
O Padre Júlio J. Brustoloni, missionário redentorista, no seu livro
História de Nossa Senhora da Conceição Aparecida — A Imagem, o Santuário
e as Romarias – p. 115, após achar que a imagem é motivo de contradição
para muitos crentes (protestantes, evangélicos, especialmente
Pentecostais), diz: O mais grave não é negar o culto à imagem de Nossa
Senhora Aparecida, mas sim não aceitar o papel de Maria no plano de
salvação estabelecido por Deus. Eles aceitam que o seu Filho nasceu de
uma mulher, Maria, mas não reconhecem o culto devido àquela Mulher que
esmagou com sua descendência a cabeça do demônio, e que, por vontade de
Deus, foi colocada em nosso caminho de salvação para interceder por nós.
Com
um único versículo da Bíblia, provavelmente muito conhecido pelo padre,
sua teoria é desmontada: Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele
prestarás culto (Mt 4.10b). Além do mais, não acreditamos que aquela
imagem de barro, intitulada Nossa Senhora da Conceição Aparecida, seja
um retrato de Maria, mãe do Senhor Jesus Cristo, conforme nos revela a
Bíblia Sagrada.
São declarações como as do padre Júlio J.
Brustoloni, ou o espantoso livro de S. Afonso de Ligório “As Glórias de
Maria”, que transferem, sem a menor cerimônia, todos os atributos e
honras que pertencem exclusiva-mente ao Senhor Jesus para Maria ou a
tentativa malabarista da CNBB com o livreto “Com Maria, Rumo ao Novo
Milênio” -uma forçosa tentativa de justificar o culto mariano, é que nos
faz pronunciar, mostrando um outro caminho, aquele da Bíblia, sem
retórica ou esforço, um caminho cândido, sereno e verdadeiro, com todo
respeito e amor aos católicos romanos, que todo cristão deveria ter,
apresentando-se firmes no tocante a sã doutrina (2 Tm 4.1-5).
Trata-se
de uma pequena imagem de barro, medindo 39 centímetros e pesando
aproximadamente 4,5 kg, sem o manto e a coroa, que foram acrescentados1.
As Anuas dos Padres Jesuítas de 15 de janeiro de 1 750, dizem que,
aquela imagem foi moldada em barro, de cor azul escuro; é afamada por
causa dos muitos milagres realizados2. Dr. Pedro de Oliveira Neto, que
estudou a imagem, apresentando o resultado em 13 de abril de 1967,
afirma, em contrapartida:
A imagem encontrada pelos pesca-dores
junto ao Porto de ltaguaçu, e que hoje se venera na Basílica Nacional, é
de barro cinza claro, como constatei, barro que se vê claramente em
recente esfola-dura no cabelo3. A mesma conclusão chegaram os artistas
do MASP — Museu de Artes de São Paulo – em 1978, declarando:
Constatamos
pelos fragmentos da Imagem em terracota, que ela é da primeira metade
do século XV!!, de artista seguramente paulista, tanto pela cor como
pela qualidade do barro empregado e, também, pela própria feitura da
escultura (4). Essa pequena imagem feita de barro representa Maria para o
catolicismo romano.
Segundo o Dr. Pedro de Oliveira Neto, a
imagem de barro foi feita por um discípulo do Frei Agostinho da Piedade:
A Imagem de Nossa Senhora Aparecida é paulista, de arte erudita, feita
provavelmente na primeira metade de 1600, por discípulo, mas não pelo
próprio mestre, do beneditino Frei Agostinho da Piedade. Os estudiosos,
observando o estilo da imagem, concluíram que o autor da imagem foi o
Frei Agostinho de Jesus, sendo provavelmente esculpida em 1650, no
mosteiro beneditino de Santana de Parnaíba, SP (5).
Apresentaremos
algumas hipóteses razoáveis, embora nunca tenhamos a certeza do fato.
Nossa análise levará em consideração apenas as possibilidades culturais,
religiosas e históricas. O livro de Gilberto Aparecido Angelozzi,
Aparecida a Senhora dos Esquecidos, Ed Vozes; Capítulo III — p. 55-66,
expõe alguns possíveis motivos sobre o assunto em questão.
Partindo
do princípio de que realmente os pescadores acharam a imagem da
Conceição Aparecida no rio, podemos então desenvolver as seguintes
idéias:
A teoria de que a imagem foi trazida pelos colonizadores brancos
• Por famílias que se instalaram no vale do Paraíba;
pelos bandeirantes, pois eles carregavam imagens de Maria por onde quer que passassem;
• pelos missionários carmelitas, franciscanos e jesuítas que passaram por aquela região;
por algum comerciante ou vendedor ambulante e ter sido quebrada em sua bagagem;
poderia fazer parte de um oratório familiar e, ao ter sido quebrado o pescoço da imagem, ter sido lançada ao rio.
A teoria de que a imagem foi lançada no rio por escravos negros
Algum escravo negro, devido ao sincretismo religioso, poderia associar a imagem à de algum orixá, especialmente aos que estão associados às águas;
poderia ter lançado a imagem nas águas como um oferecimento a algum orixá, fazendo pedidos relacionados à saúde: engravidar, gravidez de risco, proteção à criança etc;
poderia ter sido lançado nas águas para se obter riquezas ,ouro, dinheiro, pedras preciosas etc.
A teoria das lendas indígenas
Uma lenda indígena relata que eles criam na grande cobra que habitava nos rios a Cobra Norato. Durante o dia era uma terrível cobra e à noite era um jovem que dançava com as moças. Algum padre teria lançado a imagem para proteger os índios;
Outra lenda diz que, na cidade de Jacareí, apareceu uma grande cobra e alguém a enfrentou lançando a imagem da Imaculada Conceição ao rio, fazendo com que a cobra fugisse.
A
teoria oficial da Igreja Católica Romana
O catolicismo romano
possui duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo
da Cúria Metropolitana de Aparecida (1 Livro do Tombo da Paróquia de
Santo Antônio de Guaratinguetá) e no Arquivo Romano da Companhia de
Jesus, em Roma (Annuae Litterae Provinciae Brasilíanae, anni 1748 et
1749)6.
A narrativa diz basicamente que, no ano de 1719, os
pescadores Domingos Martins García, João Alves e Filipe Pedroso lançavam
suas redes no Porto de José Corrêa Leite, prosseguindo até o Porto de
ltaguassu. Lançando João Alves a sua rede de rastro neste porto, tirou o
corpo da Senhora, sem cabeça. Lançando mais abaixo outra vez a rede,
conseguiu trazer a cabeça da mesma Senhora. Não tinham até aquele
momento apanhado peixe algum. A partir de então, fizeram uma copiosa
pescaria que encheu as canoas de peixes. Após esse milagre, surgiram
outros relacionados à imagem.
A explicação do Dr. Aníbal Pereira dos Reis
Segundo
o Dr. Aníbal Pereira dos Reis ex-sacerdote, ordenado em 1949, formado
em Teologia e Ciências Jurídicas pela Pontifica Universidade Católica de
São Paulo, em seu livro A Senhora Aparecida, Edições Caminho de Damasco
Ltda, SP, 1988; trata-se de uma grande armação do padre José Alves
Vilela , pároco da matriz local. Segundo suas investigações, foi o padre
José Alves Vilela quem colocou a imagem no rio e iniciou planejadamente
a divulgação dos supostos milagres, além de estar manipulando todo
tempo a imagem e divulgando seus supostos milagres.
Pequena cronologia da Imagem
1717— Pescadores apanharam no rio a Imagem da Conceição Aparecida
1745-1903 — A festa principal da Conceição Aparecida é celebrada em 08 de dezembro;
1888 — No dia 06 de novembro, a princesa Isabel visita pela segunda vez a basílica e deixa como ex-voto uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis;
1929 — Celebração dos 25 anos da Coroação de Maria em um Congresso Mariano;
1930— No dia 16 de julho, o Papa Pio XI assina o decreto, declarando Conceição Aparecida a Padroeira do Brasil;
1931 — No dia 31 de maio, a imagem de barro da Conceição Aparecida é declarada, oficialmente, na Capital Federal a Padroeira do Brasil. Getúlio Dornelles Vargas, era o presidente naquela época.
Segundo o
padre Júlio J. Brustoloni, Na Esplanada do Castelo, outra multidão
aguardava a chegada da Imagem Milagrosa. No grande estrado, junto do
altar da Padroeira, encontravam-se o Presidente da República, Dr.
Getúlio Dornelles Vargas, Ministros de Estado, membros do Corpo
Diplomático credenciados junto do nosso governo, e outras
autoridades civis, militares e eclesiásticas. O Sr. Núncio Apostólico,
Dom Aloísio Masella, estava ao lado do Presidente e sua família. Na
Esplanada, a Imagem percorreu as diversas quadras para que o povo
pudesse vê-la de perto, e, ao chegar ao altar, Dom Leme deu-a a beijar
ao Presidente e sua família. Um silêncio profundo invadiu a Esplanada,
quando a Imagem foi colocada no altar. Após o discurso de saudação, Dom
Leme iniciou o solene ato da proclamação de Nossa Senhora Aparecida como
Padroeira do Brasil7. Segundo relata o padre Júlio, após a cerimônia, o
povo católico romano gritou: Senhora Aparecida, o Brasil é vosso!
Rainha do Brasil, abençoai a nossa gente. Paz ao nosso povo! Salvação
para a nossa Pátria! Senhora Aparecida, o Brasil vos ama, o Brasil em
vós confia! Senhora Aparecida, o Brasil vos aclama, Salve Rainha!8
O QUE É IDOLATRIA
Vejamos
algumas definições: Ídolo. S.m. 1. Estátua ou simples objeto cultuado
como deus ou deusa, 2. Objeto no qual se julga habitar um espírito, e
por isso venerado. 3. Fig. Pessoa a quem se tributa respeito ou afeto
excessivo. Idólatra. Adj. 2 g. 1. Respeitante à, ou próprio da
idolatria. 2. Que adora ídolos. 3. Idolátrico (2). * s. 2 g. 4. Pessoa
que adora ídolos; Idolatrar. V t. d. 1. Prestar idolatria (1) a; amar
com idolatria (1); adorar, venerar. 2. Amar com idolatria (2), com
excesso, cegamente. Int. 3. adorar ídolos; praticar a idolatria (1).
Idolatria. SE. 1. Culto prestado a ídolos. 2. Amor ou paixão exagerada,
excessiva9. Idolatria- 1. Essa palavra vem do grego, eídolon, ídolo, e
latreúein, adorar. Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos
ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido
mais lato, pode indicar veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa,
instituição, ambição etc, que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a
honra que lhe devemos ( 10).
O culto à imagem esculpida, deuses
de fundição, imagem de escultura, estátua, figura de pedra, imagens
sagradas ou ídolos é idolatria e profanam a ordem divina.
Não
farás para ti imagens esculpidas, nem qualquer imagem do que existe no
alto dos céus, ou do que existe embaixo, na terra, ou do que existe nas
águas, por debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes
prestarás culto (Ex 20.4)
Não vos voltareis para os ídolos, nem fareis para vós deuses de fundição. Eu sou o Senhor vosso Deus (Lv 19.4)
Não
fareis para vós ídolos, nem para vós levantareis imagem de escultura
nem estátua, nem poreis figura de pedra na vossa terra para inclinar-vos
diante dela. Eu sou o Senhor vossoDeus (Lv26.1)
Confundidos sejam todos os que adoram imagens de esculturas, que se gloriam de ídolos inúteis… (SI 9 7.7)
Os
ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos do homem. Têm boca, mas
não falam, têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem, têm
nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam, têm pés, mas não
andam; nem som algum sai da sua garganta; Tornem-se semelhantes a eles
os que os fazem, e todos os que neles confiam. (SI .115.4-9 e 135.15-18)
A
tua terra está cheia de ídolos, inclinaram-se perante a obra das suas
mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos. Pelo que o homem será
abatido, e a humanidade humilhada; não lhes perdoes! (Is 2.8-9)
… Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás (Mt 4.11; Lc 4.8)
O
principal de todos os mandamentos é: Ouve, ó Israel, o Senhor nosso
Deus é o único Senhor! Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração,
de toda a sua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças
(Mc .12.29-30; Mt 22.37).
Mas vem a hora, e já chegou, em que os
verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, pois o
Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que
os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (Jo.4.23-24)
Enquanto
Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em si mesmo
vendo a cidade tão entregue à idolatria (At 1 7.16)
Não sabeis que
os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem impuros,
nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem
ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores
herdarão o reino de Deus (1 Co 6.10-11; Ef5.5)
Não vos façais
idólatras, como alguns deles; como está escrito: O povo assentou-se a
comer e a beber, e levantou-se para folgar (1 Co 10.7).
E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Pois vós sois santuários do Deus vivente… (2 Co 12.2)
As
obras da carne são conhecidas, as quais são: prostituição, impureza,
lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras
pelejas, dissensões, facções, invejas, bebedices, orgias, e coisas
semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos
preveni, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus (GI
5.5)
Filhinhos, guardai-vos dos ídolos(1 Jo5.21)
* Mas,
quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos
homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a
todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e
enxofre, que é a segunda morte (Ap 21.8)
Ficarão de fora os cães,
os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo aquele
que ama e pratica a mentira (Ap. 22.1 5).
Deus proibiu ao seu povo a
confecção e o culto a imagens, estátuas etc, visto que os povos pagãos
atribuíam a esses artefatos de barro, madeira ou outro material
corruptível, um caráter religioso. Acreditavam, além do mais, que a
divindade se fazia presente por meio dessa prática. O Deus Todo-Poderoso
ensinou seu povo a não cultuar imagens. Sua palavra era tão poderosa no
coração do seu povo, que, embora muitos homens santos, profetas e
sacerdotes, homens exemplares, com todas as virtudes para serem
canonizados (os heróis da Bíblia), não foram pretextos para serem
adorados ou cultuados, nem fizeram suas imagens e nem lhes prestaram
culto. Deus proibiu seu povo de fabricar imagens de escultura, de fundir
imagens para cultuá-las (Ex 20.23 e 34.1 7).
Algumas imagens que
Deus mandou fazer não tinham por objetivo elevar a piedade de Israel e
nem serviam de modelo para reflexão ou conduta. Eram apenas símbolos
decorativos e representativos. Deus mandou fazer a Arca da Aliança;
mandou fazer figuras de querubins no Tabernáculo e no Templo, entre
outros utensílios (1 Rs 6.23-29; 1 Cr 22.8-1 3; 1 Rs 7.23-26) , além de
outros ornamentos (1 Rs 7.23-28). Essas figuras, porém, jamais foram
adoradas ou veneradas, ou vistas como objeto de culto. Se os filhos de
Israel tivessem adorado, cultuado ou venerado esses objetos, sem dúvida,
Deus mandaria destruí-los. Foi isso o que aconteceu com a serpente de
bronze, levantada por Moisés no deserto, quando se tornou objeto de
culto (2 Rs 18.4).
Quando analisamos esta questão na história da
nação de Israel, o povo que recebeu os mandamentos de Deus e a
preocupação dos judeus religiosos em manter-se fiéis, podemos entender
que, apesar do Antigo Testamento proibir a confecção de imagens
relativamente, no entanto a adoração ou culto a imagens era
absolutamente proibido: Não te prostrarás diante delas e não lhes
prestarás culto (Ex 20.4b).
Em algumas sinagogas do século III e
até hoje encontramos pinturas de heróis da fé em seus vitrais etc,
jamais, entretanto, veremos judeus orando, cultuando ou invocando
Moisés, Abraão ou Ezequiel.
Não encontramos argumento algum que justifique o culto, veneração ou a fabricação de imagens no Novo Testamento.
•
A Bíblia mostra que Paulo sofria por ver o povo entregue a idolatria:
Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em si
mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria (At 1 7.1 6).
•
Paulo foi atacado pelos artífices, ourives e comerciantes de imagens:
Certo ourives, por nome Demétrio, que fazia de prata miniaturas do
templo de Diana, dava não pouco lucro aos artífices. Eles os ajuntou,
bem como os oficiais de obras semelhantes, e disse: Senhores, vós bem
sabeis que desta indústria vem nossa prosperidade. E bem vedes e ouvis
que não só em Éfeso, mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem
convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os
que fazem com as mãos. Não somente há perigo de que a nossa profissão
caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa
Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a majestade daquela
que toda a Ásia e o mundo veneram. Ouvindo isto, encheram-se de ira, e
clamaram: Grande é a Diana dos efésios! (Atos 19.24-28)
O culto
aos santos só começa a partir de cem anos, aproximadamente, depois da
morte de Jesus, com uma tímida veneração aos mártires11. A primeira
oração dirigida expressamente à Mãe de Deus é a invocação Sub tuum
praesidium, formulada no fim do século III ou mais provavelmente no
início do 1V12. Não podemos dizer que a veneração dos santos — e muito
menos a da Mãe de Cristo — faça parte do patrimônio original13. Se o
culto aos santos e a Maria fosse correto, João, que escreveu o último
evangelho, aproximadamente no ano 100 d.C. , certamente falaria sobre o
assunto e incentivaria tal prática. Ele, porém, nos adverte: Filhinhos,
guardai-vos dos ídolos (1 Jo 5.21). Na luta para justificar o culto às
imagens, bem como seu uso nas Igrejas, os católicos apresentam a teoria
da pedagogia divina.
D. Estevão Bettencourt resume assim a teoria:
. . .0s cristãos foram percebendo que a proibição de fazer imagens no
Antigo Testamento tinha o mesmo papel de pedagogo (condutor de crianças
destinado a cumprir as suas funções e retirar-se) que a Lei de Moisés em
geral tinha junto ao povo de Israel. Por isto, o uso das imagens foi-se
implantando. As gerações cristãs compreenderam que, segundo o método da
pedagogia divina, atualizada na Encarnação, deveriam procurar subir ao
Invisível passando pelo visível que Cristo apresentou aos homens; a
meditação das fases da vida de Jesus e a representação artística das
mesmas se tornaram recursos com que o povo fiel procurou aproximarse do
Filho de Deus14. Assim criaram a idéia de que, nas igrejas as imagens
tornaram-se a Bíblia dos iletrados, dos simples e das crianças,
exercendo função pedagógica de grande alcance. E o que notam alguns
escritores cristãos antigos: O desenho mudo sabe falar sobre as paredes
das igrejas e ajuda grandemente (S. Gregório de Nissa, Panegírico de S.
Teodoro, PG 46,73 7d). O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o
é para os iletrados (São João Damasceno,De imaginibus 1 1 7 PG 94, 1
248c)5 Levando-se em consideração que um dos objetivos da Igreja
Católica Romana é ensinar a Bíblia ao povo através das imagens,
especialmente aos menos alfabetizados, surge-nos algumas perguntas: Por
que se faz culto a elas, se o objetivo é ensinar a Bíblia? Por que após
passar dezenas de anos, com milhares de católicos alfabetizados, ainda
insistem em cultuar imagem? Se realmente a imagem fosse o livro daqueles
que não sabem ler, por que os católicos alfabetizados são tão devotos e
apegados às imagens? Será que podemos desobedecer a Bíblia para superar
uma deficiência de entendimento? Onde está a base bíblica para esta
Teoria da Pedagogia Divina? Será que a encarnação do verbo poderia
servir de base para se fazer imagens dos santos e cultuá-los?
A
Igreja Católica Romana apresenta basicamente duas fontes para justificar
o culto às imagens: a tradição e as opiniões de seus líderes. Em
resumo: opinião dos homens. Citam a Bíblia quando existe alguma
possibilidade de apoio às suas doutrinas. Esquecem o ensino do famoso
clérigo católico romano, Padre Vieira: As palavras de Deus pregadas no
sentido em que Deus as disse, são palavras de Deus; mas pregadas no
sentido em que nos queremos, não são palavras de Deus, antes podem ser
palavras do demônio16. A Palavra de Deus condena o culto às imagens.
Os
argumentos do catolicismo romano a favor do culto às imagens fazem-nos
lembrar de um rei na Bíblia, chamado Saul, que quis agradar a Deus com
sua opinião, mesmo contrariando frontalmente a Palavra de Deus (1 Sm
15.1-23). O catolicismo romano, de modo semelhante, contrariando a
Bíblia, entende que a imagem é o livro daqueles que não sabem ler. O rei
Saul, achava que oferecer sacrifícios era melhor, mais lógico, mais
correto, mais racional. Acreditava que estava prestando um grande
serviço a Deus (1 Sm 15.20-21). Deus, no entanto, o reprovou, dizendo:
Tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se
obedeça à sua palavra? Obedecer é melhor do que sacrificar, e atender
melhor é do que a gordura de carneiros (1 Sm15.22). Deus proíbe
terminantemente o culto a ídolos e imagens (Ex 20.1 -6; Lv 26.1; Nm
33.52; Dt.27.15; 2 Rs .21.11; Sl115.3-9; 135.15-18; 1s2.18; 41.29; Ez
8.9-12; Mt4.1 1; At 15.20; 21.25; 2 Co 6.16).
O catolicismo romano
ensina o culto à imagem inventando uma teoria, contrária à Bíblia e
insiste em dizer que está fazendo isso para ajudar a obra de Deus. Ainda
que Saul pensasse estar prestando um serviço a Deus, como fazem
aqueles que prestam culto à imagem da Conceição Aparecida, seu ato foi
uma desobediência à Palavra de Deus, e isso é considerado rebelião (1 Sm
15.21-26).A Bíblia diz: rebelião é como pecado de feitiçaria, e a
obstinação é como a iniqüidade de idolatria. Porquanto rejeitaste a
palavra do Senhor, ele também te rejeitou… (1 Sm 1 5.2 3).
Prezado
leitor, o culto às imagens será sempre uma abominação a Deus. E a marca
e a continuidade do paganismo. Cristianismo é a fé exclusiva na obra do
Senhor Jesus (Jo.3.1 6; Rm5.8; Ef2.8-9;1 Tm2.5;Tt2.11).E adoração
exclusiva a Deus: .. Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás
(Mt 4.11; Lc 4.8). O principal de todos os mandamentos é Ouve, á Israel,
o Senhor nosso Deus é o único Senhor! Amarás ao Senhor teu Deus de todo
o teu coração, de toda a sua alma, de todo o teu entendimento e de
todas as tuas forças (Mc 1 2.29-3Q~ Mt 92 37). Mas vem a hora, e já
chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em
verdade, pois o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito,
e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (Jo
4.23-24).
ENTENDENDO A ESTRUTURA PIRAMIDAL DO CULTO DA IGREJA CATÓLICA
LATRIA – ADORAÇÃO A DEUS
HIPERDULIA – DEVOÇÃO Á MARIA
DULIA- DEVOÇÃO AOS SANTOS E AOS ANJOS
A Dificuldade do Catolicismo Romano para justificar essa Teoria
Se
os católicos romanos se limitassem a exaltar os heróis da fé, e a
propô-los como modelo a ser seguido, não haveria nenhum problema. Assim
agem também os cristãos genuínos.
Infelizmente, não é isso que
acontece. Por mais que o líderes católicos romanos se esforcem em suas
infindáveis apologias ou explicações, elas não passam de tentativas vãs e
superficiais. Exemplo dessa tentativa é a teoria de três tipos de
devoção: a dulia, a hiperdulia e a latria. Perguntamos: qual a diferença
que pode haver entre a dulia e a hiperdulia? Qual a diferença das duas
com a latria? A verdade é que os três termos se confundem. Os dois
termos (dulia e hiperdulia) podem estar envolvidos com a latria e tudo
se torna uma distinção que não distingue coisa alguma. As pessoas que se
prostram diante de uma imagem da Conceição Aparecida, ou de São João,
ou de São Sebastião ou de Jesus sabem que estão cultuando em níveis
diferentes? Para elas não seria tudo a mesma coisa?
Imagine um
católico romano bem instruído que vai para o culto. Primeiramente ele
pretende cultuar São João. Dobra então seus joelhos diante da imagem de
São João e pratica a dulia. Depois, irá prestar culto a Maria, deixando,
nesse momento, de praticar a dulia e passando a praticar a hiperdulia.
Finalmente, com intenção de cultuar a Deus, ele começa a praticar a
latria.
Não acreditamos que o povo católico romano saiba
diferenciar a dulia, a hiperdulia e a latria, e mesmo que soubesse
diferenciá-las, dificilmente conseguiria respeitar os limites de cada
uma.
Qual é a diferença?
Adoração e Veneração. Há diferença
entre adorar e prestar culto? Se prostrar-se diante de um ser,
dirigir-lhe orações e ações de graça, fazer-lhe pedidos, cantar-lhe
hinos de louvor não for adoração, fica difícil saber o que o catolicismo
romano entende por adoração. Chamar isso de veneração é subestimar a
inteligência humana.
Culto aos santos. Analisando essas práticas
católicas à luz da Bíblia e da história, fica claro que são práticas
pagãs. O papa Bonifácio IV, em 610, celebrou pela primeira vez a festa a
todos os santos e substituiu o panteão romano (templo pagão dedicado a
todos os deuses) por um templo cristão para que as relíquias dos santos
fossem ali colocadas, inclusive Maria. Dessa forma o culto aos santos e a
Maria17 substituiu o culto aos deuses e as deusas do paganismo.
Maria
é deusa para os católicos? Os católicos manifestam um sentimento de
profunda tristeza quando afirmamos que Maria é reconhecida como deusa no
catolicismo. Dizem que não estamos sendo honestos com essa declaração,
mas os fatos falam por si mesmos.O livro Glórias de Maria, publicado em
mais de 80 línguas, da autoria de Afonso Maria de Ligório, canonizado
pelo Papa, atribui à Maria toda a honra e toda a glória que a Bíblia
confere ao Senhor Jesus Cristo. Chama Maria de onipotente, além de
mencionar outros atributos divinos:
Sois onipotente, á Maria,
visto que vosso Filho quer vos honrar, fazendo sem demora tudo quanto
vós quereis18. .Os pecadores só por intercessão de Maria obtém o
perdão19…, O mãe de Deus vossa proteção traz a imortalidade; vossa
intercessão, a vida20. Em vós, Senhora, tendo colocado toda a minha
esperança e de vós espero minha salvação, . . . Maria é toda a esperança
de nossa salvação, acolhei-nos sob a vossa proteção se salvos nos
quereis ver; pois só por vosso intermédio esperamos a salvação21.
Os
querubins. A passagem bíblica dos querubins do propiciatório da arca da
aliança (Êx 25.18-20), advogada pelos teólogos católicos romanos, não
se reveste de sustentação alguma, pois não existe na Bíblia uma
passagem sequer em que um judeu esteja dirigindo suas orações aos
querubins, ou depositando sua fé neles, ou lhes pagando promessas. Esse
propiciatório era a figura da redenção em Cristo (Hb 9.5-9). A Bíblia
condena terminantemente o uso de imagem de escultura como meio de
cultuar a Deus (Êx 20.4, 5; Dt 5.8,9). O culto aos santos e a
adoração à Maria, à luz da Bíblia, não apresentam o catolicismo romano
como religião cristã, mas como idolatria (1 Jo 5.21). Jesus disse:
Ao
Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás (M t 4.10). O anjo disse
a João: Adora somente a Deus (Ap .19.10; 22.9). Pedro recusou ser
adorado por Cornélio (At.10.25,26).
Embora a Igreja Católica
Apostólica Romana tenha declarado que a imagem de barro da Conceição
Aparecida seja a Padroeira e Senhora da República Federativa do Brasil,
consagrando o dia 12 de outubro a esse culto estranho às Escrituras
Sagradas, os cristãos evangélicos, alicerçados na autoridade da Bíblia
Sagrada, declaram como Paulo: E toda língua confesse que JESUS CRISTO E
O SENHOR, para glória de Deus Pai(Fl 2.11).
Notas:
1 Aparecida, Capital Mariana do Brasil. Autor Professor. Oswaldo Carvalho Freitas, Editora: Santuário. Aparecida-SP p.85.
2 História de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Autor: Júlio j.
Brustoloni, Editora: Santuário. Aparecida-SP p. 20
3 Mesmo livro citado, p. 20-21 — nota de rodapé 5.
4 Mesmo livro citado, p. 21 — nota de rodapé 6.
5 Mesmo livro citado, p. 21-22.
6 Mesmo livro citado, p. 43.
7 Mesmo livro citado, p. 346.
8 ldem — p. 347.
9 Dicionário Aurélio de Holanda Ferreira.
10 Enciclopédia de Norman Champlin e Paulo-SP. Vol 3, p. 206.
11 O Culto a Maria Hoje. Autores: Vários. Sob a direção de Wolfgang Beinert. Editora: Paulinas. São Paulo-SP p.33.
12 O mesmo livro citado. p. 33.
13 O mesmo livro citado. p. 33.
14 Diálogo Ecumênico. Autor: Estevão Bettencourt . Editora: Lúmen Caristi. Rio de Janeiro-Ri. p. 231.
15 Mesmo livro citado, p. 232.
16 Sermões. Autor: Padre Antonio Vieira. Editora: Lello & Irmãos. Porto —Portugal.
1 7 Atlas Histórico do Cristianismo. Autora: Andréa Dué. Editoras: Santuário / Vozes. São Paulo-SP p.72.
18 Glórias de Maria. Autor: Afonso Maria de Ligório. Editora: Santuário. Aparecida-SP p. 100
19 Mesmo livro citado, p.76.
20 Mesmo livro citado, p.2’7.
21 Mesmo livro citado, p.l47.
Fonte: Revista Defesa da Fé
http://www.cacp.org.br/aparecida-padroeira-do-brasil
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