Edward Done lly é ministro da Trinity Reformed Presbyterian Church, em Newtownabbey, na Irlanda; professor de Novo Testamento no Reformed Theological College (Belfast), preletor em conferências teológicas internacionais, autor de diversos artigos e livros, um deles publicado em português pela Editora PES: “Depois da morte: o que?”.
"Quem vos induziu a fugir da ira vindoura?" (Mateus 3.7)
Na
igreja do Novo Testamento, a doutrina do inferno parece ter sido um dos
ensinos básicos para os novos convertidos. O escritor da Epístola aos
Hebreus se referiu ao "juízo eterno" como um dos princípios elementares
da doutrina de Cristo (Hb 6.1-2) – em outras palavras, um ensino
fundamental apresentado no início da vida cristã. Em nossos dias, esse
ensino tem sido negligenciado; e precisamos tomar tempo para esclarecer
nosso entendimento.
Podemos resumir os principais aspectos do ensino bíblico sobre o inferno em cinco proposições simples...
O que é o inferno?
1. Um lugar real criado por Deus.
Uma idéia contemporânea a respeito do inferno é a de que ele é apenas
uma metáfora que se refere à infelicidade que experimentamos nesta vida.
Nas memoráveis palavras de Jean Paul Satre, filósofo existencialista
francês, "não há necessidade de enxofre ou grades de tortura. O inferno é
a outra pessoa". Para ele, o inferno era a dor causada pela crueldade
dos seres humanos. As pessoas falam de suas experiências devastadoras
chamando-as de "infernal". "Passei por um inferno", elas dizem. O
inferno é visto como o lado sombrio da vida, a tristeza e o sofrimento
pelos quais as pessoas passam.
Nada disso é verdade. O inferno é
um lugar real. Não é uma metáfora nem um símbolo, nem uma descrição de
nossa desolação interior ou de nossos sofrimentos presentes, não
importando quão angustiantes eles sejam. O inferno não é um estado
mental. É um lugar com dimensões espaciais. Na parábola do rico e
Lázaro, o rico falou: "Este lugar de tormento" (Lc 16.28), usando a
palavra grega normal que significava "lugar", da qual procede a nossa
palavra topografia – a ciência de descrever lugares. A Bíblia
nos diz que Judas Iscariotes foi "para o seu próprio lugar" (At 1.25).
Não sabemos em que lugar do universo está o inferno; mas ele tem uma
localização precisa, em algum lugar. A Bíblia sugere o seu grande
distanciamento da vida e da luz de Deus, ao descrevê-lo como "fora" (Mt
8.12; Ap 22.15), "trevas" (Mt 8.12; 22.13; 25.30).
O nome mais característico do inferno, no Novo Testamento, é gehenna,
uma palavra que tem uma história interessante. Ela se referia ao vale
de Hinon, fora de Jerusalém, no qual os israelitas queimavam seus filhos
como sacrifício a Moloque, deus amonita (2 Cr 28.3; 33.6; 2 Rs 23.10).
Era um lugar de atitudes perversas e de tristeza que angustiava o
coração. No século I, o vale de Hinom havia se tornado um depósito de
lixo, onde os detritos eram queimados dia e noite. As pessoas dos dias
de Jesus associavam-no com fumaça, fedor e vermes – tudo que era
detestável e imundo. Esse é o termo horrivelmente vívido que Jesus
escolheu como figura apropriada do inferno real.
Visto que o
inferno é um lugar, ele foi criado por Deus... Por ordem de Deus, o fogo
eterno foi "preparado para o diabo e seus anjos" (Mt 25.41).
2. Punição justa, terrível e eterna.
O inferno é um lugar de punição. Existe alguma idéia mais impopular em
nossos dias? Nem todo tipo de punição é inaceitável. A punição
corretiva, destinada a tornar o ofensor uma pessoa melhor, é bastante
aceitável. Os movimentos "politicamente corretos" ainda não se
empenharam por convencer os governos a tirar dos pais o direito de
disciplinar os filhos. O propósito da disciplina é ensiná-los a não
fazer o que é errado. Nossa esperança é que nossos filhos aprenderão com
a experiência desagradável e não tenhamos de puni-los novamente. O
serviço prisional segue essa mesma filosofia, na qual o alvo declarado
do encarceramento é a reabilitação do criminoso. E alguns admitem uma
função para a punição preventiva, empregando-a como um detentor que
impede os outros de cometerem a mesma ofensa e, assim, sofrerem uma
penalidade semelhante. Essa atitude serve como uma advertência para a
comunidade, e a correção dos poucos culpados visa garantir a obediência
contínua dos muitos que aderem à lei.
No entanto, a punição que o
mundo de hoje não tolera é a retributiva – a punição infligida apenas
como recompensa pelo mal, porque é isso que os malfeitores devem sofrer,
a punição que caracteriza o ódio pelo que é errado e o compromisso com o
que é certo. Esse tipo de punição é considerada bárbara e imoral. Isso
acontece não porque as pessoas se tornaram mais humanas ou civilizadas, e
sim porque elas são atemorizadas por um espectro sombrio. A sombra do
inferno as persegue. Sussurros inquietantes de julgamento por vir
ecoam em sua consciência. Essas intimações da ira de Deus deixa as
pessoas tão apavoradas, que fazem tudo que podem para remover de nossa
sociedade qualquer idéia de punição retributiva...
A punição do inferno é
retributiva; não é corretiva. Ela não torna ninguém melhor. O
purgatório, a idéia de que os seres humanos serão purificados e
melhorados por meio de seu sofrimento após a morte, é um mito. Os
sofrimentos no inferno não produzem nenhum benefício naqueles que estão
sendo punidos ali. O inferno não é uma punição preventiva, exceto no
caso de que ouvir sobre ele agora pode levar as pessoas a se converterem
do pecado para Cristo. Quando Deus abrir os livros de julgamento e
proclamar o destino final de todos, a punição anunciada será o que
muitas pessoas odeiam e temem acima de tudo: punição retributiva,
imposta porque o errado é errado, e Deus se opõe ao que é errado...
A
punição será justa porque é imposta pelo santo Senhor Deus, cujos
juízos são totalmente verdadeiros e justos. A Escritura nos diz que
todos os ímpios serão punidos, mas não no mesmo grau. Alguns sofrerão
mais do que outros: quanto maior a culpa, maior a penalidade. Deus
lidará com os pecados cometidos na ignorância menos severamente do que
lidará com atos de desobediência consciente. "Aquele servo, porém, que
conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a
sua vontade será punido com muitos açoites. Aquele, porém, que não soube
a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos
açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e
àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão" (Lc 12.47-48).
Privilégios
negligenciados aumentarão a penalidade recebida, pois Cristo deu uma
advertência solene às cidades da Galiléia em que ele pregara e realizara
milagres: "Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!... no Dia do Juízo,
haverá menos rigor para Tiro e Sidom... [e] para com a terra de Sodoma
do que para contigo" (Mt 11.21-24). Isso deve ter sido uma afirmação
chocante para aqueles que a ouviram em primeira mão. As respeitáveis
cidades pesqueiras da Galiléia, aos olhos de Deus mais culpadas do que
Tiro, cidade pagã, ou do que a pervertida Sodoma! Mas essa é a
severidade de ouvir e rejeitar o Filho de Deus.
Escribas, que
desfrutavam de incomparável exposição às Escrituras, mas se comprovaram
hipócritas, avarentos e desonestos, "sofrerão juízo muito mais severo"
(Mc 12.38-40). Isso deve ser uma consideração solene para aqueles que
foram criados em lares cristãos, mas ainda não se renderam ao Salvador.
Os mais profundos abismos do inferno estão reservados não para os
descaradamente ímpios, e sim para aqueles que desde a infância tinham
familiaridade com a mensagem de salvação e, apesar disso, nunca a
aceitaram para si mesmos.
A Bíblia não nos mostra como serão os
graus do castigo. Talvez Deus infligirá mais dores a alguns. Talvez
haverá uma conscientização mais aguda das oportunidades negligenciadas,
um remorso mais profundo. O verme da memória – o ensino de um pai ou as
orações de uma mãe – talvez sejam parte da tortura dos condenados no
inferno. A Bíblia não nos diz... Mas sabemos que a punição será
absolutamente justa. Ninguém jamais poderá queixar-se de que não foi
justa ou de que não a mereceu. O inferno é justo.
Além disso, o
inferno é terrível, pois é um lugar de "choro e ranger de dentes" (Mt
8.12), onde "não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga" (Mc 9.44).
Aqueles que forem para o inferno beberão "do vinho da cólera de Deus,
preparado, sem mistura, do cálice da sua ira"; e serão atormentados "com
fogo e enxofre... A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos
séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite" (Ap
14.10-11). Isso é... terrível.
O inferno é eterno. Apesar das
ilusórias "dificuldades" modernas, o ensino das Escrituras é claríssimo.
Elas nos falam sobre a "eterna destruição" (2 Ts 1.9), "o fogo
eterno... o castigo eterno" (Mt 25.41, 46). Em cada um desses
versículos, a palavra usada é a mesma palavra grega aplicada à vida
"eterna". Assim como as alegrias do céu são eternas, assim o são os
sofrimentos do inferno. Judas se referiu ao "fogo eterno" (v. 7) e à
"negridão das trevas, para sempre" (v. 13).
Quão apavorante será
essa punição – justa, terrível e eterna! João Calvino disse: "Por meio
dessas expressões, o Espírito Santo tencionava, certamente, consternar
todos os nossos sensos com pavor".
3. Para o Diabo, seus anjos e os não-salvos.
"Todas as pessoas interessantes estarão no inferno", escreveu George
Bernard Shaw, o dramaturgo irlandês, em uma peça de blasfêmia insolente.
Mas isso não é o que a Bíblia nos diz.
O Diabo estará no
inferno, "lançado... dentro do lago de fogo e enxofre" (Ap 20.10).
Acompanhando-o, estarão os "seus anjos" (Mt 25.41), que no presente
estão guardados, "em algemas eternas, para o juízo do grande Dia" (Jd
6). Esses demônios, já cientes de seu destino final, quando Jesus esteve
na terra, curvaram-se diante do poder do Salvador, clamando: "Que temos
nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos?... Rogavam-lhe que
não os mandasse sair para o abismo" (Mc 1.24; Lc 8.31).
O
inferno é também para os notoriamente ímpios. "Quanto, porém, aos
covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros,
aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes
cabe será no lago que arde com fogo e enxofre" (Ap 21.8). Que galeria
de embusteiros repulsiva! Essas são as "pessoas interessantes" de
Bernard Shaw.
Entretanto, não são apenas os ousadamente maus que
estarão no inferno. O apóstolo Paulo identifica para nós aqueles contra
os quais Deus tomará vingança "em chama de fogo". Quem são eles? Quem
são esses monstros de depravação? Os Hittlers? Os Stalins? Sim. Mas,
também, todos "os que não conhecem a Deus e... os que não obedecem ao
evangelho de nosso Senhor Jesus" (2 Ts 1.8). Muitos deles são pessoas
decentes, exteriormente corretas. São bons cidadãos, pais cuidadosos,
empregados confiáveis, vizinhos amáveis – porém nunca creram em Cristo
como seu Salvador. Recusaram obedecer "ao evangelho".
Você está
nessa condição? Talvez pense em si mesmo como uma pessoa razoavelmente
boa. Talvez pense que não é culpado de nenhum grande pecado e nunca fez
alguma coisa de que se envergonha. Mas o evangelho diz: "Crê no Senhor
Jesus"; e você não tem obedecido a esse mandamento. Ainda que você não
tenha cometido outro pecado, Deus tomará vingança de você, em chama de
fogo, se não obedecer ao evangelho. Somente aqueles que creram em Cristo
escaparão do inferno. "Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que,
todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele
permanece a ira de Deus" (Jo 3.36). E "quem ouve a minha palavra e crê
naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou
da morte para a vida" (Jo 5.24).
4. O irrevogável destino do incrédulo na morte.
No Dia do Juízo, os corpos dos incrédulos ressuscitarão dos sepulcros,
serão unidos novamente à sua alma e lançados no inferno. Contudo,
precisamos lembrar que a alma do incrédulo já está no inferno. Não
existe nenhuma "terra de ninguém" no universo, nenhuma sala de espera
entre o céu e o inferno, nenhum sono da alma ou período de inconsciência
até à segunda vinda de Cristo. As almas que não habitam seus corpos
estão no céu ou no inferno.
Quando os crentes morrem, as suas
almas seguem imediatamente para estar com Cristo. Paulo queria "partir e
estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor" (Fp 1.23). O
próprio Salvador disse ao ladrão que estava para morrer: "Hoje estarás
comigo no paraíso" (Lc 23.43). Isso é exatamente o que acontece com todo
crente quando morre. Por contrário, quando um incrédulo morre, ele
parte para estar com Satanás, o que é infinitamente pior. E, quando
passa deste mundo, o Diabo lhe sussurra, com triunfo: "Hoje você estará
comigo no inferno". Não existem outras possibilidades. Ou nossa alma
estará com Cristo, ou estará com Satanás.
As palavras sheol, no Antigo Testamento, e hades,
no Novo Testamento, têm sido entendidas por alguns como que se
referindo a um estado neutro, intermediário, vivido por todos os seres
humanos até ao retorno de Cristo. Mas isso se deve a um entendimento
errado, pois essas palavras são usadas nas Escrituras em, pelo menos,
dois sentidos. Às vezes, referem-se ao sepulcro, aonde todos vamos, e,
às vezes, ao lugar de punição, ao qual o crente não vai. Alguns versões
da Bíblia traduzem corretamente sheol, de acordo com o contexto, variando-a entre "sepulcro", "abismo" e "inferno".
Ainda
que as Escrituras nos falem mais sobre o destino dos crentes do que
sobre o dos perdidos, seu ensino é bem claro no que diz respeito àqueles
que morrem sem Cristo. A parábola de nosso Senhor sobre o rico e Lázaro
refere-se evidentemente ao período de tempo anterior à ressurreição
geral. O rico havia morrido e sido sepultado, e seus cinco irmãos ainda
viviam na terra. O fim do mundo ainda não chegara. Contudo, embora
morto, ele estava consciente, porque "no inferno, estando em tormentos,
levantou os olhos". Seu corpo estava em decomposição no sepulcro, mas
sua alma experimentava agonia no inferno. "Estou atormentado nesta
chama", ele clamou (Lc 16.23-24).
Todos os que morreram na
incredulidade estão sofrendo neste momento. "O Senhor sabe livrar da
provação os piedosos e reservar, sob castigo, os injustos para o Dia de
Juízo" (2 Pe 2.9). Não há uma segunda chance, nenhuma esperança futura,
nenhuma utilidade em orar pelos mortos. Estão além do alcance de nossas
orações, que não mais os ajuda. Nem mesmo o Deus todo-poderoso os
ajudará.
Essa é a razão por que o evangelho é tão urgente. É o
motivo por que Deus nos chama a crer agora, porque, depois de mortos,
será tarde demais. Naquele momento, a alma está irrevogavelmente
perdida, aguardando somente a sua reunião com o corpo condenado no
Último Dia.
5. O inferno é governado por Deus e existe para a sua glória.
Precisamos enfatizar que o inferno é governado por Deus, pois existe
uma idéia popular de que o inferno está, de algum modo, fora do alcance e
da presença de Deus. Muitos acham que o inferno é como um repositório
de lixo atômico no qual Deus confinará os ímpios. Ele será lacrado,
enterrado e esquecido. E as almas que estão naquele lugar pavoroso serão
deixadas à mercê de seus próprios artifícios. Talvez John Milton,
embora tenha sido um grande poeta puritano, foi em parte responsável por
essa idéia errônea. Em sua obra Paraíso Perdido, ele dedica
grande quantidade de atenção a Satanás, o anjo-chefe. Quando o Diabo
está entrando no inferno, Milton o faz dizer: "Pelo menos aqui seremos
livres... Aqui poderemos reinar tranqüilos. E, em minha escolha, reinar é
uma ambição digna, embora no inferno. É melhor reinar no inferno do que
servir no céu".
O poeta está dando ao Diabo uma pálida
esperança. "Aqui seremos livres... Aqui poderemos reinar seguros."
Talvez isso seja realmente o que o Diabo pensa e anseia. "Eu posso ser
ímpio, mas serei meu próprio senhor. Este pode ser um lugar de miséria,
mas, pelo menos, conseguirei ficar longe de Deus." Muitos concordam com
ele e pensam no inferno como o lugar em que Satanás reina.
Isso não é verdade.
O inferno é um lugar em que somente Deus governa. Não é um reino
demoníaco independente e absoluto. Deus, que "tem poder para lançar no
inferno" (Lc 12.5), governa-o e preparou as suas chamas (Mt 25.41). Ele
está presente no inferno, pois os condenados são atormentados "diante
dos santos anjos e na presença do Cordeiro" (Ap 14.10). Que afirmação
terrível e misteriosa!
Não, os demônios não reinam no inferno.
Não devemos retratar o Diabo como um herói trágico e rebelde que vive
sozinho e ergue seu punho para Deus. Milton cometeu esse erro quando
colocou estas palavras nos lábios de Satanás: "E se o campo for perdido?
Nem tudo está perdido; a vontade inconquistável... e a coragem de nunca
submeter-se ou render-se: essa glória a ira ou o poder de Deus nunca me
tirará... Curvar-me e implorar por graça, com prostração humilde, e
exaltar o poder dele... isso seria ignomínia e vergonha aqui em embaixo,
nesta desgraça".
Isso nos causa profunda compaixão, não? Embora
terrível, há algo magnificente no que concerne à vontade inconquistável,
a criatura maldita e obstinada, o espírito que não pode ser
quebrantado. Esse desafio apela à nossa natureza arrogante e caída; mas é
um desafio espúrio. "Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho,
nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2.10-11). Satanás não será
"livre", sua vontade não é "inconquistável", sua "coragem" será
inexistente, sua "ignomínia e vergonha", total. "Tudo" já "está
perdido". Ele não será um príncipe negro, apavorante em sua dignidade
ímpia, e sim uma criatura desprezível, prostrada diante do Rei e Senhor
de tudo. Deus reina no inferno, como reina no céu.
Temos de
lembrar também que o inferno existe para a glória de Deus... No inferno,
e só podemos dizer isso com temor reverente, a glória de Deus será
revelada de maneiras novas e admiráveis. Sua autoridade como Rei será
vista mais claramente do que já foi possível antes. Novos aspectos de
sua santidade e justiça serão revelados ao seu povo extasiado.
Ousemos
crer nisso porque as Escrituras o ensinam. O último livro da Bíblia nos
mostra os habitantes santos do céu louvando e agradecendo a Deus pelo
inferno. Os vinte e quatro anciãos prostram-se sobre o seu rosto, diante
de Deus, afirmando: "Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso...
porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar. Na verdade, as
nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado
para serem julgados os mortos" (Ap 11.17-18).
O anjo das águas
louva o Senhor por seus juízos: "Tu és justo... pois julgaste estas
coisas... também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso" (Ap
16.5-6). Assim como toda a criação, o inferno existe para a glória de
Deus.
Traduzido por: Wellington Ferreira
Copyright:© Edward Donnelly
© Editora FIEL 2011.
Traduzido do original em inglês: Biblical Teaching on the Doctrines of Heaven and Hell, publicado pela Banner of Truth Trust, p. 16-24.
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