Steve Schmutzer
Quão bom seria o desempenho do seu carro
se você removesse dele uma das suas rodas? Você se sentaria em uma
cadeira que estivesse sem uma das pernas?
Essas perguntas podem parecer absurdas, mas cada uma tem algo em
comum com a outra. Em cada caso, 25% de alguma coisa importante está
faltando. E, em cada cenário, você estaria correndo riscos caso se
contentasse com menos do que o todo. Nenhuma pessoa razoável teria
disposição para escolher se colocar nessas situações.
Então, por que escolhemos considerar a Bíblia de modo diferente do
que consideraríamos o carro e a cadeira? Vou fazer a mesma pergunta de
outra maneira, mas com maior relevância: “Por que tantos pastores,
mestres e ‘líderes cristãos’ escolhem ignorar, ultrajar, abrandar e
interpretar mal 25% da Palavra de Deus, os quais representam as
Escrituras proféticas?”.
Aqui estão alguns fatos convincentes a serem considerados, da Encyclopedia of Biblical Prophecy [Enciclopédia de Profecia Bíblica], de J. Barton Payne:
- Há 1.239 profecias no Antigo Testamento e 578 profecias no Novo Testamento, formando um total de 1.817 profecias.
- Estas profecias estão escritas em 8.352 versículos da Bíblia.
- Como há 31.124 versículos na Bíblia, os 8.352 versículos que contêm profecias constituem 26,8% do volume da Bíblia.
Portanto, estou sendo conservador. Na verdade, as profecias são mais de 25% da Palavra de Deus!
Por toda a Bíblia há temas proféticos. Ela é profética no seu começo,
em Gênesis 3, quando foi predito o conflito entre o descendente da
mulher e a semente da serpente.
E ela é profética até o final do Apocalipse, quando o reino de Cristo
é previsto para toda a eternidade. As Escrituras proféticas dominam
tanto a Bíblia inteira que é impossível evitá-las, a menos que se mude
intencionalmente a caminhada pelas páginas dela, da mesma forma que
alguém evita pisar em ranhuras nas calçadas.
Se formos um pouco mais fundo, descobriremos mais coisas para
pensarmos. Mais de 1.500 das profecias da Bíblia são dedicadas à Segunda
Vinda de Cristo. Para cada profecia no Antigo Testamento sobre a
Primeira Vinda de Jesus, há oito sobre a Segunda Vinda dEle.
É aqui que acontece algo incrível. Se a Bíblia faz da profecia uma
prioridade, também nós devemos fazer dela uma prioridade. Se uma ênfase
do Novo Testamento é a Segunda Vinda de Cristo, também devemos fazer
disso uma ênfase. Se os temas proféticos surgem a todo momento por toda a
Palavra de Deus, deveríamos ver temas proféticos temperando muitos de
nossos sermões e ensinos.
Mas não é isso que fazemos.
Nem sempre é assim, e podemos ver o exemplo de Paulo no caso em
questão. Conhecemos Paulo como o perseguidor dos primeiros cristãos que
se converteu, e como o agente através do qual o Espírito Santo escreveu a
maior parte do Novo Testamento. Somos menos familiarizados com as
atividades de Paulo durante suas viagens missionárias, mas é aqui que
quero apontar algo importante.
Se uma ênfase do Novo Testamento é a Segunda Vinda de Cristo, também devemos fazer disso uma ênfase.
Diz respeito à igreja em Tessalônica, a qual Paulo visitou em sua
segunda viagem missionária. Seu tempo com os tessalonicenses foi curto,
como parece sugerir Atos 17.2. Paulo deu sequência à sua visita por meio
das cartas a que chamamos de 1 e 2 Tessalonicenses, e é aí que o
assunto fica interessante.
Chegou uma notícia a Paulo dizendo que ensinamentos apóstatas haviam
sido espalhados na jovem igreja dos tessalonicenses, heresias que
conflitavam com as coisas que ele lhes havia ensinado pessoalmente. O
capítulo 2 de 2 Tessalonicenses vai direto ao problema, que era relativo
à Segunda Vinda de Jesus Cristo. Paulo apresenta uma boa porção de
alimento sólido e saudável neste capítulo, mas faz uma pergunta em 2
Tessalonicenses 2.5: “Não se lembram de que, quando eu ainda estava com vocês, costumava lhes falar essas coisas?” (NVI).
É fácil não prestarmos a devida atenção às condições desta situação, mas eis algo importante:
- A igreja de Tessalônica era nova na fé e em sua organização.
- Paulo não tinha passado muito tempo com eles, mas usou o pouco que tinha para enfatizar o tema da profecia.
- Especificamente, Paulo ministrou àqueles cristãos primitivos sobre a Segunda Vinda de Cristo, sobre o Anticristo, sobre o Arrebatamento e sobre a Grande Tribulação.
Está na hora de uma checagem da realidade. Esta era uma igreja jovem,
certo? Sim. E os crentes enfrentavam perseguição externa e desacordo
interno, exatamente como os crentes hoje em dia, certo? Certo. E a
congregação estava tentando ministrar conforme as necessidades dos de
dentro e dos de fora da fé, certo? Pode apostar que sim.
Então, o que acontece com esta ênfase nas profecias? Não deveria
Paulo ter se concentrado na comunidade cristã, no amor de Jesus, no
dízimo com responsabilidade e no que significa de fato cuidar e se
importar com as pessoas? Vamos pensar bem, será que ele tinha que falar
sobre Escatologia? Não é este um assunto periférico,
que não é realmente central à nossa fé? Será que ele não deveria ter
enfatizado Jesus, já que, de uma maneira ou de outra, tudo gira mesmo em
torno de Jesus?
Talvez seja a igreja da atualidade que precise aprender alguma coisa
com a igreja dos dias passados. Nossos pastores, mestres e “líderes
cristãos” seriam mais sábios se aprendessem a dica que Paulo nos dá. Já
está na hora de reintroduzirmos os 25% da Palavra de Deus divinamente
inspirada em nossa dieta regular.
Tenho que ser brutalmente honesto aqui. Fico alarmado com a postura
da igreja em geral com relação à Palavra Profética de Deus. Em uma
demonstração desprezível de 2 Pedro 3.4, a igreja mediana de hoje duvida
e faz pouco das doutrinas que Paulo considerava vitais para a fé de um
crente e para a saúde da congregação. (“Eles dirão: O que houve com a
promessa da sua vinda? Desde que os antepassados morreram, tudo
continua como desde o princípio da criação” – 2 Pedro 3.4.)
Descrita em Apocalipse 3.15-20, a Igreja atual está cega para seu
próprio prognóstico. Ela se vacinou contra o recebimento da verdade
completa, permitindo que somente uma parcela da verdade tenha algum
efeito.
Estou preocupado que tenhamos permitido que o bom se torne inimigo do
melhor. Para repetir a expressão que usei anteriormente, é comum
ouvirmos: “Mas tudo gira mesmo em torno de Jesus”. Este é um raciocínio
padrão que muitos repetem como papagaios quando são confrontados por
questões espirituais que desafiam suas preferências pessoais e suas
zonas de conforto.
Não vou discutir aqui a essência de tal raciocínio, mas vou oferecer
uma perspectiva que alguns que são ligeiros para abraçá-lo não
consideraram. Em Apocalipse 19.10, lemos: “O testemunho de Jesus é o espírito de profecia”. Vamos dizer isto de outra maneira: a profecia é projetada para revelar a Pessoa e a Divindade completas de nosso Senhor Jesus.
A profecia é projetada para revelar a Pessoa e a Divindade completas de nosso Senhor Jesus.
Este é um problema para qualquer pessoa que justifique colocar as
doutrinas proféticas lá atrás para que, em vez de tratar delas, possa
“se concentrar em Jesus”. É problemático para tais pessoas dizerem:
“Tudo gira mesmo em torno de Jesus”, porque isto as incrimina.
Elas não conseguem maximizar seu relacionamento com Deus quando se
recusam a entendê-lO completamente, da maneira que a revelação inteira
da Bíblia pretende que o façam. É como termos um bando de “amigos” no
Facebook. Dizer que eles são seus amigos dificilmente significa que você
compartilha com eles um relacionamento que verdadeiros laços de amizade
exigem.
Vou fechar o círculo aqui e terminar. Os 25% das Escrituras que são
proféticos revelam de forma inigualável a Pessoa, os planos e o
propósito de Jesus Cristo. Como tal, foram divinamente projetados para
serem uma parte vital na dieta espiritual do crente. Qualquer outra
escolha resulta na desnutrição espiritual e num relacionamento
superficial com nosso Senhor e Salvador.
Assim como Paulo percebeu que o relacionamento de uma pessoa com
Jesus vai deixar de lado uma grande parte de sua dimensão significativa
se os planos futuros dEle e Seu retorno dramático no final dos tempos
forem negligenciados, também nós seremos menos eficientes em relação às
Boas Novas da salvação se não proclamarmos 100% do testemunho de
Jesus.
(Steve Schmutzer — www.raptureready.com — chamada.com.br)
Extraído de Revista Chamada da Meia-Noite junho de 2016
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