John
Wesley pregou muitas vezes sobre o uso do dinheiro. Possuindo
provavelmente o maior salário já recebido na Inglaterra, ele teve
oportunidades de colocar suas idéias em prática. O que ele disse a
respeito do dinheiro? E o que fez com o próprio dinheiro?
Extraído de: Editora Fiel.com.br
John Wesley experimentou
uma pobreza opressiva quando criança. Seu pai, Samuel Wesley, era
pastor anglicano numa das paróquias que pagavam os menores salários do
país. Ele tinha nove filhos para sustentar e raramente ficava sem
dívidas. Uma vez John viu seu pai sendo levado para a prisão dos
devedores. Portanto, quando seguiu seu pai no ministério, não tinha
ilusão alguma acerca das recompensas financeiras.
É provável que tenha
sido uma surpresa para John Wesley que, embora Deus o houvesse chamado
para mesma vocação de seu pai, não o havia chamado para ser tão pobre
quanto ele. Em vez de ser pastor numa paróquia, John sentiu a direção de
Deus para ensinar na Universidade de Oxford. Lá, ele foi escolhido para
ser membro do conselho do Lincoln College. Sua posição lhe garantia
pelo menos trinta libras por ano, mais do que o suficiente para um rapaz
solteiro viver. John parecia desfrutar de sua relativa prosperidade.
Gastou seu dinheiro em jogos de cartas, tabaco e conhaque.
Enquanto estava em
Oxford, um incidente transformou sua perspectiva acerca do dinheiro. Ele
havia acabado de comprar alguns quadros para colocar em seu quarto,
quando uma das camareiras chegou à sua porta. Era um dia frio de
inverno, e ele notou que ela não tinha nada para se proteger, exceto uma
capa de linho. Ele enfiou a mão no bolso para dar-lhe algum dinheiro
para comprar um casaco, mas percebeu que havia sobrado bem pouco.
Imediatamente, ficou perplexo com o pensamento de que Deus não havia se
agradado pela forma como havia gasto seu dinheiro. Ele perguntou a si
mesmo: O mestre me dirá “Muito bem servo bom e fiel”? Tu
adornaste as paredes com o dinheiro que poderia ter protegido essa pobre
criatura do frio! Ó justiça! Ó misericórdia! Esses quadros não são o
sangue dessa pobre empregada?
O que Wesley fez?
Talvez, como resultado
desse incidente, em 1731, Wesley começou a limitar seus gastos para que
pudesse ter mais dinheiro para dar aos pobres. Ele registrou que, em
determinado ano, sua renda fora de 30 libras, suas despesas, 28, assim,
tivera duas libras para dar. No ano seguinte, sua renda dobrou, mas ele
continuou administrando seus gastos para viver com 28, desse modo,
restaram-lhe 32 libras para dar aos pobres. No terceiro ano, sua renda
saltou para 90 libras. Em vez de deixar suas despesas crescerem
juntamente com sua renda, ele as manteve em 28 e doou 62 libras. No
quarto ano, recebeu 120 libras. Do mesmo modo que antes, suas despesas
se mantiveram em 28 libras e, assim, suas doações subiram para 92.
Wesley sentia que o
crente não deveria simplesmente dar o dízimo, mas dar toda sua renda
excedente, uma vez que já tivesse suprido a família e os credores. Ele
cria que com o crescimento da renda, o que deveria aumentar não era o padrão de vida, mas sim o padrão de doações.
Essa prática começou em
Oxford e continuou por toda a sua vida. Mesmo quando sua renda
ultrapassou mil libras esterlinas, ele viveu de modo simples, doando
rapidamente seu dinheiro excedente. Houve um ano em que seu salário
superou 1400 libras. Ele viveu com 30 e doou aproximadamente 1400. Por
não ter uma família para cuidar, não precisava poupar. Ele tinha medo de
acumular tesouros na terra, portanto, seu dinheiro ia para as obras de
caridade assim que chegava às suas mãos. Ele registrou que nunca
permaneceu com 100 libras.
Wesley limitava suas
despesas, não adquirindo coisas que eram tidas como essenciais para um
homem de sua posição. Em 1776, os fiscais de impostos inspecionaram suas
restituições e lhe escreveram a seguinte sentença: “Não temos dúvidas de que o senhor possui algumas baixelas de prata para cada item que o senhor não declarou até agora”.
Eles queriam dizer que um homem proeminente como ele, certamente
possuía alguns pratos de prata em sua casa, e o acusavam de sonegação.
Wesley lhes respondeu: “Tenho duas colheres de prata em Londres e
duas em Bristol. Essa é toda a prata que possuo no momento e não
comprarei mais prata alguma, visto que muitos ao meu redor almejam por
pão”.
A outra forma pela qual
Wesley limitava seus gastos era identificando-se com os pobres. Ele
pregava que os crentes deveriam se considerar como membros dos pobres, a
quem Deus havia dado dinheiro para ajudá-los. Portanto, ele vivia e
comia com os pobres. Sob a liderança de Wesley, a igreja Metodista de
Londres estabeleceu dois abrigos para viúvas na cidade. Elas eram
sustentadas pelas ofertas recolhidas nos encontros e nas celebrações da
Ceia do Senhor. Em 1748, nove viúvas, uma mulher cega e duas crianças
viviam ali. Juntamente com elas, vivia John Wesley e outro pregador
metodista que se encontrava na cidade naquela ocasião. Wesley se
alegrava em comer da mesma comida que elas, à mesma mesa, antevendo o
banquete celestial que todos os crentes compartilharão.
Durante quatro anos, a
dieta de Wesley consistia principalmente em batatas, em partes para
melhorar sua saúde, mas também para economizar dinheiro. Ele dizia:“Aquilo que eu guardo para comprar carne pode alimentar alguém que não possui comida alguma”. Em 1744, Wesley escreveu: “Quando
eu morrer, se eu deixar dez libras para trás... você e toda a
humanidade poderão testemunhar contra mim, dizendo que tenho vivido e
morrido como um ladrão e salteador”. Quando ele morreu em 1791, o
único dinheiro que estava em sua posse eram algumas moedas, encontradas
em seus bolsos e em sua gaveta de roupas.
O que havia acontecido ao restante do dinheiro que ele ganhara em toda a sua vida, uma quantia estimada em trinta mil libras?[i] Ele o havia doado. Como Wesley havia dito: “Não
poderei evitar deixar meus livros para trás quando Deus me chamar,
porém minhas próprias mãos executarão a doação de todas as demais
coisas”.
O que Wesley Pregou?
O ensino de Wesley sobre o dinheiro oferece diretrizes simples e práticas para qualquer cristão.
A primeira regra de Wesley acerca do dinheiro era “Ganhe o máximo que puder”. Apesar de seu potencial para o mau uso, o dinheiro em si é algo bom. O bem que ele pode fazer é infinito: “Nas
mãos dos filhos de Deus, ele é comida para os famintos, água para os
sedentos, roupas para os que estão descobertos. Ele dá ao viajante e ao
estrangeiro um lugar onde pousar a cabeça. Por meio dele, podemos manter
a viúva, no lugar de seu marido, e aos órfãos, no lugar de seu pai.
Podemos ser uma defesa para os oprimidos, levar saúde aos doentes e
alívio aos que têm dor. Ele pode ser como olhos para o cego, como pés
para o coxo e como o socorro para livrar alguém dos portões da morte”!
Wesley acrescenta que ao
ganhar o máximo que podem, os crentes devem ser cuidadosos para não
prejudicar sua própria alma, mente e corpo ou a alma, mente e corpo de
quem quer seja. Desse modo, ele proibiu o ganho de dinheiro em empresas
que poluem o meio ambiente ou causam danos aos trabalhadores.
A segunda regra de Wesley para o uso correto do dinheiro era “Poupe o máximo que puder”.
Ele insistiu para que seus ouvintes não gastassem dinheiro somente para
satisfazer a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a
soberba da vida. Ele clamava contra comidas caras, roupas luxuosas e
móveis elegantes. “Cortem todas essas despesas! Desprezem as iguarias e a
variedade, e estejam contentes com o que a simples natureza requer”.
Wesley tinha duas razões
para dizer aos crentes para comprarem somente o necessário. Uma era
óbvia: para que não desperdiçassem dinheiro. A segunda era para que seus
desejos não aumentassem. O antigo pregador destacou sabiamente que,
quando as pessoas gastam dinheiro em coisas que, de fato, não precisam,
elas começam a desejar mais coisas das quais não precisam. Em vez de
satisfazerem aos seus desejos, elas apenas os fazem aumentar: “Quem
dependeria de qualquer coisa para satisfazer esses desejos, se
considerasse que satisfazê-los é o mesmo que fazê-los crescer? Nada é
mais verdadeiro do que isto: A experiência diária demonstra que quanto
mais os satisfazemos, mais eles aumentam”.
Wesley advertiu
principalmente sobre a questão de comprarmos muitas coisas para os
filhos. Pessoas que raramente gastam dinheiro consigo mesmas podem ser
bem mais indulgentes com seus filhos. Ao ensinar o princípio de que
gratificar um desejo desnecessariamente tende a intensificá-lo, ele
perguntou a esses pais bem-intencionados: “Por que você compraria
para eles mais orgulho ou cobiça, mais vaidade, tolice e desejos
prejudiciais? ...Por que você teria um gasto extra apenas para
trazer-lhes mais tentações e ciladas, e para transpassá-los com mais
tristezas”.
A terceira regra de John Wesley era “Doe o máximo que puder”.
A oferta de uma pessoa deve começar com o dízimo. Ele disse àqueles que
não dizimavam: “Não há dúvidas de que vocês têm colocado o seu coração
no seu ouro”. E advertia: “Isso ‘consumirá sua carne como o fogo’”!
Entretanto, a oferta de uma pessoa não deve se limitar ao dízimo. Todo o
dinheiro dos crentes pertence a Deus, não apenas a décima parte. Os
crentes devem usar 100% de sua renda da forma como Deus direcionar.
E como Deus direciona os crentes a usarem sua renda? Wesley listou quatro prioridades bíblicas:
1. Providencie o que é necessário para você e sua família (1 Tm 5.8). O crente deve estar certo de que sua família possui suas necessidades e comodidades supridas, ou seja, “quantidade suficiente de uma comida modesta e saudável para comer, e roupas adequadas para vestir”. O crente também deve garantir que a família tenha o suficiente para viver caso haja imprevistos em relação ao seu ganha-pão.
2. “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1 Tm 6.8). Wesley acrescentou que a palavra traduzida para “vestir” é literalmente “cobrir”, o que inclui tanto moradia como roupas. “Conclui-se
claramente que tudo o que tivermos além dessas coisas, no sentido
empregado pelos apóstolos, é riqueza – tudo quanto estiver além das
necessidades, ou no máximo, além das comodidades da vida. Qualquer um
que tenha comida suficiente para comer, roupas para vestir, um lugar
onde repousar a cabeça, e mais alguma outra coisa, é rico”.
3. Providencie o necessário para “fazer o bem perante todos os homens” (Rm 12.17) e não fique devendo nada a ninguém (Rm 13.8).
Wesley disse que a reivindicação pelo dinheiro do crente que se seguia à
família era a reivindicação dos credores. Ele acrescentou que aqueles
que dirigiam o próprio negócio deveriam ter ferramentas adequadas,
estoque ou o capital necessário para manter seu negócio.
4. “Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6.10).
Após o crente ter provido o necessário para a família, credores e para o
próprio negócio, sua próxima obrigação é utilizar todo o dinheiro que
sobrou para suprir as necessidades dos outros.
Ao dar esses quatro
princípios bíblicos, Wesley reconheceu que algumas situações não são
assim tão claras. A forma como os crentes devem usar o dinheiro de Deus
nem sempre é óbvia. Por essa razão, ele ofereceu quatro perguntas para
ajudar seus ouvintes a decidirem como gastar seu dinheiro:
1. Ao gastar o dinheiro, estou agindo como se o possuísse ou como se fosse o curador de Deus?
2. O que as Escrituras exigem de mim ao gastar o dinheiro dessa maneira?
3. Posso oferecer essa compra como um sacrifício a Deus?
4. Deus me recompensará por esse gasto na ressurreição dos justos?
Finalmente, para um crente que ainda estivesse perplexo, John Wesley sugeriu a seguinte oração antes de realizar uma compra:
“Senhor, tu vês que
estou para gastar esta quantia naquela comida, naquela roupa ou naquele
móvel. Tu sabes que estou agindo com sinceridade nessa questão; como um
mordomo de teus bens; gastando uma porção dele desta maneira, em
conformidade com o desígnio que tu tens ao confiá-los a mim. Sabes que
faço isso em obediência à tua Palavra, conforme tu ordenas e porque tu o
ordenas. Peço-te que isso seja um sacrifício santo e aceitável a Ti,
por meio de Jesus Cristo! Dá-me testemunho em mim mesmo de que, por meio
desse esforço de amor, serei recompensado quando Tu recompensares a
cada homem segundo as suas obras”. Ele estava confiante que qualquer
crente de consciência limpa que fizesse essa oração usaria o seu
dinheiro com sabedoria.
[i] Essa quantia equivaleria a aproximadamente 30 milhões de dólares hoje.
Extraído de: Editora Fiel.com.br
http://guardiadaverdade.blogspot.com.br/2012/07/o-que-wesley-praticou-e-pregou-sobre-o.html



Obrigada pela visita, amiga! Muito me honra! Também já dei uma olhadinha em seu blog e passei a segui-lo. Tem muita coisa bonita, interessante e diferente. Aos poucos vou olhando com carinho e atenção. Bjins. Kle Sants
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