Promessas. Vivemos num mundo que perdeu a consideração pela palavra falada. Se te prometeram alguma coisa, que foi não foi registrado por escrito, isto não tem o menor valor para nossa sociedade. Entretanto, nem sempre foi assim, mas houve um tempo no qual as palavras faladas tinham peso, e alguém poderia morrer caso não cumprisse o prometido.
Talvez, por saudosismo, ou por teimosia mesmo, algumas pessoas ainda vivem de acordo com este paradigma. E fazem muito bem, afinal Jesus nos desafiou a darmos credibilidade às nossas palavras quando disse que nosso “sim” deveria ser SIM, e nosso “não” deveria ser NÃO. Nada de meias palavras ou promessas vazias.
Acontece que este trauma pela falta de credibilidade das palavras faladas tem levado muitos cristãos a prometerem coisas que Deus nunca prometeu, ou pior, dar credibilidade a uma ideia que jamais foi pretendida por nenhum escritor bíblico.
Recentemente vi numa dessas fan pages do Facebook a seguinte frase:
“Quem tem promessa de Deus não morre antes de ver todas elas cumpridas em sua vida”.
Este tipo de argumento na Filosofia é chamado de falácia. Uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega (Wikipedia). É um argumento ineficaz, pois sabemos que existem muitos cristãos que morrem no mundo todo que não chegaram a ver seu filho de volta ao Evangelho, por exemplo. Portanto, não há como comprovar que esta ideia seja verdade se apenas um cristão morrer nestas condições. O que diríamos dele? Que não tinha promessas?
Este argumento, além de ineficaz, é também inconsistente e não possui fundamento nas Escrituras. Ora, se a frase acima se propõe a ser um “Pensamento de crente”, de acordo com a descrição da Fan Page no Facebook, é de se esperar, no mínimo, que tenha seu alicerce na Bíblia, o livro dos crentes. Logo, vamos ver o que a Bíblia diz sobre Promessas e morte.
O livro de Hebreus no capítulo 11 nos traz a galeria dos heróis da fé. E bem no finalzinho do capítulo o autor diz que todos eles, apesar do seu testemunho de vida, morreram sem alcançar a promessa. Portanto, a frase em destaque, embora sirva como uma espécie de autoajuda, não reflete o padrão bíblico, especialmente em virtude da maioria dos textos bíblicos terem sido escritos quando os cristãos passavam por grandes períodos de perseguição e ameaças de morte.
Logo, ao promover este tipo de pensamento, alguns cristãos perpetuam a falta de credibilidade da palavra falada ao transformar as palavras da Bíblia em promessas vazias que jamais serão cumpridas pela simples razão que nunca foram, de fato, uma promessa.
Fonte:
Não morda a maçã / Por Alexandre Milhoranza
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