Mentira Um: O Pecado Traz Realização
Não existe um
pecado que não seja influenciado por essa racionalização. Pensamos que o
pecado nos torna mais felizes. Mas, na realidade, o pecado é a causa
principal de toda a miséria e infelicidade, tanto nesta vida como na
vida por vir. Morte, doença, desavenças, guerra, fome, vício (de
qualquer espécie), famílias desmanteladas, ódio, dor, sofrimento e uma
miríade de outros males, tudo isso encontra a sua origem no pecado. Não
havia nenhuma dessas coisas antes que o pecado tivesse entrado no mundo,
e quando os céus e a terra forem recriados em justiça, também lá não
estarão (Ap 21.2-4).
O pecado contradiz
diretamente o propósito para o qual nós fomos criados, e jamais seremos
felizes num tal estado. Bem no âmago da nossa humanidade, Deus nos fez
com o desejo de buscá-lo (At 17.24-28), de aprender os seus mandamentos
(Sl 119.73) e de servi-lo com alegria (Sl 100.1-3). A Escritura mostra
com muita clareza que a alegria e a satisfação vêm somente do Senhor (Sl
16.11). Nunca seremos verdadeiramente felizes até que realizemos o
propósito de Deus para as nossas vidas.
Isso deveria ser
evidente, já que Deus é a fonte de todas as bênçãos, tanto naturais
quanto espirituais. Como o doador é maior do que o dom, é razoável supor
que a nossa alegria em Deus deveria ser maior do que a nossa alegria
pelos dons. É uma afronta a Deus encontrar maior satisfação nos seus
dons do que nele próprio. Fazendo isso, estamos trocando o Criador pela
criatura.
É muito importante
lembrarmos que o pecado pode oferecer somente prazer temporário
(Hb11.25). A satisfação do pecado não só não dura, como também sempre
acaba em miséria maior ainda (1 Jo 2.17). Portanto, a questão verdadeira
é: queremos prazer temporário ou alegria duradoura?
Mentira Dois: O Pecado é Facilmente Derrotado
Uma das coisas em
que o diabo quer que acreditemos, a fim de que a nossa vigilância
diminua, é que o pecado não é um inimigo perigoso. Mas a Bíblia nos
ensina que o pecado é tão poderoso que, a menos que o poder sobrenatural
de Deus intervenha, nós nos tornamos seus escravos e permanecemos sob a
escravidão das suas ordens (Jo 8.34). Embora nascidos de novo, a
depravação é uma força poderosa dentro de nós, como testemunha o
apóstolo a respeito da sua própria experiência (Rm 7.14-25).
O que complica o
assunto é que o pecado é enganoso (Hb 3.13); nem sempre aparenta ser
mau. O escritor de Hebreus faz referência ao pecado “que tenazmente nos
assedia” (Hb12.1). Por essa razão, a Bíblia nos ordena a tomarmos muito
cuidado com o pecado e a lutarmos com força contra ele. Paulo disse que
esmurrava o seu corpo e o mantinha sob controle a fim de não ser
reprovado (1 Co 9.24-27). Em outro lugar, comparou a vida cristã a uma
batalha (2 Tm 2.3). Para derrotar o pecado, precisamos estar armados
para a guerra (Ef 6.10-20). John Owen deu o seguinte conselho sábio:
“Mate o pecado ou o pecado matará você… Não existe um dia sequer em que o
pecado não derrote se não for derrotado, e não prevaleça se não for
subjugado; e assim será enquanto vivermos neste mundo.”
Mentira Três: Você Pode Lidar com o Pecado Sem Recorrer a Cristo
O perigo desta
mentira é que ela leva à frustração e ao desespero. Infelizmente, muitas
pessoas que aceitam esta mentira descobrem que não podem competir em
condições de igualdade com a depravação que existe dentro delas e, por
isso, desesperançadas, desistem de lutar contra o pecado.
Quando o evangelho é
apresentado no Novo Testamento, o foco é sempre na obra de Cristo e na
paz com Deus que encontramos nele (2 Co 5.17-21). A Bíblia exorta as
pessoas a primeiro abraçarem a Cristo e, só depois disso, a buscarem a
santidade. O evangelho não é um simples apelo a um viver moral e, sim, a
uma transformação sobrenatural. Ninguém é capaz de vencer o pecado
separado de Cristo e do Espírito Santo (Rm 8.13). Deus não é honrado
quando tentamos remediar a nossa situação pecaminosa sem a sua graça,
por isso é inimaginável supor que Deus irá abençoar um sistema de
justiça produzido pelo próprio homem.
Mentira Quatro: É Impossível Atingir os Padrões de Deus
É uma tendência
humana culpar as circunstâncias ou as outras pessoas pelos nossos
escorregões no pecado. Preferimos pensar que, diante das circunstâncias,
seria impossível deixar de pecar. Queremos pensar dessa maneira porque
alivia as nossas consciências e nos isenta de responsabilidade quando
pecamos. Afinal de contas, como Deus pode nos responsabilizar por aquilo
que é impossível?
Há um sentido em
que a santidade de Deus, de fato, representa um padrão impossível para a
humanidade pecadora. Quando os discípulos ouviram Jesus explicar o
custo do discipulado para o jovem rico, perguntaram: “Então, quem pode
ser salvo?” (Lc 18.26). Jesus respondeu: “O que é impossível para os
homens é possível para Deus” (v.27). Portanto, é um erro fundamental
desculpar-se do comportamento pecaminoso, já que Deus prometeu graça
para obedecer a quem o busca pela fé.
Não existe pecado
que não possamos vencer nem tentação que não possamos resistir pela
graça (1 Co 10.13; 2 Co 12.9; Fp 4.13). Deus quebra o poder do pecado na
nossa conversão. Este é o ponto focal de Paulo no sexto capítulo de
Romanos: estamos mortos para o pecado; portanto não precisamos viver
nele (vv.1-2). A graça de Jesus remove a carga pesada da obrigação de guardar os mandamentos de Deus (1 Jo 5.3).
Mentira Cinco: Você Não Precisa Tratar com o Pecado Imediatamente
Procrastinação é um
pecado do qual todos nós somos culpados e a respeito do qual temos
costume de brincar. Mas a demora nas coisas espirituais pode ser fatal. A
Bíblia nos diz que “agora é o tempo favorável, agora é o dia da
salvação” (2 Co 6.2). E o escritor de Hebreus, citando o Salmo 95,
exorta-nos a ouvir hoje a voz de Deus (Hb 3.7,13,15).
Por que isso se
torna tão necessário? Primeiro, quanto mais o pecado permanece em nós
sem que haja arrependimento, mais difícil será nossa mudança, devido à
força do hábito. Quanto mais acalentamos um desejo pecaminoso ou uma
atitude errada, mais o pecado ficará entranhado na nossa natureza. Será
menos e menos notado. Terá um lugar mais permanente nas nossas afeições.
A nossa resistência a ele irá se tornando cada vez mais fraca.
Segundo, é
necessário porque a conseqüência maligna do pecado começa a fazer efeito
no momento em que consegue entrada na alma. Foi somente um leve toque
na arca que matou Uzá, e é somente uma simples brincadeira com o pecado
que pode matar a alegria espiritual e os frutos nas nossas vidas.
Mentira Seis: Posso Pecar Sem Sofrer Conseqüências
“Se eu pecar, nada
de mal vai realmente me acontecer.” Não pensamos assim, às vezes,
especialmente se o pecado é “pequeno”? É espantoso observar os
multiformes enganos do diabo neste assunto. Por um lado, ele convence as
pessoas de que não existe um verdadeiro inferno e que, portanto, não
faz mal pecar. Por outro lado, para aqueles que acreditam no inferno,
ele os convence de que não há perigo, no caso deles, de irem para lá!
Mas sempre há conseqüências para o pecado, porque Deus é um Deus de
justiça que odeia o pecado.
Em Êxodo 34.7, Deus
testificou que de nenhuma maneira livrará o culpado. Se não precisasse
existir qualquer conseqüência do pecado, Jesus nunca teria morrido numa
cruz pelos pecadores. Ele mesmo o declarou, quando clamou: “Meu Pai, se
for possível, afasta de mim este cálice” (Mt 26.39). E, realmente, não
era possível, porque a fim de que Deus fosse justo e justificador dos
ímpios, foi preciso punir os seus pecados na pessoa de Jesus (Rm
3.25-26).
Jesus não é a única
testemunha das conseqüências do pecado; também o são todas as multidões
que estão no inferno, sofrendo a vingança do fogo eterno (ver Mt 10.28;
25.46; 2 Ts 1.8-9; Jd 6-7).
“Mas se eu sou
redimido por Cristo”, alguém poderia perguntar, “como é que posso ser
punido pelos meus pecados?” Se cremos em Jesus, não somos propriamente
punidos pelos nossos pecados; pelo contrário, nosso Pai nos disciplina
misericordiosamente a fim de que sejamos participantes da sua santidade
(Hb12.5-11). Deus ama demais a santidade para permitir que os seus
próprios filhos venham a chafurdar no pecado. Portanto, disciplina pelo
pecado é a marca registrada do amor de Deus pelos seus filhos, e deve
ser esperada sempre que pecarmos (Sl 119.67,71; Tg 5.14-15). Na verdade,
se não somos disciplinados, não somos filhos de Deus.
Fazemos bem em
lembrar que o mero fato de tais castigos não serem eternos não significa
que as conseqüências do pecado sejam indolores para os crentes. Às
vezes, até um redimido tem de viver com as conseqüências de um pecado
seu pelo resto da sua vida (observe o que o Rei Davi teve de suportar
por causa do seu pecado com Bate-Seba). Isso já é razão suficiente para
não pecar. O nosso Pai não somente tem uma equipe para afastar os nossos
inimigos, mas também uma vara para corrigir os nossos erros. Sejamos
gratos a ele por isso, porque é para o nosso bem.
Mentira Sete: Deus Não Vai Me Julgar, Porque Todo o Mundo Faz o Mesmo
O diabo, às vezes,
engana-nos fazendo-nos adotar uma mentalidade de grupo que justifica
certos pecados porque a maioria das pessoas os considera comportamento
normal. Entretanto, devemos sentir medo quando estamos seguindo a
maioria. O cristianismo, pela sua própria natureza, é uma religião de
contracultura. Seguir a Cristo é como nadar contra a correnteza. Jesus
disse: “Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o
caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela” (Mt
7.13-14).
Uma vez, eu li um
pequeno panfleto com uma história imaginária de uma pessoa diante de
Deus, desculpando-se de seus erros com o argumento de que todo o mundo
vivia da mesma maneira. Deus, então, respondeu: “Bem, se você pecou com a
maioria, você pode ir para o inferno com a maioria”. É essa resposta
que podemos esperar se pautarmos a nossa vida por semelhante filosofia
destrutiva.
Mentira Oito: Deus Não Vai Me Julgar, Porque Não Sou Tão Mau Quanto os Outros
Se não racionalizarmos o
nosso pecado por incluir-nos na multidão, o diabo vai tentar nos levar a
racionalizá-lo excluindo-nos da multidão. Essa atitude era a essência
do farisaísmo, e é sempre uma ilusão fatal.
Talvez exista um
pecado na sua vida que Deus queira trazer à luz, mas você vem resistindo
à convicção do Espírito, argumentando que não é uma pessoa tão má em
relação às outras. Mas esse é um pensamento ilusório e contrário às
Escrituras. Em primeiro lugar, deixa de levar em conta que Deus não
somente estabelece o padrão; ele é o padrão. “Sejam santos, porque eu
sou santo” (1 Pe 1.16). A questão não é como nos comparamos com outras
pessoas e, sim, como nos comparamos com Deus.
Segundo, deixa de
levar em conta o fato de que Deus não fica satisfeito com obediência
incompleta. Deus quer tudo dos nossos corações, tudo das nossas vidas e o
mínimo possível de pecado. Quando tentamos estabelecer meios
compromissos com Deus, estamos roubando de nós mesmos tremendas bênçãos
espirituais. D.L.Moody, certa vez, ouviu um homem dizer: “O mundo ainda
não viu o que Deus pode fazer com, em e através de um homem cujo coração
esteja totalmente devotado a ele.” Mas o homem estava errado. O mundo
já tinha visto homens tais como Calvino, George Whitefield, Jonathan
Edwards, McCheyne e Spurgeon. É somente quando estivermos dispostos a
nos consagrar como esses homens fizeram que sentiremos o mesmo gosto do
seu sucesso. Mas nunca o experimentaremos enquanto nos satisfizermos a
nós mesmos, avaliando-nos pela comparação com os outros.
Mentira Nove: Deus Vai Perdoar Você, Por Isso Vá em Frente e Peque
A Bíblia fala de homens
que se insinuaram na igreja, inspirados por Satanás, para espalhar esta
doutrina demoníaca. Paulo faz referência a esses homens que dizem:
“Façamos o mal, para que nos venha o bem” – e depois acrescenta: “a
condenação dos tais é merecida” (Rm 3.8). Judas nos adverte contra
aqueles que transformam a graça de Deus em libertinagem (Jd 4). A Bíblia
torna bem claro que é impossível desfrutar o perdão e continuar vivendo
no pecado.
Paulo ainda
escreveu em Romanos 6.1-2: “Que diremos então? Continuaremos pecando
para que a graça aumente? De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o
pecado, como podemos continuar vivendo nele?” É impossível porque
sempre que Deus perdoa um homem, ele também transforma a sua natureza. A
graça muda de tal forma a pessoa que esta não vai mais querer viver em
pecado!
Quando uma pessoa é
dominada pelo desejo de fartar-se do pecado é uma indicação de que ela
nunca nasceu de novo. Um dia, conta-se, Spurgeon e um outro homem
estavam caminhando numa rua e passaram por um bêbado deitado na sarjeta.
Disse o homem: “Ué, Sr. Spurgeon, eis aí um dos seus convertidos!”
“Deve ser mesmo um dos meus”, replicou Spurgeon, “porque de Deus com
certeza não é!”
Mentira Dez: Deus Nunca Vai Perdoar Você, Por Isso Vá em Frente e Peque
Mais uma vez, vemos
quão versátil é Satanás nos seus enganos. Ele sabe que precisa preparar
uma mentira apropriada para cada tipo de pessoa. Para aquele que é
inclinado ao desespero, o diabo espera por oportunidades de assoprar nos
seus ouvidos que todas as tentativas de uma recuperação posterior serão
inúteis porque ele já foi longe demais. Tentará convencê-lo que cometeu
o pecado imperdoável, que agora pode muito bem se entregar totalmente
ao pecado porque de todo jeito já está indo para o inferno.
A verdade é que
Cristo perdoará todo aquele que vem a ele. “Todo aquele que o Pai me der
virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei” (Jo 6.37). Isso foi
verdade quando nosso Senhor falou estas palavras e ainda é verdade
agora. Não permita que o diabo amplie a sua condenação tentando-o a se
abandonar totalmente ao pecado e ao desespero. As misericórdias do
Senhor duram para sempre. A porta da graça está aberta para todos
aqueles que se aproximam através de Jesus.
Conclusão
Como é que podemos
derrotar as mentiras do diabo? Somente pela Palavra de Deus. É a verdade
que nos dá base sólida e que não permite que sejamos levados por
qualquer vento de doutrina. É a verdade que santifica. É a verdade que é
a mola-mestra do crescimento à maturidade em Cristo. É a chave para
derrotar o diabo.
Leitura da Bíblia,
meditação e memorização da Bíblia, e encarnação da Bíblia –
experimentando as suas verdades nas nossas vidas – são para sempre as
únicas ferramentas disponíveis ao povo de Deus para sobrepujar o
inimigo. Como em todas as coisas, Jesus é o nosso modelo para lidar com
as mentiras do diabo. Quando tentado por Satanás no deserto, ele citou
as Escrituras em resposta a cada mentira (Mt 4.1-10). “Está escrito”
deve ser a nossa senha tanto quanto foi a dele.
Jeremiah Bass
Extraído de “Heartcry”, uma publicação de Life Action Ministries (www.LifeAction.org), um ministério de avivamento e despertamento espiritual. P.O. Box 31, Buchanan, Michigan, EUA, 49107-0031.
FONTE:
https://discernimentocristao.wordpress.com/2009/03/28/dez-mentiras-a-respeito-do-pecado/
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