Sabe como o dicionário Houaiss define as palavras "superstição" e "crendice"? Como a "crença ou noção sem base na razão ou no conhecimento, que leva a criar falsas obrigações, a temer coisas inócuas, a depositar confiança em coisas absurdas, sem nenhuma relação racional entre os fatos e as supostas causas a eles associados". Ou seja, é acreditar em fatos ou relações sobrenaturais, fantásticas ou extraordinárias e que também não encontram apoio nas religiões ou no pensamento religioso.
A tradição das cobras encantadas está presente em todo o Brasil, segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo. Entre as diversas lendas, destacam-se a da Cobra Grande ou Boiúna, no Amazonas, e a da Cobra Norato, no Pará. Esta última serviu de inspiração ao poema de mesmo nome de Raul Bopp, considerado uma obra-prima do modernismo brasileiro.
As crendices e superstições, na verdade, são vestígios de um passado (nem tão) remoto, em que o ser humano tinha uma visão mágica do mundo, acreditando que diversos fatores sobrenaturais podiam interferir diretamente no seu dia-a-dia. Esse modo de pensar foi-se transmitindo de geração a geração, em especial entre as camadas populares, que foram mantidas à margem da evolução do conhecimento científico. Acaba por ser incorporado no dia-a-dia de todos, traduzindo-se em hábitos e gestos.
Presença inevitável
Segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo,
"as superstições participam da própria essência intelectual humana e
não há momento na história do mundo sem a sua inevitável presença. A
elevação dos padrões de vida, o domínio da máquina, a cidade industrial
ou tumultuosa em sua grandeza assombrosa, são outros tantos viveiros de
superstições velhas, renovadas e readaptadas às necessidades modernas e
técnicas".
Ou seja, não é preciso ser pobre nem ignorante para ser supersticioso. Como diz o ditado, "não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem". Então, por via das dúvidas, mesmo as pessoas mais instruídas podem apresentar certos comportamentos supersticiosos. O cientista dinamarquês Niels Bohr (1885-1962), que ganhou o Prêmio Nobel de física, mantinha uma ferradura pregada acima da porta de sua casa...
Ou seja, não é preciso ser pobre nem ignorante para ser supersticioso. Como diz o ditado, "não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem". Então, por via das dúvidas, mesmo as pessoas mais instruídas podem apresentar certos comportamentos supersticiosos. O cientista dinamarquês Niels Bohr (1885-1962), que ganhou o Prêmio Nobel de física, mantinha uma ferradura pregada acima da porta de sua casa...
Sorte e azar
Por sua origem popular, as crendices e superstições também integram o folclore de um povo. São muitas as superstições e crendices do folclore brasileiro.
Entre elas, acredita-se que dá azar passar debaixo de uma escada,
quebrar um espelho ou cruzar com um gato preto na rua. Muita gente
também teme as sextas-feiras que caem no dia 13, em especial quando se
trata do mês de agosto - que é "mês de desgosto" ou "mês de cachorro
louco".
As superstições, porém, não dizem respeito somente a azar, como também à
sorte. Insetos como a joaninha e o louva-a-deus são vistos como
portadores de boa-sorte. Fazer pedidos quando se veem estrelas cadentes,
jogar moedas em fontes, comer lentilhas ou pular sete ondas no ano novo
seriam garantias de realização de desejos.
Mas as crendices
também podem estar relacionados a diversos outros fatos. Por exemplo,
diz-se que, quando sentimos a nossa orelha esquerda ardendo, é porque
alguém está falando mal de nós. Aliás, nesses momentos, é aconselhável
morder o colarinho da camisa ou a gola da blusa que se está usando.
Assim, quem está falando mal de nós morde a língua e cala a boca.
Simpatias e amuletos
Por falar nisso, ainda se podem mencionar as "simpatias", procedimentos
ou práticas que podem surtir efeitos extraordinários. Há quem ache que
pode conquistar o coração de outra pessoa colocando o seu nome num pires
com açúcar e acendendo uma vela. Também se pode colocar uma vassoura
atrás da porta de casa quando um visitante indesejado vai embora, de
modo que ele nunca mais volte.
Finalmente, na categoria das crendices e superstições também se enquadram os talismãs e amuletos, que protegem ou trazem boa sorte. É o caso das ferraduras, dos pés de coelho, dos ramos de arruda e dos trevos de quatro folhas.
Finalmente, na categoria das crendices e superstições também se enquadram os talismãs e amuletos, que protegem ou trazem boa sorte. É o caso das ferraduras, dos pés de coelho, dos ramos de arruda e dos trevos de quatro folhas.
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/supersticoes-e-crendices-origem-esta-na-visao-magica-do-mundo.htm
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