Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

18 de agosto de 2012

O FENÔMENO DO CAIR NO ESPÍRITO



QUESTÕES POLÊMICAS: CAIR NO ESPÍRITO

     1.   INTRODUÇÃO

a.    Após polêmica levantada no meio evangélico com a reportagem do Domingo Espetacular da TV Record, ficaram alguns questionamentos.
                                          i.    Afinal a questão é: tais manifestações são de Deus, glorificam a Deus, sejam em igrejas ricas e dentre cristãos cultos ou entre cristãos (crentes) simples e com insuficiente conhecimento bíblico?
                                         ii.    Promovido por estrangeiros tem validade?
                                        iii.    Ou será que promovido por brasileiros de periferia perde a validade?
                                       iv.    Ou será um embuste, um erro, um engano para ambos, custe a quem custar?
                                        v.    Vale a Bíblia, as Escrituras ou o peso pessoal de uma celebridade ainda que cristã?
                                       vi.    Importa a razão de uns contra outros, sentimentos, opiniões pessoais, comprometimentos pessoais devidos a simpatias, respeito mútuo, convergência de ideias, ou ainda suspeitos interesses?
                                      vii.    O crente na sua privacidade e responsabilidade pessoal deve ter as suas convicções baseadas em simples homens e mulheres ou em Deus através unicamente de Sua Palavra, doa a quem doer?
b.    Cabe ressaltar inicialmente que o fenômeno "Cair no Espírito", “Renovo” ou “Visitação” são os termos mais comuns usados para referir-se ao desfalecimento experimentado por uma pessoa ao ser ungida com óleo ou ao receber uma oração, com ou sem imposição de mãos.
c.    Para entendermos melhor este movimento estaremos neste artigo destacando alguns aspectos que a meu ver são importantes para termos uma opinião imparcial sobre esta chamada “Benção de Toronto”, de modo que estaremos inicialmente verificando a historia deste movimento.
d.    Na sequencia estaremos abordando a teologia deste movimento, juntamente com a visão dos movimentos neopentecostais e pentecostais clássicos e a opinião de alguns teólogos referente a este assunto.
e.    Finalmente no intuito de fechar a discussão buscaremos verificar os pontos abordados nas escrituras sobre o que elas mencionam sobre o mesmo seguido de algumas considerações e conclusão sobre este fenômeno do “cair no espírito”.

     2.   HISTORIA: COMO TUDO COMEÇOU


a.    No início de 1994 o mundo evangélico ficou agitado com as notícias de que um avivamento irrompera em uma das Igrejas do Vineyard Fellowship ("Comunhão da Videira") em Toronto, cidade importante do Canadá. Tratava-se da Toronto Airport Vineyard Fellowship ("Comunhão da Videira do Aeroporto de Toronto"), pastoreada pelo pastor John Arnott e sua esposa Carol, também pastora. Evangélicos aos milhares, especialmente pastores (segundo Arnott, mais de 30.000 pastores e líderes) vieram de várias partes do mundo para a Igreja do Aeroporto, para ver e receber a "bênção de Toronto", como ficou conhecido o movimento.
CAROL E JOHN ARNOTT

b.    O que faz o movimento diferente do que acontece nas demais igrejas carismáticas do mundo é que ele afirma que Deus os tem visitado com um avivamento em que a presença do Pai torna-se tão intensa, e seu amor tão claramente revelado, que as pessoas são enchidas pela alegria do Espírito Santo, e reagem com gargalhadas, risos incontroláveis, chegando a cair no chão, a rolar de rir. Outras reações físicas mais conhecidas, como "cair no Espírito", tremores, gritos, etc. também estão presentes. Mas é a "gargalhada santa" que tem se tornado a principal característica deste movimento, apesar de que seus líderes sempre procuram dizer que o mais importante é a presença de Deus e as vidas transformadas.


c.    A "bênção de Toronto" tem se espalhado pelas igrejas carismáticas pelo mundo afora. O Brasil não é exceção. As características do movimento já se fazem presente, inclusive em algumas igrejas locais das denominações históricas.
d.    A antes desconhecida "Comunhão da Videira do Aeroporto de Toronto" começou a se tornar famosa quando John Arnott veio ser seu pastor. Arnott se converteu ainda adolescente numa cruzada de Billy Graham[1] em 1955 no Canadá, e filiou-se a uma igreja Batista. Segundo suas próprias palavras, aprendeu com as igrejas Pentecostais de Toronto que "havia mais" do que era ensinado pela Igreja Batista.[2] Tornou-se membro de uma igreja Pentecostal, e posteriormente entrou no ministério na área de Toronto, em 1981. Casou-se com Carol, que também foi ordenada como pastora. Em 1993 começaram a pastorear a "Comunhão da Videira do Aeroporto de Toronto". O ministério de John Arnott e sua esposa era típico dos pastores de igrejas da "Terceira Onda": cura interior, batalha espiritual, libertação, expulsão de demônios, etc. Várias pessoas tiveram influência decisiva na vida e na formação teológica de Arnott. Ele reconhece entre elas à famosa Kathryn Kuhlman[3], o renomado pastor carismático Benny Hinn[4] e, naturalmente, John Wimber[5].[6]

Kathryn Kuhlman
Benny Hinn
John Wimber













e.    Em 1992 John e Carol Arnott foram a uma conferência de Benny Hinn em Toronto. Ambos se sentiam exaustos e secos no ministério. Saíram da conferência com o propósito de buscar da parte de Deus a "unção" que viram em Hinn (que nas conferências de Benny Hinn se manifesta especialmente pelas pessoas "caírem no Espírito"). Em Novembro de 1993, o casal Arnott foi à Argentina, conhecer o "avivamento" que estava acontecendo através de Claudio Freidzon[7], um líder das Assembléias de Deus naquele país. Numa das reuniões, John e Carol foram à frente, e Freidzon orou por eles. John caiu no chão. Quando se levantou, Freidzon lhe perguntou: "Você quer a unção?" John respondeu, "Quero, sim, quero de verdade". "Então, aqui está ela, receba-a", disse Freidzon, batendo com sua mão espalmada na mão aberta de John. E segundo John relata, naquele momento Deus lhe falou dizendo: "O que você está esperando? Por favor, receba-a, é sua!". E então ele recebeu a "unção" pela fé.[8]
Claudio Freidzon

f.     Em Janeiro de 1994 John Arnott convidou Randy Clark, seu amigo e pastor de uma outra igreja Vineyard em Saint Louis, Missouri, nos Estados Unidos, para uma série de conferências. Ouçamos o testemunho do próprio Arnott sobre o que aconteceu:
                                          i.    No dia 20 de Janeiro de 1994 a bênção do Pai caiu sobre as cento e vinte pessoas que estavam presentes para o culto naquela quinta-feira à noite em nossa Igreja. Randy deu seu testemunho, e o período de ministério começou “o pastor e obreiros oram com imposição de mãos sobre os que vieram à frente em resposta ao apelo”. As pessoas caíram pelo chão debaixo do poder do Espírito, rindo e chorando. Tivemos que empilhar as cadeiras para termos espaço para todos. Alguns tiveram mesmo que ser carregados para fora.[9]
g.    Arnott diz que a reação das pessoas naquela noite em cair no chão e rolar de rir, às gargalhadas, tomou-o e a Randy de surpresa, pois estavam esperando conversões e curas (além das quedas, naturalmente). A partir dai, em cada reunião da Igreja, durante o período de ministração, o fenômeno se repetiu: pessoas caindo de costas no chão (agarradas pelos "apanhadores", uma equipe que se posiciona atrás dos que vão à frente, para ajudá-los a cair sem se machucar), algumas explodindo em gargalhadas, literalmente rolando de rir no chão, outras ficando duras no chão, com os olhos fitando o vazio e as mãos estendidas para o alto. Outras, tremendo histericamente, outras gritando. Para John e Carol Arnott, a "unção" que tanto haviam buscado finalmente chegara — embora certamente de uma forma inesperada, sob a forma da "gargalhada sagrada", ou "riso santo". Arnott veio depois a batizar este comportamento como a "bênção do Pai", mas o nome que realmente pegou foi "a bênção de Toronto", nome dado por alguns jornalistas ingleses que vieram a Toronto observar o fenômeno.
h.    Este tipo de comportamento dos que frequentavam a Igreja do Aeroporto logo chamou a atenção do mundo evangélico, particularmente dos carismáticos, bem como da imprensa secular. A "bênção de Toronto" ocupou as primeiras páginas de jornais em alguns lugares ao redor do mundo. Cedo o local de reuniões que cabia cerca de 700 pessoas ficou pequeno para a quantidade de curiosos, e dos que queriam receber a "bênção", que vinham de todas as partes do mundo. Um novo local de reuniões comportando cerca de dois mil lugares foi preparado. Algumas linhas aéreas tiveram de dobrar o número de vôos para Toronto, e os hotéis da região passaram a promover pacotes especiais para os que vinham para as reuniões da Igreja do Aeroporto.
i.      John Wimber, o líder da denominação A Videira, à qual pertencia então a Igreja do Aeroporto de Toronto, veio dos Estados Unidos a Toronto verificar in loco o que estava acontecendo. E voltou dizendo que o que estava ocorrendo lá, o riso santo, era obra de Deus.
j.     Mas nem tudo era motivo de riso. Em 1995, um novo fenômeno começou a se repetir nas reuniões, que finalmente provocou o desligamento da Igreja de Arnott da Videira. Aconteceu enquanto Arnott estava ausente em conferências na Igreja Vineyard de Randy Clark, nos Estados Unidos. Um pastor chinês, líder das Igrejas chinesas cantonesas de Vancouver, Canadá, durante o período de ministração na Igreja do Aeroporto, começou a urrar como um leão. Arnott foi chamado às pressas de volta, para resolver o problema. A liderança que havia ficado à frente da Igreja lhe disse que entendiam que o comportamento bizarro do pastor chinês era do Espírito Santo.
k.    Arnott entrevistou o pastor chinês diante da congregação durante uma reunião, e para surpresa de todos, ele caiu sobre as mãos e os pés, e começou a rugir como um leão na plataforma, engatinhando de um lado para o outro, e gritando "Deixem ir meu povo, deixem ir meu povo!". Ao voltar ao normal, o pastor explicou que durante anos seu povo tinha sido iludido pelo dragão, mas agora o leão de Judá haveria de libertá-los. A igreja irrompeu em gritos e aplausos de aprovação, e Arnott convenceu-se que aquilo vinha realmente do Espírito de Deus.[10]
l.      A partir daí, os sons de animais passaram a fazer parte da "bênção de Toronto", embora, como Arnott insiste, não sejam muito frequentes.[11] Há casos de pessoas rugindo como leão, cantando como galo, piando como a águia, mugindo como o boi, e gritando gritos de guerra como um guerreiro. Para Arnott, estes sons são "profecias encenadas", em que Deus fala uma palavra profética à Igreja através de sons de animais. Arnott passou a admitir e a defender este comportamento como parte do avivamento em andamento na Igreja do Aeroporto.
m.  Mas John Wimber não se deixou persuadir pela argumentação da liderança da Igreja do Aeroporto de Toronto. Ao fim de 1995 foi dizer a Arnott que eles estavam desligados da Videira. A razão principal segundo Wimber é que não via base bíblica para profecia através de sons de animais emitidos por cristãos em êxtase. A igreja do Aeroporto de Toronto, entretanto, já havia ganhado popularidade suficiente para se manter sozinha. Na verdade, tornou-se o centro de um movimento que tem ganhado simpatizantes e aderentes de várias denominações pelo mundo afora.

     3.   A TEOLOGIA DO MOVIMENTO “CAIR NO ESPIRITO”

a.    Para John Arnott, o centro do movimento em sua igreja é uma nova apreensão do amor do Pai por parte dos cristãos.
                                          i.    Conhecer o amor de Deus Pai e espalhá-lo é o lema do movimento.
                                         ii.    Neste contexto, não há muito espaço no movimento para se falar em culpa, juízo, pecado e castigo, e muito menos na ira de Deus.
                                        iii.    Procura-se criar um ambiente em que as pessoas possam experimentar e expressar este amor de Deus com toda a liberdade - inclusive caindo no chão, tremendo, e gargalhando, reações que são vistas como um extravasar da alegria no Espírito que inunda a alma dos que foram alcançados.
b.    Segundo Arnott, cada avivamento histórico teve uma ênfase característica.
                                          i.    O avivamento pentecostal, no início do século, teve (e tem) como característica marcante a ênfase nos dons espirituais.
                                         ii.    A característica do avivamento de Toronto, segundo Arnott, é a ênfase no amor de Deus, e na alegria que ele produz na vida dos seus filhos.
c.    Arnott está consciente de que coisas estranhas e bizarras estão acontecendo em sua enorme congregação.
                                          i.    Mas ele tem várias justificativas para elas.
                                         ii.    Arnott procura mencionar textos das Escrituras para apoiar as reações físicas.
                                        iii.    Por exemplo, relatos bíblicos de como pessoas, diante da atividade extraordinária de Deus reagiram de forma incomum, caindo no chão, tremendo, perdendo as forças.
                                       iv.    Os casos preferidos são:
1.    Abraão (Gn 17.3),
2.    O povo diante do fogo de Deus (Lv 9.24),
3.    Saul (1 Sm 19:24-25),
4.    Ezequiel (Ez 1.28; 3.23),
5.    Daniel (Dn 10.7-8), os apóstolos no monte da transfiguração (Mt 17.6),
6.    E o apóstolo João na ilha de Patmos (Ap 1.17-18).
a.    Em todos estes casos, houve reações físicas diante da manifestação da presença de Deus, argumenta Arnott.
b.    Portanto, não se pode proibir que elas ocorram, quando Deus está presente.
d.    Não somente isto, Arnott também cita exemplos dos avivamentos históricos, em que pessoas, durante os cultos públicos, igualmente caíram no chão, tremeram, entraram em transe, interromperam o pregador aos gritos, etc.
                                          i.    Uma de suas citações prediletas é de um livro de Jonathan Edwards[12], onde o famoso puritano americano narra experiências de várias pessoas durante o avivamento ocorrido em Northampton, na Nova Inglaterra, no século XVIII.


                                         ii.    Algumas delas, narra Edwards, chegaram a cair durante a pregação da Palavra; outras entraram em transe, e ainda outras prorromperam em gritos de angústia.
                                        iii.    Arnott também está a par de reações físicas durante a pregação de João Wesley[13] e George Whitefield[14] durante o Grande Avivamento na Inglaterra, no século XVIII. Citando estes exemplos, Arnott procura colocar a "bênção de Toronto" como sendo similar aos avivamentos históricos acontecidos no passado.


e.    O ponto é que, para Arnott, não podemos limitar o Espírito, nem proibir reações à sua operação na vida dos crentes.
                                          i.    Não sabemos como o Espírito opera, continua ele, e seria temerário colocar barreiras ao que parece ser a sua atuação.
                                         ii.    Para ele, o que está acontecendo no movimento nada mais é que a repetição de fenômenos religiosos acontecidos através da história da Igreja cristã, em épocas de grande intensidade espiritual; embora esteja pronto a admitir que pessoas imitando animais, como profecia encenada, é a contribuição singular da "bênção de Toronto".

     4.   PERSPECTIVA DOS PRINCIPAIS SEGUIMENTOS RELIGIOSOS SOBRE ESTE ASSUNTO

a.    A posição dos neopentecostais em relação ao fenômeno
                                          i.    Apesar de vários nomes ligados ao “cair no espírito”, com Kathryn Kuhlman, Benny Hinn, Kenneth Hagin[15], Charles Hunter, foi à igreja de Toronto por meio do pastor John Arnott, que espalhou o fenômeno do “cair no espírito” para o mundo inteiro, como um grande avivamento do Espírito Santo.
                                         ii.    Hoje, esse modismo é amplamente aceito na maioria da denominações neopentecostais, com exceção da Igreja Universal do Reino de Deus[16] e da Igreja Internacional da Graça de Deus[17].
                                        iii.    Muitas paróquias da Igreja católica que possuem o movimento da RCC (Renovação Católica Carismática) praticam o “cair no espírito”, que entre os católicos carismáticos é denominado de “repouso no espírito”.
b.   Posição dos Pentecostais Clássicos em relação ao fenômeno
                                          i.    Algumas igrejas ou instituições relacionadas a denominações pentecostais incentivam a prática do cair no espírito.
                                         ii.    Todavia, a Assembleia de Deus, por meio da CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil) é contra o “cair no espírito”.
                                        iii.    Na oitava ELAD, que é um encontro de pastores assembleianos ligados a CGADB, na cidade de Porto-Seguro- BA, em outubro de 2002, foi reafirmado a posição contrária da Assembleia de Deus em relação aos modismos neopentecostais[18].
                                       iv.    No relatório da ELAD, está escrito:
1.    Sob o esfuziante tema “Não extingais o Espírito” o 8° ELAD trouxe a tona os fenômenos promovidos pelos movimentos neopentecostais como: “cair no Espírito”, “sopro do Espírito”, “benção de Toronto”, “dançar no Espírito”, “dentes de ouro” e outras enxurradas de práticas inovadoras que andavam perturbando o seio da igreja. Nas palestras ministradas pelos pastores José Wellington Bezerra da Costa, Antonio Gilberto, Elienai Cabral e Elinaldo Renovato de Lima, os mais de 700 pastores e evangelistas inscritos no encontro, puderam constatar que a Bíblia não oferece nenhum respaldo para tais acontecimentos e reafirmaram que o autêntico mover do Espírito é aquele que traz avivamento espiritual, batismo no Espírito Santo e transformação na vida do homem.
                                        v.    Por meios dos periódicos oficias, a Assembleia de Deus tem se colocado contra essas práticas.
                                       vi.    Exemplo disso é o Jornal Mensageiro da Paz, que na edição de Setembro de 2007, trouxe uma matéria de capa sobre o pastor Paul Gowdy, um ex-líder da igreja em Toronto, que hoje revela a farsa do movimento. 


                                      vii.    Vários teólogos assembleianos e pentecostais se posicionaram contra o “cair no espírito” de modo que é um consenso no pentecostalismo clássico à condenação desse fenômeno, sendo assim no próximo tópico estaremos analisando a opinião de vários teólogos contra e a favor deste movimento.

     5.   PERSPECTIVA DE ALGUNS TEOLOGOS SOBRE ESTE ASSUNTO

a.    A polêmica em torno do fenômeno “cair no espírito” tem movimentado pastores e teólogos.
                                          i.    Os que defendem a prática, afirmam ser o momento de maior intensidade na comunhão com o Espírito Santo, enquanto os que condenam esse movimento, o classificam como modismo.
b.    Muitas pessoas ao redor do mundo têm dado testemunho de que têm sido abençoadas através do movimento da "bênção de Toronto".
                                          i.    Um exemplo é o professor de teologia Clark Pinnock[19], que num recente (e polêmico) livro sobre o Espírito Santo reconhece seu débito para com o movimento.[20]
CLARK PINNOCK

                                         ii.    No geral, estas pessoas testemunham de uma renovação em suas vidas do amor e da alegria cristãs, e de um compromisso maior com a vida cristã.
                                        iii.    Só podemos receber com alegria o crescimento destas pessoas na vida cristã.
c.    Outra perspectiva foi apresentada pelo site The Christian Post que publicou a opinião do apologista Johnny T. Bernardo[21], do Instituto Nacional de Pesquisas Religiosas (INPR Brasil), para quem o “cair no espírito” é uma novidade que ainda não foi assimilada por todas as correntes evangélicas, e encontra resistência até nas próprias igrejas pentecostais.
JOHNNY T. BERNARDO

                                          i.    São características esporádicas, presentes em igrejas de pouca formação teológica e que supervalorizam o ‘místico’ e o ‘sobrenatural’”, afirma Bernardo.
                                         ii.    As pessoas de origem latina são tão sugestionáveis quanto as de origem anglo-saxônica, no ponto de vista do estudioso.
                                        iii.    São características individuais e que variam de igreja para igreja, e de país para país”.
                                       iv.    Para exemplicar, ele cita igrejas de Nova York que adotaram a prática como doutrina e afirma que no mesmo país e cultura, há as igrejas que optaram pelo neopentecostalismo mais leve, com louvores e estudos bíblicos.
                                        v.    Trata-se, pois, de um fenômeno global, e não apenas regional”.
                                       vi.    O movimento começou em igrejas que adotaram o sistema de células, e nessas igrejas, “cair no espírito” passou a ser uma demonstração de comunhão com Deus.[22]

d.    Destacamos também a opinião de um dos fundadores do movimento o Pastor Paul Gowdy[23], que participou da fundação deste movimento na Comunidade Cristã do Aeroporto, hoje acredita que essa prática não é correta.
PAUL GOWDY

                                          i.    “Assim que Deus abriu meus olhos, vi que precisava tomar uma providência. Não creio mais nessas coisas. Hoje vejo como uma coisa macabra. Hoje eu acredito que esse espírito é um falso espírito, um espírito enganador”.

e.    O renomado pastor assembleiano Antônio Gilberto[24] comenta de forma crítica:
PASTOR ANTÔNIO GILBERTO

                                          i.    “Cair no Espírito” é cair e ficar inconsciente; cair não subjetivamente; cair à toda hora; cair em grupos; cair por manipulação de alguém esperto, e ainda mais citando textos bíblicos truncados[25]. E continua: Nas reuniões de “riso no Espírito” há pouco ou nada de leitura bíblica, de pregação e ensino da Palavra de Deus. Durante essas reuniões, eles proferem repetidamente frases como: -Não tente usar sua mente para entender isso, Não ore agora; beba! Receba! Receba um pouco mais. Ora tudo isso é contrário aos ensinos da Palavra de Deus, pois a fé abrange a mente[26].

f.     O teólogo pentecostal Claudionor Corrêa de Andrade[27] escrevendo sobre o “cair no espírito”, cita exemplo de Gunnar Vingren, um dos fundadores das Assembleias de Deus no Brasil, que viajou em 1923 de Belém do Pará até Santa Catarina para combater o que hoje é conhecido com “Bênção de Toronto”, e Andrade comenta:
PASTOR CLAUDIONOR DE ANDRADE

                                          i.    Embora fervoroso pentecostal, Gunnar Vingren não se deixou embair pelo emocionalismo nem pelas aparências. Ele sabia que nem tudo o que é místico, é espiritual; pode brilhar, mas não é avivamento. O misticismo manifesta-se também em rebeldias e mentiras. Haja vista as seitas proféticas e messiânicas[28].

g.    O Dr. Paulo Romeiro[29], professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pastor de uma igreja pentecostal em São Paulo, lembra do equilíbrio em relação ao assunto, mas sem deixar de destacar as mazelas que fenômeno tem trazido ao evangelicalismo, ele diz:
DR PAULO ROMEIRO

                                          i.    Reconheço que Deus tem poder para tocar alguém hoje de tal forma que a pessoa venha a cair. De modo algum sou contra a verdadeira manifestação do poder de Deus. Esta não me preocupa nem um pouco, pois quanto mais, melhor. O que realmente me preocupa são os abusos gerados em torno de tal prática. Estes trazem mais transtornos e divisões para o Corpo de Cristo do que edificação espiritual[30].

h.    José Gonçalves, pastor da Assembleia de Deus no Piauí, escrevendo sobre fenômenos neopentecostais, lembra do perigo do sensacionalismo e pauta o assunto pelo equilíbrio. Em artigo, escreveu sobre a possibilidade de alguém cair sob influência divina assim como nos avivamentos do Século 19, mas reconhece os atuais exageros sobre o fenômeno. Gonçalves escreve:
PASTOR JOSÉ GONÇALVES

i.      Há o perigo dos “pneumatismos” que conduzem à anarquia espiritual. Na gênese das seitas que dizem ser criação do Espírito de Deus, encontra-se com abundância as mais insidiosas aberrações teológicas. Esse é um problema que não pode ser simplesmente ignorado por se desejar preservar um evangelicalismo ou um suposto avivamento[31]. 

j.     Outra observação importante de um teólogo pentecostal, é o que está descrito no Dicionário do Movimento Pentecostal, em relação ao “cair no espírito”. Isael de Araújo escreve:
PASTOR ISAEL DE ARAUJO
                                          i.    A comprovação para o fenômeno está inconclusiva. Do ponto de vista experimental, é inquestionável que, ao longo dos séculos, crentes venham experimentando fenômenos psicofísicos nos quais caem no chão. Além disso, eles sempre atribuem a experiência a Deus. É igualmente inquestionável que não existe nenhuma prova bíblica para a experiência como norma para a vida cristã[32].

k.    Por fim de maneira ponderada o escritor e pastor Ciro Sanches Zibordi[33] também expressa sua opinião sobre o assunto dizendo:
PASTOR CIRO ZIBORDI

                                          i.    “Não se pode limitar o limitar o poder de Deus. Claro que ele pode derrubar uma pessoa, mas isso não pode ser uma condição para a manifestação do Espírito Santo”.

     6.   PERSPECTIVA BÍBLICA 


a.    Cabe ressaltar que até o presente momento podemos perceber que este assunto é profundamente, de modo que as opiniões são bem diversificadas em pessoas que são contra e a favor, com explicações e interpretações variadas, de acordo com a formação teológica de cada um.
                                          i.    Alguns chegam até a dizer que isso é coisa do diabo, mas devemos sempre ter um certo cuidado ao julgar qualquer assunto, inclusive este, pois, encontramos na Bíblia muitos registros em que pessoas desfaleceram diante da presença de Deus:
1.    O povo inteiro caiu “sobre suas faces”, diante da glória de Deus – Lv 9.24.
2.    Manoá e sua mulher, ao ver um anjo, “caíram em terra sobre seus rostos” – Jz 13:20.
3.    O povo inteiro caiu, novamente – I Rs 18.39.
4.    Daniel caiu sobre o seu rosto num profundo sono – Dn 10.9.
5.    Os discípulos, na transfiguração, caíram sobre os seus rostos – Mt 17.6.
6.    Os soldados que foram prender Jesus caíram por terra – Jo 18.4-6.
7.    Os guardas que crucificaram Jesus ficaram “como mortos” – Mt 28.4.
8.    Saulo caiu em terra, tremendo e atônito – Atos 9.4-6.
9.    O apóstolo João caiu como morto ao ver o Cristo Glorificado – Ap 1.17.
b.    Diante destes textos bíblicos ainda fica no ar a questão primordial: Cair no Espírito pode ser considerado um fenômeno com fundamento bíblico?
                                          i.    Retomando os conceitos já apresentados ate o presente momento entendemos até então que a ideia de “cair no Espírito” é quando um pastor impõe as mãos sobre alguém e essa pessoa cai no chão, supostamente dominada pelo poder do Espírito.
                                         ii.    Os que praticam "cair no Espírito" usam passagens bíblicas que falam de pessoas tornando-se "como morto" (Apocalipse 1:17), ou caindo sobre o próprio rosto (Ezequiel 1:28; Daniel 8:17-18; Daniel 10:7-9).
                                        iii.    No entanto, há vários contrastes entre os exemplos bíblicos de "cair sobre o próprio rosto" e a prática de "cair no Espírito".
1.    Biblicamente falando, cair no chão era o resultado da reação de uma pessoa ao que tinha visto em uma visão, quando ia muito além de acontecimentos comuns, tal como a transfiguração de Cristo (Mateus 17:6).
a.    Na prática não-bíblica de "cair no Espírito", essa pessoa responde ao "toque" de uma outra pessoa ou ao movimento do braço do pastor.
2.    Os exemplos bíblicos foram bem raros, de tal forma que aconteciam apenas nas vidas de uns poucos.
a.    No fenômeno de "cair no Espírito", cair no chão é um evento semanal naquelas igrejas e essa experiência acontece com muitos.
3.    Nos exemplos bíblicos, as pessoas caíam sobre o próprio rosto quando maravilhadas pelo que viam ou por Quem viam.
a.    Já nesta perspectiva do "cair no Espírito", elas caem para trás, ou em resposta ao movimento do braço do orador, ou como resultado do toque de um líder da igreja (ou empurrão, em alguns casos).
c.    Por meio destas comparações bíblicas com as praticas utilizadas pelos adeptos não estamos clamando que todos os exemplos de "cair no Espírito" sejam falsos ou apenas uma resposta a um toque ou empurrão.
                                          i.    Muitas pessoas sentem uma energia ou uma força que as leva a cair para trás.
1.    No entanto, não achamos nenhuma base bíblica para esse conceito.
2.    Sim, talvez haja uma energia ou força envolvida, mas se esse for o caso, provavelmente não vem de Deus e não é o resultado do trabalho do Espírito Santo.
3.    Infelizmente, muitas pessoas buscam essas falsificações estranhas que não produzem fruto espiritual nenhum, ao invés de buscarem o fruto prático que o Espírito distribui com o propósito de glorificar a Cristo com nossas vidas (Gálatas 5:22-23).
4.    Ser cheio do Espírito não é evidenciado por tais farsas, mas sim por uma vida que transborda com a Palavra de Deus de tal forma que a pessoa esteja sempre cheia de cânticos espirituais e de gratidão a Deus.
5.    Que Efésios 5:18-20 e Gálatas 5:22-23 sejam um retrato das nossas vidas!
d.    Diante das perspectivas apresentada surgem alguns questionamentos importantes a serem esclarecidos a saber:
                                          i.    Esse fenômeno, hoje, não poderia ser apenas fruto de uma força pessoal, como a hipnose?
1.    Sim, se consideramos, biblicamente, que a presença, a glória e o poder de Deus podem produzir esta reação em algumas pessoas, temos que considerar, também, que homens mal intencionados (e o próprio diabo) tentarão reproduzi-la por outros meios, ou, até mesmo, falsificá-la.
2.    Mas, não é tão difícil distinguir o falso do verdadeiro: O que é de Deus glorifica somente o nome de Jesus.
                                         ii.    Não poderia ser uma possessão demoníaca?
1.    O fenômeno do “cair no Espírito” é bem diferente do fenômeno de possessão demoníaca.
2.    Com um pouco de discernimento fica fácil distingui-los.
                                        iii.    O que a pessoa sente, quando “cai”?
1.    Isso varia de pessoa para pessoa.
a.     Alguns ficam surpresos (e até com vergonha), pois não esperavam por isso.
b.    Outros, após o desfalecimento, ficam simplesmente deitados por um tempo relativamente pequeno, até se recuperarem, e logo se levantam, sem experimentar algum sentimento mais forte ou especial.
c.    Há os que têm reações diversas, como riso e choro, ou ficam em silêncio profundo, como que desmaiadas, ou têm uma "sensação de uma enorme leveza e alegria".
d.    Uns poucos manifestam os chamados dons espirituais carismáticos, como a diversidade de línguas, visões etc.
                                       iv.    O que muda na vida da pessoa?
1.    Isso depende da pessoa.
a.    Alguns se levantaram para ser bênção, como o apóstolo Paulo, mas, para outros, nada muda, como os soldados que foram prender Jesus.
                                        v.    É certo alguém desejar ter esta experiência?
1.    Mais uma vez, se consideramos, biblicamente, que a presença de Deus pode produzir tal fenômeno em algumas pessoas, não vejo nenhum problema em desejá-lo.

     7.   PERSPECTIVAS E APONTAMENTOS REFERENTES A ESTE MOVIMENTO

a.    Antes de finalizarmos este artigo é importante abordarmos alguns aspectos que se fazem necessários para esclarecermos este assunto:
                                          i.    A ênfase do movimento no amor de Deus, e na necessidade da alegria na experiência cristã.
1.    Certamente precisamos mais e mais experimentar esta alegria, e dar testemunho ao mundo do gozo que temos em Cristo Jesus.
2.    Ao mesmo tempo, devemos cautelosamente indagar qual o preço que está sendo pago para isto, e se, ao final, vale a pena tomar este caminho para a renovação individual e da Igreja.
                                         ii.    Por outro lado, a teologia de John Arnott é explicitamente influenciada por carismáticos como Benny Hinn, Howard Rodney-Brown, e Kathryn Kuhlman, e, portanto, sofre das mesmas deficiências que caracterizam a teologia neo-pentecostal, como a abertura para revelações diretas que se tornam, ao lado da Bíblia, uma segunda regra de fé e prática.
1.    Some-se a isto a ênfase nas experiências pessoais, e a tendência para receber como divino tudo que tem aparência do sobrenatural, sem o estabelecimento de critérios adequados que ajudem a fazer distinção entre o divino, humano, e demoníaco.
                                        iii.    O movimento da "bênção de Toronto" faz parte do que tem sido chamado de reavivalismo moderno, em distinção aos avivamentos históricos dos séculos passados.
1.    Debaixo da influência de Charles Finney, os evangélicos do século passado até nossos dias passaram a ver avivamento como algo produzido diretamente pelo esforço organizado de igrejas ou denominações.
2.    Avivamento, dizem, é o resultado do emprego adequado dos métodos certos.
3.    Nesta moldura teológica, os que desejam avivamento empregam todos os meios possíveis para produzi-lo, em contraste ao espírito dos antigos, que consideravam avivamento como obra soberana de Deus, pela qual poderiam orar, mas jamais produzir.
                                       iv.    Avivamentos genuínos são produzidos pelo Espírito Santo, mas historicamente nenhum deles tem sido totalmente livre de excessos, erros teológicos, atitudes carnais, e espírito faccioso, devido ao fato que eles ocorrem entre nós, pecadores.
1.    Em toda obra divina, Satanás vem colocar seu dedo, e promover a confusão -- para não falar da contribuição da nossa natureza corrompida.
2.    Por este motivo, durante períodos de intensa atividade religiosa e despertamento espiritual, pastores e líderes conscientes destes fatos quase sempre procuraram manter vigilância.
                                        v.    A busca ansiosa e desesperada pela "unção", por avivamento, e pela manifestação do sobrenatural, acaba por abrir uma porta, pela qual fogo estranho pode entrar.
1.    Não é impossível que isto tenha ocorrido, em alguma medida, com os iniciadores do movimento de Toronto.
                                       vi.    O que dizer do fato que a Igreja do Aeroporto de Toronto tem uma confissão de fé evangélica?
1.    Se por um lado isto nos tranquiliza, por outro, traz imensa preocupações, pois o grande problema hoje com movimentos neopentecostais nascidos dentro do evangelicalismo não é que eles contradizem as doutrinas centrais da ortodoxia evangélica, mas sim que lhes dão lugar secundário, e que lhes acrescentam crenças e práticas, que não são fruto de estudo e interpretação bíblicos (como as doutrinas confessionais), mas de experiências e mesmo revelações.
                                      vii.    No fim das contas, a teologia e a prática acabam sendo controladas por experiências, visões, sonhos, e revelações através de profetas, coisa comum no dia a dia dos membros desta igreja, e de outras igrejas neopentecostais.
                                            
                                     viii.    A justificativa apresentada para os fenômenos físicos não é convincente.
1.    Nos exemplos bíblicos citados por Arnott e outros líderes, as pessoas caíram prostradas sobre seus rostos, diante da manifestação extraordinária da glória de Deus.
2.    Se Deus se manifestasse em nossos dias desta forma, esperaríamos reações semelhantes.
3.    Mas não é isto que ocorre no movimento.
4.    As pessoas começam a cair, rir, chorar, tremer, pular e imitar animais sem qualquer manifestação especial da glória de Deus.
5.    Em muitos casos, não há nem mesmo pregação! Percebe-se por meio dos vídeos divulgados na internet[34] onde pessoas tremem e caem já no período inicial de louvor.
                                       ix.    A verdade é que não existe justificativa bíblica para "cair" no Espírito, rir no Espírito, e imitar sons de animais.
1.    Não lemos destas coisas ocorrendo com os crentes da Igreja apostólica, no livro de Atos, nem há qualquer referência a estas manifestações nas cartas escritas pelos apóstolos às comunidades do primeiro século.
2.    Se estas coisas acompanharam a Igreja apostólica, e eram para ocorrer através dos séculos na Igreja cristã, é estranhos que não há qualquer referência, orientação, ou instrução, da parte dos apóstolos a este respeito.
                                        x.    Fazer referência aos fenômenos físicos ocorridos nos reavivamentos históricos também não justifica.
1.    Aqueles fenômenos foram resultado do impacto da pregação profundamente bíblica, penetrante, quebrantadora, de homens como Wesley, Whitefield e Edwards.
2.    Não existe pregação deste tipo no movimento.
3.    Não se prega sobre a ira de Deus, o juízo final, os horrores do inferno, a culpa do pecado; em parte, era a pregação sobre estas coisas que levavam as pessoas a caírem prostradas, tal a angústia de seus corações, durante os cultos dos antigos avivamentos.
4.    Mas pregações sobre a santidade de Deus, sua ira, e o castigo dos impenitentes não é frequente no movimento.
                                       xi.    Além do mais, os principais líderes dos reavivamentos não encorajavam este tipo de coisas, e eram extremamente cautelosos quanto a comportamentos bizarros e estranhos.
1.    O que vemos na "bênção de Toronto" é o contrário, quando este comportamento estranho e anormal é abertamente encorajado por sua liderança.

     8.   CONCLUSÃO

a.    Desejo concluir este artigo com algumas observações.
                                          i.    Não podemos rejeitar o movimento como sendo algo totalmente do diabo, embora igualmente não possamos descartar o ensino bíblico de que Satanás provoca falsas sensações e experiências religiosas.
1.    Existe suficiente Evangelho no movimento para garantir a atuação do Espírito Santo, mas a abertura para fenômenos físicos e novas revelações certamente garantem a possibilidade de falsas experiências, doutrinas e ênfases errôneas.
2.    Crentes genuínos que abraçam a experiência e ensinos de Toronto podem estar se expondo ao engano religioso, e suas consequências.
                                         ii.    Embora não possamos negar a possibilidade da ocorrência de fenômenos físicos em resposta à uma obra intensa do Espírito, devemos recusá-los como evidência costumeira desta obra, devido, não somente à sua subjetividade, mas, especialmente, ao fato de que esta posição é biblicamente insustentável.
1.    As evidências da obra do Espírito na vida dos crentes e descrentes são descritas em abundância na Escritura, e enfatizam especialmente uma vida santa em obediência à Palavra.
2.    Reações físicas estão no geral ausentes.
3.    Crentes que experimentam estas reações, como cair, tremer, ficar duro, emitir sons animais, e as consideram como resultado da operação do Espírito em suas vidas, podem estar trilhando o caminho perigoso da ilusão religiosa.
4.    Quando estas reações acabarem, serão tentados a reproduzi-las por si próprios.


[1] William Franklin "Billy" Graham Jr (Charlotte, 7 de Novembro de 1918) é um pregador batista norte-americano. Foi conselheiro espiritual de vários presidentes americanos. Foi ainda o mais proeminente membro da Convenção Batista Sulista dos EUA.
[2] John G. Arnott, The Father's Blessing (Florida: Creation House, 1995) 5.
[3] Kathryn Joanna Kuhlman (Concordia, Missouri, 9 de Maio de 1907 - Tulsa, 20 de Fevereiro de 1976) foi uma pregadora e evangelista norte-americana. Ela acreditava em milagres e libertação através do poder do Espírito Santo e fazia parte da ala pentecostal do cristianismo protestante. Tendo começado seu ministério com sua irmã e o marido desta, se casou com seu marido, Burroughs Waltrip em 1938. Em 1948 decidiu separar-se dele.
[4] Toufik Benedictus "Benny" Hinn (em árabe: توفيق بندكتوس "بنيالحن, nascido em 3 de dezembro de 1952) é um pregador, conhecido por suas frequentes "Cruzadas de Milagres", que são realizadas em grandes estádios em grandes cidades, e depois veiculadas mundialmente em seu programa de televisão "Este é o seu dia".
[5] John Richard Wimber (25 de fevereiro, 1934 - 17 de novembro de 1997) foi um músico, carismático pastor e um dos líderes fundadores do Movimento Vineyard , uma denominação que começou nos EUA e já se espalhou para vários países no mundo afora.
[6] Ibid: John G. Arnott, The Father's Blessing (Florida: Creation House, 1995) 5.
[7] O Reverendo Claudio Freidzon nasceu em Buenos Aires, República Argentina, em 19 de Setembro de 1955. Casado com Betty Freidzon, tem três filhos. Conheceu Jesus Cristo ainda muito jovem. Teve o seu encontro pessoal com Jesus Cristo, a sós, num lugar aberto, ao ar livre, fora da cidade de Buenos Aires. Ali experimentou a sua salvação de um modo extraordinário, desejando mostrar o amor de Cristo a todos os que o rodeavam. O ministério do pastor Claudio Freidzon caracteriza-se pela manifestação do Espírito Santo de forma poderosa com sinais e milagres. A sua busca pessoal levou-o a ter um poderoso encontro com o Espírito Santo em 1992, que revolucionou a sua vida e o seu ministério. A unção fresca do Espírito Santo inundou as reuniões da Igreja «Rey de Reyes» de uma forma surpreendente e gloriosa. Milhares de pessoas de todo o mundo chegaram à Igreja em busca de renovação espiritual. O seu ministério ultrapassou a esfera local, realizando conferências e campanhas com multidões nos cinco continentes.
[8] John G. Arnott, The Father's Blessing (Florida: Creation House, 1995) 58.
[9] John G. Arnott, The Father's Blessing (Florida: Creation House, 1995) 59.
[10] John G. Arnott, The Father's Blessing (Florida: Creation House, 1995) 168-169.
[11] John G. Arnott, The Father's Blessing (Florida: Creation House, 1995) 169, 183.
[12] Jonathan Edwards (5 de outubro de 1703 - 22 de março de 1758) foi pregador congregacional, teólogo calvinista e missionário aos índios americanos, e é considerado um dos maiores filósofos norte-Americano. O trabalho teológico de Edwards é muito abrangente, com sua defesa da teologia reformada, a metafísica do determinismo teológico, e a herança puritana. Edwards teve um papel fundamental na formação do primeiro Grande Despertar e supervisionou alguns dos primeiros fogos de avivamento em 1733-1735 na sua igreja em Northampton, Massachusetts. O sermão de Edwards "Pecadores nas Mãos de um Deus Irado", é considerado um clássico da literatura americana inicial, o que ele fez durante outra onda de renascimento em 1741, após a visita de George Whitefield as Treze Colônias. Edwards é amplamente conhecido por seus muitos livros: O fim para o qual Deus criou o mundo, A Vida de David Brainerd, que serviu para inspirar milhares de missionários de todo o século XIX, que muitos evangélicos reformados leem ainda hoje. Edwards morreu devido a uma inoculação contra a varíola, pouco após o início da presidência do Colégio de Nova Jersey (mais tarde a ser chamado Princeton University), e foi o avô de Aaron Burr.
[13] John Wesley (Epworth, Inglaterra, 17 de junho de 1703 — Londres, 2 de março de 1791) foi um clérigo anglicano e teólogo cristão britânico, líder precursor do movimento metodista e, ao lado de William Booth, um dos dois maiores avivacionistas da Grã-Bretanha.
[14] George Whitefield, (16 de dezembro de 1714 - 30 de setembro de 1770) foi um pastor anglicano itinerante, que ajudou a espalhar o Grande Despertar na Grã-Bretanha e, principalmente, nas colônias britânicas norte-americanas. Seu ministério teve enorme impacto sobre a ideologia americana. Conhecido como o "príncipe dos pregadores ao ar livre", foi o evangelista mais conhecido do século XVIII. Pregou durante 35 anos na Inglaterra e nos Estados Unidos, quebrou as tradições estabelecidas a respeito da pregação e abriu o caminho para a evangelização de massa. Enquanto jovem sua sede de Deus o tornou consciente de que o Senhor tinha um plano para sua vida. Para preparar-se, jejuava e orava regularmente, e muitas vezes ia ao culto duas vezes por dia. Na Universidade de Oxford (Inglaterra) cooperou com os irmãos John e Charles Wesley, participando com eles no "Clube Santo".
[15] Kenneth Erwin Hagin (McKinney, 20 de agosto de 1917 — Tulsa, 19 de setembro de 2003), é considerado o pai do Movimento Palavra de Fé. Foi um dos primeiros pastores protestantes a escrever sobre as filosofias que se tornaram o fundamento do movimento carismático, e um dos primeiros autores a pregar sobre a Teologia da Fé, escrevendo O Toque de Midas. Foi considerado, até alguns anos atrás, um escritor de heresias, hoje seus livros são muito respeitados por pentecostais.
[16] Edir Macedo, pontífice máximo da IURD, é contra o modismo de “cair no espírito”. Na IURD, dificilmente um membro será incentivado a exercer os dons espirituais, consequentemente, os exageros relacionados aos dons são ausentes. Mas a IURD não escapa de uma demostração exótica de experiências, aja vista a prática de exorcismos, que é um verdadeiro espetáculo!
[17] R.R. Soares, apesar de ter sua teologia moldada por Kenneth Hagin, é contra o “cair no espírito” e disse no Jornal Show da Fé, que quem cai são “os endemoninhados”.
[18] Alguns estudiosos preferem chamar as igrejas praticantes desses modismos de “ultra-pentecostais”
[19] É um teólogo cristão, apologista e autor. Ele é professor emérito de Teologia Sistemática no McMaster Divinity College. Os elementos mais controversos da teologia de Pinnock nos últimos anos tem sido as suas afirmações de apoio ao Teísmo Aberto e sua opinião aniquilacionista sobre o inferno. Norman Geisler e Roger Nicole tentaram excluí-lo da Sociedade Teológica Evangélica em 2003. A questão sobre isto foi levado a votação em novembro do mesmo ano e Pinnock manteve-se na instituição por falta de votos necessários para sua expulsão.
[20] Clark H. Pinnock, Flame of Love: A Theology of the Holy Spirit (Downers Grove, IL: Intervarsity Press, 1996) 250. É importante observar que Pinnock tem sido bastante criticado pelos evangélicos nos Estados Unidos pelas posições que abraçou neste livro, e em outros, com respeito à Trindade.
[21] Johnny T. Bernardo é apologista, escritor, jornalista, colaborador da revista Apologética Cristã e do jornal norteamericano The Christian Post, palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas).  Há mais de dez anos se dedica ao estudo de seitas e heresias, sendo um dos seus campos de atuação a fenomenologia religiosa e religiosidade brasileira. É também o autor da matéria "Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano", publicada no final de 2010 pela revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.
[22] Uma das igrejas pioneiras é a Comunidade Cristã do Aeroporto, na cidade de Toronto, no Canadá. Essa igreja, inclusive, foi citada pela reportagem da TV Record sobre o tema. A Comunidade Cristã do Aeroporto ficou mundialmente famosa pelo “cair no espírito” e pela “unção do riso”.
[23] Paul Gowdy, um dos fundadores da doutrina do Cair no Espírito na Igreja do Aeroporto em Toronto
[24] Pastor Antonio Gilberto é consultor doutrinário da CPAD, membro da Casa de Letras Emílio Conde, mestre em Teologia, graduado em Psicologia, Pedagogia e Letras, membro da diretoria da Global University nos Estados Unidos e autor dos livros “Mensagens, Estudos e Explanações em 1 Coríntios”, “O Calendário da Profecia”, “O Fruto do Espírito”, “A Bíblia: o livro, a mensagem e a história”, “A Prática do Evangelismo Pessoal”, “Verdades Pentecostais”, “A Bíblia através de séculos”, “Crescimento em Cristo” e “Manual de Escola Dominical”, todos títulos da CPAD, sendo este último o seu maior best-seller, com mais de 200 mil exemplares vendidos.
[25] GILBERTO, Antônio. Desvios da Doutrina Bíblica. in Revista Ensinador Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, Ano 7, n° 28, p. 19.
[26] Idem, n° 29, p. 20.
[27] Claudionor Correa de Andrade (São Paulo, 18 de novembro de 1955) é um pastor assembleiano e um dos principais teólogos pentecostais brasileiros.
[28] ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos Bíblicos de um Autêntico Avivamento. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 142.
[29] Paulo Rodrigues Romeiro é pastor e apologista cristão evangélico. Foi presidente do Instituto Cristão de Pesquisas (ICP) em São Paulo, e atualmente dirige a Agência de Informações Religiosas (AGIR). Preocupado com problemas doutrinários nas igrejas brasileiras, em 1993 publicou o livro Super Crentes: O evangelho segundo Kenneth Hagin, Valnice Milhomens e os profetas da prosperidade que refuta a Teologia da Prosperidade neo-pentecostal e critica seus propagadores, especialmente Kenneth E. Hagin e Valnice Milhomens, prefaciado pelo renomado missionário Russell Shedd. Em 1995 ele publicou uma seqüência, Evangélicos em Crise: Decadência doutrinária na igreja. Outro livro é Decepcionados com a Graça: Esperanças e frustrações no Brasil neo-pentecostal, que foi lançado na Universidade Metodista de São Paulo, contando com a presença de vários líderes evangélicos. Seu último livro é Religião e Alienação: Um estudo sobre os desafios e tensões do adolescente testemunha de Jeová (Editora Reflexão, 2009). Seus livros sobre os modismos nas igrejas evangélicas quase não receberam críticas diretas de seus opositores. Atualmente é pastor da Igreja Cristã da Trindade em São Paulo, uma igreja de teologia assembleiana, e é professor no curso de pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie 1. Paulo Romeiro também escreve mensalmente na revista POVOS, da qual é consultor na área de religiões comparadas.
[30] ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em Crise. 4. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999, p. 77.
[31] GONÇALVES, José. Espiritualidade, Avivamento e Equilíbrio. Revista Manual do Obreiro. Rio de Janeiro: CPAD, ano 27, n° 29, Janeiro-Março, p. 40-45.
[32] ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 616.
[33] Editor, escritor, articulista. Pastor na Assembleia de Deus no bairro de Cordovil, Rio de Janeiro-RJ. Membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e da Casa de Letras Emílio Conde. Colunista do jornal The Christian Post e do portal OGalileo. Ministrou Hermenêutica, Exegese, Homilética, Teologia Sistemática e várias outras matérias durante dez anos na FAESP, em São Paulo-SP, onde se formou. Nesta cidade, pastoreou duas congregações ligadas à Assembleia de Deus do Ministério do Belém. Atuou na CPAD (RJ) como gerente de informática e editor de obras nacionais. É também autor dos livros "Perguntas Intrigantes que os Jovens Costumam Fazer" (2003), "Adolescentes S/A" (2004), "Erros que os Pregadores Devem Evitar" (2005), "Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria" (2006), "MAIS Erros que os Pregadores Devem Evitar" (2007), "Erros que os Adoradores Devem Evitar", todos editados pela CPAD. Além disso, é coautor da obra "Teologia Sistemática Pentecostal", lançada em 2008 pela CPAD. Atua como preletor em escolas bíblicas, congressos, conferências, realizados no Brasil e no exterior.
[34] Cabe ressaltar que muitos poderiam dizer que esta avalição é de modo parcial, mas existem muitos vídeos que são divulgados pela própria denominação onde pessoas são entrevistadas que dão testemunho deste tipo de pratica citada acima, não tornando assim a nossa apreciação de modo parcial.


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