Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

9 de janeiro de 2015

QUEM SÃO OS “ESPÍRITOS EM PRISÃO” DE I PEDRO 3.19



Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água; 1 Pedro 3:18-20
Este é um texto, aclamado por vários estudiosos da Bíblia, como sendo de difícil interpretação, razão pela qual os entendimentos se tornam diversos.

Como bem menciona o comentarista da Bíblia de Genebra, ao se referir ao texto em questão, destaca quatro entendimentos sobre o tema:
  1.  Cristo pré-encarnado e pregando através de Noé (2 Pe 2.5) a pessoas que viveram antes do dilúvio (Gn6.8);
  2.  A pregação de Cristo no breve espaço de tempo entre a sua morte e ressurreição, durante a “descida ao inferno”, onde anunciou a sua vitória aos espíritos perversos contemporâneos de Noé;
  3. Cristo, proclamando sua vitória aos anjos caídos (muitas vezes identificados com os “filhos de Deus” de Gn6.2-4, Jó 1.6, 2.1), no seu lugar de confinamento;
  4. Cristo proclamando a sua vitória a anjos caídos após a ressurreição, no tempo de sua ascensão ao céu.
Destaca ainda que as três últimas alternativas se assemelham ao fato de como Cristo foi vindicado, assim também os cristãos serão vindicados.

Já o comentarista da Bíblia de Estudo Plenitude parece concordar com as opções “c” e “d” ao alegar que: “provavelmente o texto se refere a espíritos demoníacos, que de alguma forma estavam presentes nos acontecimentos de Gn 6.1-8.”.
(Lembrando que Gn 6.1-8 é outro texto de difícil interpretação onde temos o partido dos que entendem que os “filhos de Deus” são anjos e outros que entendem que os “filhos de Deus” são homens da descendência de Sete.)

Mas, alguns pontos se mostram relevantes no texto.

Primeiro é o próprio contexto onde o texto está inserido, onde percebemos que o assunto de Pedro nos versículos de 8 a 22 é o amor fraternal, a paciência na aflição, o exemplo de Cristo, a conduta do crente, a firmeza ante os que se levantarão contra e a vitória em Cristo.

Dentro desse contexto, o verso 18 aponta a vitória de Cristo na sua morte e ressurreição, onde temos que Jesus morreu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado na carne, mas vivificado pelo Espírito.

No verso 19, o ponto a ser destacado é de “como” Jesus pregou aos “espíritos em prisão” e não “quando”. Ali apenas liga que Jesus, vitorioso, pregou “NO Espírito”. Ou seja, no mesmo Espírito que o havia vivificado concluindo e demonstrando apenas que tanto a sua ressureição quanto essa “pregação” ocorreu “No Espirito”.

Portanto, quanto ao tempo dessa “pregação”, pela ordem dos argumentos, podemos entender que ocorreu após a sua morte.

Quanto a esses “espíritos em prisão”, temos uma referência interessante no verso 20, onde podemos ver que esses “espíritos” foram rebeldes no tempo de Noé.

Se eles foram rebeldes no tempo de Noé, foram rebeldes ao que?

Sabemos que Satanás e seus demônios já eram anjos caídos.

Sabemos que Satanás não era mais um “filho de Deus”, pois ele foi um “certo intruso”, quando os “Filhos de Deus” se apresentaram a Deus no episódio de Jó.

Pedro também destaca que esses “espíritos” foram rebeldes “em outro tempo” e diz que esse tempo foi quando a longanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé, enquanto esse construía a arca.

Se tais “espíritos” foram rebeldes durante a construção da Arca, temos que entender que se trata de pessoas que viveram nos tempos de Noé, e não de seres demoníacos como acreditam alguns.

Do contrário teríamos que entender que “alguns anjos” caíram no tempo de Noé, pois o texto afirma que a rebeldia destes “espíritos” ocorreu no tempo de Noé.

Esse entendimento é corroborado em 2 Pedro 2.4,5, que está dentro de uma relação de atuações rebeldes a Deus, onde Pedro fala sobre Falsos Mestres, heresias, anjos caídos e vários tipos de pessoas que rejeitaram a Deus.

Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo. Ele não poupou o mundo antigo quando trouxe o dilúvio sobre aquele povo ímpio, mas preservou Noé, pregador da justiça, e mais sete pessoas. 2 Pedro 2:4-5

Nestes dois versículos, há uma clara distinção entre seres humanos e seres espirituais. No verso 4, Pedro menciona a queda dos Anjos sem frisar o tempo desta ocorrência, já no verso 5, Pedro fala do mundo antigo com o seu povo ímpio, onde só foi preservado Noé com mais sete pessoas, ou seja, a condenação do dilúvio atingiu os seres vivos que andam sobre a terra, pois demônios e anjos não morrem afogados.

Também temos que Noé foi um pregador para a sua geração incrédula, sendo chamado no verso 5 de Pregador da Justiça. Onde sabemos que por mais de 100 anos, Noé construiu a Arca, anunciando o juízo de Deus para a sua geração, tempo este no qual Deus manifestou a sua longanimidade a qual foi rejeitada pela Geração de Noé, a qual foi formada por homens.

Pedro classifica ainda as pessoas que viveram até Noé, como pertencentes ao “mundo antigo” simbolizando que após Noé, um “Mundo Novo” surgiu.

Portanto, 1 Pedro 3.19 se refere a geração de Noé, que ouviu o alerta divino de condenação e não creram, razão pela qual são chamados de ímpios (sem piedade ou incrédulos).

Por isso Jesus afirma sobre a sua vinda:
Porque assim como o relâmpago sai do Oriente e se mostra no Ocidente, assim será a vinda do Filho do homem. Onde houver um cadáver, aí se ajuntarão os abutres. "Imediatamente após a tribulação daqueles dias ‘o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu, e os poderes celestes serão abalados’. "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com grande som de trombeta, e estes reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus. "Aprendam a lição da figueira: quando seus ramos se renovam e suas folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo. Assim também, quando virem todas estas coisas, saibam que ele está próximo, às portas. Eu lhes asseguro que não passará esta geração até que todas essas coisas aconteçam. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão". "Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai. Como foi nos dias de Noé, assim também será na vinda do Filho do homem. Pois nos dias anteriores ao dilúvio, o povo vivia comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca; e eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá na vinda do Filho do homem. Mateus 24:27-39
Com isso, podemos entender que esses espíritos em prisões, são os incrédulos da geração de Noé, aos quais, Cristo, de alguma forma, após a sua morte, proclamou a sua vitória e perfeita justiça aos condenados do Mundo Antigo, pessoas que morreram no dilúvio e nos tempos de Noé.
 

Bibliografia:
FONTE:
http://www.joseluisribeiro.blogspot.com.br/2014/08/quem-sao-os-espiritos-em-prisao-de-i.html
 

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