A palavra Shabat é derivada do verbo lashévet, que significa “descansar” ou “sentar”. Mas para o povo judeu o Shabat é na verdade, o dia dedicado às orações e considerado o dia mais importante da semana. É o sábado.
Nas
tradições mais antigas do Antigo Testamento, o sábado é colocado ao
lado do dia da lua nova e feriados, então o descanso poderia ocorrer na
lua nova ou segundo o calendário litúrgico em vigor (2 Re 4.23; Is 1.13;
66.23; Am 8.5; Sl 81.3-4).
O
sua observância é requerida por Deus bem antes da revelação do Sinai
(Êx 16.25-30), contexto que os redatores sacerdotais da Torá relacionam a
“Eleição de Israel” às legislações cúlticas e morais dadas por Deus ao
povo; portanto está contido no Decálogo sendo o quarto mandamento (Êx
20.8-11).
Associado
com o obra da criação (Gn 2.3; Êx 20.11), foi também posto em relação
com as lutas de sobrevivência dos israelitas escravizados pelos egípcios
(Dt 5.15), mas também lei em favor do espoliado, e dia da libertação
operada por Deus. A lei insistia na guarda do dia de descanso, quer na
época de semear, quer na época da colheita (Êx 34.21). O trabalho era
proibido, mesmo os afazeres domésticos.
Para
as camadas dirigentes da sociedade na época monárquica, o sábado era
dia de festejar. Muita festa e muitos sacrifícios e holocaustos;
entretanto não era dia de libertação dos escravos ou espoliados que lhes
prestavam serviço forçado, consequentemente o Shabat deles era
rejeitado por Deus (Is 1.12-17).
No
período do Segundo Templo, o governador da província de Judá, Neemias,
observou que o sábado era constantemente profanado pelas elites, e
procurou restaurar essa tradição legal (Ne 13.15-22).
Após
o restabelecimento deste mandamento o seu cumprimento foi ficando cada
vez mais rigoroso, até que no tempo de Jesus Cristo as interpretações da
guarda do Sábado tinha se tornado uma grande confusão, com vários
mandamentos de cunho humano e interpretações que os doutores da lei
davam ao povo como ordenanças, tornando a guarda do sábado insuportável.
O Shabat estava servindo para os doutores da lei oprimir o povo. Jesus
Cristo determinou na pratica que a vida está acima dos tratados da lei
(Mc 2.27-28). Ele próprio tinha por costume comparecer e participar das
reuniões nas Sinagoga aos sábados, mas afirmou que tinha autoridade
sobre o sábado (Mt 12.8). Nesse dia operou milagres, o que os judeus
consideraram uma “quebra” da lei, e defendeu seus discípulos que tinham
sido acusados de infringir a lei sabática (Mt 12.3-8).
Por
certo tempo os judeus-cristãos guardavam o sábado. O apóstolo Paulo,
porém, ensina claramente em sua epístolas que as exigências da lei a
respeito do sábado não envolviam obrigação para os cristãos (Rm 14.5-6;
Gl 4.10; Cl 2.16-17).
Os
místicos judeus descreviam o Shabat como a Shechiná, ou a Rainha, ou a
Noiva de Deus que vai ao encontro dele todas as sextas-feiras ao pôr do
sol e fica ao lado dele até o pôr do sol do dia seguinte. O povo judeu
ao final desse dia fica num profundo sentimento de tristeza.
OS FARISEUS
A
observância ao Shabat era rigorosa. Alguns rabinos fariseus proibiam
que se cuspisse no chão bruto num dia de sábado, para que tal ato não
agitasse a poeira, o que poderia ser considerado como aragem de terra,
quebrando assim a proibição de trabalhar no sábado. As mulheres não
deveriam se olhar no espelho em dia de sábado, para que, caso visse
algum cabelo branco, não fossem tentadas a arrancá-lo, o que seria
considerado pelos fariseus trabalho no sábado.
Os
rabinos de mentalidade farisaica no entanto, maquinavam evasivas da lei
que fossem convincentes a eles próprios e a outras pessoas. Exemplo:
embora um homem não pudesse levar suas roupas nos braços durante o
Shabat, mas se estivesse dentro de uma casa em chamas, ele poderia
vestir-se com várias camadas de roupas, para assim livrá-las do
incêndio.
CAMINHO DE UM SÁBADO
O
que o israelita podia caminhar no dia de sábado era a distância de
cerca de seis estádios, ou seja, 1.110 m. Dizia-se que essa distancia
tinha sido originariamente fixada conforme a medida que ia do
Tabernáculo à extremidade do acampamento no deserto.
O ANO SABÁTICO
O
ano sétimo era celebrado pelos judeus, não cultivando a terra nesse
período de tempo (Êx 23.10-11; Lv 25.2-3). O ano sabático iniciava no
Outono depois da ceifa. O povo nessa ocasião devia libertar seus
escravos (Êx 21.2), e perdoar as dividas; e, aqueles cuja herança tinha
sido dada em garantia de alguma divida, voltavam a tomar posse de seus
bens. Para celebrar a criação tinha sido instituído o ano sabático para
reforçar a ideia de que Deus era dono de todas as coisas, principalmente
da terra em que eles plantavam e colhiam (Lv 25.23). Nesse ano os
frutos do campo e das vinhas não eram colhidos pelos proprietários,
pertenciam aos empobrecidos e aos animais (Êx 23 11).
O SHABAT HOJE
Os judeus ortodoxos vivem o Oneg Shabat, isto é, a alegria do Shabat.
Nesse dia não há atividades trabalhistas, não apenas para cumprir a lei
de Moisés, mas para que todos tenham tempo para estudar as Escrituras,
cantar Salmos ao Senhor, e orar. É um banquete festivo que torna o dia
altamente especial.
Nas
famílias judaicas ortodoxas, o marido se dirige a sinagoga mais próxima
de sua casa para participar do Shabat. A mulher geralmente fica em
casa. Antes do por do sol, ela em casa faz a oração mais importante do
dia e acende as velas do Shabat. Quando o marido retorna, ele abençoa a
esposa com os versículos de Provérbios 31. Em seguida abençoa os filhos.
Antes da refeição familiar, o marido consagra o vinho e logo após
abençoa o pão trançado, o chalá.
Essa refeição é considerada a mais importante da semana e também deve
ser a melhor. Mesmo as famílias mais pobres fazem um esforço para ter
uma boa refeição no Shabat.
Após a refeição, há uma oração e benção de ação de graças pelos
alimentos consumidos. Depois são entoados em hebraico canções litúrgicas
ou folclóricas que celebram as alegrias desse dia, bem como o amor de
Deus pelo povo de Israel. Durante o Shabat o judeu ortodoxo não pratica qualquer atividade que dependa de esforço físico.
É
comum entre os judeus não ortodoxos que a família vá junto à sinagoga.
Ali após o culto ou serviço religioso em que há uma pratica rabínica,
acontece uma confraternização social entre os participantes que inclui
um lanche chamado “kidush”.
Durante
as tardes de Shabat os judeus não ortodoxos podem praticar esportes,
visitar os amigos ou ler. Mas entre os mais piedosos o dia é sempre
reservado para o estudo religioso.
O SÁBADO PARA OS CRISTÃOS
Não
há um só versículo no Novo Testamento que ensine ou determine que
cristão deve guardar o sábado. O sábado é estatuto para o povo de
Israel. Para nós que servimos à Cristo, nosso Shabat (descanso) é Jesus.
FONTE:
História das Religiões – On Line Editora
Dicionário Bíblico – Didática Paulista
www.santovivo.net
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