Como interpretar João 10.16: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco”?
Todos
os salvos têm a certeza da salvação porque creram no Senhor Jesus e se
arrependeram de seus pecados (Jo 3.16 e Rm 10.9,10). Mas, o que o Mestre
quis dizer em João 10.16, ao mencionar “outras ovelhas”, de outro
aprisco? Estaria Ele aludindo à salvação fora do cristianismo? Haveria, a
partir dessa passagem, uma abertura para acreditarmos que muçulmanos,
budistas, espíritas, etc. poderão ser salvos, mesmo permanecendo nessas
religiões?
Jesus
é o único Mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5 e At 4.12). Qualquer
religioso, ao se converter de verdade, passa a trilhar o único caminho
para a salvação (Jo 14.6), visto que é impossível receber a Cristo como
Salvador e continuar abraçando a reencarnação ou outras doutrinas
anticristãs. A quem, pois, o Mestre se referiu em João 10.16? Alguns
estudiosos argumentam que as “outras ovelhas” seriam os judeus
helenistas, dispersos pelo mundo. Mas o próprio Evangelho de João mostra
que o Mestre se referiu aos salvos do mundo todo. Considerando que, em
João, o Senhor afirma que a mensagem de salvação é para o mundo inteiro
(1.10 e 12.32), as “outras ovelhas” seriam judeus e gentios,
indistintamente (7.35-39). Aliás, nesse mesmo Evangelho, o Senhor Jesus é
chamado textualmente de “o Salvador mundo” (4.42).
Não
existe salvação fora de Cristo e, consequentemente, do verdadeiro
cristianismo, posto que este é formado por indivíduos que obedecem
àquEle. Ao dizer “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco”,
o Senhor se referiu, à luz do Novo Testamento, ao resultado da Grande
Comissão (Mt 28.19 e Mc 16.15), que teria início após sua morte e sua
ressurreição (Jo 11.46-52; 17.20-23). Aliás, no próprio capítulo 10 de
João, o Senhor Jesus asseveou: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por
mim, será salvo” (v9 – ARA).
Diante
do exposto, a resposta bíblica à pergunta em apreço é a seguinte: as
condições para se obter a salvação em Cristo Jesus — que se dá
exclusivamente pela sua graça (Tt 2.11) — são duas: arrependimento e fé,
as quais estão casadas (Mc 1.15 e At 2.38ss). O infrator crucificado ao
lado de Jesus, por exemplo, não era evangélico, mas, ao arrepender-se
de seus pecados e crer no Salvador, ouviu deste a seguinte promessa:
“hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43).
Ser
evangélico não é uma condição para ser salvo. Mas pertencer a uma
igreja evangélica — compromissada com a Palavra de Deus, que ama o
próximo, prega o Evangelho e obedece à sã doutrina — em geral indica que
houve conversão (At 3.19). Por outro lado, diferentemente do que
assevera o papa Bento XVI, a salvação não é exclusividade de uma
religião pretensamente cristã, como o catolicismo. Religião alguma pode
salvar alguém (Ef 2.8-10). Pertencemos a uma igreja porque temos a
necessidade de cultuar a Deus de modo coletivo, desfrutar de comunhão e
aprender uns com os outros etc.
Ciro Sanches Zibordi
Artigo publicado no jornal Mensageiro da Paz de março de 2013
FONTE:
http://cirozibordi.blogspot.com.br/2013/04/e-possivel-nao-ser-cristao-e-ser-salvo.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário