Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

16 de maio de 2017

A Língua – Bênção ou Maldição


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Tiago 3:1-12
1_Meus irmãos, não sejais muitos de vós mestres, sabendo que receberemos um juízo mais severo. 2_Pois todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, esse é homem perfeito, e capaz de refrear também todo o corpo. 3_Ora, se pomos freios na boca dos cavalos, para que nos obedeçam, então conseguimos dirigir todo o seu corpo. 4_Vede também os navios que, embora tão grandes e levados por impetuosos ventos, com um pequenino leme se voltam para onde quer o impulso do timoneiro. 5_Assim também a língua é um pequeno membro, e se gaba de grandes coisas. Vede quão grande bosque um tão pequeno fogo incendeia. 6_A língua também é um fogo; sim, a língua, qual mundo de iniquidade, colocada entre os nossos membros, contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, sendo por sua vez inflamada pelo inferno. 7_Pois toda espécie tanto de feras, como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se doma, e tem sido domada pelo gênero humano; 8_mas a língua, nenhum homem a pode domar. É um mal irrefreável; está cheia de peçonha mortal. 9_Com ela bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. 10_Da mesma boca procede bênção e maldição. Não convém, meus irmãos, que se faça assim. 11 Porventura a fonte deita da mesma abertura água doce e água amargosa? 12_Meus irmãos, pode acaso uma figueira produzir azeitonas, ou uma videira figos? Nem tampouco pode uma fonte de água salgada dar água doce.

Nos capítulos 1 e 2, Tiago começa nos chamando de “meus irmãos”, assim também começa no capítulo 3. Cada vez que muda o rumo do assunto, ele tende a tratar seu leitor com carinho. O tema a ser estudado tem alta relevância no meio cristão. A todo o momento surgem conversas paralelas, invencionices, palavras levianas, mal entendidas em nosso meio. É triste que a igreja que deveria se mostrar ao mundo como um exemplo de relações interpessoais seja uma comunidade, muitas vezes, com relações internas tão precárias que chega a assustar. Faz-se necessário que sejamos honestos uns com os outros e com Deus, ao nos relacionarmos.

As palavras que proferimos podem ser bênção ou maldição, palavras que edificam ou palavras que arrasam. É contra esta dupla possibilidade que o escritor sagrado nos adverte. Ele começa com um conselho: “Não sejais muitos de vós mestres, sabendo que receberemos um juízo mais severo” . Ora, ser mestre é um dom do próprio Cristo: “E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres,” (Ef 4:11). Lemos também em (ICo 12:28), “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.” O “mestre” foi estabelecido pelo próprio Pai e é superado apenas por “apóstolos” e “profetas” e precede dons que muitos hoje supervalorizam como efetuar milagres, curas e línguas. Em (Rm 12:7), aquele que ensina (o “mestre”) recebeu um conselho: “... se é ensinar, haja dedicação ao ensino;”. Por que, então, o conselho na negativa – “não sejais muitos de vós mestres”?

A primeira resposta surge no vs. 1: “... receberemos um juízo mais severo”. Inicialmente, entra em discussão o ônus da liderança.

Quanto pesa ser líder! Por que almejamos liderar? Desejo de ser visto e acatado?

Um anseio sincero de pesquisar e repartir as verdades de Deus?

É lamentável constatar a existência de membros de igrejas que se aborrecem por não possuírem um cargo ou por não serem eleitos para o desempenho de funções de liderança na comunidade cristã a que pertence. O cargo é uma necessidade para conferir dignidade eclesiástica a quem o exerce?

O fardo do líder é pesado. Além das responsabilidades inerentes ao cargo ou à função que desempenha, há também o fato de que Deus requererá mais dele: “... receberemos um juízo mais severo”. O mestre, nas comunidades cristãs primitivas, era aquele que ensinava a Palavra ao povo de Deus. Corresponderia hoje ao pregador expositivo ou ao professor da E.B.D. Parece que nos dias de Tiago alguns ambicionavam a função sem ter condições qualquer condições ou senso de responsabilidade, tão somente movidos pela vaidade ou desejo de promoção, sem amor ao povo que deviam ensinar e sem reverência à verdade que deviam repartir/ensinar. Aquele que ensina está usando da palavra para comunicar verdades de Deus. Deve ter cautela dupla: primeiro porque é mestre, e segundo porque está usando a Palavra que pode levar à vida ou à morte.

A segunda resposta esta no vs. 2: “Pois todos tropeçamos em muitas coisas.” Todos tropeçaram e o mestre não é exceção. Por estar à frente e com missão de tamanha relevância, talvez seja ela uma das pessoas mais visadas. “Todas tropeçam”, diz Tiago. Para falar, basta que se abra a boca e se articule sons concatenados, formando palavras. Podemos nos vingar, rebaixando alguém cuja posição nos incomoda, e espalhar maledicências sobre a vida alheia. E tudo isso, justificando nossas palavras, racionalizando tudo o que fazemos. É difícil não tropeçar no que proferimos. A advertência de Jesus deve sempre ressoar em nossos corações: “Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado” (Mt 12;37).

Consideradas as razões do perigo de ser mestre e de se valer constantemente da palavra, Tiago passa a apresentar a necessidade de controle da língua. Para tal vai se valer de duas comparações que sabiamente emprega. A primeira: encontrada no vs. 3, trata dos freios que se põem à boca dos cavalos. O cavalo é um animal de grande força física, mas é dominado por um instrumento pequeno, a rédea. A segunda esta no vs. 4 e mostra como um grande navio, mesmo batido por fortes ventos, obedece ao leme manobrado pelo timoneiro. As duas ilustrações apresentam um ponto comum: o pequeno controla o grande, a parte controla o todo. Dominar a língua (o pequeno e a parte) é controlar a vida (o grande e o todo). O que acontece a um cavalo sem as rédeas? Torna-se um destruidor. O que sucede a um barco sem leme? É destruído. O controle da língua, da mesma forma, evita uma vida destrutiva e auto destruidora.

Tiago ilustra o poder da palavra com quatro figuras: Fogo (v. 6), mal irrefreável (v. 8), fonte (v. 11 e 12), e árvores (v. 12).

A língua é o fogo destruidor que brota de pequena fagulha. Uma pequena palavra pode suscitar longa contenda. Tiago reflete sobre isso. O homem pode domar tudo. “Pois toda espécie tanto de feras, como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se doma, e tem sido domada pelo gênero humano;” (v. 7). Não há animais que o homem não consiga domar. Ele encanta serpentes, adestra cães para truque, domestica o felino selvagem, como vemos nos circos, e até treina a vida aquática, como no caso dos golfinhos. Outros animais, como o cavalo e o boi, são por ele usados para o trabalho doméstico, em sítios e fazendas. Se vivesse hoje Tiago poderia estender seus argumentos: O homem domina sobre os animais, sobre a natureza e começa a estender seu domínio para fora da terra, na direção do espaço. Porém, a língua continua indomada: “... mas a língua, nenhum homem a pode domar” (v. 8).

Algumas vezes não nos damos conta dos grandes estragos que os “inocentes” comentários ou “colocações sem muita importância” que fazemos podem alcançar com resultados. “Há três coisas que não regressam: A flecha lançada, a palavra falada e a oportunidade perdida. Uma vez pronunciada a palavra, não há maneira de fazê-la regressar. Nada é tão difícil de sufocar como um rumor; nada há tão difícil de cicatrizar como os efeitos de uma história maligna e ociosa. Lembre-se o homem que, uma vez dita a palavra, esta foge do seu controle. Portanto, pense bem antes de falar porque, mesmo que não possa fazer a palavra voltar, terá que responder pela palavra pronunciada."

Aprendemos também que não pode haver duplicidade na palavra do cristão. Não faz parte do estilo de vida do seguidor de Jesus Cristo. São bem claros os vs. 11 e 12 “Porventura a fonte deita da mesma abertura água doce e água amargosa? Meus irmãos, pode acaso uma figueira produzir azeitonas, ou uma videira figos? Nem tampouco pode uma fonte de água salgada dar água doce.”

São três os exemplos que Tiago emprega para ilustrar a verdade que deseja transmitir. Era este o método utilizado pelos rabinos para ilustrar seu ensino: três ilustrações para cada verdade. É oportuno recordar que Tiago esta escrevendo para cristãos provenientes do judaísmo e, por isso mesmo acostumado com a forma de ensino dos rabinos. Não é de estranhar que sua didática seja rabínica.

A primeira ilustração é a fonte que jorra água. (v. 11): “Porventura a fonte deita da mesma abertura água doce e água amargosa?”. Uma fonte não pode produzir dois tipos de água, doce e amarga. Da mesma maneira, a língua de um cristão não pode produzir dois tipos de palavras, a de bênção e a de maldição.

Observa-se que Tiago não diz que a fonte deve produzir água doce (que pelo contexto nos parece ser a boa palavra). Pode produzir água amarga (a má palavra). O que Tiago diz é que a fonte produz apenas um tipo de água. Ou doce ou amarga. Da mesma forma como não se devem esperar palavras inconvenientes na boca de um cristão, não é de admirar que na boca de um homem que não seja temente a Deus haja palavras que não seja edificante. Cada fonte produz um tipo de água. Um é o falar do cristão. Outro é o falar do não-cristão.

A segunda ilustração empregada por Tiago é a da árvore que produz frutos segundo a sua espécie. (v. 12): “pode acaso uma figueira produzir azeitonas, ou uma videira figos? Nem tampouco pode uma fonte de água salgada dar água doce.” A figueira produz figos e a videira produz uvas. A declaração nos faz refletir de uma forma profunda. Cada árvore produz furtos segundo a sua espécie, de acordo com a sua natureza. Novamente somos chamados a refletir que não deve haver duplicidade de frutos em nosso viver. Produza, então, o cristão o fruto que dele se espera.

A terceira ilustração se assemelha à primeira, mas apresenta uma variação: “Nem tampouco pode uma fonte de água salgada dar água doce.” (v. 12). Uma fonte que só produza água não é errada em si mesma. Pode ser uma fonte medicinal, por exemplo, produzindo águas sulfurosas. Esta ilustração difere da primeira em um ponto: Naquela, a fonte só jorra uma qualidade de água, potável ou não potável. Não importa qual seja, mas uma só. É genérica, porque trata de ambas as possibilidades. Tanto faz produzir água doce ou salgada, desde que só produza uma. Esta aqui é especifica: A fonte salgada não produz água doce. A maior necessidade daquela região era água portável, boa para beber. A fonte salgada (usemo-la aqui para tipificar o falar do homem não regenerado) não pode produzir boa palavra. Quem deve produzir esta é o servo de Jesus. É ele quem tem a palavra que alcança/liberta o mundo. Poderíamos então parafrasear Jesus, quando exortou os discípulos a não omitirem o brilho da sua luz: “Se a fonte de água portável que há em ti produzir água não potável, que grande desastre será!”.

É de nós, portanto, que o mundo pode ouvir boas palavras, que alentam, que consolam, que vivificam. Se não tivermos uma palavra de esperança, uma palavra honesta e decente para este mundo, de quem ele a ouvirá?

Voltamos, então, ao (v. 10): “... Não convém, meus irmãos, que se
faça assim.” O que não convém? Não é conveniente que tenhamos palavras para bendizer ao Senhor e amaldiçoar aos homens, que são imagem e semelhança de Deus (v. 9). Quem adora a Deus não pode amaldiçoar o seu próximo. Voltamos, assim, à tese que domina o livro de Tiago: Adoração e conduta devem caminhar juntas. Meu procedimento para com o próximo será a projeção fiel do meu verdadeiro relacionamento com o Senhor, que as palavras fingidas não conseguirão mascarar de forma alguma.

Esclareça-se que Tiago não prega o silencio, o que ele deseja não é que os cristãos se refugiem, não deixem de falar, mas sim que controlem sua língua.

“Os rabinos judeus usavam esta figura: ‘A vida e a morte estão nas mãos da língua.’ Por acaso a língua tem mãos? Não! Mas assim como a mão mata, assim também a língua. A mão mata de perto, porém, a língua é como uma flecha que mata à quarenta ou a cinquenta passos, porém, da língua se diz no (Sl 73:9) que `’Põe a sua boca conta os céus, e a sua língua percorre a terra’. Passeia por toda a terra e alcança os céus. Este é o perigo da língua. Um homem atacado pode defender-se do golpe porque o atacante esta na sua presença. Mas, pode-se pronunciar uma palavra maliciosa ou repetir uma calunia sobre outro que nem sequer se conhece e que se encontra a milhares de quilômetros de distancia e, mesmo assim, causar-lhe extremo dano. O extraordinário alcance que a língua tem é o seu maior perigo.

Devemos ter muito cuidado com as palavras que emitimos sobre a vida alheia. Podemos destruir uma vida por uma palavra leviana ou pouco responsável. Que TENHAMOS UMA VIDA DE LOUVOR AO SENHOR E AO NOSSO IRMÃO. Que saia de nossa boca, palavra que vivifica.



FONTE:

http://alcyricardo.blogspot.com.br/p/estudo-livro-tiago-cap-03.html

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