Você já deve estar comemorando que amanhã teremos
mais um feriado, mas talvez nem se lembre exatamente o motivo para isso,
não é mesmo? “Claro que não, Mega! Eu sei que é por causa de
Tiradentes!”, deve estar bradando algum leitor mais eufórico, mas você
sabe quem foi ele? Se você disse que é aquele barbudo e cabeludo que
todo mundo faz sinal da cruz na estátua da praça, você está certo, mas
essa história é um pouco mais complexa.
Vamos por partes: Joaquim José da Silva Xavier nasceu em 12 de
novembro de 1746, na Fazenda do Pombal, onde hoje se localiza a cidade
de Ritápolis, em Minas Gerais. Nessa época, quem governava o Brasil era a
corte portuguesa, mas, até então, Joaquim não ligava muito para
política – até pelo fato de que seus pais eram portugueses.
Quis a vida que já aos 15 anos de idade ele fosse órfão de pai e mãe.
O rapazinho acabou ficando sob a tutela de um tio, que era cirurgião
dentista e com quem ele aprendeu algumas coisas da profissão, apesar de,
oficialmente, ter se tornado tropeiro, militar e minerador.
Oficialmente, Tiradentes nunca foi dentista
Inconfidência Mineira
Foi como minerador que Joaquim José descobriu que a corte portuguesa
não era tão legal assim com os brasileiros: os impostos cobrados eram
muito caros e aumentaram ainda mais quando os minérios ficaram escassos.
Revoltado com isso, ele liderou um grupo para lutar contra essa
cobrança.
Só que, é claro, havia um dedo-duro no bando que denunciou a revolta
para os governantes. Por isso, um dia antes, muitos que faziam parte da
chamada Inconfidência Mineira foram presos e esperaram até 3 anos pela
sentença. Joaquim José assumiu a liderança e conseguiu liberar os outros
inconfidentes, sendo o único condenado à morte.
Aos 45 anos, no dia 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, Joaquim
José percorreu as ruas do Rio de Janeiro da cadeia até o local de sua
execução. A galera foi em peso acompanhar sua morte, que teve discurso e
até fanfarra – tudo, é claro, para dar um alerta àqueles que se
revoltassem contra a corte. O líder foi enforcado e esquartejado, com
partes de seu corpo sendo expostas em vias públicas.
Quadro retratando a prisão de Tiradentes
Feriado e aparência de mártir
O que era para ser um processo de intimidação acabou sendo um
incentivo para novas revoltas, tanto que a memória de Tiradentes foi
exaltada pela população. Ele era chamado dessa forma por conta de suas
práticas na extração de dentes, aprendidas com o tio. Oficialmente, ele
nunca se formou dentista.
O feriado em sua homenagem só foi promulgado em 9 de dezembro de
1965, durante a primeira fase do Regime Militar. Desde então, a data de
sua morte virou folga em todo o território nacional. Claro que esse é
apenas um resumo da história de Tiradentes, que teve sua imagem de
mártir construída ao longo dos séculos.
Falando em imagem, uma das curiosidades sobre a sua vida é que não
existem muitos relatos sobre sua aparência física. Em 1890, o pintor
Décio Villares criou uma figura hipotética do herói, usando símbolos já
conhecidos de outro mártir: Jesus Cristo. Ao retratá-lo com barba e
cabelos longos, Villares mistificou o homem, retirando a idolatria
meramente política para dar uma aura mais mística a Tiradentes.
Imagem mitológica X imagem mais realista
Oficialmente, Tiradentes foi enforcado com cabelo e barba raspados,
sendo que, por ter servido o exército, é muito mais provável que ele
usasse cabelos curtos e, no máximo, um bigodinho em seu dia a dia.
Agora, confessa pra gente: você já fez o sinal da cruz achando que ele
era Jesus Cristo? Eu já!
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