; quando
um cristão não está indo bem, ela procura um pastor ou um conselheiro
para ajuda-lo. Aconselhamento é organizado em resposta a problemas
percebidos na vida de uma pessoa.
Muitas vezes, os cristãos querem entrar
diretamente em território familiar quando conversam com pessoas em
dificuldades. Eles não entendem muito bem tudo o que está acontecendo;
então eles rapidamente mudam para partes da Escritura que eles entendem
bem. O resultado é frequentemente uma aplicação fiel, mas não muito
pertinente da Bíblia.
Devemos respeitar os problemas que as pessoas enfrentam, ouvindo atentamente e buscando compreensão.
6) O aconselhamento não é focado no problema, mas centrado em Cristo.
Tendo reconhecido que o aconselhamento é
iniciado pelo problema, precisamos salientar que ele não é focado no
problema. O foco deve estar em Jesus Cristo e como o coração da pessoa
deve responder a ele em meio às tristezas que está enfrentando.
Aconselhamento não é principalmente sobre a correção de problemas,
embora trabalhamos muito nisso. É o primeiro a reorientar a adoração das
coisas criadas para o Criador por meio do evangelho de Jesus Cristo. A
pergunta mais importante no aconselhamento não é “Como eu ficarei
melhor?”, mas “O que meu coração está adorando?”
Se uma mulher solteira está lutando para
se libertar de padrões de promiscuidade em seus relacionamentos,
certamente a luxúria está envolvida. Entretanto, se você cavar mais
fundo, descobrirá que ela pode estar lutando com um desejo de segurança,
buscando-o nos braços de homens que se aproveitam dela. Ou, se um casal
está em constante conflito, na superfície pode parecer que eles estão
debatendo suas finanças. Contudo, se você mergulhar abaixo da
superfície, muitas vezes descobrirá que o medo do fracasso é um
estrangulamento em sua casa. Seu coração, projetado para adorar a Deus,
está usando essa funcionalidade para buscar sua identidade em outro
lugar.
7) O aconselhamento é para todos.
Porque o aconselhamento é sobre o
coração responder corretamente aos problemas da vida, todo cristão deve
reconhecer sua necessidade de ajuda. Discernir sobre como responder
fielmente a sentimentos indesejados de depressão ou medos intrusivos,
muitas vezes não pode ser feito sozinho.
Todo cristão está vivendo sua vida em um
mundo marcado pela futilidade e dificuldade; e não devemos assumir que
podemos navegar por este mundo sem as habilidades aperfeiçoadas de
outros cristãos. Os conselheiros são muitas vezes aqueles cujas
habilidades foram aperfeiçoadas para discernir a interação entre
circunstâncias difíceis e respostas do coração. Algumas conversas com um
conselheiro provado em batalha às vezes podem fazer maravilhas.
8) O aconselhamento não é para todos.
Outro paradoxo para você. O último ponto
foi que o aconselhamento é para todos, mas este ponto está dando outra
camada da nuance. O aconselhamento não é necessário quando uma pessoa
tem a habilidade básica de entender como deveria estar respondendo à
situação em que se encontra. A vida cristã regular é marcada por
dificuldade, mas também é marcada com os meios regulares de graça nos
ministérios de pregação e ensino da Palavra, na comunhão, nas amizades
intencionais e na busca em oração a Deus como um corpo. Esses meios
regulares de graça mantêm uma pessoa clara e de coração aberto em sua
abordagem da vida, permitindo que muitos cristãos passem por longas
temporadas sem a necessidade de aconselhamento.
No mistério da providência de Deus,
alguns cristãos serão poupados dos piores tipos de sofrimento, ou
receberão os melhores tipos de apoio na igreja; e assim não precisarão
de aconselhamento na maioria das vezes. Outros terão rotas diferentes.
Portanto, os cristãos devem pensar que o aconselhamento não é o ideal
universal para todos nem a reabilitação desagradável para os
particularmente desafortunados.
9) O aconselhamento tem tempo limitado.
Aconselhamento não é um estado
permanente de ser. Muitas vezes, nem tudo é longo. Muitas vezes, um
cristão em dificuldades estabelece melhores padrões de resposta e começa
a ver seus problemas a partir da perspectiva mais ampla de Deus. E como
ele melhora dessa maneira, ele não precisa mais de aconselhamento. Ele
não precisará continuar a vir porque a depressão é aliviada, o vício em
pornografia não é esmagador, ele aprendeu a amar sacrificialmente em seu
casamento, ela está comendo normalmente de novo, ou ela é capaz de
descansar de suas ansiedades. O problema original que os levou ao
aconselhamento diminuiu.
Os bons conselheiros tentam trabalhar
por conta própria, confiando as pessoas aos ministérios mais amplos da
Palavra no contexto da igreja.
10) Há esperança até nas piores situações.
Jesus Cristo não abandona ninguém às
complexidades da vida. Na vida regular de uma igreja, o número de
dificuldades no corpo às vezes pode ser esmagador. Mas isso não é
surpresa para Jesus, que nos disse que este mundo seria um problema; Ele
também disse ao seu povo para ter coragem, pois superou o mundo (João
16:33).
A palavra que Jesus utiliza ao falar dos problemas deste mundo é paz.
Com efeito, mesmo nas piores situações há esperança – embora não haja
uma saída fácil. A promessa de Jesus é que ele é capaz de inserir uma
virtude estrangeira no sofrimento. A paz de conhecer a Deus como um
adorador muda toda a dinâmica da vida de uma pessoa. O evangelho de
Jesus Cristo transformou incontáveis viciados, prostitutas, agressores
e tolos arrogantes em adoradores do único Rei verdadeiro. Nós já vimos
isso e é incrível.
Não há nada como uma vida transformada para fazer você pensar: “O evangelho realmente funciona”.
Autores: Deepak Reju e Jeremy Pierre
Fonte: Crossway
Tradução: Mirian Gomes
Revisão: Leonardo Dâmaso
Divulgação: Reformados 21
http://reformados21.com.br/2018/08/03/10-coisas-que-voce-deve-saber-sobre-o-aconselhamento-pastoral/
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