Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

2 de junho de 2018

A terra irá durar para sempre ou Deus a destruirá e criará outra?

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Atenção: Este é um artigo que visa primordialmente responder à pergunta do título, mas mesmo que você não tenha o mínimo interesse neste assunto em particular não deixe de ler até o final, porque ele tem muitas implicações sobre o dilúvio, a volta de Jesus, o milênio e o estado eterno, e eu aposto que muita coisa que você nunca ouviu falar antes e ficará curioso em saber, concordando ou não com a minha análise. Boa leitura!

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Este é um típico prato cheio para ateus que adoram apontar “contradições” bíblicas, pois aparentemente há um compilado de versículos indicando que a terra irá durar para sempre, ao mesmo tempo em que há aparentemente um outro compilado de versículos indicando o oposto. Vou começar este artigo apenas compilando os versos de cada lado para depois fazer minhas considerações a respeito.

Em favor da terra durar para sempre:
  • “Os justos possuirão a terra e viverão nela para sempre” (Salmo 37:29)
  • “Estabeleceu a terra em seus alicerces; ela nunca, jamais, será tirada do seu lugar” (Salmo 104:5)
  • “Ele fez o seu santuário tão duradouro como os céus; como a terra, que ele estabeleceu para sempre” (Salmo 78:69)
  • “Uma geração vai e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre” (Eclesiastes 1:4)
  • “Pois assim diz o Senhor, que criou os céus, ele é Deus; que moldou a terra e a fez, ele a fundou; ele não a criou para estar vazia, mas a formou para ser habitada” (Isaías 45:18)
*Obs: este último verso não fala sobre “durar para sempre” mas fala sobre a terra ter sido criada para ser habitada, de modo que uma destruição total do planeta seria desproposital.

Em favor da terra ser destruída:
  • “Levantem os olhos para os céus e olhem para a terra embaixo. Pois os céus se dispersarão como fumaça; a terra se gastará como uma roupa, e os seus habitantes morrerão como mosquitos. Mas a minha salvação será eterna, e a minha justiça jamais falhará” (Isaías 51:6)
  • “Céu e terra passarão, mas as minhas palavras de modo algum passarão” (Mateus 24:35)
  • “Então vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já não existia. Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido” (Apocalipse 21:1-2) *Obs: este texto é em partes uma alusão a Isaías 65:17.
  • “O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada. Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo calor. Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça” (2ª Pedro 3:10-13)
  • “No princípio firmaste os fundamentos da terra, e os céus são obras das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; envelhecerão como vestimentas. Como roupas tu os trocarás e serão jogados fora” (Salmos 102:25-26) *Obs: este texto também é repetido pelo autor de Hebreus em 1:10-12.
Considerações

Estes são os textos clássicos de um lado e do outro. Eu devo confessar que durante muito tempo acreditei na segunda tese, a da destruição da terra, embora nunca tivesse parado muito tempo para refletir a respeito. Isso porque explicar os textos em favor da terra durar para sempre sob a ótica oposta costuma ser bem mais simples e fácil do que fazer o contrário e explicar os textos que parecem deixar claro que a terra será mesmo destruída. Basta dizer que o “para sempre” é na verdade um tempo indefinido no hebraico, que neste caso seria finito. Exemplos no AT do ʽohlám sendo utilizado neste sentido é o que não falta. É assim que Geisler e Howe explicam esses textos em seu “Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e ‘Contradições’ da Bíblia”, que costuma ser muito bom.

Mas há alguns problemas sérios com essa explicação. Primeiro, porque embora de fato o ʽohlám seja usado em um sentido indefinido e finito em alguns textos veterotestamentários, isso só ocorre quando o contexto deixa óbvio que não é literalmente “para sempre” mesmo. Por exemplo, Samuel moraria no templo “para sempre” (1Sm 1:22), Davi habitaria na casa do Senhor “para sempre” (Sl 23:6), a lepra de Geazi ficaria com ele e com sua descendência “para sempre” (2Rs 5:27), etc. Mas nestes casos está claro que o “para sempre” se refere a toda a duração da vida da pessoa, que é mortal. No caso da terra é bem diferente, pois a terra não é um ser humano com um ciclo natural de vida a partir do qual subtende-se um fim. Quando o ʽohlám é usado em contextos como os textos que falam da terra, ele significa “para sempre” mesmo.

Mas há um problema maior: o Salmo 104:5 não apenas usa o ʽohlám, mas também acrescenta o ʽadh, termo hebraico que significa “para todo o sempre”, e que na Bíblia é sempre usado para um tempo sem fim. Dificilmente o escritor bíblico usaria duas palavras que significam “para sempre”, uma em seguida da outra, incluindo uma que não admite outro significado, se sua intenção não fosse justamente enfatizar que a terra realmente durará para todo o sempre mesmo.

Mas se a terra vai durar para sempre e este fato é difícil de ser contestado exegeticamente, como explicar os outros muitos textos que parecem dizer o contrário? Comecemos com o texto mais popular, que diz:

“No princípio firmaste os fundamentos da terra, e os céus são obras das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; envelhecerão como vestimentas. Como roupas tu os trocarás e serão jogados fora” (Salmos 102:25-26)

Aqui o texto parece ser claro: a terra perecerá. Isso não tem como discutir. O que devemos discutir é o que o salmista entendia por “terra” neste texto, já que provavelmente se trata do mesmo autor do Salmo 104:5, que deixou bem claro que a terra ”nunca, jamais será tirada do seu lugar”. Ou ele era bipolar, ou o que ele pensava por “terra” no segundo texto não era o mesmo que ele se referia no primeiro. Aqui eu vou explicar a forma como eu entendo não só esse texto, mas também todos os outros da segunda lista.

Quando o salmista fala da terra perecer ou ser destruída, ele não estava falando de uma super explosão no núcleo da terra que faria em pedaços o planeta inteiro até desaparecer completamente. Em vez disso, a terra seria destruída no sentido de que tudo o que há na terra será desfeito, virará cinzas. De certa forma, o dilúvio foi uma “destruição da terra”, no sentido de que ele destruiu tudo o que havia no planeta. Mas isso não se refere ao planeta em si, pois internamente (no núcleo e nas outras camadas internas da terra) tudo continuou existindo como antes, mas tudo o que há na superfície foi completamente destruído naquela ocasião. É este o mesmo sentido em que a terra será destruída na volta de Jesus.

“Mas espere um momento: essa é apenas a sua interpretação!”, você diria. Calma. Venha comigo para 2ª Pedro, e veja se ele não tem esse mesmo entendimento:

“Antes de tudo saibam que, nos últimos dias, surgirão escarnecedores zombando e seguindo suas próprias paixões. Eles dirão: ‘O que houve com a promessa da sua vinda? Desde que os antepassados morreram, tudo continua como desde o princípio da criação’. Mas eles deliberadamente se esquecem de que há muito tempo, pela palavra de Deus, existiam céus e terra, esta formada da água e pela água. E pela água o mundo daquele tempo foi submerso e destruído. Pela mesma palavra os céus e a terra que agora existem estão reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e para a destruição dos ímpios” (2ª Pedro 3:3-7)

Pedro não apenas diz que o mundo foi submerso pelas águas do dilúvio, mas também que foi destruído. No entanto, apesar do mundo ter sido destruído no dilúvio, a terra em si continuou existindo, não houve uma explosão no núcleo da terra que desfez o planeta em pedacinhos para deixar de existir, como alguns poderiam entender pelo termo “destruído”. O detalhe é que Pedro relaciona essa destruição que ocorreu por ocasião do dilúvio justamente com a destruição que ocorrerá na volta de Jesus. Apenas três versos depois, vem a parte que diz:

“O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada. Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo calor. Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça” (2ª Pedro 3:10-13)

Basta ler o texto dentro do contexto para perceber o quão lógico é o raciocínio de Pedro: os escarnecedores da volta de Jesus são os mesmos que lá atrás zombavam de Noé, até que veio o dilúvio e destruiu o kosmos. E da mesma forma que o mundo foi destruído pelo dilúvio na época de Noé, o mundo será destruído novamente, mas pelo fogo, quando Jesus voltar. Nos dois casos ocorre a destruição do planeta, com a diferença de que no primeiro Deus destruiu por meio da água, e no segundo Deus destruirá por meio do fogo. Foi por isso que Jesus disse:

Assim como foi nos dias de Noé, também será nos dias do Filho do homem. O povo vivia comendo, bebendo, casando-se e sendo dado em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Então veio o dilúvio e os destruiu a todos. Aconteceu a mesma coisa nos dias de Ló. O povo estava comendo e bebendo, comprando e vendendo, plantando e construindo. Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do céu e os destruiu a todos. Acontecerá exatamente assim no dia em que o Filho do homem for revelado” (Lucas 17:26-30)

Note que Jesus, assim como Pedro, também faz alusão ao dilúvio como uma tipologia do que acontecerá com a terra quando Ele voltar, mas também acrescenta o de Ló, quando caiu fogo e enxofre do céu e destruiu a todos. E complementa dizendo que acontecerá EXATAMENTE ASSIM quando Ele voltar. Se é exatamente assim que ocorrerá quando Jesus voltar e a terra não deixou de existir quando o fogo caiu do céu no caso de Sodoma, então logicamente o fogo que cairá do céu na volta de Jesus também não destruirá a terra no sentido de explodi-la completamente até a total inexistência, mas sim no mesmo sentido do dilúvio de Noé e do fogo em Sodoma, que destruiu completamente tudo o que estava na terra, mas não a terra em si.

O que acontecerá na volta pós-tribulacional de Jesus é muito mais radical do que as pessoas imaginam: enquanto a Igreja é arrebatada ao encontro de Cristo nas nuvens juntamente com os santos ressurretos, o fogo de Deus cai do céu sobre a terra, destruindo os ímpios e tudo o que nela há, como Deus fez na época de Noé, só que por meio do dilúvio. Enquanto nos dias de Noé o meio de condenação foi a água e o meio de salvação foi a arca, na volta de Jesus o meio de condenação será o fogo e o meio de salvação será o arrebatamento. E assim como a arca baixou sobre a terra novamente após o dilúvio e Noé e sua família voltaram a terra, quando a destruição pelo fogo terminar o seu serviço a Igreja volta a terra com Cristo para passar com ele o Reino milenar.

A terra será “desnudada” como diz Pedro, como já havia sido desnudada no dilúvio, e a terra que os salvos encontrarão ao retornarem ao solo será bem diferente daquela que eles viveram antes. É aqui que entendemos os textos que falam da terra “passar” e de Deus criar uma “nova terra”. Para entender essa “nova terra” é preciso que mais uma vez voltemos ao dilúvio e entendamos o que aconteceu lá. Assim como as pessoas tem uma visão distorcida sobre o que acontecerá na volta de Jesus, elas também têm uma visão bem míope sobre o que ocorreu no dilúvio. Para a maioria das pessoas, o dilúvio foi apenas um monte de água que caiu do céu, encobriu as coisas, depois desceu e voltou tudo como era antes. Essa visão é profundamente distante da realidade, que foi infinitamente mais drástica que isso.

Na verdade, os cientistas sabem que não existe água suficiente nas nuvens do céu que seja o bastante para cobrir todos os montes do mundo inteiro como narra a Bíblia. É por isso que a Bíblia diz que no dilúvio “todas as fontes das grandes profundezas jorraram, e as comportas do céu se abriram” (Gn 7:11). Note que não apenas choveu a partir das “comportas do céu” (nuvens), mas também das “profundezas da terra”. Ou seja, o próprio solo da terra se abriu, a terra se rachou e dali subiu água que contribuiu em grande parte para formar tão grande volume.

Quando você estuda o criacionismo bíblico, você encontra a resposta para muitas coisas, como as placas tectônicas. A Bíblia ensina que no início havia um único continente (Gn 1:9), que há um século foi comprovado cientificamente e ganhou o nome de “Pangeia”. O que foi que deslocou essas placas e separou os continentes como vemos hoje? Os evolucionistas apelam aos “milhões e milhões de anos” de separação lenta e contínua, mas na teoria criacionista bíblica dos seis mil anos isso seria impossível. Apenas uma enorme catástrofe seria capaz de fazer isso em tão pouco tempo, e essa catástrofe global foi justamente o dilúvio (veja aqui). As próprias montanhas não existiam ainda, e passaram a existir a partir do dilúvio, com a ruptura e deslocamento radical das placas.

Há um documentário sobre o dilúvio que explica essas e muitas outras coisas interessantes, que eu publiquei há alguns anos no Apologia Cristã e que vale a pena conferir:

Então quando Noé e sua família desceram da arca, eles não encontraram a velha terra que antes conheciam. Em vez disso, eles se depararam com uma nova terra, uma terra totalmente diferente. Em um sentido técnico era a mesma terra, mas sua superfície havia passado por transformações tão profundas que já não tinha mais nada a ver com a antiga terra que foi destruída no dilúvio. Da mesma forma ocorrerá na volta de Jesus: a terra será destruída de tal maneira que o que veremos depois será qualquer coisa, menos o que estamos acostumados a ver agora.

É curioso observar que logo após João no Apocalipse dizer que Deus fez novos céus e nova terra, “pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado”, ele acrescenta logo em seguida: “...e o mar já não existia” (Ap 21:1). Eu sempre costumei interpretar esse texto figurativamente, embora não entendesse que raios de figura estranha seria essa de “o mar já não existe”. Mas considerando o fogo literal que cairá do céu e a destruição total da superfície terrena, é perfeitamente possível que esse fogo seja tão intenso que apague completamente os mares e as fontes de água que hoje possuímos. De todo modo, os salvos já estarão em corpo glorificado e não precisarão mais de água para sobreviver.

Um outro aspecto que é raramente observado pelos teólogos é o fato de Pedro dizer que essa destruição da terra pelo fogo se dará no “dia do Senhor” (2Pe 3:10), que na Bíblia toda é vinculado à volta de Jesus, e então diz que “naquele dia os céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo calor” (v. 12). Note com atenção que ele não diz que isso ocorreria mil anos depois, mas “naquele dia”, ou seja, no dia da volta de Jesus. Mas João no Apocalipse não fala de Deus criando uma nova terra senão no fim do milênio, em Ap 21:1: “Então vi um novo céu e uma nova terra...”.

Como se explica isso? A resposta é muito simples: a “nova terra” é a terra que os salvos irão construir ao longo desses “mil anos” (que podem ser literais ou não), um processo que se inicia na volta de Jesus e se concretiza no final do milênio. A única parte que não será construída por mãos humanas é a própria Jerusalém celestial, que João diz que “desce do céu, da parte de Deus” (Ap 21:2), que será a cidade principal. É importante compreender isso para tirar de mente a ideia tradicional e antiquada que se tem da vida eterna, como se fosse o ambiente monótono que Samuele Bacchiocchi descreveu e refutou com sabedoria em seu livro “Imortalidade ou Ressurreição”:

A Bíblia não retrata o mundo por vir como um paraíso etéreo onde almas glorificadas passarão a eternidade trajando vestes brancas, cantando, tocando harpas, orando, perseguindo nuvens e bebendo leite de ambrósia. Antes, a Bíblia fala dos santos ressurretos habitando este planeta purificado, transformado e tornado perfeito por ocasião e mediante a vinda do Senhor (2 Ped. 3:11-13; Rom. 8:19-25; Apoc. 21:1). Os “novos céus e uma nova terra” (Isa. 65:17) não são um retiro espiritual remoto e inconsequente em algum recanto do espaço; antes, são o céu e a terra presentes renovados à sua perfeição original.

É digno de nota que o próprio Senhor Jesus descreveu a vida póstuma não como algo que destoa completamente do que vivemos hoje, mas como a “regeneração de todas as coisas” (Mt 19:28), ou seja, a volta ao ideal adâmico pré-queda. Por isso a visão de “ir morar no céu com os anjos tocando flauta com vestes brancas” é tão longe do realismo bíblico, que jamais retrata Deus abandonando o “projeto terra” e deixando-a vazia para sempre para nos levar para o céu, mas sim restaurando as coisas como eram no projeto original, que era o de um Paraíso terreno (o Éden) onde o mal e o pecado não habitavam. Por isso Isaías diz que Deus “não criou a terra simplesmente para nada, mas a formou para ser habitada (Is 45:18).  

Cabe destacar que quando a Bíblia fala do corpo da ressurreição, ela não diz nada além do fato de ser imortal e incorruptível (1Co 15:51-54), o que, em termos simples, significa que é exatamente o mesmo corpo atual, com a diferença de que ele não vai morrer ou se deteriorar com o tempo (e consequentemente não vai ficar velho e enrugado, nem vai contrair doenças, engordar ou coisas do tipo). O corpo é o mesmo, mas sem os defeitos do mesmo. Será como deveria ter sido desde o início, como Adão foi criado antes da Queda (sobre este aspecto da vida eterna ser na nova terra, eu já escrevi este artigo, altamente recomendável para quem quiser se aprofundar no assunto).

Conclusão
A nova terra de que a Bíblia fala não é a dissolução deste planeta inteiro virando nada para depois recriar uma terra do zero, mas sim a destruição de toda a superfície da terra e de tudo o que nela há, como ocorreu no dilúvio, e a reconstrução de uma nova terra após essa enorme catástrofe global que acabará com tudo aquilo que hoje conhecemos por terra e que vemos diante de nossos olhos. Isso explica os textos que falam da terra ser destruída, ao mesmo tempo em que harmoniza com os textos que falam que a terra jamais seria “tirada do seu lugar” e “permanecerá para sempre”. Um texto que a meu ver transmite bem este sentido está no início do livro de Sofonias, que diz:
"’Destruirei todas as coisas na face da terra’; palavra do Senhor. ‘Destruirei tanto os homens quanto os animais; destruirei as aves do céu e os peixes do mar, os que causam tropeço junto com os ímpios. Farei isso quando eu ceifar o homem da face da terra’, declara o Senhor” (Sofonias 1:2-3).
Como se nota, a “destruição da terra” não é uma enorme e gigantesca explosão que desfaz o planeta inteiro em pedacinhos, mas sim a destruição de todas as coisas na face da terra, o que inclui todos os homens e animais. Isso acontecerá enquanto a Igreja estiver a salvo com Cristo nas nuvens e com corpo glorioso, com o qual passaremos o milênio reconstruindo a terra para o estado eterno.


Adendo

Adendo 1: Um leitor observou que o termo “novo” (usado em Ap 21:1 para falar dos novos céus e nova terra), no grego kainós, significa renovado, voltando a um estado original (veja aqui), o que vai ao encontro do sentido que exponho no artigo.
Adendo 2: Sobre o texto que diz que “o mar já não existe” (Ap 21:1), um leitor fez alusão ao texto que diz que “as águas que você viu, onde está sentada a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas” (Ap 17:15), então significaria que esses povos, multidões, nações e línguas não existiriam mais no estado eterno. Embora o texto de 21:1 use o termo thalassa (mar) e não hudor (águas), é certamente uma interpretação possível. Um outro leitor apontou que o “mar” seria uma alusão ao mar que cercava a ilha de Patmos onde João estava preso quando recebeu as revelações, então “o mar já não existe” seria uma referência a não haver mais entraves à liberdade do povo de Deus. Embora considere essa interpretação um tanto quanto subjetiva, também é perfeitamente possível, da mesma forma que a interpretação literal apresentada aqui e outras que possam ser oferecidas. Cabe ao leitor decidir qual lhe parece mais razoável.
http://www.lucasbanzoli.com/2018/05/a-terra-ira-durar-para-sempre-ou-deus.html

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