(Ezequiel 17:1-24)
Cumprindo ordens divinas, Ezequiel propõe um enigma em forma parabólica, para ressaltar a soberania de Deus sobre as nações e sobre os homens. Nesse capítulo, a parábola se compõe de quatro reis e dos respectivos reinos. Todos os soberanos tinham diferenças entre si, com algo, porém, em comum. Com duas águias, uma videira e ramos a compor a parábola, vamos procurar entender a situação e a sua importância.
Embora os crimes de Israel tivessem sido desmascarados e se tivessem decretado juízos em razão deles, essa “casa rebelde” recusava-se a ser alertada. “Israel estava certo de que a ameaça da Babilônia poderia ser debelada se entrasse no jogo do poder político internacional. Seria salvo se rompesse o acordo com o rei da Babilônia, Nabucodonosor, e caso se aliasse ao Egito, que disputava a supremacia mundial com os caldeus.” O propósito dessa parábola era desmascarar o engano dessa falsa esperança, mostrando que as promessas garantidas de Deus só podem cumprir-se na restauração da casa de Davi.
1. O primeiro rei, comparado a uma grande águia, era o governante da Babilônia, Nabucodonosor, que arrancou a ponta do cedro —Joaquim, rei de Judá, — e o conduziu a uma terra de comércio, a Babilônia (Jr 22:23; 48:40; 49:22). A semente da terra foi levada e plantada em solo fértil, onde se tornou videira muito larga. Nabucodonosor, a primeira grande águia, era poderoso e governava sobre muitas nações, o que se evidencia pelo tamanho de suas asas e pela variedade de cores de suas penas.
2. O segundo rei, também representado por uma grande águia, era Faraó, rei do Egito, cujo tamanho das asas e cujo poder não eram tão grandes quanto os da primeira águia. Nessa época, o Egito já perdera o apogeu de seu poder. A decadência era inegável. Seu domínio não era tão amplo quanto o da Babilônia. Foi para essa segunda grande águia que Judá, a videira, lançou as raízes para que fossem regadas. Esse ato traiçoeiro foi denunciado por Deus, para quem a videira deveria ser arrancada, se-cando-se com o vento oriental.
3. O terceiro rei era Matanias, a quem Nabucodonosor denominou Zedequias. Coroado em lugar de Jeconias, seu tio, esse rei-vassalo de Judá era a videira de baixa estatura, plantada pela primeira águia —Nabucodonosor, que lhe permitiu desfrutar de todos os direitos e honras da realeza, não como soberano independente, mas apenas como tributário do rei da Babilônia. Esse ato de clemência da parte de Nabucodonosor impôs a Zedequias as mais inescapáveis obrigações de submissão confirmada por um solene juramento.
Mas Zedequias buscou a proteção da segunda grande águia, o Egito, e mereceu o castigo de Deus. Desatento ao seu juramento, buscou a ajuda egípcia, pois pensou poder ser liberto da infame vassalagem e experimentar uma soberania independente e livre. Essa traição é retratada na parábola pela imagem de um galho arrancado da ponta do cedro por uma grande águia e plantado como uma videira larga e baixa —um tronco bom que, porém, era ainda inferior ao que o originara. Descontente com a sua condição, a videira lançou as suas raízes para a outra grande águia, na esperança de conquistar ainda maior importância e fertilidade. Graças a essa violação, contudo, experimentou irreparável ruína.
4. O quarto rei é o escolhido de Deus, cujo reino ainda está por vir, que descenderá dos reis de Judá. Será maior que todos os reis antes dele. Com a figura do “mais tenro” renovo, plantado “no monte alto de Israel” e transformando-se num “cedro excelente”, prenuncia-se o estabelecimento do reino de Cristo (Is 11:1-12). Esse reino glorioso nunca será subvertido, mas se tornará um monumento eterno de verdade e de poder. O governo divino será estabelecido sobre todas as nações e atuará por meio delas. A promessa final da parábola é que o governante divino será da linhagem de Davi, o “cedro alto”, e, quando se manifestar, frustrará todos os outros poderes, “as árvores do campo”, e sob seu reino todos os homens estarão salvos, tendo satisfeitas as suas necessidades (Lc 2:67-75).
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