Pr. Anísio Renato de Andrade
Os sacerdotes eram homens escolhidos por Deus para realizarem os sacrifícios em Israel. Pertenciam à tribo de Levi e à família de Aarão. O ofício sacerdotal não poderia ser exercido por qualquer pessoa. Além de ser escolhido, o sacerdote deveria viver em santificação, obedecendo leis mais rígidas do que as que regulavam a vida do israelita comum (Lv.21). Ele deveria também ser purificado, consagrado e ungido, recebendo sobre si água, sangue e azeite (Ex.29).
Outra questão importante era a vestimenta sacerdotal (Ex.28). Ele não poderia entrar no santuário vestindo sua roupa comum cotidiana. Deus mandou confeccionar vestes sagradas para os sacerdotes formadas pelas seguintes peças: túnica bordada, manto, éfode (um tipo de avental), peitoral (um tipo de colete), ombreiras, cinto, mitra (um tipo de chapéu), e calção usado sob a túnica.
É bom lembrar que estas roupas foram utilizadas primeiramente sob o calor do deserto. Será que algum de nós estaria apto a exercer tal ofício?
A quantidade de peças chama nossa atenção, mas a especificação divina não parou por aqui. Ele determinou também as cores, o material e os detalhes da confecção. Foram usados tecidos de cor azul, púrpura, carmesim e branco. O azul lembraria o céu. A púrpura, um vermelho escuro, lembraria a realeza. O carmesim, um vermelho vivo, lembraria o sangue. O linho branco representaria a pureza. Seriam usados também muitos fios de ouro trançados. Um cordão azul, passando por argolas de ouro, prenderia as peças da roupa.
Dentro de cada ombreira haveria uma pedra de berilo. Em cada uma estavam gravados os nomes de seis tribos de Israel. Dentro do peitoral haveria outras 12 pedras. Em cada uma seria escrito o nome de uma tribo. O sacerdote teria um papel de intercessor a favor das tribos, e não poderia esquecer-se de nenhuma delas. As 12 pedras eram: cornalina, topázio, esmeralda, granada, safira, ônix, jacinto, ágata, ametista, crisólita, berilo e jaspe. Talvez teríamos uma iniciativa de simplificar tudo, colocando todos os nomes numa pedra só. Entretanto, Deus queria mostrar que cada tribo tinha um valor especial para ele. As pedras estariam escondidas, como algo precioso que só Deus vê.
Sobre a mitra haveria uma lâmina de ouro, ou seja, uma placa sobre a testa do sacerdote, onde estaria escrito: “Santidade ao Senhor”. Certamente, aquele ministro seria cuidadoso até mesmo com seus pensamentos diante de Deus. Sendo uma placa em local visível, representaria um testemunho público.
Portanto, o sacerdote deveria usar roupas especiais, conforme o modelo que Deus criou, roupas limpas, decentes, trabalhadas, pesadas, bonitas e preciosas. Quando entrava no santuário, o sacerdote levava sobre si um grande valor, ilustrando sua grande responsabilidade e a importância do seu ofício.
Creio que tais paramentos foram o modo de Deus para ensinar a respeito da seriedade do sacerdócio, pois o ser humano se impressiona e aprende com aquilo que vê. Ainda hoje, os juízes e advogados utilizam togas nos julgamentos. Qual seria o valor da roupa para o processo jurídico? Nenhuma, mas trata-se de um símbolo que evoca o poder judiciário e a seriedade do que ali se realiza.
A igreja é um reino sacerdotal (IPd.2.5,9). Todo cristão é um sacerdote perante o Senhor. Embora não sejam utilizadas aquelas vestimentas na igreja, tudo isso nos ensina sobre a nossa condição espiritual diante de Deus. Quando estamos contaminados pelo pecado, é como se estivéssemos nus em sua presença (2Co.5.3).
Por isso, foi dito à igreja de Laodicéia: “Aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez” (Ap.3.18).
Quando recebemos o perdão, nossa vergonha é coberta. Nossa vestimenta espiritual é o caráter de Cristo desenvolvido em nós (Gal.3.27). A justiça humana é como trapo de imundícia (Is.64.6), mas a justiça de Cristo é o nosso manto de glória.
Assim como as vestes sacerdotais eram compostas de várias peças, umas sobre as outras, o Senhor nos concede ainda a armadura de Deus (Ef.6) e o revestimento do Espírito Santo (Lc.24.49). Assim, estamos protegidos contra todo mal. “Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” (Ec.9.2).
Precisamos manter limpas nossas vestes espirituais, pois, quando Cristo voltar, deveremos estar prontos, vestidos. Quem não for encontrado nessas condições não será aceito nas bodas do Cordeiro (Mt.22.11-13), mas a noiva será constituída por aqueles que se prepararam através da santificação. Serão como sacerdotes: vestidos, ungidos e consagrados, prontos para ministrarem diante do Pai, no santuário celestial, por toda a eternidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário