Por Dave Hunt
Os servos mais
eficientes de Satanás são mestres em ambiguidades. Fosdick
reivindicava honrar a doutrina, mas ao mesmo tempo advertia sobre o "perigo
de dar ênfase demais à doutrina..." Ele afirmou que "nada
realmente importa na religião, a não ser aquelas coisas que fomentam
o bem individual e público... e o progresso social."(1) Fosdick
foi reconhecido naquele tempo pela maioria dos cristãos verdadeiros como
o incrédulo que realmente era. Mas, Norman Vincent Peale, não
menos herege que Fosdick, conseguiu achar aceitação virtualmente
em toda parte, bem como seu famoso discípulo Robert Schuller.
O modernista
toma as últimas idéias do mundo secular e enganosamente as veste
com linguagem cristã. Ninguém tem feito isso com maior perfeição
do que os atuais psicólogos cristãos, que de algum modo tomam
teorias anticristãs de inimigos declarados do Evangelho e as "integram"
à teologia. Peale foi o primeiro a fazer isso. Em 1937, ele fundou uma
clínica "cristã" de psiquiatria em sua igreja. A clínica
tornou-se modelo para numerosas outras semelhantes, as quais têm gerado
fortunas para seus fundadores.
Machen foi
exato ao demonstrar que a intimidação pela ciência e o desejo
de obter aceitação e respeito na comunidade acadêmica têm
resultado em comprometimentos, que na prática descaracterizam o Evangelho.
Essa ânsia tem influenciado cada vez mais os seminários e faculdades
cristãs. Machen acusou os liberais de "tentar remover do cristianismo
todas as coisas que não possam ser aceitas pela ciência."(2)
Muitos dos
evangélicos de hoje em dia parecem pensar que os cientistas sabem mais
sobre o Universo do que o próprio Criador. Será que a Bíblia
é frágil devido à ignorância de Deus? O resultado
é um comprometimento fatal para a verdadeira fé. Temos observado
isso na aceitação da evolução teísta por
parte da revista "Christianity Today" (Cristianismo Hoje), dos "Promise
Keepers" (Guardadores de Promessas) e de muitos seminários e universidades
cristãs, mesmo que ela contradiga plenamente a Bíblia e subverta
o Evangelho. O mesmo comprometimento ocorre quando se questiona a narrativa
bíblica do dilúvio.
Billy Graham,
que há décadas abandonou sua posição fundamentalista,
recentemente disse não estar certo se o dilúvio de Noé
foi realmente de âmbito mundial. O New Bible Commentary da InterVarsity
também afirma: "A narrativa (bíblica) não relata diretamente
um dilúvio universal..." A Bíblia, ao contrário, não
deixa espaço para tais devaneios:
"...tudo
o que há na terra perecerá" (Gn 6.17). "...e
da superfície da terra exterminarei todos os seres que fiz" (Gn
7.4). "...e os montes foram cobertos. Pereceu toda carne..., ficou
somente Noé, e os que com ele estavam na arca" (Gn 7.20-23).
As instruções
de Deus para Noé, de que trouxesse um par de cada espécie para
a arca, só têm sentido se o dilúvio atingiu o mundo inteiro.
Deus prometeu não voltar a destruir a terra por água novamente
(Gn 9.11), todavia têm havido muitas enchentes regionais desde
aquele tempo. A destruição futura do mundo, conforme profetizada
por Pedro, seria apenas um incêndio localizado, se o dilúvio com
que é comparado foi limitado (2 Pe 3.6-7). Finalmente, Jesus compara
Seu futuro julgamento da humanidade ao dilúvio (Mt 24.38-41).
Um
cristianismo sem inerrância
Temos que crer
na Bíblia inteira. Isto é fundamentalismo bíblico.
Se Gênesis não é exato em cada detalhe, em qual parte
da Bíblia poderemos confiar, então? Se a Bíblia está
errada quanto à origem do homem e seu pecado, como poderemos confiar
no que ela diz sobre a sua redenção e seu destino eterno? Na verdade
a Bíblia está absolutamente certa em tudo que declara.
Se as últimas
descobertas da ciência concordam ou não com a Bíblia, isso
não deve inquietar ao fundamentalista. Como confiamos em Deus, não
somos intimidados pelos homens. Só um tolo trocaria a Palavra infalível
de Deus pelas opiniões mutáveis e falíveis dos homens.
Os cientistas cometem erros e muitas vezes são condicionados por preconceitos.
No seu livro Great Feuds in Science, o historiador Hal Hellman documenta
que até os maiores cientistas têm sido "influenciados por
orgulho, ambição, cobiça, inveja e até por evidente
impulso de estar certo".(3)
Tragicamente,
diminui gradativamente o número de cristãos que ainda defendem
a inerrância bíblica e a sua suficiência, como Harold Lindsell
documenta em The Battle for the Bible. O Seminário Teológico
Fuller é um exemplo citado por ele. Podemos dizer com certeza que para
as multidões envolvidas no atual movimento evangélico a inerrância
raramente se constitui num problema, pois tais pessoas se apoiam em experiências
e emoções mais que em doutrina. Para muitos atualmente, o amor
por Jesus é um maravilhoso sentimento, divorciado completamente
da verdade que Jesus afirma ser. No livro The Bible in the Balance, Lindsell
confessa que "a palavra ‘evangélico’ tem se tornado tão desonrada
que perdeu sua utilidade... Talvez seja melhor adotar a palavra ‘fundamentalista’,
mesmo com todos os ataques depreciativos que tem sofrido por parte dos seus
críticos".
Motivos
de rejeição do fundamentalismo
O fundamentalismo
tem sido estigmatizado por duas razões: 1- alguns cristãos fundamentalistas
são fanáticos e afastam-se de outros cristãos de uma forma
insensata e anti-bíblica; e 2- por causa do exemplo do fundamentalismo
muçulmano, que apregoa que todos precisam adotar as mesmas roupas e costumes
que Maomé adotou no século VII. Consagrados que são ao
alvo islâmico de conquistar o mundo pela força, esses muçulmanos
fundamentalistas são responsáveis por muitos dos atuais atos de
terrorismo. Por consequência, também os cristãos fundamentalistas,
cuja lei maior é o amor, são frequentemente retratados com
estas mesmas cores de fanatismo.
Um
cristianismo de popularidade
Todos que desejam
confiar e obedecer à Palavra de Cristo e que querem ser Seus verdadeiros
discípulos (Jo 8.31-32), precisam estar prontos a permanecer sozinhos,
como Daniel e seus amigos. Com medo de serem diferentes, muitos cristãos
seguem a multidão. Famintos pelos louvores deste mundo, eles amam "mais
a glória dos homens, do que a glória de Deus" (Jo 12.43).
C.H. Spurgeon ficou virtualmente sozinho, abandonado mesmo pelos seus ex-alunos
e amigos, quando foi censurado pela União Batista Britânica, por
sua indisposição em tolerar a apostasia dentro daquele grupo.
A. W. Tozer declarou, pouco antes de morrer: "por causa do que tenho pregado
não sou bem recebido em quase nenhuma igreja na América do Norte."
Que acusação contra aqueles pastores e igrejas!
Cristo advertiu:
"Ai de vós, quando todos vos louvarem! porque assim procederam
seus pais com os falsos profetas" (Lc 6.26). Ele afirmou que a verdadeira
fé em Deus é impossível quando nós aceitamos "glória
uns dos outros", e, contudo, não procuramos "a glória
que vem do Deus único" (Jo 5.44). John Ashbrook escreve que
o "novo evangelicalismo está determinado a impressionar o mundo
com seu intelectualismo. Ele tem estado a buscar o respeito da comunidade acadêmica.
Determinou ganhar glória nas fontes do ensino secular."(4) Carl
Henry observou que "em conseqüência da crescente atitude de
tolerância... a fé cristã foi embalada de forma a facilitar
sua comercialização."(5)
O único
inimigo do liberalismo é a firme adesão do fundamentalismo à
autoridade e suficiência das Escrituras. D. Martyn Lloyd-Jones lamenta
o fato de que muitos evangélicos mudaram de "pregar" para "compartilhar"
a Palavra de Deus, o que sutilmente transfere a autoridade da Palavra de Deus
para a experiência e opinião humanas.(6) Tal comprometimento, além
de não ajudar o incrédulo a enxergar a luz; ainda o deixa mais
cego. Essa tolerância estimula a resistência dos homens em se submeterem
à autoridade de Deus. O liberalismo, inevitavelmente, endurece cada vez
mais contra a verdade. Podemos ver isso atualmente em todo o mundo.
A
tolerância quanto ao homossexualismo
A aceitação
de homossexuais, em nome da tolerância e do liberalismo, tem produzido
uma intolerância cada vez maior contra qualquer outro ponto de vista.
O mundo inteiro, que por milhares de anos considerou o homossexualismo como
antinatural e vergonhoso, agora está sendo forçado a abandonar
tal convicção. Os homossexuais, que reivindicavam tolerância,
têm se mostrado totalmente intolerantes na medida em que conquistam poder.
Eles atacam com malícia, verbal e fisicamente, qualquer pessoa que queira
manter uma opinião independente. O mundo tem sido coagido a garantir
privilégios especiais aos homossexuais, apesar do estilo de vida "gay"
ser cheio de práticas nocivas, levando à proliferação
de doenças que ameaçam a sociedade em geral e reduzem pela metade
a expectativa de vida das pessoas. A incurável AIDS, embora se propague
em proporções epidêmicas, afetando inocentes e sendo fatal
para todos que a contraem, é tratada com um sigilo perigoso e um status
privilegiado, devido à sua penetração entre os homossexuais.
A
tolerância quanto ao evolucionismo
Vemos a mesma
intolerância nos evolucionistas que acusam os criacionistas de pensamento
bitolado. A ciência deve promover a liberdade de investigar e aceitar
os fatos. Mas, em nome da ciência, a teoria da evolução
é ensinada às crianças nas escolas públicas como
fato, enquanto as evidências contra ela são omitidas e a
alternativa bíblica e racional da criação de Deus não
é admitida nem considerada.
A
situação na Rússia
Numa recente
viagem a Rússia, um dos principais responsáveis pelo sistema educacional
nos disse o seguinte: "Por setenta anos vimos os frutos da imposição
dogmática de apenas uma opinião aos alunos. Estamos cheios disso
e ansiosos para considerar as alternativas". O colapso do comunismo deixou
um vácuo moral que a Rússia está tentando preencher com
os ensinos da Bíblia. Paradoxalmente, as escolas da Rússia agora
acolhem os mesmos ensinos morais e da criação que estão
banidos das escolas americanas! Não podemos saber quanto tempo isso vai
durar. A Igreja Ortodoxa Russa, intolerante e firmemente contrária ao
Evangelho, está procurando retomar o monopólio da religião
– e alguns evangélicos americanos estão cooperando com esse sistema
anticristão. Oremos pela Rússia.
O "cristianismo"
foi introduzido em 988 d.C. no país que mais tarde se tornou a Rússia,
pelo príncipe Vladimir. Antes ele havia considerado o islamismo, já
que suas vinte esposas não causavam problema para aquela "fé".
Mas como o islamismo proíbe o álcool, ele acabou abraçando
o "cristianismo" da Igreja Ortodoxa, onde o álcool corria livremente
(muitos monges e sacerdotes bebem intensamente) e onde a opulência dos
rituais tem um apelo misterioso. Ele decretou uma esposa como "oficial",
mantendo as outras dezenove como concubinas, enquanto usava o álcool
livremente. Foi assim que a Rússia "converteu-se" ao "cristianismo".
Em 1988, o milésimo aniversário desse evento foi celebrado com
pompa e ritual. Billy Graham esteve presente para trazer suas congratulações.
Na ocasião, ele disse: "Sinto-me profundamente honrado em congratular-me
com vocês nesta histórica e alegre ocasião em que se comemora
o milésimo aniversário do batismo da Rússia, proporcionado
pelo batismo do príncipe Vladimir, de Kiev..."(7)
A Igreja Ortodoxa,
assim como o catolicismo romano, é inimiga jurada do Evangelho. Ela tem
mantido o povo russo na escravidão e na superstição, ensinando-o
a buscar nela a salvação, beijando seus ícones, pagando
por orações e sacramentos. Embora rejeite o purgatório
do catolicismo, ensina que, através de nossas orações,
as almas podem ser resgatadas do inferno para o céu.
Visitamos,
nas proximidades de Moscou, o centro da Igreja Ortodoxa, com seu seminário
e muitas igrejas. Monges com quem falei explicaram que a morte de Cristo possibilitou
a nossa entrada no céu, desde que fôssemos batizados, participássemos
dos sacramentos e "vivêssemos o Evangelho". Para eles, a porta
que Cristo abriu está no cume duma alta escada que precisamos subir pelos
nossos próprios esforços, obedecendo à Igreja e auxiliados
por ela.
Fui um dos
preletores numa conferência em Moscou que atraiu pastores e membros de
igrejas de toda a Rússia. Havia uma indisfarçável expectativa
de que a Palavra de Deus fosse ensinada. Eu expus abertamente os ensinos e práticas
não-bíblicas da Igreja Ortodoxa Russa que (como a Igreja Católica
no Ocidente) perseguiu e assassinou multidões de verdadeiros cristãos.
A Igreja Ortodoxa, que estabeleceu parceria tanto com os czares como com os
comunistas que os sucederam, pressionou o presidente Yeltsin a favor da nova
lei que suprime a liberdade religiosa (essa lei está sendo atualmente
implementada em pequenas cidades fora de Moscou). Centenas de fitas de vídeo
e de áudio de nossa conferência estão sendo distribuídas
por toda a Rússia. Oremos para que deem frutos!
Fundamentalismo
é não negociar o inegociável
Como avisamos
aos irmãos e irmãs da Rússia, o verdadeiro "crer no
Senhor Jesus Cristo" para a salvação tem que ser uma profunda
convicção e não apenas uma mera preferência. E esta
corajosa convicção certamente será seguida de grande oposição
e terrível violência da parte de Satanás e da carne. Lembrando
que a eternidade nos espera em breve, jamais devemos trocar o eterno "muito
bem, servo bom" de Deus pela aprovação dos homens nesta vida
tão curta. A plenitude de vida, tanto agora como por toda a eternidade,
tanto para nós mesmos como para as pessoas a quem temos a oportunidade
e a responsabilidade de influenciar, depende desta verdade inegociável.
Notas:
1. Christian History, Edição 55, Vol. XVI, No. 3, p. 36.
2. Ibid.
3. The Bulletin, (Bend, OR, 4/7/98), A7.
4. New Neutralism II, 8.
5. World (11/3/89), 7.
6. Ian Murray, David Martyn Lloyd-Jones: The Fight of Faith, p. 667.
7. Foundation (9/98), 4.
http://www.chamada.com.br/mensagens/fundamentalista.html
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