Existe um
vasto conteúdo na mídia retratando o movimento pentecostal e seus
desdobramentos, tais como o neo-pentecostalismo. Alguns cristãos e
líderes cristãos julgam ser a mesma coisa. Muitas denominações
pentecostais não detectam se quer a menor diferença entre ambos. E até
já se tornaram neo-pentecostais. Minha análise, pesquisa e explanação
sobre o assunto tem o objetivo de exibir a diferença entre os movimentos
e detectar a nocividade do neo-pentecostalismo para o evangelho de
Jesus.
A DIFERENÇA HISTÓRICA
O
pentecostalismo teve sua origem no início do século XX d.C., Em 1900,
Charles Fox Parhma (figura ao lado) alugou a “Mansão de Pedra”, como era
conhecida em Topeka, Kansas – EUA, para constituir uma escola bíblica
chamada Betel.
O pentecostalismo chegou ao Brasil trazido por operários imigrantes. Primeiro em 1910, pelo italiano
Louis Francescon (figura ao lado – cima), fundador da seita Congregação
Cristã do Brasil, e, logo em seguida, em 1911, pelos suecos Gunnar
Vingren e Daniel Berg (figura central – abaixo), fundadores da Igreja
Evangélica Assembléia de Deus.
DIFERENÇA HISTÓRICA - SEGUNDA PARTE:
O NEO-PENTECOSTALISMO FASE 1
Já bem depois da metade do século XX d.C., surgiu o movimento
neo-pentecotal (fase 1), que quer dizer: “novo pentecostalismo”. Em
meados das décadas de 60 e 70. Que nasce sob a influência do evangelista
e escritor Essek William Kenyon – 1867 a 1948 (figura ao lado). Kenyon
foi grandemente influenciado pelo deísmo*, dualismo gnóstico*.
*Deísmo: O deísmo é uma postura filosófica que admite a existência de um
Deus criador, mas não nega a realidade de um mundo completamente regido
pelas leis naturais, científicas e metafísicas sem interferência
divina.
*Dualismo gnóstico: Pensamento que divide a vida em dois ramos que se
opõem: o espírito e a matéria. Ao invés de ver o corpo (ou carne) e o
espírito (ou alma) como um conjunto harmonioso, o dualismo ver a carne e
o espírito em guerra um contra o outro. Além disso, a carne é vista
como má, pois atrapalha o desenvolvimento da alma.
*Gnóstico: Seita dos tempos apostólicos que defendia a posse de
conhecimentos (gnosis) secretos que, segundo eles, tornava-os superiores
aos cristãos comuns que tinham o mesmo privilégio. A premissa básica do
gnosticismo é a cosmovisão dualista.
Kenneth Hagin – 1917 a 2003 (figura ao lado). A partir dos anos 60 o
movimento de cura e prosperidade passou a ter maior foco. Junto a
simples fé que Jesus Cristo cura enfermidades, Hagin associou a sua
teologia intitulada Confissão Positiva* que tornou-se o elemento
essencial para cura divina. Posteriormente conhecido como “Movimento
Palavra de Fé”. Onde Kenyon inspirou e Hagin desenvolveu.
* Confissão positiva: É um título alternativo para a teologia da fórmula
da fé , também conhecido como fé ou doutrina da prosperidade promulgada
por televangelistas contemporâneos, sob a liderança e a inspiração de
Essek William Kenyon. A expressão "confissão positiva" pode ser
legitimamente interpretada de várias maneiras. O mais significativo de
tudo é que a expressão "confissão positiva" se refere literalmente a
trazer à existência o que declara-se com a boca, uma vez que a fé,
segundo dizem, é uma confissão.
Além de Kenneth Hagin, vários outros nomes contribuíram com o
desenvolvimento e expansão desse novo pentecostalismo, dentre vários, os
que tem forte influência no Brasil: Benny Hinn (figura ao lado cima),
Morris Cerullo (figura do meio), Oral Roberts (figura abaixo), talvez
não se conheça bem este último nome, mas foi Oral Roberts que lançou as
bases da teologia da prosperidade e vida abundante.
DIFERENÇA HISTÓRICA - TERCEIRA PARTE: Chegando no Brasil...
Esses homens, seus livros, vídeos e palestras foram e são despejados aos montantes no Brasil na década de 70 e vindo a influenciar fortemente nomes importantes que encabeçam a pirâmide do neo-pentecostalismo no Brasil: Edir Macedo (figura esq. cima), R. R Soares (figura esq. meio), Valnice Milhomens (figura esq. baixo), Robson Rodovalho (figura abaixo esquerdo), Valdemiro Santiago (figura abaixo meio) e Renê Terra Nova (figura abaixo direito).
DIFERENÇA HISTÓRICA - TERCEIRA PARTE: Chegando no Brasil...
Esses homens, seus livros, vídeos e palestras foram e são despejados aos montantes no Brasil na década de 70 e vindo a influenciar fortemente nomes importantes que encabeçam a pirâmide do neo-pentecostalismo no Brasil: Edir Macedo (figura esq. cima), R. R Soares (figura esq. meio), Valnice Milhomens (figura esq. baixo), Robson Rodovalho (figura abaixo esquerdo), Valdemiro Santiago (figura abaixo meio) e Renê Terra Nova (figura abaixo direito).
DIFERENÇA HISTÓRICA - QUARTA PARTE: NEO-PENTECOSTALISMO FASE 2
Em 1994 surgiu um outro novo pentecostalismo (fase 2); ainda mais
distante do protestantismo e do cristianismo bíblico. O movimento
conhecido como “benção ou unção de Toronto”. Nome dado por ter surgido
na igreja Comunhão da Videira do Aeroporto de Toronto - Canadá.
Pastoreada pelo pastor John Arnott e sua esposa Carol, também pastora
(figura ao lado).
A única característica do movimento que se distinguia do anterior era a
forma como as pessoas se comportavam no culto. Tudo começou no dia 20 de
Janeiro de 1994 na referida igreja quando num culto as pessoas deram-se
a cair no chão e rolar de rir, às gargalhadas, choros, urros de
animais, e outras mais bizarrices. A teologia de John Arnott é
explicitamente influenciada pelos pregadores neo-pentecostais;
principalmente Benny Hinn.
DIFERENÇA HISTÓRICA - QUINTA PARTE: chegando ao Brasil...
A repercussão desse movimento chega ao Brasil e com mais força na
primeira década do século XXI. E passa a ter vários cognomes : reteté,
unção do cai-cai, repleplé, etc. Os apoiadores do movimento aqui no
Brasil são: Pastor Marcos Feliciano (figura acima esquerda) e muitos
líderes do grupo Gideões Missionários da Última Hora, com sede em
Camboriú, SC. (figura acima direita).
No Brasil, a “benção de Toronto”, mais conhecida como “reteté”. Toma a
euforia brasileira do samba, frevo, e é misturada com a famosa “gira da
umbanda” e muitos gestos semelhantes aos cultos afros. Bem como a golpes
dos personagens de vídeo game de luta: “street fighter”. (levam muito a
sério).
DIFERENÇA DAS DEFINIÇÕES:
PENTECOSTAL: É quem acredita no batismo com o Espírito Santo e tem como
evidência o falar em línguas desconhecidas; e crer na continuidade dos
dons (continuísmo).
NEO-PENTECOSTALISMO: É aquele que até aceita certas crenças
pentecostais. Mas, incorpora pensamentos fragmentados do: deísmo,
agnosticismo dualista, ciência cristã*, ritos da religião afro, na
prática de sua fé. Resultando em uma forte ênfase na prosperidade física
e financeira, exorcismo e confissão positiva.
* Ciência Cristã: É uma seita pseudo-cristã. Cujo nome foi escolhido por
Mary Baker Eddy. Fundada em 1866 na cidade de Boston, Massachusetts
(Estados Unidos). A Ciência Cristã pode ser denominada como um movimento
otimista dos Estados Unidos da América. Há uma semelhança de ensino com
a Secho-No-Ie naquilo que é fundamental para ambas – a negação da
realidade da matéria. E ambas diz: a matéria não existe. Assim, a causa
da enfermidade é mental.
DIFERENÇAS TEOLÓGICAS
SOBRE DEUS...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: O pensamento pentecostal sempre procurou manter-se
firme a teologia clássica (Primeiros Pais da igreja e Agostinho) e na
teologia reformada (Lutero e Calvino) sobre Deus.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: O pensamento neo-pentecostal sobre Deus sofre influência do deísmo.
SOBRE O HOMEM...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: O homem é apenas uma criatura de Deus. Feito a sua imagem e semelhança. Isto é, com o reflexo de Deus.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: O homem é a duplicação de Deus. “Vocês sabiam
que desde o começo do tempo o propósito inteiro de Deus era
reproduzir-se?” (Morris Cerullo). O ser humano é visto sobre uma
perspectiva do dualismo gnóstico*.
SOBRE FÉ...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: É a confiança em Deus. É meio e não a causa.
Prossegue na mesma concepção da teologia clássica e reformada.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: A causa de tudo. Uma força ou poder espiritual
que pode controlar a criação, comandar anjos, influenciar o futuro, e
até manipular Deus. Pelo que afirmam que até Deus precisou de fé.
SOBRE A EXPIAÇÃO DE CRISTO...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Cristo morreu na cruz por nós. Prossegue na mesma concepção da teologia clássica e reformada.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: Cristo ao morrer por nossos pecados ele teve
que fazê-la espiritualmente. Descendo ao inferno e pagando lá o preço do
pecado.
SOBRE A BÍBLIA...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Revelação de Deus e Palavra de Deus. Prossegue na mesma concepção da teologia clássica e reformada.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: A chamam de “logos”, que é um livro que contém
palavras de poder divino. Porém o “rhema”, que é a palavra dita,
expressa de Deus, que faz com que as coisas sejam realizadas. Donde as
“interpretações” dos líderes e palestrantes neo-pentecostais.
SOBRE PROSPERIDADE...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Provisão de Deus em nossas necessidades básicas: comer, beber e vestir (Mt.6.33).
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: Provisão de Deus em todas as coisas.
SOBRE BÊNÇÃO E MALDIÇÃO...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Os mais embasados na exegese bíblica, definem
bênção como “conceder o bem”. E maldição como “condenação” ou
“maldizer”.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: “Bênção” é uma dádiva de muitas coisas materiais. E maldição é tipo um “feitiço”.
SOBRE SATANÁS E O MAL...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Anjo caído que rebelou-se contra Deus e o mal foi a causa.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: O mal estar impregnado em toda matéria (por
influência do dualismo gnóstico). Por isso, toda doença, miséria,
catástrofe e maldade procedem de Satanás. Percebe-se que se faz uma
confusão entre Satanás e o mal (sendo ambos a mesma coisa).
SOBRE A SOBERANIA DE DEUS...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Deus é SENHOR de tudo. E tudo que acontece está sob seu domínio.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: Há uma defasagem sobre o assunto. Como Deus
deixou o mundo aos controles de leis em que ele determinou. Onde até ele
mesmo tem que se submeter. Onde há forças autônomas que atuam na
maldição e na bênção; e no poder das palavras. Torna-se exonerada tal
doutrina.
SOBRE A GRAÇA DE DEUS...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Deus concede favor imerecido ao homem em todos os dons.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: Há uma defasagem sobre esse assunto também. A
graça divina muitas vezes é vista como “bênção”. Não há um real
compromisso com essa doutrina dentro desse movimento. Uma vez que todos
recebem bênçãos, curas e tantas outras coisas pelo mérito da fé e dos
“ungidos” que atuaram.
SOBRE A CURA DIVINA...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: A cura divina não é vista como curanderismo, mas
como parte futura da obra da salvação. Crer na possibilidade de que Deus
realiza cura como exposição gratuita temporária daquilo que ocorrerá
definitivamente na eternidade.
CONCLUSÃO
Espero que com essa explanação a tal “semelhança” vem a ser dissipada. Onde pastores, teólogos e líderes da igreja de Cristo venham a se posicionar. Deixando de ser coniventes ou deixando de fazer generalizações sobre o assunto.
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Poxa vida que excelente artigo. Parabéns pela pesquisa e dedicação e sobre o neopentecostalismo, só posso dizer que é muito triste ver isso nas igrejas.
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