Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

30 de julho de 2015

O Sermão do Monte: Uma breve análise das bem-aventuranças



Por Flávio Santos

O primeiro bloco das bem-aventuranças, que são as quatro primeiras, apresenta uma escada espiritual em direção ao Senhor. O primeiro degrau é o dos “humildes de espírito”,  o segundo dos que “choram”, o terceiro dos “mansos”, e o quarto dos que têm “fome e sede de justiça”.
“Bem-aventurados” vem da palavra grega, ”Makáriói”, que significa felicidade. Alegria que não está condicionada às contrariedades da vida. Gozo que não sofre variação. Jesus está dizendo aos seus ouvintes, que o prazer proporcionado por Ele, era divino e perfeito.

I – OS HUMILDES DE ESPÍRITO. Mateus 5.3
Humildade de espírito não é pobreza material ou de autoestima e, muito menos, ignorância sobre os assuntos espirituais. Mas, sim, não confiar em si mesmo e nos recursos próprios. É uma confiança total e dependente em Deus. O discípulo torna-se humilde de espírito quando reconhece que é pecador. 1Jo 1.8,9; Rm 3.23. E se arrepende do espírito orgulhoso e soberbo. Tg 4.10
John Stott, falando sobre o espírito pobre, diz que ser pobre de espírito é reconhecer a nossa falência espiritual diante de Deus, pois somos pecadores.
Os pobres em espírito recebem o Reino de Deus que é governo implantado por Jesus sobre todos os que se arrependem dos seus pecados e creem no Evangelho. Marcos 1.14-15. O Reino de Deus é uma realidade presente e futura. A expressão que mostra esta verdade é: “Já e ainda não”. Isto quer dizer que Reino de Deus “já” está entre os homens como uma dádiva de Deus. Mt 3.3.  e “ainda não” porque não entramos nele perfeitamente, o que acontecerá na volta de Jesus. Mt 25.34
Ladd diz que as bem-aventuranças manifestam tanto a salvação escatológica (futura) quanto a benção que pode ser desfrutada no presente.

II – OS QUE CHORAM. Mateus 5.4
Jesus diz que precisamos chorar pela nossa condição espiritual.  Isso acontece quando olhamos para a Santidade de Deus e percebemos que não estamos vivendo de acordo com ela. O discípulo se torna bem-aventurado ao chorar pelo pecado e sua recompensa, a morte: espiritual, física e eterna. Rm 6.23
Quando choramos ao nos reconhecer pecadores, recebemos o consolo de Deus. O consolo é o perdão dos pecados pela obra da Cruz de Cruz. 2Co 5.19, o Espírito Santo para nos ajudar na santificação diária. Gl 5.16, e a salvação eterna. Tt 2.10.

III – OS MANSOS. Mateus 5.5
Os mansos são pessoas centradas, aquelas que não estão nas extremidades, que sabem viver sem vislumbres e a hora certa de dizer sim e não. São também pessoas humildes e gentis, que possuem bom relacionamento com o próximo.
A recompensa do manso é herdar a terra como herança. Os estudiosos acreditam que Jesus cita o salmo 37.11 nesta bem-aventurança: “Mas os humildes/mansos receberão a terra por herança e desfrutarão bem-estar”. Isto quer dizer que herdar a terra é desfrutar a segurança do Senhor, o Seu bem-estar e habitar na terra para sempre.

IV – OS QUE TÊM FOME E SEDE DE JUSTIÇA. Mateus 5.6
A nossa justiça não tem valor diante de Deus, precisamos da justiça do Reino de Deus que apresenta três aspectos: o legal, o moral e o social.
  • A justiça legal. É a que foi imputada a nós por Cristo. É o nosso relacionamento certo com Deus
  • A justiça moral. É o do caráter justo que agrada a Deus. É uma conduta honrada diante de Deus e dos homens.
  • A Justiça social. É a que afeta o próximo promovendo a justiça dos direitos civis e jurídicos e integridade nas relações humanas.
Os discípulos devem pedir a Deus que envie a eles fome e sede de justiça.  E quando Deus enviar, comer tudo o que oferecido pelo Evangelho, não somente parte dele. Jesus atenderá os desejos daqueles que têm fome e sede espirituais.
O segundo bloco das bem-aventuranças, as quatro últimas, apresenta o discípulo em direção aos seres humanos. Os “misericordiosos” demonstram misericórdia ao próximo, os “puros do coração” tem a atitude de sinceridades com o próximo, os “pacificadores” procuram pacificação com os outros e os “perseguidos” são perse­guidos por homens.

V – OS MISERICORDIOSOS.
Jesus disse que é feliz aquele que é misericordioso. Que possui um coração que sente a miséria do outro. Que sente com os sentidos do outro, que vê como o outro está vendo e que ouve o que o outro está ouvindo.
Os misericordiosos são aqueles que amam e possuem um coração sensível à dor do próximo. É muito mais do que simpatia, é empatia.
Aqueles que se alimentaram e se saciaram da justiça de Deus, possuem a felicidade misericordiosa, e por terem comido e bebido a verdadeira justiça são misericordiosos e, assim, alcançam misericórdia. Sem receber a justiça de Deus que é imputada a nós por Cristo em misericórdia, não há mínima possibilidade de sermos misericordiosos.
Jesus não somente pregou e ensinou a felicidade por meio da misericórdia. Ele simpatizou-se conosco em sua encarnação. Sentiu a nossa miséria. Foi misericordioso com os miseráveis. Sua misericórdia por nós foi até à Cruz.
No Pai nosso, neste mesmo sermão, Jesus disse que para alcançarmos o perdão de nossas dívidas teríamos que perdoar os nossos devedores. Assim, só quem alcança misericórdia é quem é misericordioso.
Com esta felicidade no coração, ENCARNE A MISERICÓRDIA, perdoando com misericórdia os que te devem; e sentindo com misericórdia as misérias dos necessitados.

VI – OS PUROS DE CORAÇÃO. Mateus 5.8
A felicidade segundo Jesus, está em ter o coração limpo… Limpo da riqueza de si mesmo; limpo dos pecados; limpo dos desejos pelas coisas da terra; limpo das injustiças; limpo da falta de misericórdia; limpo da ira; limpo da vingança que resulta da perseguição.
A felicidade segundo Jesus, está em ter o coração limpo de tudo o que atrapalha ver a Deus, e cheio do Reino dos céus; cheio do consolo de Deus; cheio das heranças da terra, mas que não se deixa sujar por elas; cheio de toda justiça de Cristo; cheio de misericórdia; cheio da Paternidade de Deus; cheio da causa de Jesus.
A felicidade está em sentir de modo que os sentimentos do coração, que por vezes é enganoso, não nos impeçam de ver a Deus. Os puros de coração verão a Deus na demonstração de Sua infinita misericórdia na criação, na face de Jesus e na palavra do Evangelho.
O Coração que devemos ter para ver a Deus é um coração limpo que deseja o que é bom, perfeito e agradável a Deus. Rm 12.1,2; que pensa nas coisas que são do alto. Cl 3.1; e que é lavado pelo sangue de Jesus. É o coração que não sofreu adulteração por elementos que não são do Reino.
Portanto, já que a felicidade está em ver a Deus, purifiquemos, então, os nossos corações, subamos ao monte do Senhor, ao Seu lugar santo e sejamos a geração que busca a face do Senhor.

VII – OS PACIFICADORES. Mateus 5.9
O homem está em uma constante guerra, dentro de si contra o pecado, fora de si contra pessoas e, espiritualmente, contra Deus. Esta guerra traz enormes prejuízos ao coração. Então, para que o homem saia vencedor da guerra, precisará ser bem-aventurado pelo Evangelho, tornando-se um pacificador. E como pacificador ser chamado Filho de Deus.
O pacificador é uma pessoa de paz, que não faz guerra contra ninguém. É um promotor de paz. É alguém que, do coração, foi arrancada toda erva daninha do pecado pela justificação que deu acesso a graça da pacificação com Deus.
Os pacificadores são aqueles que revelam a misericórdia de Deus ao mundo. São pessoas puras de coração que manifestam paz. Que não fazem guerra contra ninguém. Os pacificadores tornam-se assim quando Deus arranca o pecado que gera guerra contra Deus e o próximo. Rm 5.1. Somente quando não estamos mais em guerra contra Deus é que podemos nos tornar pacificadores, ou seja, filhos de Deus.
Os pacificadores são felizes porque vivem em perfeita harmonia com o seu coração, como o coração do próximo e como o coração de Deus. O filho de Deus é um verdadeiro agente que leva a paz por onde caminha. É um semeador de sementes de paz.

VIII – OS PERSEGUIDOS. Mateus 5.10-12 
Jesus disse que no mundo teríamos aflições, e uma das grandes aflições dos discípulos seria a perseguição, não sem causa, mas por causa da justiça. Ou seja, os que se fartaram com a justiça de Cristo enfrentariam perseguições.
Aqueles que tivessem pobreza espiritual, choro, mansidão, justiça, misericórdia, limpeza de coração e pacificação seriam perseguidos. Ou seja, o nosso caráter em Cristo, nos faria enfrentar perseguições. Viver o Reino de Deus gera confronto, e aqueles que entendem que a vontade de Deus é a melhor escolha de um homem passará por isso.
Jesus disse que a felicidade viria após a injúria e a mentira. A injúria é o insulto por viver uma vida em justiça e fé e a mentira é a calúnia que tenta minar a verdade vivida segundo a vida de Cristo. O sinal de estar fazendo a vontade de Deus é ser insultado.
A atitude do discípulo do Reino diante dos sofrimentos por causa do amor de Cristo é saltar alto, este é o significado de alegria no grego. Este salto é em direção ao galardão preparado por Deus para aqueles que tiveram coragem de renunciar a si mesmo, carregar a cruz e viver uma vida semelhante a de Jesus.
Jesus disse que os que assim fossem perseguidos seriam reconhecidos e colocados na mesma classe dos profetas de Deus do Antigo Testamento, que foram perseguidos pela mensagem de subversão que pregavam.
A verdadeira felicidade para alguns é a ausência de perseguições, mas para o bem-aventurado de Deus é ser perseguido pela justiça de Cristo para herdar o reino dos céus. O que resta aos discípulos de Jesus que querem viver o verdadeiro salto do Evangelho é ser perseguido por e pela causa de Cristo. Assim, então, estarão cumprindo toda justiça de Deus.
Esta breve análise do Sermão do Monte mostrou que o discípulo deve subir à escada espiritual em direção a Deus, para depois descê-la e ir em direção ao próximo. Só assim será possível viver uma vida de alegria em Deus e no próximo.


FONTE:
http://www.napec.org/reflexoes-teologicas/o-sermao-do-monte-uma-breve-analise-das-bem-aventurancas/

 

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