Temos visto muitas opiniões sobre os protestos. Tanto cristãos como não cristãos têm esboçado críticas, sugestões, destilado teorias econômicas e os mais diversos motivos para se ser a favor ou contra os protestos.
Todavia, longe da Bíblia Sagrada nos deixar sem resposta, ela nos orienta de maneira clara, firme e objetiva.
Para iniciar, é preciso lembrar que não se deve ir a protestos que
anseiam fatos contrários à Escritura, como por exemplo, a liberação do
aborto ou a promoção do homossexualismo. Outros casos, porém, seria
necessário verificar sob o prisma econômico, como é a reivindicação por
"passe livre", o que muitos apoiam e outros tantos discordam.
Falando em "passe livre", afirmo que sou contra tal pedido no atual conjuntura de nosso país, pois em primeiro lugar, é impossível alguma coisa ser realmente gratuita - se é de graça para alguém, outrem está pagando. Em segundo lugar,
poderíamos até conjecturar a possibilidade de algum governante
instituir a tarifa zero sobre o transporte público, mas isso
inviabilizaria outras obras. Em terceiro lugar,
seria possível um transporte gratuito, mas não em nosso atual sistema
político e tributário, pois em nosso país existem impostos municipais,
estaduais e federais, ou seja, boa parte do que os municípios arrecadam
vai para o estado e uma quantia significava do que o estado obtém vai
para a União.
Por isso, se os protestos fossem somente por "passe livre", eu
não iria e os motivos acima seriam minhas considerações. Entretanto,
como grandemente noticiado, os protestos não se limitaram somente a
isso, e sim foram ampliados, ganhando várias frentes. A dúvida,
portanto, de muitos crentes sinceros, é se protestar junto com os ímpios
é algo biblicamente correto.
Vejamos o que a Bíblia nos diz:
1. Lutar por direitos não é pecado
Tenho sido interpelado por alguns cristãos genuínos sobre o fato de se
lutar por direitos ao lado de pessoas não cristãs, configura ou não
união com o descrente.
Essa pergunta se resolve com grande cristalinidade, bastando lembrar que
o apóstolo Paulo, ao se ver na iminência de ser preso, se valeu de seu
direito como cidadão romano e apelou para César, vez que estava sendo
julgado contrariamente ao seu direito (At 25.11). A Bíblia nos diz que
os governantes são instituídos por Deus (Rm 13.1 - não creia que é o
voto quem faz isso; Deus é soberano e não a nação), mas isso não exclui o
direito de reivindicação de direitos não cumpridos.
O que o apóstolo realizou é o mesmo que os protestos desejam (nas coisas
legítimas, evidente). Nota-se que de modo algum é pecado exigir aquilo
que o governo prometeu. Se protestar por direitos corretos fosse um
pecado, então o cristão jamais deveria ir reclamar junto ao PROCON e
nunca deveria procurar um advogado para ter seus direitos
estabelecidos.
Portanto, assim como nenhum cristão cogita ser pecaminoso ingressar com
uma ação trabalhista, cível ou penal, quando tolhido de seus direitos
(desde que, novamente, amparado pela Escritura e jamais mentindo), não
há que se falar em proibição de protestar.
2. Protestar não inclui união com os ímpios
Outra pergunta se ergue no horizonte e esta diz respeito sobre ser ou não adequado se juntar em protestos com não cristãos.
É preciso notar que o fato de se estar no mesmo local e na mesma hora
com um descrente, não significa que apoiamos todas as coisas que lá
estão sendo feitos. Volto a falar do exemplo do PROCON e do JUDICIÁRIO.
Quem já foi ao PROCON sabe que muitas pessoas vão reclamar sobre os mais
variados assuntos e isso inclui dizer que, por causa do pecado, muitas
mentem para conseguir algum dinheiro (acredite, é verdade). Nos diversos
FÓRUNS de nosso país, lamentavelmente, impera muita mentira, ardil e
modos flagrantes de se deturpar e extorquir o próximo. Não é incomum se
ler processos claramente forjados, petições solicitando coisas absurdas e
advogados contribuindo para o mal estar da sociedade, bem com
promovendo o pecado e devassidão.
Bem, se ir às ruas protestar fosse errado porque ali existem ímpios
solicitando coisas semelhantes, então seria igualmente pecaminoso estar
em uma sala de audiência junto com outras pessoas que também foram
verdadeiramente enganadas.
Se podemos ir ao PROCON e FÓRUM, podemos ir às ruas.
3. É possível protestar biblicamente
A Bíblia nos diz que devemos fazer todas as coisas para a glória de
Deus; sim, literalmente todas as coisas para Sua glória (1Co 10.31).
Escrevendo ao amado Timóteo, Paulo diz: "Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina" (2Tm 4.2). Que ligação tem isto com os protestos? Simples: "instes a tempo e fora de tempo".
Para ilustrar, ontem, dia 20 de junho de 2013, eu e mais alguns irmãos
em Cristo aderimos ao protesto em minha cidade (Blumenau/SC) e levamos
uma grande faixa (4 metros) com o seguinte versículo: "Ai daqueles que fazem leis injustas, que escrevem decretos opressores"
(Is 10.1). Também levamos um cartaz que dizia: "Diga não à sua própria
corrupção". Além disso, gostaríamos de ter distribuídos alguns jornais
cristãos que temos, mas devido à chuva não foi possível. Vejas as fotos.
Desta forma, se percebe que em todo e qualquer lugar se pode pregar o
evangelho. Em vez de omissão, aproveitemos estes momentos para levar a
Palavra.
4. Protestar não exclui a confiança em Deus
Diz o escritor de Hebreus: "Não temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir" (Hb 13.14).
Durante todo e qualquer protesto, o cristão precisa sempre estar em
oração (1Ts 5.17) e lembrar que mesmo recebendo a contrapartida de sua
manifestação, isto é, conseguido o que pleiteia, ele não possui cidade
permanente nesta terra. Os cristãos são peregrinos sobre esta terra (1Pe
2.11) e devem sempre se lembrar disso.
Protestar não significa dizer que não confiamos em Deus. Confiamos
totalmente em Deus, mas quando dirigimos o carro pelas ruas, mantemos os
olhos abertos; ao atravessarmos a faixa de segurança, olhamos
detidamente para verificar se podemos prosseguir.
O fato de um cristão protestar, então, não significa que ele não confie
no Senhor. Pelo contrário: protesta, porque sabe que o Senhor pode
efetuar tais mudanças. Protesta porque entende sua responsabilidade
humana.
Por fim, é preciso deixar claro que "badernas" não são bem-vindas
no seio cristão. Não que o cristão não deva estar apto a se defender e
repelir a injusta agressão, mas não deve ser briguento. Assim lemos: "Não sejas companheiro do homem briguento nem andes com o colérico"
(Pv 22.24). Uma das qualificações para se ser presbítero (e,
obviamente, também, de todos os cristãos) é não ser espancador (Tt 1.7)
Que os cristãos possam sempre protestar por fatos legítimos, lembrando,
porém, que somente no Senhor devem depositar sua confiança. "O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará" (Sl 23.1).
FONTE:
http://2timoteo316.blogspot.com.br/2013/06/protestos-uma-visao-biblica.html
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