Gênesis 3.7-24
A Bíblia é clara: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Mas, ao comer o fruto e virem que aparentemente nada aconteceu, o casal deve ter pensado que o que fizeram não era tão grave assim. O que eles não sabiam é que existem três tipos de mortes que atingem o homem em tempos diferentes: 1º a morte espiritual, que é a perda de comunhão com Deus; 2º a morte física, a volta do corpo ao pó; 3º a segunda morte, separação eterna de Deus. Quando comeu do fruto, o homem foi atingido primeiramente pela morte espiritual, ele perdeu a comunhão com Deus; já não tinha condições de encontrar-se com Deus pela viração do dia, como fazia antes; ao invés disso ele fugiu de Deus. Só o fato do primeiro tipo de morte ter atingido o homem, mostrava que os outros dois estavam a caminho.
Ao perceber sua nudez, o homem e a mulher coseram folhas de figueira e fizeram roupas para si. Estas roupas representam os esforços humanos em mudar os efeitos da perda da comunhão com Deus através de seus esforços. Mas, assim como as folhas de figueira secam e caem, todo esforço humano para remediar sua situação diante de Deus acaba secando e dando em nada, pois as folhas acabam caindo e seu estado verdadeiro acaba aparecendo. O fruto da árvore da ciência do bem e do mal inseriu dentro do homem aquilo que mais tarde Paulo chamou de “lei do pecado e da morte”. Uma força que inclina o homem a praticar atos pecaminosos (leia Romanos 7.15 - 24). Só a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus pode livrar o homem desta lei (Rm 8.2). Esforço humano, sem Deus, não passa de folhas de figueira.
Os resultados da queda e a provisão de Deus em Cristo
Vemos que Adão era o cabeça de uma raça e a representava. Toda humanidade estava em seus lombos, por isso, ao pecar, transmitiu o pecado a toda a raça humana (Rm 5.12). Da mesma forma, Jesus é o cabeça da nova criação, e tudo o que Ele fez atingiria todos aqueles que viriam a crer nele. Ao morrer na cruz, levou com ele o velho homem, ou seja, nós estávamos lá com ele. Ao ressuscitar, nós ressuscitamos juntamente com Ele para vivermos em novidade de vida (leia Romanos 5.12-21; 6.6). Graças a Deus, Jesus é o cabeça de uma nova criação!!
No versículo 15 vemos o primeiro anúncio de redenção através do descendente da mulher. O diabo fica ciente de que nasceria um descendente da mulher que iria esmagar sua cabeça. Na cruz Jesus foi ferido “no calcanhar”, ou seja, sofreu uma morte dolorosa. Mas, foi ali que o príncipe deste mundo foi julgado (Jo 12.31). Cabe à igreja proclamar a vitória de Cristo sobre o inimigo. Isto é o evangelho do reino (Lc 11.20).
Ao matar um animal para fazer túnicas para Adão e Eva (v 21) vemos uma prefiguração da morte expiatória de Cristo.
Conseqüências:
1) A mulher daria luz a filhos em meio a dores horríveis (v 16), o que nos dá a entender que antes não era assim. Se ela teve filhos antes da queda, não sabemos. E mais, ela seria dominada pelo marido e deveria lhe estar sujeita.
2) A terra seria maldita por causa do homem (v 17,18). Por ser coroa da criação, a queda do homem atingiu toda a terra. É por isso que Paulo diz que “toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora” (Rm 8.22). Mas, do mesmo jeito que a redenção através de Cristo restaura o homem, também restaurará a criação: “na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.21). No milênio, Cristo reinará sobre uma terra redimida da maldição do pecado (Ap 20.4-6; Is 11).
3) O homem teria que trabalhar arduamente para sobreviver (v 19) e na maioria das vezes seu trabalho só lhe produziria espinhos e abrolhos. Seria um trabalho insatisfatório. O trabalho em si não é uma maldição, pois, como já vimos, ao homem foi dado um trabalho mesmo antes da queda: guardar o jardim e cultivá-lo (Gn 2.15). A diferença é que antes da queda, o homem tinha um trabalho abençoado por Deus que lhe trazia satisfação. Agora, depois da queda, seu trabalho não contava mais com a bênção de Deus. E sabemos que todo trabalho sem a bênção de Deus só traz cansaço, tristeza e insatisfação.
4) Mais cedo ou mais tarde o corpo do homem voltaria ao pó (v 19), ou seja, o homem enfrentaria a morte física e seu corpo iria se decompor. O homem, que foi criado para viver eternamente, agora tem que conviver com a dura realidade de que um dia morrerá. Mas, em Cristo temos a promessa de que um dia “todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida” (Jo 5.28,29).
5) O homem e a mulher são expulsos do Éden (v 23). Eles perderam o belo lar que Deus lhes havia dado. O pecado sempre traz perdas. Perdas de posição, de saúde, de ministérios, de bênçãos. Mas não vamos nos esquecer que o Filho de Deus se manifestou para desfazer as obras do diabo (1 Jo 3.8). Deus tem o poder de trazer de volta ao pecador arrependido tudo aquilo que o pecado lhe roubou. É claro que sempre há um preço a pagar, um caminho a trilhar para que haja restauração. Se o homem estiver disposto a trilhar o caminho do arrependimento e da humilhação diante de Deus, Este lhe restituirá os anos que foram consumidos pelos gafanhotos (Jl 2.25). Até o paraíso que um dia foi perdido, será restaurado àqueles que se colocam debaixo do sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Ap 22.1-5).
6) Deus colocou querubins para bloquear o acesso à árvore da vida (v24). Os querubins são uma categoria de anjos que geralmente atuam como guardiões da presença de Deus. Eles são colocados ali para mostrar que a árvore da vida agora era uma propriedade restrita de Deus. Uma vez que o homem fez sua escolha pela árvore que trazia a morte, não poderia mais desfrutar da árvore que trazia vida. Um dia a árvore da vida será também restituída ao homem que creu no sacrifício de Jesus na cruz (Ap 22.2).
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