“1 Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.2 Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.3 E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei.4 Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.5 Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos a esperança da justiça.6 Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.7 Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?8 Esta persuasão não vem daquele que vos chamou.9 Um pouco de fermento leveda toda a massa.” (Gál 5.1-9).
Tendo
argumentado no capítulo anterior quanto à liberdade que os cristãos têm
em Cristo, por serem filhos da promessa, da Jerusalém celestial; por
terem sido libertados em Cristo da condenação e da maldição da Lei, é
seu dever viverem para Cristo, não como escravos, mas como livres que
são.
O
cristão é livre até mesmo da escravidão do seu próprio ego, da sua
própria vontade, porque é livre para poder escolher e viver segundo a
vontade de Deus pelo poder do Espírito.
Portanto, uma vez que os gálatas retornassem a obediência
à verdade do Evangelho, deveriam ter o devido cuidado de não retornarem
a cair na mesma sedução, que lhes havia vencido e removido da liberdade
em que se encontravam, para serem sujeitados ao jugo de servidão que
lhes foi imposto pelos judaizantes.
Há poderes terríveis operando no mundo espiritual, que disputam pelo governo total de nossa vontade e espírito.
A carne sempre tentará trazer o cristão de novo à sujeição total que exercia sobre ele, quando andava no mundo sem Cristo.
O
mundo também faz o mesmo tentando cativar totalmente a vontade e os
afetos do cristão nos tesouros terrenos, sejam eles lícitos ou não.
Satanás,
o diabo, dispensa comentários quanto a isto, quer agindo diretamente,
quer usando seus ministros que se transfiguram em ministros de justiça,
para enganar os cristãos.
A
liberdade com que Cristo nos libertou é muito ampla, mas Paulo tem em
mente aqui, nesta seção de Gálatas, a liberdade relativa ao jugo da Lei
que havia sido colocado pelos judaizantes sobre os cristãos
gálatas.
Aprouve
a Deus salvar e libertar os pecadores através da fé, conforme revelou
ao profeta Habacuque (2.4). Então, a mensagem de salvação e libertação
do evangelho é a pregação da fé e não das obras da Lei.
Assim,
os muitos “evangelhos” que não ensinam que Cristo é o tudo da nossa
salvação, e que é olhando sempre para Ele com os olhos espirituais da
fé, que progredimos espiritualmente, sempre produzirão o efeito de nos
separar da comunhão com o Senhor, ainda que afirmemos que é em Seu nome
que nos submetemos às práticas que são estranhas ao evangelho.
Uma
vez estando separado da comunhão com o Senhor, por se entristecer e
apagar a atuação do Espírito Santo, com este pecado de ingratidão e
desconsideração para com Ele, e com tudo o que fez por nós, e que nos
tem ordenado no evangelho; a consequência imediata é a de se decair da
graça, isto é, não a perda da salvação, mas ficar privado do crescimento
na graça, e das consolações da graça pelo Espírito.
A
propósito, faremos bem em considerar que a graça não é uma filosofia,
mas um poder, na verdade; o maior poder operante neste mundo, porque é
por ela que se destrói o pecado, e que se transforma progressivamente
pecadores em santos, pela regeneração (novo nascimento espiritual), e o processo da santificação, pelo Espírito Santo.
Como
o objetivo dos gálatas era o de serem justificados pela circuncisão,
Paulo lhes lembrou que isto era muito pouco ou quase nada, porque
segundo a justiça da lei, para a justificação, é necessário cumprir
perfeitamente todos os demais mandamentos; e isto continuamente, por
toda a vida. E, temos demonstrado anteriormente, que isto é uma tarefa
impossível, porque o homem é pecador.
Nós não estamos tratando agora, de um assunto sem importância. É uma questão que envolve liberdade ou escravidão perpétua.
Porque
a libertação da ira de Deus pelo ofício amoroso de Cristo não é um
benefício transitório, mas uma bênção permanente; assim como o jugo da
Lei, para os que permanecem debaixo da maldição da Lei, por não terem
sido libertados por Jesus, não é temporário, mas uma aflição perpétua.
Contudo
os gálatas haviam sido encantados e estavam cegos quanto a esta verdade
que lhes havia sido ensinada, mas na qual eles não haviam ficado
firmes.
Eles
não permaneceram firmes na graça, e decaíram dela. Porque não há outro
modo de permanecer na graça a não ser o de ficar firme na palavra do
evangelho, sem se deixar remover na mente ou no espírito, dando crédito a
doutrinas que afirmam o oposto da nossa segurança em Jesus.
Este
descaimento como afirmamos anteriormente é consequente da desonra que
se dá ao poder do Senhor, à Sua graça e Palavra, quando se pensa que há
outro modo de se agradar a Deus a não ser pela fé. A falta de fé naquilo que Deus tem afirmado é incredulidade, e isto é um pecado terrível.
Deixar
de crer naquilo que a boca de Deus tem proferido para se dar crédito ao
homem ou ao diabo, é falta de fé e desonra ao Senhor. É por isso que
Paulo afirma, que é pelo Espírito da fé que aguardamos a esperança da
justiça, isto é, esta fé é operada pelo Espírito, de modo que temos
plena esperança da justiça (v. 5) que temos recebido em Cristo Jesus.
Assim, Paulo afirma que não é ser judeu ou gentio que tem qualquer valor, mas ter esta fé que opera pelo amor (v. 6). O amor é, sobretudo a união do cristão com Cristo, que é a fonte do amor. Isto significa então, que não é possível ter fé à parte da comunhão com Cristo.
Se
os gálatas estavam se desligando de Cristo para se ligarem aos
judaizantes e ao seu ensino pervertido, que fé eles poderiam ter?
Como uma fé que não atuava pelo amor poderia aumentar?
Tal como a igreja
de Éfeso citada em Apocalipse, os gálatas haviam abandonado seu
primeiro amor. E, como a igreja de Laodiceia tinham deixado Cristo do
lado de fora dos seus corações, batendo à porta para que se
arrependessem.
O
Senhor estava fazendo exatamente isto, através da epístola que Paulo
escreveu aos Gálatas. Jesus mesmo o inspirou a isto para buscar Suas
ovelhas que haviam fugido do aprisco.
O lobo lhes tinha atacado e não poucas estavam muito feridas.
A
perplexidade de Paulo em relação aos gálatas estava fundada no fato de
que eles vinham correndo bem a carreira cristã, estavam progredindo na
fé, e de repente, por terem permitido serem removidos da sua própria
firmeza por darem ouvidos aos judaizantes, ficaram paralisados e
impedidos de continuar a carreira que vinham efetuando.
Lembremos
que a nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra Satanás
que semeia o joio do erro enquanto dormimos, isto é, quando descuidamos
na nossa vigilância e diligência.
As
realidades espirituais do cristianismo, que se manifestam em nossa
experiência real de vida, operam somente pela verdade, de maneira que
Jesus pediu ao Pai que os cristãos fossem santificados, e Ele indicou o
meio pelo qual o Espírito realizaria esta santificação: a Palavra da
verdade (Jo 17.17).
Então, nada além da verdade revelada na Bíblia pode produzir o novo nascimento do
Espírito Santo e Suas operações poderosas em nossa experiência real
desta vida divina, até a sua plenitude, conforme é da vontade de Deus.
Devemos,
portanto zelar pela manutenção da verdade, tal como está revelada na
Palavra, para que possamos garantir a manifestação e manutenção da vida
abundante que recebemos da parte de nosso Senhor Jesus Cristo, à medida
que permanecemos nEle e na Sua Palavra, que é a verdade.
Paulo
esclareceu aos gálatas, que quem lhes havia persuadido àquela
insensatez que haviam cometido, não fora o Senhor que os chamou, mas o
diabo, através dos seus instrumentos, com o fim de separá-los da
comunhão com Cristo.
O diabo sabe quão difícil é a reconciliação de um cristão desviado com o seu Senhor. Por
isso, Satanás tudo fará para trazer dores aos cristãos, por saber que
não os terá mais consigo no inferno depois que saírem deste mundo.
Portanto
eles deveriam ter muito cuidado com o fermento do erro, porque não é
necessário muito fermento para levedar toda a massa de cristãos,
desviando-os da verdade.
Fonte: Artigos Gospel
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