
Deus é AMOR!!! Este tem sido o maior slogan
cristão dos nossos tempos. Sem dúvida, Deus É AMOR!!! É maravilhoso
saber que entre Seus atributos encontra-se o Amor. Assim como Deus é
imutável (“Pois Eu, o Senhor, não mudo” [Ml 3.6]) e Eterno (Gn 21.33; Dt
33.27; Jr 10.10), Ele “é amor” (1 jo 4.8), e por isso podemos
confiar e nos alegrar na palavra que diz: “com AMOR ETERNO te amei”(Jr
31.30). Desde o princípio Deus era e continuará sendo pelos séculos dos
séculos o “DEUS DE AMOR” (2 Cor 13.11); Ele não ama hoje e amanhã deixa
de amar1. Seu amor permanece inabalável a preencher os recipientes de Sua misericórdia.
Deus
é perfeito e o amor é uma das perfeições do caráter de Deus. Deus não
pode ser mais amoroso (ou menos amoroso), pois de outra forma Ele não
seria perfeito; haveria algo ainda a ser melhorado (ou acrescentado) ao
Ser de Deus. Portanto, Deus ama na medida certa. Contudo,
quanta confusão se tem levantado sempre que se eleva um dos atributos
de Deus acima dos demais. Por exemplo: Através da ênfase na Onipresença e na Imanência de Deus, chegou-se ao Panteísmo2; do mesmo modo, através da ênfase na Transcendência de Deus, chegou-se ao agnosticismo3; da ênfase na Onipotência e Onisciência, originou-se o Fatalismo mórbido,
que coloca o homem na condição de um ser passivo e inerte, negando-lhe
qualquer tipo de responsabilidades. Mesmo que seja o amor, um dos
considerados mais sublimes atributos de Deus, este também não pode ser
colocado acima, como gerenciador, dos demais atributos do Ser de Deus,
pois todos eles coexistem igualmente. No entanto, a ênfase no amor de
Deus tem sido marca registrada desta geração e tem trazido drásticas
consequências para a igreja, como por exemplo, o surgimento do “Teísmo Aberto” (ou “Teologia Relacional”, como é conhecido no Brasil).
O “Teísmo Aberto” (ou “Teologia Relacional”) que tem suas origens na Filisofia Grega4, Arminianismo5, Socinianismo6 e Teologia do Processo7,
ensina que, por amor, Deus criou criaturas e quis relacionar-se com
elas, mas, para que este relacionamento fosse verdadeiro, estas pessoas
precisavam ser totalmente livres; por isso, Deus, em amor a este
relacionamento, abriu mão de Sua soberania, erguendo-se do trono do
universo e unindo-se aos agentes livres que criou, para juntamente com
Eles construir o futuro. Deus também deixou de lado Sua Onisciência,
pois, não haveria um relacionamento de fato livre se ele soubesse o que
faríamos amanhã, por isso, Deus poderia saber tudo acerca do passado e
do presente, mas não do futuro. Este relacionamento também continuaria
não sendo livre se Deus interferisse nas atitudes livres de Suas
criaturas sempre que algo não saísse de acordo com Seus planos, por isso
Deus multilou Sua Onipotência, podendo tudo, mas nada fazendo sem
consentimento prévio de todos os agentes livres envolvidos na situação.
Veja
o Deus de amor do teísmo aberto em ação: Imagine a cena: um homem
viciado em crak sai pelas ruas com uma arma na mão. Ele quer mais
dinheiro para sustentar seu vício. Numa rua sem movimento e mal
iluminada, uma jovem caminha rumo a estação de metrô. Ela se atrasou no
trabalho e saiu mais tarde que o habitual. O encontro é inevitável e
Deus assiste tudo... O homem saca a arma. Ela tenta fugir e ele dispara.
Ela cai morta e ele vai embora com o dinheiro... Segundo o teísmo
aberto, Deus nada podia fazer, pois, se o fizesse, violaria a liberdade (livre-arbítrio) daqueles agentes livres. Deus não sabia o que aconteceria, pois haviam muitas ações livres implícitas na questão e tudo o que Deus conhece
são as possibilidades. Aquilo machucou profundamente o coração de Deus e
ele certamente estava torcendo para que nada de mal acontecesse, mas
não havia nada que Ele pudesse
fazer, se não lamentar angustiadamente. E quanto ao propósito? Deve
haver algum propósito em todo este caso lamentável... O deus do Teísmo
Aberto diz: NÃO! Foi tudo uma fatalidade...
Bruce
A. Ware, ilustrando a visão do “Teísmo Aberto” acerca do sofrimento
escreve: “Quando a tragédia entrar em sua vida, por favor, não pense que
Deus tem algo a ver com isso! Deus não deseja que a dor e o sofrimento
ocorram e, quando isso acontece, ele se sente tão mal com a situação
como aqueles que estão sofrendo. Não pense que, de alguma maneira, essa
tragédia deva cumprir algum propósito final. É bem possível que não seja
assim! O mal que Deus não deseja acontece a todo momento e, com
frequência, não serve para nenhum bom propósito. Porém, quando sobrevém a
tragédia, podemos confiar que Deus está conosco e nos ajuda a
reconstruir o que se perdeu. Afinal, de uma coisa temos certeza, a
saber: Deus é amor. Então, embora não possa evitar que uma boa parcela de coisas ruins aconteça, ele sempre estará conosco quando elas acontecerem”8.
Será
que a Bíblia se engana ao relatar o episódio de Atos 4.27,28? “De fato,
Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se com os gentios e com o povo de
Israel nesta cidade, para conspirar contra o teu santo servo Jesus, a
quem ungiste. Fizeram o que o teu poder e a tua vontade haviam decidido de antemão
que acontecesse” (NVI – ênfase acrescentada). Não lemos aqui que todo o
sofrimento que sobreviera sobre Jesus fora determinado por Deus? Deus
estava por trás de tudo isso (inclusive das ações, supostamente
“livres”, dos ímpios) e não era sem propósito; foi por meio deste
sofrimento que recebemos a salvação! E o que dizer sobre o diálogo entre
Deus e Ananias a respeito do apóstolo Paulo? Atos 9.15,16: “Mas o
Senhor disse a Ananias: ‘Vá! Este homem é meu instrumento escolhido para
levar o meu nome perante os gentios e seus reis, e perante o povo de
Israel. Mostrarei a ele o quanto deve sofrer
pelo meu nome” (NVI – ênfase acrescentada). Como, pela visão do “Teísmo
Aberto”, responder a passagens como essas sem desrespeitar (ou até
mesmo violentar) o texto bíblico? Só podemos dizer que “A visão aberta
rebaixa Deus, pura e simplesmente falando. Tenta tornar mais
significativa a escolha e ação humanas, a custa da própria grandeza e
glória de Deus. O Deus do teísmo aberto é muito limitado, simplesmente
por ser menos que o majestoso, pleno conhecedor, todo-sábio Deus da
Bíblia” 9. O deus do Teísmo Aberto não sabe e não pode;
está cego quanto ao futuro; tem a boca fechada e as mãos amarradas para
não interferir nas livres escolhas (livre-arbítrio) de seus agentes
livres; está limitado pelo poder das suas criaturas.
O
Teísmo aberto tira o controle remoto do mundo das mãos de Deus e o
coloca nas mãos dos homens. É o antropocentrismo entronizado. É um deus
estremamente debilitado e não o Deus das Escrituras, sobre o qual lemos:
“Porque o domínio é do Senhor, e ele reina sobre as nações” (Sl 22.28);
“Mas o nosso Deus está nos céus; ele faz tudo o que lhe apraz” (Sl
115.03). Sobre Sua onisciência: “...Eu sou Deus, e não há outro
semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio, e desde a
antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho
subsistirá, e farei toda a minha vontade” ( Is 46. 9,10). Como disse C.
S. Lewis: “Todo aquele que realmente crê em Deus acredita que Ele sabe o
que você e eu vamos fazer amanhã”10. O deus do Teísmo aberto
só nos deixa o desespero, pois um deus que não seja o “Todo-Poderoso”
que “reina” (Ap 19.6; 15.3 [ó Rei dos séculos]) e conhecedor de “todas
as coisas” (1 Jo 3.20 [inclusive “as coisas que ainda não sucederam” -
Isaías 9.10]) não é digno de confiança nem tem autoridade para fazer
cumprir suas promessas. “Quanto à visão aberta, só se pode dizer o
seguinte: ‘O Deus deles é limitado demais!’”11.
Há,
ainda, um outro deus, cuja matéria-prima constituinte de seu ser é tão
somente o amor; um deus que está mais preocupado com as misérias do povo
do que com suas crenças; um deus que no final das contas perdoará a
todos e lhes dará lugar junto dele no paraíso. Alguns poderiam
questionar: “E o inferno?”, “Inferno?! Isto não existe!”, responderiam
os seguidores deste deus, “pois um deus que é amor não poderia lançar as
pobres e imperfeitas criaturas que idealizou em qualquer tipo de
tormento sem fim. Isto feriria o caráter do amor divino, ao passo que o
sofrimento eterno de suas criaturas seria o seu próprio sofrimento
eterno”, e, indo além dos aniquilacionistas: “O amor de Deus não tem
fim, e esse amor perdoa TUDO!”, argumentariam ainda.
Semelhantemente
ao Teísmo aberto, este também não é o Deus da Bíblia. Este é o deus que
os liberais e nossa cultura secularizada e sentimentalista criaram para
si mesmos. É muito agradável, para alguns, levar uma vida sem sensuras;
fazer tudo o que quiser sem ter que se preocupar de um dia prestar
contas do que quer que seja, e mais do que isso, é muito agradável
acreditar em um “deus” que vive somente para o bem-estar do ser-humano;
um “deus” cujo principal obejetivo é a felicidade de suas criaturas e a
realização dos desejos destas. Mas, onde foi parar a glória de Deus? No
Breve Catecismo de Westminster lemos que: “O fim principal do homem é
GLORIFICAR a Deus e gozá-lo para sempre”12 e não o contrário.
Deus não existe por causa de nós; Ele “existe desde a eternidade” (Sl
93.2) e não precisava de nós lá, pois se fôssemos necessários, também
existiríamos desde a eternidade. Deus não é este senhor senil e
benevolente, que passa a mão na cabeça de suas criaturas rebeldes, sendo
conivente com suas iniquidades. Ele exige SANTIDADE! (Hb 12.14 - “sem a
qual ninguém verá o Senhor”). Deus “ODEIA a todos os que praticam a
maldade” (Sl 5.5). Mas alguém me dirá: “Não! O meu deus não odeia, ele é
só amor!” Sinto muito informar-lhe, mas não é isso que as Escrituras
afirmam. Deus “ODEIA” e como Diz Paul Washer: “Deus é amor portanto Ele
DEVE odiar... [e, exemplificando acerca disto, ele continua] ...Se eu
amo bebês eu devo odiar aborto. Você ama judeus? Deve odiar o
Holocausto. Você ama Afro-Americanos? Você deve odiar a escravidão
deles... Percebe? Se você realmente ama o que é certo, o que é perfeito,
o que é bom, então também odiará, e se oporá contra tudo que contradiz
aquele padrão. Deus ama tudo o que é certo, tudo o que é verdadeiro,
tudo o que é bom, todas as virtudes, mas Escritura após Escritura, a
Bíblia nos diz que Sua Ira é manifesta contra toda impiedade! (Rm 1.18)”13. Você lerá sobre a ira de Deus em Números
22.22; Deuteronômio 4.25; 6.15; 9.7; 31.17; Josué 23.16; Juízes 2.12; 2
Samuel 6.7; Jó 4.9; Salmo 27.9; 77.9; 78.31; 85.4; Jeremias 42.18;
Ezequiel 13.13; 25.14; Oséias 11.9; Jonas 3.9; Naum 1.2; João 3.36;
Romanos 1.18; 2.5; 3.5; Efésios 5.6; Colossenses 3.6; 1 Tessalinissenses
2.16; Apocalipse 14.10,19; 15.1, 7; 16.1; 19.15... Só para citar alguns
textos.
E o que dizer de Jesus? Jesus foi o mais amoroso e manso homem do qual
se tem notícia, todavia, o vemos revirando mesas e cadeiras, expulsando
os mercadores do templo (Mr 11.15); o vemos também, em confronto com os
fariseus, a declarar: “Vós tendes por pai o diabo” (Jo 8.44) e ainda:
“Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?”
(Mt 23.36). Estaria Jesus sendo desamoroso aqui, ou esta seria uma
mancha no caráter do Mestre? Jesus, aquele homem que era todo amor,
falando palavras tão ásperas, inclusive sobre inferno? D. Eryl Davies
diz que “A maior parte das referências diretas do Novo Testamento ao
inferno vem dos lábios do Senhor Jesus Cristo e se encontra
predominantemente nos Evangelhos sinóticos”14; Jesus, o
“Filho amado”, não aliviou sua mensagem para ser mais aceito ou
estimado, Ele pregou a verdade e esta verdade inclui algumas realidades
que são extremamente desagradáveis à mente carnal, mas devem ser aceitas
por aqueles que se denominam seguidores e adoradores do Cristo. “W. G.
T. Shedd está certo quando afirma: ‘O apoio mais forte dado a doutrina
da punição eterna está no ensino de Cristo (...) Jesus Cristo é a pessoa
responsável pela doutrina da punição eterna. Ele é o ser contra quem
todos os oponentes deste dogma teológico estão em conflito’”15.
Deus
disse a Moisés: “Eu Sou o que Sou” (Ex 3.14) e é assim que devemos
adorá-LO, não tentando fazer de Deus aquilo que Ele não é ou o que
queremos que Ele seja. Aquele que adora outros deuses (por mais amorosos
que possam parecer estes outros deuses), está sujeito ao juizo do
Senhor, que diz: “Certamente perecerá” (Dt 8.19) e o “profeta que tiver a
presunção de falar [...] em nome de outros deuses, esse profeta
morrerá” (Dt 18.20).
“Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20.3). Este é o mandamento mais quebrado e o pecado mais cometido em nossa geração!
Soli Deo Gloria!
Nelson Ávila
____________________________________________
1 Richard Baxter (1615-1691) em seu sermão “Directitions Against Inordinate Man-pleasing”, na “Direction XI” (“The Advantages of Pleasing God Rather than Men”) disponível em português no endereço eletrônico: http://emdefesadagraca.blogspot.com/2010/10/as-vantagens-de-agradar-deus-ao-inves.html e originalmente em: http://www.puritansermons.com/baxter/baxter10.htm) diz que “Ele
é constante e imutável, e não está satisfeito com uma coisa hoje e
outra oposta amanhã; nem com uma pessoa este ano da qual se cansará no
próximo”.
2 Na enciclopédia eletrônica livre Wikipédia, encontra-se um breve resumo sobre o panteísmo onde lê-se:
“A principal convicção é que Deus, ou força divina, está presente no mundo e permeia tudo o que nele existe. O divino também pode ser experimentado como algo impessoal, como a alma do mundo, ou um sistema do mundo. O panteísmo costuma ser associado ao misticismo, no qual o objetivo do mortal é alcançar a união com o divino” (Acessado em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pante%C3%ADsmo, em 11 de novembro de 2010 as 11:08 hs.).
Em suma, Deus é tudo e tudo é Deus (em grego: pan, tudo; theos, Deus).
3 “Agnosticismo”
deriva-se da palavra grega “agnostos”, sendo “a” um prefixo de privação
(ou de negação) e “gnostos” (conhecimento).
“O
agnosticismo separa aqueles que acreditam que a razão não pode penetrar
o reino do sobrenatural daqueles que defendem a capacidade da razão de
afirmar ou negar a veracidade da crença teística (...) Alguém que admita
ser impossível ter o conhecimento objetivo sobre a questão — portanto
agnóstico — pode com base nisso não ver motivos para crer em qualquer
deus (ateísmo fraco), ou pode, apesar disso, ainda crer em algum deus por fé (fideísmo).
Nesse caso pode ser ainda um teísta, caso acredite em conceitos
sobrenaturais como propostos por alguma religião ou revelação, ou um
deísta, caso acredite na existência de algo consideravelmente mais vago”
(Acesso in: http://pt.wikipedia.org/wiki/Agnosticismo, em 11 de novembro de 2010, as 14:50 hs).
Em
suma, o agnóstico admite a possibilidade de um Deus, mas não admite a
possibilidade de se chegar a qualquer definição acerca deste Deus, por
Ele estar infinitamente distante da compreenção humana.
4 Segundo
o Rev. Augustus N. Lopes, “Algumas das idéias da Teologia Relacional
têm uma impressionante semelhança com as especulações dos filósofos
gregos”, como por exemplo, “o livre-arbítrio libertário”
que traz “a idéia de que o arbítrio humano é completamente independente
de forças externas e internas e, portanto, totalmente livre em tomar
decisões. Isso ocorre porque o mundo e a história são governados pelo
acaso.” Há também o conceito da “limitação de Deus”.
“Os deuses da mitologia grega, cantados na Odisséia e na Ilíada de
Homero, são concebidos como seres finitos e limitados, que não governam o
mundo de acordo com sua vontade, mas espreitam os homens e suas
decisões, intervindo algumas vezes”. Por fim, ele cita “o conceito de um
futuro aberto e indeterminado”
onde “encontramos a idéia de um mundo autônomo, funcionando por si
mesmo, já que não havia deuses que determinassem seu curso, e visto que
as decisões humanas eram imprevisíveis”. “Essas idéias acima podem ser
encontradas em filósofos como Tales, Epicuro, Platão e Aristóteles, para
mencionar alguns.” (LOPES, Augustos N., Teologia Relacional: Suas origens, seus ensinos, suas consequências, São Paulo, ed. PES, 2008, pgs. 12, 13.)
5 O Rev. Augustus N. Lopes em seu livro Teologia Relacional: Suas origens, seus ensinos, suas consequências declara:
“A
maior influência na Teologia Relacional, sem dúvida é o arminianismo.
Podemos afirmar inclusive que ela é um desenvolvimento lógico do
arminianismo, ou ainda, o arminianismo levado às suas últimas
consequências (...) O ponto central do arminianismo é que a salvação
depende da decisão humana. É o homem, com seu livre-arbítrio, quem
decide o seu futuro e, portanto, o futuro da raça humana. A salvação foi
dada por Deus mas ela só é eficaz se o homem decidir aceitá-la.”
(LOPES, Augustos N., Teologia Relacional: Suas origens, seus ensinos, suas consequências, São Paulo, ed. PES, 2008, pg. 13)
Em
seu livreto “Os cinco pontos do calvinismo”, W. J. Seaton faz distinção
entre a visão calvinista e a arminiana, relacionando os cinco pontos do
arminianismo da seguinte maneira: “1. Livre-arbítrio, ou capacidade humana (...) 2. Eleição condicional (...) 3. Redenção universal, ou expiação geral (...) 4. A obra do Espírito Santo na regeneração limitada pela vontade humana (...) 5. Cair da graça” (SEATON, W. J., Os Cinco Pontos do Calvinismo”, São Paulo, SP, editora PES, pgs. 3, 4.). Sobre estes cinco pontos o Rev. Nicodemus escreve: “A
Teologia Relaconal concorda com praticamente todos os pontos da
interpretação arminiana da salvação com exceção daquele que fala da
presciência de Deus [eleição condicional], que Deus anteviu a escolha
dos que haveriam de ser salvos. (LOPES, Augustos N., Teologia Relacional: Suas origens, seus ensinos, suas consequências, São Paulo, ed. PES, 2008, pg. 15.).
6 “Este
é o nome que se dá a outra corrente teológica do século XVI originada
nas idéias dos italianos Lélio Socínio (1525-1562) e seu sobrinho Fausto
Socínio (1539-1604). Esses teólogos negavam em seus escritos a deidade
de Cristo, Sua morte vicária na cruz e a imputação da Sua justiça aos
pecadores arrependidos. Suas idéias eram tão heréticas que foram
condenadas pelos católicos e pelos protestantes”. Declarou o Rev.
Augustus N. Lopes; ao abordar o assunto acerca da visão sociniana da
onisciência de deus, prosseguiu:
“O
ponto que nos interessa aqui é a aquilo que os teólogos relacionais
acreditam (...) Lélio e Fausto argumentaram que os calvinistas estavam, a
princípio, logicamente corretos em dizer que o conhecimento que Deus
tem do futuro se baseia no fato que o próprio Deus havia determinado
tudo o que vai acontecer. Deus sabe as coisas que vão acontecer porque
Ele mesmo determinou essas coisas. Todavia, eles prosseguiram a
argumentar que os arminianos estão corretos quando dizem que é
inadmissível pensar que Deus determinou tudo que vai acontecer, pois
isso anula a liberdade humana. Logo, para que se possa preservar a plena
liberdade do homem, é preciso negar não somente que Deus preordenou as
decisões livres de agentes livres, mas também que Deus conhece de
antemão quais serão tais decisões. E assim, os socinianos foram além do
calvinismo e do arminianismo, negando a soberania de Deus (calvinistas) e
também a Sua presciência (arminianos) (...) É exatamente esse o ensino
da Teologia Relacional quanto à presciência de Deus (... ) A semelhança é
notável, até mesmo nos detalhes. Os socinianos diziam que a onisciência
de Deus significava que Deus conhecia tudo o que era possível de ser
conhecido. Como as decisões livres dos seres humanos eram impossíveis de
serem conhecidas – exatamente porque eram livres – Deus não podia ter
conhecimento delas. Os teólogos relacionais argumentam da mesma forma,
redefinindo a onisciência de Deus de maneira similar.” (LOPES, Augustos N., Teologia Relacional: Suas origens, seus ensinos, suas consequências, São Paulo, SP, editora PES, 2008, pgs. 16, 17, 18.).
7 Nas palavras do Rev. Augustus N. Lopes:
“Existe
também uma semelhança visível entre a relação de Deus com o tempo
defendida pela Teologia Relacional e aquela da Teologia do Processo. É
verdade que os teólogos relacionais criticam a Teologia do Processo;
todavia, não conseguiram se distanciar o suficiente para evitar a sua
influência (...) De acordo com o cristianismo clássico, o Deus eterno
criou o tempo e vive fora dele. Dessa forma, ele pode contemplar
simultaneamente o passado, o presente e o futuro, como se fossem janelas
ou telas abertas diante dEle. A Teologia do Processo nega esse conceito
e defende que a realidade está em processo de mudança constante e que
Deus evolui e progride dentro dessa realidade. Os teólogos relacionais
admitem que Deus vive no tempo, mas discordam que isso faça parte
essencial da Sua existência. Afirmam que ele optou por viver no tempo
para poder Se relacionar de forma amorosa e significativa com Suas
criaturas (...) apesar das críticas à Teologia do Processo, a Teologia
Relacional afirma que Deus vive dentro do tempo, sujeito ao passar do
tempo e às mudanças que isso proporciona. Ao final, temos de lidar com
um Deus que, à nossa semelhança, aprende e evolui com o passar do tempo e
não pode saber com exatidão o que nos aguarda no futuro. (LOPES, Augustos N., Teologia Relacional: Suas origens, seus ensinos, suas consequências, São Paulo, SP, editora PES, 2008, pgs. 19,20).
Outras
semelhanças são: “a crítica de que a teologia cristã clássica foi
influenciada por idéias da filosofia grega quanto a formulação da
doutrina de Deus” (Ibid, p. 21); ambas defendem também:
“uma
reformulação da doutrina clássica a respeito de Deus. A onisciência de
Deus deve ser entendida como Seu conhecimento de tudo que pode ser
conhecido – menos o futuro que ainda não aconteceu. A onipotência é
entendida como poder perfeito, mas Deus não tem monopólio dele. Ele tem
todo o poder possível a um ser. Não que Seu poder seja ilimitado. Ele é
somente o maior. Portanto, Deus nunca pode determinar um evento, ou que
alguma coisa aconteça irreversivelmente. Seu poder é coercivo, nunca
determinativo. Todas essas idéias são também defendidas pelos teólogos
relacionais” (Ibid, pgs. 21, 22).
8 WARE, Bruce A., Teísmo Aberto: A teologia de um deus limitado, São Paulo, SP, Vida Nova, pgs. 13,14 (ênfase acrescentada).
9 Ibid., pg. 21.
10
Citado na capa do livro “Teísmo Aberto: Uma teologia além dos limites
Bíblicos” (PIPER, John; TAYLOR, Justin; HELSETH, Paul K., Teísmo Aberto: Uma teologia além dos limites bíblicos, São Paulo, SP, Vida, 2006).
11 WARE, Bruce A., Teísmo Aberto: A teologia de um deus limitado, São Paulo, SP, Vida Nova, pg. 20.
12 O
Breve Catecismo/ Assembléia de Westminster (1643 a 1652); [tradução
Igreja Presbiteriana do Brasil]. – 2.ed. – São Paulo: Cultura Cristã,
2005, pg. 7.
13 Vídeo disponível em: http://emdefesadagraca.blogspot.com/2010/05/deus-odeia-pecadores-e-nao-somente-o.html . (acesso em 16 de novembro de 2010, as 14:05 hs.).
14 DAVIES, Eryl D., Um Deus Irado: O lugar do inferno na pregação, São Paulo, SP, editora PES, p. 9.
FONTE:
http://emdefesadagraca.blogspot.com.br/2010/11/o-deus-de-amor-dos-teistas-abertos.html
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