"Ai de vós, modernos escribas e fariseus, hipócritas..."
As palavras fortes de Jesus "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas" ecoam através de todo Mateus 23
(versículos 13,14,15,23,25,27,29). Os evangelhos estão cheios de
controvérsias entre Jesus e os fariseus (Mateus 9:11,34; 12:2,14,24,38;
15:1,12; 16:6-12; Lucas 11:37-44; 12:1 e muitos outros textos). Quem
eram estes fariseus e por que Jesus se opunha tanto a eles? Os fariseus
eram um grupo religioso que se originou dois séculos antes de Cristo.
Eles eram líderes de um movimento para trazer o povo de volta a uma
submissão estrita à palavra de Deus e eram considerados geralmente como
os servos mais espirituais e devotos de Deus. A oposição vigorosa de
Jesus contra eles deixava muitos perplexos. A maioria das pessoas
daquele tempo pensava que se alguém fosse fiel ao Senhor, certamente
seriam os fariseus. O Senhor decididamente inverteu os valores do mundo
(Lucas 16:15). Se Jesus fosse retornar hoje, a quem ele se oporia?
Seriam aqueles a quem respeitamos bastante? Ele nos atacaria como
criticava os fariseus? Precisamos pesar as razões por que Jesus os
repreendia e então olhar cuidadosamente para nossas próprias vidas
(Mateus 5:20; 16:6,12).
Seguiam a tradição
Os fariseus seguiam não somente a lei escrita de Deus, mas também as
tradições orais que lhes tinham sido passadas. Eles acreditavam que
ambas eram a vontade de Deus. Jesus não seguiu as tradições deles; da¡,
eles atacaram-no (Mateus 15:1-14; Marcos 7:1-13). Ele respondeu às
críticas deles distinguindo claramente entre a lei de Deus e os
mandamentos dos homens. Jesus guardou todas as leis de Deus, mas sempre
ignorou as regras do homem. Ele lhes mostrou que, guardando a tradição,
os fariseus na realidade quebravam a palavra de Deus (Mateus 15:3-6).
Muitas igrejas modernas imitam os fariseus. Elas se agarram a suas
tradições acima da palavra de Deus. Muitas delas têm credos ou
catecismos junto com a Bíblia aos quais eles dão sua fidelidade. Outros
colocam os ensinamentos do pastor, pregador ou papa no mesmo nível com
as Escrituras. Jesus advertiu: "Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens" (Mateus 15:9).
A idéia dos fariseus era colocar uma cerca em volta da lei de Deus.
Desde que a lei de Deus proibia o trabalho no sábado, por exemplo, eles
proibiam as mulheres de olharem num espelho no sábado. O raciocínio
deles: se uma mulher olhasse num espelho poderia ver um cabelo branco e
ser tentada a arrancá-lo, e arrancar poderia ser trabalho. Eles Estamos
procurando impressionar os homens ou servir a Deus humildemente?estavam
procurando fazer uma cerca mais restritiva que a palavra de Deus. O
motivo deles era louvável; eles queriam estar certos de que ninguém
jamais quebrasse a lei de Deus. Eles pensavam que não rompendo-se a
cerca, não se chegaria nem perto de quebrar a lei. Havia apenas um
problema com a abordagem deles: se Deus quisesse uma cerca em volta de
sua lei, ele mesmo teria construído uma. Ele não o fez; portanto, nós
também não dever¡amos fazê-lo (Mateus 23:4; Lucas 11:46). As igrejas de
hoje também acrescentam regras que vão além dos mandamentos da Bíblia.
Regras extremas quanto ao vestuário e regulamentos minuciosos sobre cada
pormenor da vida são certamente herdeiros legítimos da herança
farisaica.
A solução para tudo isso é bem simples: examine a origem do ensinamento.
Se é de Deus (isto é, está na Bíblia), então deve ser seguido. Se não,
não deve, porque "toda planta que meu Pai celestial não plantou será
arrancada" (Mateus 15:13).
Buscavam ser honrados
Jesus condenou os fariseus pelo interesse deles em impressionar os
outros (observem Mateus 23:5-12; Marcos 12:38-40; Lucas 16:15;
20:46-47). Eles tinham aperfeiçoado diversas técnicas de chamar atenção,
como usar roupas especiais para fazê-los parecer mais religiosos, orar e
jejuar de modos muito visíveis (Mateus 6:1-18), e disputar pelas
posições mais elevadas tanto na sinagoga como no mercado. Eles insistiam
em que os outros lhes dessem títulos especiais de respeito, quando os
saudassem, porque queriam ser notados e admirados.
Satanás ainda consegue colocar orgulho humano nos corações de muitos
"cristãos". Quantos líderes religiosos de nossos dias imitam estes
fariseus em quase todas as minúcias, usando roupagem especial para
distingui-los como "clérigos", usando títulos especiais, e adorando com
grande pompa e cerimônia? A religião nos nossos dias tem sido reduzida a
uma questão de espectadores aplaudindo os atos deslumbrantes daqueles
que estão no palco. O holofote têm sido apontado para o pastor
eloqüente, cheio de si, de maneira que poderia causar inveja até a um
fariseu. Estamos procurando impressionar os homens ou servir a Deus
humildemente?
Amavam o dinheiro
Os fariseus eram cobiçosos (Lucas 16:14). Jesus os acusou de roubalheira
(Mateus 23:25) e de devorar as casas das viúvas (Marcos 12:40; Lucas
20:47). É difícil saber exatamente como eles "devoravam" as casas das
viúvas; talvez persuadindo-as a fazer grandes doações. Certamente,
pessoas de má fé no meio religioso hoje em dia têm explorado os pobres e
velhos forçando-os a fazerem doações além de suas condições. Alguns até
ridicularizam as doações pequenas (chocante, à vista de Lucas 21:1-4;
Marcos 12:41-44) e garantem bênçãos financeiras do Senhor em troca de
enormes ofertas. Claramente, assim como seus mentores antigos, eles
cobrem sua exploração com um verniz de fervor religioso (observe as
longas orações de Marcos 12:40; Lucas 20:47). Não é de admirar que Jesus
advertisse: "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque rodeais o
mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais
filho do inferno Os hipócritas religiosos de nossos dias cumprem seus
deveres religiosos externos perfeitamente, mas permitem que pecados como
orgulho, inveja e ódio floresçam por dentro.duas vezes mais do que vós"
(Mateus 23:15).
Viviam hipocritamente
Os fariseus eram falsos, pretendendo ser algo que não eram. Eles
limpavam minuciosamente o exterior (a parte que as pessoas podiam ver),
mas negligenciavam a justiça interior (Mateus 23:23-33). Eles invertiam o
que era racional. Uma vez que o pecado começa no coração, a operação de
limpeza tem que começar aí também. Jesus comparou a maneira farisaica
com alguém que limpasse cuidadosamente o exterior de uma taça ou prato,
mas deixasse comida apodrecendo por dentro sem se importar com isso.
Conquanto não se queira beber numa taça que esteja suja por fora, a
primeira preocupação é com a limpeza interior. Os hipócritas religiosos
de nossos dias cumprem seus deveres religiosos externos perfeitamente,
mas permitem que pecados como orgulho, inveja e ódio floresçam por
dentro.
Os fariseus demonstravam hipocrisia de um segundo modo. Eles
desequilibravam-se, dando o dízimo de cada pequena erva enquanto
ignoravam totalmente os princípios mais importantes da vida espiritual.
Jesus comparou-os com alguém que se certificasse de ter coado cada
mosquito de sua bebida; após, porém, engolisse um camelo inteiro! Ele
não estava criticando a insistência farisaica por um dízimo rigoroso,
mas dizendo que a ênfase precisava ser posta na fidelidade, no amor e na
justiça. Infelizmente, os escrúpulos dos fariseus em atender às
minúcias deixavam que eles se sentissem justificados por negligenciar
princípios elementares da lei. Do mesmo modo, muitas igrejas de nossos
dias ressaltam pontos relativamente menores à custa da negligência
completa dos assuntos de maior peso. Quando elas têm maior interesse
pelo exato comprimento do cabelo de uma mulher ou pelo uso de gravata
pelo homem e interessa-lhes menos a honestidade, a pureza moral e o amor
a Deus, estão seguindo perfeitamente no caminho trilhado pelos
fariseus.
Eram cegos
Jesus expôs a cegueira de sua geração (Mateus 13:13-15). Apesar de
examinarem as Escrituras diligentemente, os fariseus deixavam de ver o
que elas estavam indicando (João 5:39-40). Sua pesquisa exaustiva e
horas incansáveis de estudo não produziam para eles discernimento da
verdadeira mensagem da Bíblia.
O que causava a cegueira deles? Eram preconceituosos, permitindo que
seus desejos velassem o que as Escrituras ensinavam. Seu orgulho
impedia-os de se humilharem o suficiente para permitirem que o Senhor
abrisse seus olhos (João 7:45-52; 9:24-34). Eles deturpavam as palavras
que Jesus dizia e negavam seus milagres (Mateus 12:22-24). Eles
recorriam a desonestidade absoluta (Mateus 28:11-15). A questão
penetrante é: somos cegos também? Ler a Bíblia não nos imuniza. Somente
um coração terno e um amor pelo Senhor nos capacitarão a entender as
Escrituras que lemos.
Rejeitavam o Propósito de Deus
"Todo o povo que o ouviu e até os publicanos reconheceram a
justiça de Deus, tendo sido batizados com o batismo de João; mas os
fariseus e os intérpretes da lei rejeitaram, quanto a si mesmos, o
desígnio de Deus, não tendo sido batizados por ele" (Lucas
7:29-30). Os fariseus rejeitaram a Deus, recusando-se a serem batizados
por João. Hoje, quando as pessoas argumentam contra ou tentam mudar o
padrão bíblico do batismo, elas imitam os fariseus e negam o propósito
de Deus.
Talvez não nos surpreenderíamos ao saber que os homens ainda agem
como fariseus. Os homens não mudam muito. Deus não muda nunca. Ele se
opõe aos modernos fariseus da mesma maneira que se opunha aos antigos. "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas..."
Juliano Fabricio
http://www.julianofabricio.com/2011/09/os-pecados-dos-fariseus-ai-de-vos.html
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