Escrito por Nathália Geraldo
Especialista dá dicas para você fugir deste hábito
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Ouvir um resmungão pode te trazer mais do que vontade de sair
correndo para bem longe do papo mal-humorado. A Ciência explica que uma
enxurrada de reclamações, além de encher seu ouvido, atinge
negativamente seu cérebro e o funcionamento do seu corpo. Pior: se você é
a pessoa que tem o hábito de criticar tudo e todos, o efeito também se
aplica à sua saúde mental.
Mas, parece que o hábito de reclamar acaba fazendo
parte da nossa vida vez ou outra, não é mesmo? Para evitar (ou reduzir)
os danos, entrevistamos a coach de alta performance e produtividade
Patricia Marinho, que ensina como devemos lidar com os chatões e jeitos
práticos de levantar o astral daquele conhecido que só vê a vida em tons
de cinza. Entre as dicas, ela ensina a “regra da água” para manter o
otimismo em dia. Que tal testar?
Por que reclamar atinge seu cérebro negativamente
Elena Nayashkova/Shutterstock
O articulista e cientista da computação Steven Parton publicou um texto no site Curious Apes
sobre como o fato de resmungar pode acabar com seu bem-estar e daqueles
que o cercam, atingindo diretamente o cérebro dos indivíduos.
Ele explica que a cada pensamento que temos, nosso cérebro é
remodelado, alterando a construção física da realidade. Isto porque a
ponte que se forma entre as células nervosas (os neurônios) acaba se
estreitando ainda mais para a produção daquele pensamento.
“Ao longo de seu cérebro há uma coleção de sinapses separadas por um
espaço vazio chamado de fenda sináptica. Sempre que você tem um
pensamento, uma sinapse dispara um produto químico através da fenda para
outra sinapse, construindo assim uma ponte sobre a qual um sinal
elétrico pode atravessar, levando consigo a informação relevante que
você está pensando”, detalha.
Sinapses
“Toda vez que essa carga elétrica é acionada, as sinapses diminuem a distância que a carga elétrica tem que atravessar. Portanto, o cérebro é religado em seu próprio circuito, e se altera fisicamente para tornar mais fácil a realização das sinapses adequadas – e isto faz com que o pensamento, em essência, seja mais facilmente disparado”.
Aliado a essa capacidade cerebral, está o fato de
que as sinapses que você tem mais fortalecidas definem sua
personalidade. No fim das contas: aquele pensamento que se repete mais
dentro da sua cabeça reforça as pontes dentro da rede dos seus
neurônios.
“Através da repetição do pensamento, você aproxima cada vez mais o par de sinapses que representa suas inclinações, e quando surgir o momento oportuno para que você possa formar um pensamento, o pensamento que ganha é aquele que tem menos distância para viajar”.
Isto quer dizer que, quanto mais você reclamar, mais reforçará o jeito “reclamão” de seu cérebro.
Aceitação x desgosto
Steven aponta outro fator que faz com que os resmungos, por vezes,
destruam nosso cérebro: a dualidade entre a aceitação e o desgosto, o
amor e o medo, o otimismo e o pessimismo. Em uma experiência pessoal, o
autor resolveu seguir, frente a situações boas e ruins, o preceito de
“agradecer pela experiência e pela lição”.
“A natureza aprecia caos, e nosso cérebro não é diferente. E por
isso é importante salientar que esta, obviamente, não é uma prática à
prova de idiotas que irá erradicar completamente a negatividade de sua
consciência; por vezes, a emoção pega muito pesado e o par de sinapses
que chama a carga química será o negativo”, relata.
“Mas, como qualquer músculo, se você exercer essas sinapses ‘amorosas’, você vai encontrar uma nova força inata que fará o mundo brilhar com muito mais frequência. Você também vai se perceber muito mais feliz por causa de seu bem-estar”.
Ouvir reclamação dos outros
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Quando você ouve muito blá-blá-blá negativo, seu cérebro se relaciona com a outra pessoa em virtude dos “neurônios-espelho”.
Nesta experiência, a empatia com o outro faz com que tentemos sentir
a emoção que ele está sentindo – e aí, você literalmente, “troca
energias negativas” com seu interlocutor.
O que fazer para evitar negatividade
Elena Nayashkova/Shutterstock
A coach de alta performance e produtividade Patricia Marinho nos deu
8 dicas comportamentais para escapar de gente “pra baixo”. Se você é
uma pessoa assim, a especialista também orienta a melhor maneira de
mudar sua forma de ver as experiências na vida:
1- "Somos o resultado das cinco pessoas que mais nos relacionamos”
“Se você está do lado de pessoas que só reclamam, em breve pode se tornar assim também”, comenta Patricia.
2 -A palavra tem muito poder
“Se você está no meio de uma crise e diz que vai ser assim até o
final do ano, será”, comenta a especialista. “Leve otimismo para a
conversa: ‘existe um crise, sim. Mas o que vamos fazer para mudar?”.
3- Esteja ao lado de pessoas que são altruístas e otimistas
“Uma âncora é apenas 10% do peso do navio e, mesmo assim, o prende. Não deixe que ninguém seja uma âncora”.
4- Reclamar é um hábito e, por isso, pode ser mudado
“Nosso cérebro demora 21 dias para entender que criamos um hábito.
Depois, vira rotina”. Por isso, evite manter atitudes negativas, como
respostas ríspidas e mau-humor.
5- Tente mudar o assunto sempre que quem reclama entrar em ação
“Você dá um bom-dia, e a pessoa responde ‘bom dia por quê?’; peça
para ela respirar fundo e diga que o fato de ela estar viva já é motivo
para um bom dia”.
6- Se alguém reclamar do seu lado, não faça coro à crítica
“Ela fala mal de alguém e você fala bem. Um dia essa pessoa mudará o comportamento”, pondera a coach.
7- Mude de assunto sempre que se sentir arrastado pelas energias negativas do interlocutor
Se a pessoa reclama de alguma coisa, pergunte algo como "você já viu
como o céu está aberto hoje?", para forçá-la a mudar de assunto.
8- Não tente chamar atenção da pessoa
Frases do tipo “você só reclama” ou “você fala tão mal” não
funcionam, segundo a coach. “Quando alguém fizer uma crítica, fale uma
coisa positiva”.
Dica de ouro: a regra da água
A coach sugere um hábito às pessoas que têm o costume de reclamar
sempre. “Ande com uma garrafinha de água e toda vez que pensar em falar
mal de alguma coisa, beba a água e segure o líquido na boca”, explica.
“É uma dica que traz benefício à saúde do corpo e da mente”.
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