Ike Miller
"1Tm 2.9-10 diz:
"Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia,"
Para homens cristãos pode ser difícil lidar com luxúria, sem perpetuar os abusos, e ferir nossas irmãs ao longo do caminho. Em uma palestra expositiva, eu confrontei a necessidade da eliminação da culpa que injustamente sobrecarregam as mulheres, quando as questões discutidas se referem à luxúria e pudor.
Quando a conversa gira sobre esses termos, nós, homens demonstramos de imediato que somos filhos de um pai chamado Adão, e em nenhuma outra questão, nós, homens somos tão descarados; assim como consideramos ser tão adequado apresentar o cartão do nosso pai: "Deus, foi aquela mulher que você colocou aqui."
As questões de
luxúria e falta de pudor remontam quase ao início, e são decorrentes de
uma ruptura no relacionamento que inicialmente Deus destinou a homens e mulheres. Um
exame profundo na unidade e desunião de Adão e Eva nos ajuda moldar a compreensão atual da luxúria masculina.
Inicialmente
existia entre Adão e Eva uma perfeita unidade que demonstrava e exemplificava
uma total interdependência. Em Gênesis 2, Deus retirou uma costela de Adão
e dela criou o corpo de Eva. Notavelmente, a criação de Eva a partir de Adão
produziu nele uma forte inclinação física em direção a ela, o que ilustra bem
porque os homens, em geral se sentem tão atraído pelas mulheres. É uma
tendência que, antes da queda serviu para unir e unificar os dois.
Depois que Adão
reconhece Eva como osso de seus ossos e carne de sua carne, a Escritura nos diz
que: "por essa razão, o homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher".
Enquanto os
professores e estudiosos da Bíblia tendem a se referir a essa "licença e
unir-se" em termos estritamente emocional, o contexto indica que o
"apego" é também físico e sexual: Ele vai se apegar à sua esposa e os
dois serão uma só carne, um eufemismo para a consumação sexual do casamento.
O termo hebraico
usado para “apegar” confirma a natureza física e sexual da inclinação.
Em outros
contextos bíblicos semelhantes, entre homens e mulheres, que denota profunda
atração de um homem por uma mulher, quase ao nível da irresistibilidade
[Siquém, e Dinah, Gênesis 34:3; Salomão e suas muitas esposas, [1 Reis 11:02] a escritura
mostra repetidamente essa inclinação nos homens de maneiras distintas:
1- em
forma de corrupção como a história de Davi e Bate-Seba.
2- na celebração
da beleza do amor, como a do amante e sua amada no Cântico dos Cânticos.
Antes da Queda, a
inclinação que o homem tinha pela mulher era algo bom, tanto no sentido
físico, como no emocional e sexual. Incentivava a unidade conjugal, e
significava que o homem não possuía o lugar de dominância, ou
seja, significava que havia uma reciprocidade e interdependência entre
homem e mulher, uma dinâmica forte de reciprocidade.
No entanto, o
desejo do homem pela mulher foi pervertido, -- como tantas outras coisas que
Deus fez bom -- quando o pecado entrou no mundo. Continuamos a assistir a
esta perversão, na busca pela pornografia, e na maneira desenfreada como as
mulheres são objetificadas. Ao invés de conduzir os homens para a unidade conjugal, a
inclinação do homem pela mulher tornou-se um mero e distorcido desejo de
consumo. Além disso, o homem busca impor uma dominação masculina, e se
aproveitando da vulnerabilidade da mulher coloca sobre ela o peso da
culpa. Adão foi o primeiro a fazer isso em Gênesis 3:12, e os homens têm
feito isso desde então.
Esta
tentativa
do homem de reafirmar o domínio interrompe e descaracteriza a unidade
criada por Deus para que existisse na relação homem-mulher. Ele
desumaniza a pessoa do sexo feminino transformando-a em um objeto para
sua
satisfação condenando-a como a sementeira da luxúria.
Luxúria é o
fruto de uma imaginação indisciplinada, e então os homens são indesculpáveis, e não há ninguém para culpar além de nós
mesmos. Embora a luxúria seja uma tentação sempre premindo, não é
impossível de resisti-la. Ela, no entanto, exige uma vigilância constante,
sensibilidade à convicção, e práticas de confissão e arrependimento.
Para que isso se torne uma realidade, a igreja
precisa providenciar um espaço seguro, de forma que os homens tenham condições
de lutar com sua fraqueza, sem se sentirem amedrontados e envergonhados. Este
é um papel importante que os pequenos grupos de homens podem cumprir, ou
seja, proporcionar ambientes livres de juízo e da vergonha. Desta
forma os homens que precisam de apoio irão encontrar outros homens em que possam
confiar, e assim poderão expor a sua fraqueza, como se fizesse uma prestação de
contas.
Não obstante o diálogo entre os sexos também seja importante
para a compreensão, nem sempre, ou quase nunca é apropriado que o homem
confesse seu desejo para a mulher por quem ele é tentado.
Irmãos, quando se
trata de pudor, a providência que nos cabe, não é elaborar uma lista de regras
de como as mulheres devem se vestir tendo como base nossas tentações
pessoais. Em vez disso, a nossa responsabilidade é o humilde
reconhecimento da nossa fraqueza, e de como uma inclinação física, saudável em
sua criação, se tornou e continuou sendo pervertida.
Em arrependimento, os homens devem trabalhar em direção a
uma maneira de pensar sobre o corpo feminino, que esteja em harmonia com a
bondade com a qual foi criado para ser.
Tendo em vista, a inclinação dada por Deus ao homem,
as mulheres poderão ouvir este testemunho, e entendê-lo como um convite para
ajudar homens que confrontam a luxúria. A resposta positiva a este convite, não significa
necessariamente que as mulheres se submetam a uma lista de regras e diretrizes
para o vestir com modéstia, mas significa ter a consciência da
vulnerabilidade dos homens, sem ser escravizadas por eles.
Para todos, e para cada um de nós, este
é um processo de discernimento. Tanto as mulheres como os homens devem
buscar o Espírito Santo, e considerarem a maneira como a igreja irá
testemunhar e viver a diretiva de Paulo em 1 Timóteo 2:9 para
"vestir-se modestamente, com decência e discrição".
Santo Agostinho
uma vez falou sobre a maneira em que Adão foi feito fraco através da remoção de
sua costela, para que Eva fosse feita forte. Essa ação, Agostinho
explicou, era um prenúncio de Cristo, cujo corpo foi quebrado, e se fez fraco
para que sua noiva, a igreja, pudesse ser constituída forte. Ao contrário
de Cristo, que foi suficiente para si mesmo, o enfraquecimento do homem deu à
luz, uma boa e bela interdependência homem-mulher.
Essa união entre
os sexos foi danificada pela queda, mas não completamente perdida.
A Igreja ainda
pode testemunhar o desígnio de Deus para as relações humanas.
Para os homens, o
testemunho significa abandonar o caminho e o modo de ser do primeiro Adão, para
seguir a trilha e a maneira de ser do segundo, -- Jesus Cristo -- ou seja, ao invés
de culpar as nossas irmãs, devemos crucificar a carne.
Esta é a
nossa responsabilidade na obra da redenção.
Ike Miller faz doutorado em teologia na Trinity Evangelical Divinity School.
Ele é casado com a escritora Sharon Her.meneutics Hodde Miller.
Seu artigo original, "Falta de Pudor e Luxuria", foi publicado no blog de Sharon: sheworships.com
http://www.christianitytoday.com/women/2013/july/mans-perspective-history-of-lust.html?paging=off
Traduzido por FABIO S. FARIA.
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