Efésios 4.11-16
O
ideal para a vida cristã é chegar à maturidade. A vida cristã passa
naturalmente por várias etapas: O novo nascimento, a infância, a
juventude e a maturidade espiritual. Não há nada de errado "passar" pela
"infância espiritual", e prosseguir crescendo! Mas, seria alarmante
para uma mãe verificar que, depois de quatro anos o seu lindo bebê,
ainda continua bebê. Isto seria uma anomalia. No âmbito espiritual é a
mesma coisa. Nós nascemos de novo para crescer! Esta é a Lei da Vida –
todo ser vivo nasce para o crescimento, até à maturidade.
Conforme escreveu Paulo em Ef 4.14, a principal característica do "menino" é a inconstância! Uma criança sempre "oscila de um extremo ao outro", e, jamais se firma em um "ponto de equilíbrio".
O
processo para se chegar à maturidade espiritual, consiste em
diminuirmos cada vez mais essa "oscilação", avançando gradativamente
para uma vida de propósitos firmes e constantes.
Neste estudo, vamos analisar os quatro pontos extremos, em que a vida cristã comumente tende oscilar.
São eles:
1. Emocionalismo/Racionalismo;
2. Tradicionalismo/Modernismo;
3. Legalismo/Liberalismo;
4. Fanatismo/Formalismo.
1. Racionalismo/Emocionalismo
1.1. O Racionalismo é a tentativa de se compreender tudo que diz respeito à vida cristã e a sua espiritualidade de
forma intelectual. É a ênfase exagerada sobre o potencial da mente,
como o único meio para empreender a busca da verdade. É o desprezo pela
revelação de Deus, que tem por base as faculdades do espírito.
O
cristão que tende para o racionalismo terá muita dificuldade para
aceitar os milagres. E, com certeza nunca conseguirá estabelecer um
relacionamento profundo com o Espírito Santo.
Paulo trata dos perigos do racionalismo nos capítulos 1 e 2 de I aos Coríntios. Vejamos alguns pontos importantes:
a. I Co 1.19 – O sentido aqui não é que Deus condene o uso da mente, absolutamente, pois foi Ele mesmo quem deu esta capacidade ao homem. O que deve ser aniquilado é o racionalismo;
b. I Co 1.26 – "Sábios segundo a carne", refere-se ao racionalismo;
c. I Co 2.4-6 – A pregação de Paulo não era baseada no intelectualismo;
d. I Co 2.9,10 – A revelação de Deus comunica conhecimentos mais profundos do que aqueles que a mente pode entender, conf. Mt 11.25;
e. I Co 2.14,15 – O racionalista é chamado de "homem natural".
1.2. O Emocionalismo tem por base as emoções e os sentimentos puramente humanos.
A
vida cristã é cheia de emoções, entretanto, não está fundamentada
nessas emoções. Muitos que não entendem isto, e que procuram estabelecer
um relacionamento com Deus à base das emoções, começam logo cedo a ter
os seus conflitos espirituais. Os nossos sentimentos mudam facilmente, e
por isso não servem para arbitrar o nosso relacionamento com Deus.
O
emocionalismo está presente na vida e experiência de praticamente todos
os crentes recém convertidos. Eles querem encontrar Deus em seus
"arrepios" e em suas "lágrimas". E quando isto não acontece, chegam até a
duvidar da existência de Deus. Estão sempre procurando provas palpáveis
para comprovarem suas experiências espirituais. Às vezes têm a animação
para mudar o mundo todo, e pouco depois duvidam de sua própria
salvação.
Em I Co 1.22,
Paulo fala dos dois extremos: O Judeu emocionalista que exigia sinais
para crer, e dos gregos racionalistas que exigiam explicações
intelectuais.
O Ponto de Equilíbrio vem através do Viver Cristão baseado na Fé, Rm 1.17.
A vida cristã pela fé não exclui as emoções legítimas, nem a razão! Usamos a mente em nossa consagração efetiva à Deus, Rm 12.1,2, e a emoções são bem vindas quando acontecem como consequência dos atos da fé.
O cristão que aprende as lições do viver pela fé, alcança maturidade nas seguintes áreas:
a. Hb 3.14 - Torna-se participante de Cristo;
b. Hb 11.27 - Fica firme;
c. Hb 11.33,34 - Vence, tirando "forças da fraqueza". Conf. II Co 12.9,10
d. I Pe 5.8,9 - Resiste às tentações do diabo.
2. Tradicionalismo /Modernismo
2.1. O tradicionalismo é o apego aos costumes e lendas antigas, transmitidas de geração à geração. Conceitos ligados ao passado.
O
Judaísmo da época de Jesus estava eivado de tradições humanas que não
tinham nenhum valor espiritual., e, estavam em total confronto com a
Palavra de Deus, Mt 15.2,3,6.
· O tradicionalismo tem, na verdade, uma aparência de humildade e sabedoria, mais é totalmente inútil do ponto de vista espiritual, Cl 2.20-23.· Pode conduzir à hipocrisia e a adoração vã, Mt 15.7-9.· É considerado como uma "vã maneira de viver", I Pe 1.18.· Devemos ter o cuidado com sua subtileza, Cl 2.8.· Paulo antes sua conversão era um tradicionalista do judaísmo, Gl 1.14.
2.2. Modernismo é
a tendência para aceitar inovações. É a facilidade para adotar idéias e
práticas modernas que o uso ainda não consagrou. É o extremo do
tradicionalismo.
O
Conflito de gerações é um fenômeno bastante comum, resultante destes
dois pontos extremos: tradicionalismo e modernismo. Trata-se da
dificuldade que os nossos avós e pais tiveram em aceitar os nossos
comportamentos e costumes, quando éramos jovens. É o mesmo conflito que
temos hoje, com relação aos nossos filhos.
Quem
está correto neste conflito? – Geralmente ninguém está correto! Os pais
se posicionam num extremo, e os filhos noutro: Um rejeita os valores do
outro, e ambos apontam defeitos mútuos. – Isto se chama O Conflito das
Gerações!
Precisamos procurar os pontos de equilíbrio, para uma autêntica espiritualidade, por exemplo:
a. Existem tradições que não podem ser rejeitadas, II Ts 2.15; 3.6;
b. Existem ensinos que não podem ser mudados, II Tm 3.14;
c. Existem fundamentos que não podem ser removidos, I Co 3.11; II Tm 2.19.
d. Nem toda novidade é a fiel expressão da verdade, II Tm 4.3,4.
e. Os métodos de pregação podem mudar, mas o Evangelho jamais pode mudar Gl 1.8; I Co 9.22.
Precisamos
conciliar o "espírito conservador", com o "espírito criativo", fugindo
tanto do tradicionalismo, quanto do modernismo.
3. Legalismo/Liberalismo
3.1. Legalismo é o apego à Lei, na tentativa de se auto justificar-se por meio das obras. Ênfase sobre o esforço humano em agradar à Deus.
a. O legalismo dá uma importância exagerada às normas e as regras que regem as aparências exteriores, Fp 3.4-6. Mas, para Deus as aparências não definem a verdadeira espiritualidade, I Sm 16.7; Jo 7.24; II Co 5.12: 10.7; II Tm 3.5.
b. O legalismo faz julgamentos sem amor e sem misericórdia. A exemplo de Paulo que, escudado em seu legalismo, perseguia cruelmente a Igreja, At 9.1,2;
c. O legalismo faz acepção de pessoas, Gl 2.11-14. Deus não faz, At 10.34.
3.2. Liberalismo está relacionado com a liberdade pessoal. Com o desprezo à toda a sorte de regras e disciplinas pessoais.
Assim como no legalismo a ênfase recai sobre a lei, no liberalismo a ênfase recai sobre a Graça.
É a defesa sobre uma liberdade irresponsável!
O Equilíbrio neste ponto, está nos seguintes passos:
a. Quando Paulo foi acusado de pregar sobre uma "graça irresponsável", sua resposta foi clara, Rm 5.20; 6.1-4;
b. Estamos livres do jugo da lei, Gl 5.1, porém, não devemos usar desta liberdade para dar ocasião à carne, Gl 5.13;
c. A mesma Graça que nos salva também nos ensina a viver de forma pura, Tt 2.11-14; Hb 12.28.
4. Fanatismo/Formalismo
4.1. Fanatismo é
um zelo religioso excessivo, cego, intolerante. É a expressão de uma fé
doentia e infantil. O fanatismo religioso tem produzido grandes
tragédias na vida espiritual.
A
Igreja de Corinto começou entrar pelo caminho do fanatismo. Não
obstante possuir as manifestações dos dons do Espírito Santo, I Co
1.5,7, era uma igreja infantil, carnal e cheia de divisões, I Co
1.11-13; 3.1,3.
O fanatismo religioso tem aparências de espiritualidade, mas, em sua essência é totalmente mundano, I Co 5.7.
4.2. Formalismo é
uma oposição a tudo o que é expontâneo e natural. Refere-se a tudo o
que é programado, que obedece a regras fixas e inflexíveis.
O
formalismo religioso pode privar o homem de certas experiências com
Deus. Pode tornar a fé cristã fria e sem espiritualidade. Numa igreja
formalista, o Espírito Santo de Deus jamais terá liberdade para realizar
grandes obras.
Podemos notar esta tendência na Igreja de Tessalônica, I Ts 5.17,19 e 20.
Devemos ser fervorosos no espírito, servindo ao Senhor, Rm 12.11
O Equilíbrio para essa oscilação é o amor.
Doutrinando
a Igreja de Corinto, Paulo recomendou o amor, como a virtude espiritual
de equilíbrio, I Co 12.31. Ou seja, onde há amor não haverá fanatismo
nem formalismo.
Pr. Elso Rodrigues
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