(2 Reis 14:8-14)
Proferida por Jeoás a Amazias, essa parábola nos leva de volta ao reino das árvores e dos animais, fazendo lembrar a parábola vigorosa de Jotão (Jz 9:8-15).
Nos antecedentes históricos da parábola estava o abatimento de Edom. Amazias, rei de Judá, estava extasiado por ter dominado os edomitas, matando dez mil homens. Concluiu com isso que seria da mesma forma bem-sucedido contra os mais invencíveis inimigos do exército de Israel. Mas Amazias veio a descobrir que seu primeiro sucesso tinha sido apenas relativo. Cometendo o erro de subestimar o poderio militar do adversário, Amazias encontrou a derrota. Depois disso fez o insolente desafio a Jeoás: “Vem, encontremo-nos face a face”.8 Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei; e disseram à oliveira: Reina tu sobre nós.
9 Mas a oliveira lhes respondeu: Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, para ir balouçar sobre as árvores?
10 Então disseram as árvores à figueira: Vem tu, e reina sobre nós.
11 Mas a figueira lhes respondeu: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, para ir balouçar sobre as árvores?
12 Disseram então as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós.
13 Mas a videira lhes respondeu: Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, para ir balouçar sobre as árvores?
14 Então todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós.
15 O espinheiro, porém, respondeu às árvores: Se de boa fé me ungis por vosso rei, vinde refugiar-vos debaixo da minha sombra; mas, se não, saia fogo do espinheiro, e devore os cedros do Líbano.
As duas metáforas extraídas da natureza são o cedro e o cardo, que expressam o sentimento de superioridade de Jeoás ao reprovar Amazias. O cedro, árvore de crescimento lento e de vida longa, usada para os deveres sacrificiais do templo, representa a força de Israel. O cardo, identificado por Ellicott com o espinheiro, a sarça ou o abrunheiro-bravo, é uma planta que cresce como erva daninha e não tem nenhum valor, transmitindo de maneira vívida o desdém de Jeoás por seu rival. “O cedro de mil anos não pode ser arrancado nem eliminado pela maior força deste mundo, ao passo que o cardo de ontem está à mercê do primeiro animal da floresta que passar por seu caminho”.
Depois temos uma ilustração extraída da vida familiar: “Dá tua filha por mulher a meu filho”. Trata-se de um costume oriental em que o homem, ao pedir a filha de outro em casamento, devia ter as mesmas condições sociais; senão, a solicitação seria considerada um insulto. Habilmente, Jeoás mostra que a proposta do cardo ao cedro era semelhante à do pobre, que pede ao rico permissão para casar com a sua filha. Dessa maneira, “o destino do cardo mostra o que seria o resultado da auto-estima do rei de Judá se não aceitasse o conselho ‘fica em tua casa! Por que te intrometerias no mal, para caíres tu?’, que é a aplicação de toda a palavra”.
A parábola, então, era uma imagem verdadeira do caráter de Amazias que, infelizmente, não estava disposto a se ver nela. Um caráter deformado não tem o desejo de se ver refletido em um espelho fiel. As incomparáveis parábolas de Jesus geralmente não eram bem-suce-didas quanto à aprovação de seus ouvintes. A insolência e o orgulho de Amazias foram a sua ruína. Se tivesse ficado satisfeito com a conquista de Edom, teria sido poupado da humilhação de ser derrotado pelas mãos de Jeoás, rei de Israel. O tema central da parábola é: “A soberba precede a ruína, e a altivez de espírito, a queda” (Pv 16:18).
Herbert Lockyer.
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