John Wesley
'Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?' (Jeremias 17:9)
I. 'O coração do homem é desesperadamente mau'. Em considerando isto, nós não temos necessidade de nos referirmos a algum pecado em particular;
II. Nós podemos, em Segundo Lugar, considerar isto – a aparência enganosa do coração humano; 'ele é enganoso, acima de todas as coisas';
III. 'Aquele que confia em seu próprio coração é um tolo', porque quem que fosse sábio iria confiar em alguém que ele sabe ser 'desesperadamente mau?'.
1. A maioria dos mais eminentes dos antigos
pagãos nos deixou muitos testemunhos disto. Foi, decerto, a opinião
comum deles, a de que houve um tempo, em que os homens, em geral, eram
virtuosos e felizes; o que eles denominaram de 'idade do ouro'. E o
relato disto foi espalhado através de quase todas as nações. Mas
igualmente se acreditou que essa época feliz tinha se expirado, muitos
anos atrás: e que os homens estão agora, no meio da 'idade do ferro'. Do
início desta, diz o poeta -
Imediatamente, entraram à força,
Em abundância, toda a maldade e pecado:
Vergonha, verdade, fidelidade, desapareceram rapidamente;
E a abominável sede do ouro suportou domínio, sem resistência.
2. Mas quantos mais sabem que os antigos
pagãos são a presente geração de cristãos! Quantos panegíricos nós agora
lemos e ouvimos sobre a Dignidade da Natureza Humana. Um eminente
pregador, em um dos seus sermões, pregado e publicado, alguns poucos
anos atrás, não teve escrúpulos de afirmar, Primeiro, que os homens em
geral (se não todos os indivíduos) são muito sábios; Em Segundo Lugar,
que os homens, em geral, são muito virtuosos; e, em Terceiro, que eles
são muito felizes. E eu não conheço, ainda, alguém que tenha sido tão ousado, para contestar a afirmação.
3. Proximamente relatado a eles foram os
sentimentos de um cavalheiro engenhoso que, sendo perguntado, 'Meu
senhor, o que você pensa da Bíblia?', respondeu, 'Eu penso que é o livro
mais excelente que eu li na minha vida. Apenas aquela parte que indica
uma forma mediadora, eu não entendo; já que eu não aceito que exista
alguma necessidade de um Mediador entre Deus e o homem. De fato', continuou
ele, 'se eu fosse um pecador, então, eu necessitaria de um Mediador;
mas eu não imagino que eu seja. É verdade que eu freqüentemente ajo de
maneira errada, por falta de mais entendimento: E eu freqüentemente
sinto temperamentos errados; particularmente, ira; mas eu não posso
permitir que isto seja um pecado; porque ela depende do movimento do meu
sangue e força vital, que eu não posso ajudar. Entretanto, ela não pode
ser um pecado; ou, se for, a culpa deve cair, não em mim, mas naquele
que me fez'. Os próprios sentimentos do devoto Lorde Kames, e do modesto
Sr. Hume!
4. Algum tempo atrás, uma senhora caridosa
descobriu que havia nenhum pecador no mundo, a não ser o diabo.
'Porque', ela disse, 'ele força os homens a agirem como eles agem;
portanto, eles não são os responsáveis: A culpa é de satanás'. Mas,
algumas mais dessas senhoras cultas descobriram que 'não existe pecador
no mundo, a não ser Deus! Porque Ele força os homens a pensarem,
falarem, e agirem como eles fazem; portanto, a culpa é de Deus apenas'.
Satanás, fora! Pode-se duvidar, se mesmo ele, alguma vez, afirmou uma
blasfêmia tão imbecil, quanto esta!
5. Mas, o que quer
que os infiéis não batizados ou batizados possam dizer, com respeito à
inocência da humanidade, Ele que fez o homem, e que melhor conhece o que
Ele fez, dá uma consideração muito diferente dele. Ele nos informa que
'o coração do homem', de toda humanidade, de todo o homem nascido no
mundo, 'é desesperadamente mau'; e que é 'enganoso acima de todas as
coisas'. De modo que podemos bem perguntar, 'Como nós podemos saber
isto?'.
I
1. Para começar com isto: 'O coração do
homem é desesperadamente mau'. Em considerando isto, nós não precisamos
nos referir a algum pecado, em particular; (esses não são mais do que
folhas, ou, quando muito, os frutos, que brotam daquela árvore má); mas,
antes, à raiz geral de tudo. Veja como isto foi primeiro plantado no
próprio céu, por Lúcifer, o filho da manhã'; -- até, então, sem dúvida,
'um dos principais, se não, o principal arcanjo': 'Tu dizes, Eu ficarei
no lado norte'. Veja a vontade própria, a Primogênita de Satanás! 'Eu
serei como o Altíssimo!'. Veja o orgulho, o irmão gêmeo da vontade
própria. Aqui estava a origem verdadeira do mal. Daqui veio a inundação
inesgotável de maldades sobre a terra. Quando Satanás, uma vez,
infiltrou sua própria obstinação e orgulho nos pais da humanidade, junto
com uma nova espécie de pecado, -- amor ao mundo; o amar a criatura,
acima do Criador, -- toda forma de maldade logo entrou de roldão; toda
descrença e iniqüidade; disparando em crimes de toda sorte; logo
cobriram toda a face da terra, com toda maneira de abominações. Seria
uma tarefa infinita enumerar todas as monstruosidades que se irromperam.
Agora, todos os reservatórios do grande abismo foram abertos, e a terra
logo se tornou um campo de sangue: Vingança, crueldade, ambição, com
todas as sortes de injustiça; todas as espécies de ofensas, públicas ou
privadas, propagaram-se, por toda a terra. Injustiça, em suas mil
formas; ódio; inveja; malícia; sede de sangue, com todo o tipo de
falsidade, cavalgaram triunfantes; até que o Criador, olhando dos céus
para a terra, não mais poderia suplicar, por uma raça incorrigível, mas a
varreria da face da terra. Mas quão poucos das gerações seguintes foram
melhorados, através desse julgamento severo! Eles que viveram, depois
do dilúvio, não pareceram ter sido uma partícula melhor do que aqueles
que viveram antes deles; provavelmente, antes que Noé fosse removido da
terra, toda iniqüidade prevaleceu como antes.
2. Mas não existe
um Deus no mundo? Sem dúvida, que existe: E é 'Ele que nos fez; não nós
mesmos'. Ele nos fez gratuitamente, de sua própria misericórdia; já que
não merecíamos coisa alguma dele, antes que tivéssemos existido. Foi de
sua misericórdia que Ele nos fez, afinal; que Ele nos fez criaturas
conscientes, racionais, e, acima de tudo, suscetíveis de Deus. E é isto,
e tão somente isto, que estabelece a diferença essencial entre os
homens e os animais. Mas, se Ele nos fez, e nos deu tudo o que temos; se
nós devemos tudo que somos e temos a Ele; então, certamente, Ele tem
direto sobre tudo que somos e temos, -- ao nosso amor e obediência. Em
todas as épocas e nações, os muitos que acreditaram em si mesmos, têm
reconhecido serem suas criaturas. Mas, alguns poucos anos atrás, eu
soube que um homem confessou francamente: 'Eu nunca pude entender que,
porque Deus nos criou, isto deu a Ele alguma propriedade de governo
sobre nós; ou que, por que Ele nos criou, isto nos colocou, debaixo da
obrigação de submetermos a Ele a nossa obediência'. Eu penso que o Dr.
Hutcheson foi o primeiro homem que nunca teve qualquer dúvida disto; que
nunca duvidou, muito menos negou, que a criatura fosse obrigada a
obedecer a seu Criador. Se Satanás, alguma vez, cogitou esse pensamento
(não que ele provavelmente tenha feito), não seria de se admirar que ele
pudesse rebelar-se contra Deus, e fazer surgir uma guerra no céu. E
conseqüentemente, os inimigos poderiam se erguer contra
Deus, no coração dos homens também; juntamente com todas as ramificações
da descrença, que aflui disto até hoje. Por esta razão, surgiria
naturalmente a negligência de toda obrigação que devemos a Ele como
nosso Criador, e todas as paixões e esperanças, que são diretamente
opostas a toda tal obrigação.
3. Do diabo, o espírito da independência,
da vontade própria, e orgulho, produtivos de toda descrença e
iniqüidade, rapidamente se infiltraram nos corações de nossos primeiros
pais no paraíso. Depois de eles terem comido da árvore do conhecimento, a
maldade e miséria de todo tipo invadiram, como uma maré cheia, sobre a
terra, alienando-nos de Deus, dando passagem para tudo o mais. Ateísmo
(agora modernamente chamado de dissipação) e idolatria; amor ao mundo;
buscando felicidade nesta ou naquela criatura, cobriram a terra toda.
4. Seria um trabalho infinito enumerar
todas as espécies de maldades, se no pensamento, palavra ou ação, que
agora cobrem a terra, em cada nação, cidade e família. Todas centram
nisto, -- ateísmo, ou idolatria; orgulho, tanto pensando sobre si mesmos
mais do que deveriam pensar; ou se gloriando por alguma coisa que
tenham recebido, mesmo embora não a tenham recebido; independência e
vontade própria, -- fazendo a sua própria, não a vontade Dele que os
fez. Acrescente a isto, buscar felicidade fora de Deus, gratificando o
desejo da carne, o desejo dos olhos, e o orgulho da vida. A verdade
melancólica disto, é que, (exceto, quando o Espírito de Deus faz a
diferença) toda humanidade agora, assim como quatrocentos anos atrás,
'corrompeu seus caminhos, diante do Senhor; e toda imaginação do coração
do homem é má, unicamente má, e isto continuamente'. Como quer que os
homens possam diferir, em seus caminhos externos, (nos quais,
indubitavelmente, existem milhares de diferenças), ainda assim, em sua
raiz interna, no que se refere aos inimigos contra Deus - ateísmo,
orgulho, vontade própria e idolatria, 'o coração do homem', de todo homem natural, é, na verdade, 'desesperadamente mau'.
5. Mas se este for o caso, como é que todos
não estão conscientes disto? Por que, quem poderia 'saber das coisas de
um homem, como o espírito de um homem que está nele?'. Como é, então,
que tão poucos conhecem a si mesmos? Por esta razão simples: porque o
coração não é apenas 'desesperadamente mau', mas 'enganoso acima de
todas as coisas'. Tão enganoso, que nós podemos bem perguntar, Quem pode
conhecê-lo?'. Quem, de fato, a não ser Deus que o fez? Pela Sua
assistência, nós podemos, em Segundo Lugar, considerar isto, -- a
aparência enganosa do coração humano.
II
1. 'É enganoso, acima de todas as coisas';
ou seja, no mais alto grau, acima de tudo que podemos conceber. Tão
enganoso, que a generalidade de homens estão continuamente enganando,
tanto a si mesmos, quanto os outros. Quão estranhamente eles enganam a
si mesmo, não conhecendo seus próprios temperamentos, assim como,
caracteres; imaginando-se abundantemente melhores e mais sábios do que
são! O poeta antigo supõe que não exista exceção à esta regra, -- que
nenhum homem está disposto a conhecer seu próprio coração'. Nenhum, a
não ser aqueles que foram ensinados por Deus!
2. E se os homens enganam, assim, a si
mesmos, não é de se admirar que eles enganem outros também, e que nós
raramente encontremos 'um israelita, de fato, em quem não existe
culpa?'. Ao inspecionar meus livros, alguns anos atrás, eu encontrei o
seguinte memorando: 'Eu tenho hoje trinta anos de idade; até este dia,
eu não me lembro de ter encontrado alguma pessoa desta idade, exceto na
casa de meu pai, que não tenha usado de fraude, mais ou menos'.
3. Esta é uma das formas da maldade muito
perigosa que se adere à natureza de cada homem, seguida dessas raízes
férteis, -- vontade própria, orgulho, e independência de Deus. Disto,
brota toda espécie de vícios e perversidades; disto, todo pecado contra
Deus, nosso próximo e nós mesmos. Contra Deus, -- negligência
e desprezo para com Ele, ao Seu nome, Seu dia, Sua palavra, Suas
ordenanças; ateísmo de um lado, e idolatria do outro; em particular, o
amor ao mundo, o desejo da carne, o desejo dos olhos, o orgulho da vida,
o amor ao dinheiro, o amor ao poder, o amor ao ócio, o amor 'à honra
que vem dos homens', o amar a criatura, mais que o Criador, o amar o
prazer, mais do que amar a Deus: -- Contra nosso próximo, -- ingratidão,
vingança, ódio, inveja, malícia, falta de caridade.
4. Conseqüentemente, existe
no coração de cada filho do homem, uma reserva inesgotável de descrença e
iniqüidade, tão profunda e fortemente enraizada na alma, que nada menos
do que a graça do Todo-poderoso pode curar. Disto, naturalmente, surge
uma colheita farta de todas as palavras e obras pecaminosas; e para
completar o todo, aquele complexo de todas as maldades, -- aquele
monstro sórdido, a guerra, que nós encontramos, penetrando profundamente
nas mais nobres obras da criação; que usa em vão a gloriosa imagem de
seu Criador, desprivilegiados de ti!
Na seqüência desses monstros caídos, estão
assassinato, adultério, roubo, violência, e crueldade de todo tipo. E
todas essas abominações não são apenas encontradas nas regiões
maometanas, ou pagãs, onde a prática horrenda deles pode parecer um
resultado natural dos igualmente horrendos princípios; mas, em todas
essas que são chamadas de regiões cristãs; sim, na maioria dos estados e
reinos conhecidos e civilizados. E permita que não seja dito, 'Este é
apenas o caso das regiões católicas romanas'. Não! Nós que somos
chamados Reformados estamos absolutamente nada atrás deles, em todas as
maneiras de maldade. De fato, nenhum crime prevaleceu, alguma vez, entre
os turcos ou tártaros, que nós aqui não pudéssemos traçar um paralelo,
em cada parte da Cristandade. Mais ainda, nenhum pecado, alguma vez,
apareceu na Roma pagã, ou católica, que não fosse encontrado hoje, na
Alemanha, França, Holanda, Inglaterra, e todas as outras regiões
protestantes, assim como papistas. De modo que poderia ser dito agora,
com muita verdade, e poucas exceções, de cada corte na Europa, assim
como foi antigamente, na corte de Saul que: 'Não existe alguém que
compreenda, e busque, segundo Deus'.
5. Mas não existe
exceção, quanto à maldade do coração humano? Existe, nestes que são
nascidos de Deus. (I João 3:9) 'Qualquer que é nascido de Deus não
comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar,
porque é nascido de Deus'. Deus tem 'purificado seu coração, pela fé',
de modo que sua maldade é afastada dele. 'As velhas coisas se passaram, e
todas as coisas' nele 'se tornaram novas'. De maneira que seu coração não mais é desesperadamente mau, mas 'renovado
na retidão e verdadeira santidade'. Apenas que seja lembrado que o
coração, mesmo de um crente, não é totalmente purificado, quando ele é
justificado. Pecado é, então, subjugado, mas sua raiz não é arrancada;
ele e dominado, mas não destruído. A experiência mostra a ele, primeiro,
que as raízes do pecado, obstinação, orgulho, e idolatria, permanecem
ainda no seu coração. Mas, por quanto tempo ele continua a vigiar e
orar, nenhuma deles poderá prevalecer contra ele. A experiência o
ensina, em segundo lugar, que o pecado (geralmente orgulho e vontade
própria) aderem-se às suas melhores ações: assim, mesmo com respeito a
esses, ele encontra absoluta necessidade pelo sangue da reconciliação.
6. Mas quão engenhosamente este dissimula a
si mesmo, não apenas de outros, mas até mesmo de nós mesmos! Quem
poderá descobrir isto, em todos os disfarces que ele assume, ou
reconhecê-lo, através de todos os seus labirintos latentes? E, se é tão
difícil conhecer o coração de um bom homem, quem poderá conhecer o
coração de um homem perverso, que é muito mais enganoso? Nenhum homem
pecaminoso, por mais consciente, por mais experiente, por mais sábio em
sua geração. E, ainda assim, esses são os que se vangloriam de
'conhecerem o mundo', e imaginam que eles vejam através de todos os
homens. Alguém pode evidentemente dizer que eles 'mesmo assim, sabem
nada do que deveriam saber'. Nem mesmo aquele político, no recente
reinado, conhecia o seu próprio coração, ou de outros homens, cujas
palavras favoritas foram: 'Não me fale de sua virtude, ou religião: Eu
lhe digo que todo homem tem seu preço'. Sim, Sir Robert; todo homem como
você; todo aquele que vende a si mesmo ao diabo!
7. Aquele pobre honorável,
comparado a quem, o Sr. Robert foi um santo, conhecia o coração do
homem, -- ele que tão honestamente avisou seu próprio filho, para 'nunca
falar a verdade; mas para mentir ou dissimular, tão freqüentemente,
quanto ele fala, e usar de máscara continuamente?'; que
sinceramente aconselhou a ele 'não debochar de mulheres solteiras',
(porque algumas inconveniências poderiam se seguir), 'mas sempre de
mulheres casadas?'. Alguém poderia imaginar que esse animal rastejante
tivesse alguma vez uma esposa ou uma sua filha casada? O extraordinário
Lorde Chesterfield! Algum homem mereceu, tanto assim, embora ele fosse
um fidalgo do reino, morrer ao lado de Newgate? Ou algum livro mereceu
ser assim queimado pelo carrasco público, como suas Cartas? O Sr. David
Hume, o mais baixo, se possível, do que qualquer um dos precedentes,
conhecia o coração do homem? Não mais do que um verme ou um besouro.
Depois de 'brincar, tão indolentemente, com os dados da morte', você o
considera agora um assunto engraçado? O que você pensa agora de Caronte
[barqueiro da mitologia]? Ele atravessou você por sobre o Estige [rio ou
lago do inferno da mitologia grega]? Finalmente, Ele o ensina a
conhecer um pouco de seu próprio coração! Por fim, você sabe que é uma
coisa temerosa cair nas mãos do Deus vivo!
8. Um dos mais competentes campeões da
infidelidade (talvez, o mais elegante, e o mais decente escritor que uma
vez produziu um sistema de religião, sem de maneira alguma, ser
obrigado recorrer à Bíblia para isto) desabafou, de todo o seu coração:
'Quem não desejaria que houvesse uma prova completa da revelação cristã,
desde que ela é indubitavelmente o sistema mais benevolente que um dia
apareceu no mundo!'. Ele não poderia acrescentar uma razão de alguma
espécie -- Porque sem isto, esse homem deve ser um mistério completo
para si mesmo? Até mesmo com a ajuda da Revelação, ele
conhece excessivamente pouco; mas sem ela, ele saberia abundantemente
menos, e nada com alguma certeza. Sem a luz, que nos é dada, através dos
oráculos de Deus, como podemos reconciliar sua grandeza com sua vileza? Enquanto nós reconhecemos com Sir John Davies –
Eu sei que minha alma tem poder para saber
todas as coisas, ainda assim, ela é cega e ignorante de tudo: Eu sei que
sou um dos pequenos reis da natureza; ainda assim, a menor e mais vil
de todas as coisas como servo.
9. Quem, por conseguinte, conhece os
corações de todos os homens? Certamente, ninguém, a não ser Ele que os
fez. Quem conhece seu próprio coração? Quem poderá dizer a profundidade
de suas inimizades contra Deus? Quem conhece quão profundamente é
mergulhar na natureza de Satanás?
III
1. Das considerações precedentes, podemos
entender, Primeiro, que 'Ele que confia em seu próprio coração é um
tolo?'. Porque, quem, que seja sábio, confiaria em alguém que soubesse
ser 'desesperadamente mau?' -- especialmente, alguém que
ele soubesse, por milhares de experimentos, ser 'enganoso, acima de
todas as coisas?'. O que podemos esperar, se nós ainda confiamos em um
mentiroso e enganador conhecido, a não ser, para ser enganado e
trapaceado no final?
2. Em Segundo Lugar, nós podemos inferir,
disto, a verdade daquela outra reflexão de Salomão: 'Vê tu um homem que
seja sábio aos seus próprios olhos? Existe mais esperança em um tolo do
que nele'. Porque, a que distância da sabedoria deve estar aquele homem,
daquele que nunca suspeitou da falta dela? E seu pensamento, sobre si
mesmo, não irá impedi-lo de receber instrução de outros? Ele não estará
apto a estar descontente na admoestação, e construir reprovação da
censura? Ele não irá, portanto, estar menos pronto a receber instrução
do que, até mesmo, aquele que tem um pequeno entendimento natural?
Certamente, nenhum tolo é tão incapaz de correção, quanto alguém que se
imagina sábio. Ele que supõe que não precisa de medico, dificilmente
terá proveito em seu conselho.
3. Conseqüentemente, nós não podemos
aprender, em Terceiro Lugar, a sabedoria daquela precaução, 'Que ele que
pensa que assim se mantém, dê atenção, a fim de que não caia?'. Ou,
para reproduzir o texto mais corretamente, 'Que ele que seguramente se
mantém tome cuidado, a fim de que não caia?'. Por mais firmemente que
ele possa se manter, de qualquer modo, ele ainda é um coração enganoso.
Em quantas instâncias ele tem sido enganado, ainda! Suponha que ele não
seja enganoso agora, isto quer dizer que ele nunca será? Ele não está
sobre chão escorregadio? E ele não está cercado de armadilhas? Dentro
das quais pode cair e não mais se erguer?
4. Não é sabedoria para ele que agora se
mantém, continuamente clamar a Deus, 'Examine-me, Ó Senhor, e me prove;
teste meus afetos e meu coração! Veja bem, se existe algum caminho de
maldade em mim, e me conduza ao caminho da vida eterna? Tu somente, Ó
Deus 'conheces os corações dos filhos dos homens': Ó, mostra-me de qual
espírito sou feito, e não me deixe enganar minha própria alma! Não
permita que eu 'pense sobre mim mesmo, mais altamente do que eu deveria
pensar'. Mas me permita sempre 'pensar sobriamente, de acordo com o que tu tens me dado na medida da fé!'.
Halifax, 21 de Abril, 1790
[Editado por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
http://pastordbarbosa.blogspot.com.br/2011/01/aparencia-enganosa-do-coracao-humano.html
OI! Ótima questão, muitas vezes mascaramos o que ainda existe de ruim dentro de nós e por isso não somos curados de traumas, de sentimentos ruins. É bem mais fácil culparmos os outros pelo erro que cometemos e assim seremos sempre as vítimas.
ResponderExcluirTenha dias abençoados.