Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

28 de janeiro de 2014

Para que serve a lei quando vivemos a graça?



Ao longo da história da igreja, o papel da lei do Antigo Testamento na vida cristã tem sido motivo de grande confusão. Muitos teólogos rejeitam a lei inteiramente, considerando-a irrelevante para os cristão do Novo Testamento. Apesar de haver diversas opiniões a respeito de pontos específicos, a teologia reformada tradicional resume a questão em três usos válidos da lei. Alguns escritores teológicos apresentam-nos na ordem abaixo; outros invertem os dois primeiros, não havendo, portanto, um consenso absoluto na tradição reformada quanto ao "primeiro" e "segundo" uso da lei.

Chamemos a primeira função da lei de uso pedagógico. A lei revela tanto a justiça perfeita de Deus quanto as nossas próprias imperfeições que nos levam a buscar a Cristo para receber a salvação. A lei torna o pecado conhecido (Rm 3:20; 4:15 e 5:13), e a nossa natureza rebelde considera esse conhecimento do pecado uma oportunidade para se revelar ainda mais (Rm 7:7-11), condenando-nos, desse modo, ao julgamento. Ao revelar a nossa necessidade de perdão, a lei nos leva a buscar a Cristo em arrependimento e fé (Gl 3:19-24). Nesse sentido, os cristãos não estão sob a lei. O apóstolo identifica esse uso da lei com o modo de vida na era de pecado e morte antes da vinda de Cristo. A lei veio para que o pecado aumentasse (p. ex., a ponto de Israel se condenada ao exílio), mas com o aumento do pecado, a graça também foi ainda maior quando Cristo veio (Rm 5:20-21).

Os que estão unidos com Cristo são libertos do julgamento da lei ao passarem desta era para a era vindoura. Não estamos "debaixo da lei, e sim da graça" (Rm 6:14) no sentido de que não estamos debaixo da condenação da lei, mas sim, debaixo da graça de Deus em Cristo (Rm 8:1-4). Não obstante, como cristãos, continuamos a precisar da pedagogia da lei para nos lembrar que ainda pecamos e carecemos do perdão de Deus (1Jo 1:8-9) e da intercessão de Cristo (Rm 8:34 e Hb 7:25). A lei nos obriga a voltar para a cruz de Jesus, a ver que não temos esperança nenhuma em nós mesmos e que somente a expiação de Jesus pode eliminar o nosso pecado e as suas consequências. Essa função da lei também continua em vigor para os cristãos de hoje, mostrando-lhes a necessidade de arrependimento e versão.

A segunda função da lei é o seu uso civil. os padrões morais do Antigo Testamento refreiam o mal por meio de ameaças de castigo. A lei não pode mudar o coração, mas pode inibir as transgressões por meio de suas ameaças de julgamento, especialmente quando é apoiada pelo código civil que executa os castigos nos casos de transgressões comprovadas (Dt 13:6-11; 19:16-21 e Rm 13:3-4). Assim a lei garante certa ordem civil e protege os fracos da exploração dos injustos. Embora as Escrituras não usem a expressão "debaixo da lei" para se referir a essa função civil, fica evidente que, em certas ocasiões, até os cristãos são coibidos pela ameaça de castigo. A obediência por amor a Deus é o ideal pelo qual devemos nos esforçar (1Jo 4:18), mas podemos nos beneficiar da coibição que esse uso da lei propicia.

Essa função refreadora da lei era evidente no período do Antigo Testamento (Êx 21-23). No entanto, também é afirmada para o tempo do Novo Testamento quando Paulo escreve que a lei não é para os justos, mas para os pecadores (1Tm 1:8-11).

A terceira função da lei é seu uso normativo ou moral. Os padrões morais da lei oferecem direção para os cristãos ao buscarmos uma vida de gratidão humilde pela graça divina demonstrada para conosco. Como o prólogo dos Dez Mandamentos deixa claro (Êx 20:2), a obediência aos mandamentos de Deus flui de um coração agradecido pela redenção recebida como dom gratuito da graça de Deus.  Para nós cristãos que estamos vivendo depois da primeira vinda de Cristo, muitas vezes é proveitoso fazer distinção entre as dimensões morais,  cerimoniais e civis da lei.

Ao longo da história, os teólogos reformados têm expressado consenso quanto ao fato de Deus ter dado certas expressões cerimoniais e civis da lei para situações históricas específicas, e não para todos os fiéis de todos os tempos. No entanto, até mesmo essas leis nos instruem quanto aos princípios da sabedoria e justiça de Deus. Uma vez que a lei expressa e reflete o caráter imutável de Deus, a sua dimensão moral continua sendo normativa para todas as eras (Mt 5:17-19; Rm 3:31; 13:9-9; Ef 6:2; Tg 2:10-11 e 1Jo 2:3-7).

Calvino considerava a direção moral da lei o seu principal uso no sentido de que as outras maneiras de uso se dão apenas em função da presença do pecado no mundo, enquanto o seu uso moral é derivado diretamente do caráter de Deus. paulo fala desse terceiro uso da lei ao escrever, "não [estou] sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo" (1Co 9:21), sendo que a "lei de Cristo" é a lei interpretada e aplicada por Cristo.


Extraído de: Bíblia de Estudo de Genebra, página 782.
Os três usos da lei: Para que serve a lei?
http://www.andrerfonseca.com/2013/02/para-que-serve-lei-quando-vivemos-graca.html

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