Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

9 de abril de 2017

CRÍTICA: 'A Cabana' é um longa nauseante que tenta doutrinar espectador




Os maus filmes podem ser subdivididos em três grupos: os ruins, os muito ruins e os péssimos. "A Cabana", que entrou em cartaz nesta quinta (6), cabe com perfeição na última categoria.


Trata-se de um exemplar dessa safra, relativamente recente, de filmes religiosos, nos quais, ao contrário do cinema bíblico hollywoodiano clássico, ignora-se o poder persuasivo do espetáculo sobre as plateias.

Os religiosos de hoje correspondem às produções ficcionais para os grupos reunidos sob o rótulo "diversidade", seja ela sexual, étnica, de gênero ou, como aqui, de crenças.

Em comum, são produções bem cuidadas, reúnem elencos respeitáveis, mas servem somente para espelhar identidades e confirmar certezas.

Resumindo: são pregação para convertidos.

O fiel vai encontrar no filme "A Cabana" motivos de sobra para acreditar ainda mais. Já os que questionam terão que pedir a Deus muita força para alcançar a luz ao fim da sessão.

À PROVA

Sam Worthington "interpreta", sem outro recurso que não a voz sussurrante, o papel de Mack, homem ideal cujo único defeito é não se submeter por completo aos mandamentos religiosos.

Essa desobediência se resolve quando Mack é posto à prova, como Jó. Ao perder o que mais ama, ele reage ao contrário, afastando-se da fé.

Logo sua descrença será desafiada quando é posto diante de Deus em si, que ganha as formas roliças e o aspecto de mãezona de Octavia Spencer. Detalhe saboroso: Deus faz as melhores tortas de maçã deste mundo e do outro.

Não basta? Ao lado desse Deus politicamente corretíssimo encontram-se dois assistentes, um árabe e uma asiática.

O elenco ecumênico se completa com a súbita aparição de Alice Braga, encaixada para demonstrar que no mundo ideal o regime de cotas garante a representatividade de todos.

Daí em diante, "A Cabana" converte-se em celebração mística, com direito a apoteose de espíritos de luz e a um número cafoníssimo de "assim é o paraíso".

Quando tudo parece estar resolvido e próximo do fim, a trama ainda dá algumas piruetas para ter certeza de que todo mundo absorveu direitinho a mensagem.

O efeito é como o do discurso do fiel que não se contenta com sua fé, precisa convencer todo mundo de sua verdade.

No final, nem é preciso ser ateu para só sentir náuseas.



A CABANA (The Shack)
QUANDO: em cartaz
ELENCO: Sam Worthington, Octavia Spencer e Tim Mcgraw
PRODUÇÃO: EUA, 2017, 12 anos
DIREÇÃO: Stuart Hazeldine


http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/04/1873250-a-cabana-e-um-longa-nauseante-que-tenta-doutrinar-espectador.shtml



 

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