por Fábio Ribas
É possível que eu possa me tornar responsável pelo outro? Sem dúvida, a resposta será não, caso eu seja um cogumelo, ou melhor, um adulto que “cresceu” e agora olha apenas para si mesmo e para as futilidades que nos prendem a um mundo tão sem imaginação e criatividade, um mundo sem mistérios.
O parágrafo acima expõe a tese central do livro “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry e que está nas salas de cinema, mas que ainda não fui assistir. Quero prender-me aqui tão somente à obra literária e não à sua interpretação que se encontra nas telas.
Há maneiras corretas de se ler um livro. E também há maneiras erradas de se interpretar um texto. Mesmo um livro como o Saint-Exupéry, que é considerada uma obra aberta a várias possíveis interpretações, há limites regulados pelo próprio bom senso.
O mesmo ocorre com a Bíblia. Um livro formado por tantos livros escritos durante um período de pelo menos 1.400 anos e encerrado há quase 2.000 anos atrás; um livro que retrata tantas culturas tão diversas entre si e tão diferentes das nossas; uma biblioteca de poemas, narrativas, leis, profecias, cartas, literatura de sabedoria, literatura apocalíptica, etc.
É preciso que haja regras para tais leituras. Não é de surpreender o surgimento de tantas faculdades de teologia e seminários com ofertas de cursos de hermenêutica e exegese. Todavia, assim como nem todos os cursos de Letras primam pela qualidade, muitos cursos de interpretação bíblica também carecem da seriedade e profundidade necessárias.
Da mesma maneira, é possível encontrarmos interpretações estapafúrdias sobre “O Pequeno Príncipe”, principalmente, por leitores que são cogumelos. Porque, assim como a Bíblia, é preciso algo mais do que apenas boas regras de hermenêutica para participarmos do universo de Saint-Exupéry.
Em outras palavras, o mínimo é imprescindível, mas, infelizmente, nem esse mínimo há em grande parte dos leitores cristãos de hoje em dia. Como esperar, então, que além do mínimo, eles tenham “algo mais”? Sobre o mínimo eu já me referi – uma boa educação para se ler bem e corretamente. E o que seria o “algo mais” para se ler obras como a que estamos tratando aqui?
O próprio livro nos dá essa resposta: a imaginação! Ou, como vemos no teste do piloto de avião, o “algo mais” revela-se na diferença entre aqueles que conseguem enxergar o elefante no interior de uma jiboia e aqueles para quem a vida é apenas um chapéu.
Infelizmente, estamos cercados de pessoas – falo de cristãos – cujas teologias, a vida religiosa, a espiritualidade, o cristianismo que elas vivem estão sufocados por uma “teologia do chapéu”. Suas regras, sua exegese, sua hermenêutica podem até ser convincentes, mas a conclusão delas é apenas: “Por que é que um chapéu faria medo?”.
O mistério do Pequeno Príncipe revela-se exatamente no trato com o mundo dos adultos – o rei, o vaidoso, o beberrão, o homem de negócios, o acendedor de lampiões, o geógrafo. Adultos que não tem a mínima imaginação e que estão presos não a pessoas, mas às coisas. A face escura de nos tornarmos adultos da maneira errada é que podemos perder o nosso olhar ao outro e ficarmos presos ao aqui e agora de nosso mundinho egoísta.
E quando começamos a enfrentar essa viagem ao mundo adulto em busca de “participação” (pois, gostemos ou não, é preciso crescer), pode ser que o amigo que estejamos buscando sempre esteve ao nosso lado, mas não nos demos conta, porque o “essencial é invisível aos olhos”.
A rosa possui seus pecados, mas quem não é pecador? A verdade é que a rosa do Pequeno Príncipe reconhece seus erros, sua vaidade, seu egoísmo, suas mentiras, e quantos de nós nem sequer isso fazemos? Esta é a razão de fugirmos: não aceitamos o outro como ele é e nem nos aceitamos como nós somos.
O mistério da amizade reside exatamente nessa aceitação mútua para que possamos crescer juntos e de maneira saudável. Nem que para isso precisemos morrer. Se não aprendermos isso, nossa vida espiritual, nosso cristianismo, nossas amizades e nossos casamentos estarão condenados ao fracasso.
O Cristianismo é a religião da responsabilidade. Não apenas porque devo ser responsável pelos meus atos, mas porque Deus me responsabiliza por amar ao próximo, evangelizando-o e ensinando-o a guardar todas as coisas que tenho aprendido com Jesus. O Estado não pode ser responsável por quem só a Igreja é chamada a ser, entenda isso.
O encontro do Pequeno Príncipe com a raposa fala desse esforço que preciso ter em relação ao próximo, esforço ao qual quase nenhum dos “adultos” do livro se volta. O mistério da amizade com toda sua linguagem do sagrado está ali: o símbolo da raposa e do trigo, a narrativa mítica do livro, a necessidade que temos de ritos e, enfim, a expressão do dogma: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos”!
Tudo isso só para entendermos o que todo cristão já sabe de cor, mas que, infelizmente, nem sempre aprendemos: “Se vocês não mudarem de vida e não ficarem iguais às crianças, nunca entrarão no Reino do Céu” (Mt 18: 3b).
O parágrafo acima expõe a tese central do livro “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry e que está nas salas de cinema, mas que ainda não fui assistir. Quero prender-me aqui tão somente à obra literária e não à sua interpretação que se encontra nas telas.
Há maneiras corretas de se ler um livro. E também há maneiras erradas de se interpretar um texto. Mesmo um livro como o Saint-Exupéry, que é considerada uma obra aberta a várias possíveis interpretações, há limites regulados pelo próprio bom senso.
O mesmo ocorre com a Bíblia. Um livro formado por tantos livros escritos durante um período de pelo menos 1.400 anos e encerrado há quase 2.000 anos atrás; um livro que retrata tantas culturas tão diversas entre si e tão diferentes das nossas; uma biblioteca de poemas, narrativas, leis, profecias, cartas, literatura de sabedoria, literatura apocalíptica, etc.
É preciso que haja regras para tais leituras. Não é de surpreender o surgimento de tantas faculdades de teologia e seminários com ofertas de cursos de hermenêutica e exegese. Todavia, assim como nem todos os cursos de Letras primam pela qualidade, muitos cursos de interpretação bíblica também carecem da seriedade e profundidade necessárias.
Da mesma maneira, é possível encontrarmos interpretações estapafúrdias sobre “O Pequeno Príncipe”, principalmente, por leitores que são cogumelos. Porque, assim como a Bíblia, é preciso algo mais do que apenas boas regras de hermenêutica para participarmos do universo de Saint-Exupéry.
Em outras palavras, o mínimo é imprescindível, mas, infelizmente, nem esse mínimo há em grande parte dos leitores cristãos de hoje em dia. Como esperar, então, que além do mínimo, eles tenham “algo mais”? Sobre o mínimo eu já me referi – uma boa educação para se ler bem e corretamente. E o que seria o “algo mais” para se ler obras como a que estamos tratando aqui?
O próprio livro nos dá essa resposta: a imaginação! Ou, como vemos no teste do piloto de avião, o “algo mais” revela-se na diferença entre aqueles que conseguem enxergar o elefante no interior de uma jiboia e aqueles para quem a vida é apenas um chapéu.
Infelizmente, estamos cercados de pessoas – falo de cristãos – cujas teologias, a vida religiosa, a espiritualidade, o cristianismo que elas vivem estão sufocados por uma “teologia do chapéu”. Suas regras, sua exegese, sua hermenêutica podem até ser convincentes, mas a conclusão delas é apenas: “Por que é que um chapéu faria medo?”.
O mistério do Pequeno Príncipe revela-se exatamente no trato com o mundo dos adultos – o rei, o vaidoso, o beberrão, o homem de negócios, o acendedor de lampiões, o geógrafo. Adultos que não tem a mínima imaginação e que estão presos não a pessoas, mas às coisas. A face escura de nos tornarmos adultos da maneira errada é que podemos perder o nosso olhar ao outro e ficarmos presos ao aqui e agora de nosso mundinho egoísta.
E quando começamos a enfrentar essa viagem ao mundo adulto em busca de “participação” (pois, gostemos ou não, é preciso crescer), pode ser que o amigo que estejamos buscando sempre esteve ao nosso lado, mas não nos demos conta, porque o “essencial é invisível aos olhos”.
A rosa possui seus pecados, mas quem não é pecador? A verdade é que a rosa do Pequeno Príncipe reconhece seus erros, sua vaidade, seu egoísmo, suas mentiras, e quantos de nós nem sequer isso fazemos? Esta é a razão de fugirmos: não aceitamos o outro como ele é e nem nos aceitamos como nós somos.
O mistério da amizade reside exatamente nessa aceitação mútua para que possamos crescer juntos e de maneira saudável. Nem que para isso precisemos morrer. Se não aprendermos isso, nossa vida espiritual, nosso cristianismo, nossas amizades e nossos casamentos estarão condenados ao fracasso.
O Cristianismo é a religião da responsabilidade. Não apenas porque devo ser responsável pelos meus atos, mas porque Deus me responsabiliza por amar ao próximo, evangelizando-o e ensinando-o a guardar todas as coisas que tenho aprendido com Jesus. O Estado não pode ser responsável por quem só a Igreja é chamada a ser, entenda isso.
O encontro do Pequeno Príncipe com a raposa fala desse esforço que preciso ter em relação ao próximo, esforço ao qual quase nenhum dos “adultos” do livro se volta. O mistério da amizade com toda sua linguagem do sagrado está ali: o símbolo da raposa e do trigo, a narrativa mítica do livro, a necessidade que temos de ritos e, enfim, a expressão do dogma: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos”!
Tudo isso só para entendermos o que todo cristão já sabe de cor, mas que, infelizmente, nem sempre aprendemos: “Se vocês não mudarem de vida e não ficarem iguais às crianças, nunca entrarão no Reino do Céu” (Mt 18: 3b).
FONTE:
http://artigos.gospelprime.com.br/pequeno-principe-teologos-chapeu/
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